Ator
e produtor. Atuou no curta-metragem “"Modernice".
O que
te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Entre trabalhos amadores e profissionais, lá se vão
mais de trinta anos. Dediquei minha vida para o teatro, produzindo e atuando ao
longo desses anos, mas sempre muito mais direcionado ao teatro. Minha
experiência em cinema, confesso, é bastante pequena, resumida a um curta que
foi produzido aqui em Maringá, "Modernice" exibido pela RPC e um
longa-metragem, “Momentos Roubados”, que está em fase de finalização.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Devo confessar que adorei fazer esses dois trabalhos,
pois me possibilitou exercitar uma linguagem diferente do teatro. No cinema tem
cortes, edições e muito recurso técnico, coisa que no teatro não tem, mas
também não precisa.
Por que os
curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
A falta de interesse da mídia se dá pela própria essência experimental da
linguagem cinematográfica, ficando pontuada por festivais e mostras do gênero.
O grande público procura sempre pelas grandes produções, de orçamentos
grandiosos que alimentam o mercado comercial do setor. Já nos curtas, as
produções privilegiam muito mais a linguagem e o experimento do fazer
cinematográfico. Infelizmente vemos muito pouco este cinema sendo exibido, pois
não desperta o interesse do grande público, situação análoga ao teatro em sua
produção alternativa.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Se surgisse um super-herói disposto a implantar salas de exibição
exclusivamente para curtas, certamente ele abriria falência. Essa é uma questão
universal. Os curtas-metragens nunca tiveram o mesmo espaço que os longas, mas
nem por isso perdem sua importância artística.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Sem medo de errar, o curta é de fato um grande instrumento de elaboração
profissional tanto pra atores, como pra diretores e editores, testando e
aprimorando técnicas para criação de suas histórias.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Hoje vemos uma ferramenta importantíssima que vem funcionando como estímulo e
novos horizontes para os curtas que é a internet. Ela propicia a visibilidade
dessas produções de forma imediata e com baixo custo. Importantes trabalhos,
especialmente aos voltados a comédia, tem visualizações fantásticas. Porta dos
Fundos, animações, poesia e etc. são exemplos clássicos. Assistimos a um
panorama promissor com o advento da internet, com amparo de lei própria para
essas produções.
Argumentar que o curta é trampolim pro longa-metragem é bastante relativo, pois
sabemos de inúmeros atores e diretores do "cinemão" que se aventuram
também em curtas para seus experimentos pessoais.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Só há uma maneira de sair vitorioso na arte, seja no cinema, teatro,
televisão... É trabalho. Fazer, fazer e fazer. Exercer o ofício de resistência,
perpetuando ideias, sensações e pensamentos que servirão de legado histórico e
artístico pra vida. É coisa séria e comprometida que exige muita dedicação e
empenho dos profissionais da área.
Pensa em dirigir um curta?
Não me sinto capaz.