Cineasta. Seu primeiro curta foi "S.O.S. Brunet" (1986)
e o segundo, "Por
dúvida das vias" (1988), recebeu o prêmio de melhor
curta segundo o júri popular do Festival de Gramado. Em 1999, realizou dois curtas, "Leo-1313", e "The
book is on the table".
Qual a
importância histórica do curta-metragem na filmografia nacional?
Quando
acabaram os “Cine Jornais”, coube ao curta-metragem ocupar a cota de tela de
programação brasileira nas sessões de cinema. Aí vivemos um período incrível do
curta-metragem de afirmação e conquista de mercado, de crescimento de cineastas
que faziam filmes para serem exibidos nos cinemas, dialogar e conquistar o
publico. infelizmente depois do Collor a lei caiu em desuso e o curta metragem
passou a ser o cartão de visita para o longa e o local de experimentação de
linguagem. Naquele momento os filmes eram caros, se filmava obrigatoriamente em
película. Hoje mudou tudo. Dei uma oficina durante o Festival de Rondônia em
que fizemos o roteiro em um dia, filmamos no dia seguinte em miniDV, montamos
no terceiro dia e no quarto dia, e no quinto dia exibimos no encerramento do
festival. E a exibição para minha surpresa foi boa! Foi uma experiência que
mudou inteiramente meus conceitos.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Na
verdade eu não aceito, proponho. Concorria nos editais e quando ganhava fazia
os curtas. Já fiz seis. E depois como professora de práticas cinematográficas
incentivava os alunos a fazer curtas (um cada) e cheguei a ter uma turma que
fazíamos um curta em cada aula.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
É igual a
trabalhar em longa: seriedade e dedicação.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Agora está
fácil fazer curtas. O difícil é espaço para exibir. Meus alunos colocavam tudo
direto no YouTube!
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Tem
montes de festivais específicos de curta no Brasil e no exterior. Ostras
janelas também podem ser ocupadas como televisão, internet. Antes dos filmes
era sensacional, mas infelizmente não é consenso. Tenho até a polêmica opinião
de que é menos necessário fomentar a produção que a exibição. Acho que os
editais deveriam ser de aquisição de curtas para exibição.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Pode ser,
Mas eu continuo experimentando no longa-metragem. Agora mesmo filmei com cinco
câmeras diferentes no “Vendo ou Alugo”.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Acho que
o curta-metragem é uma história pequena e por isso se presta mais ao exercício.
Trampolim para uns, cartão de visita para outros, mercado.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Ainda não
encontrei. Talvez esteja na TV. Acho que para o audiovisual brasileiro vencer
tem que ocupar mais esse espaço. As salas de cinema são dominadas pelo produto
estrangeiro.
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Depois de dois longas-metragens, dirigi um curta de animação. Acontece.
Mas não sonho com isso não. Quando dava aulas, tinha que me segurar para não
dirigir os curtas dos alunos. E me orgulho de vários que eles fizeram com ou
sem a minha ajuda em algum momento. De qualquer forma, Acho que meus longas e
programas de TV são melhores que os curtas, e não acho justo estar entrando em
editais e disputando esse espaço tão caro para quem está começando.