Ator e cineasta.
Atuou no curta-metragem “Na Realidade”.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
O roteiro
e as pessoas envolvidas. É importante saber quem são as pessoas que estão
criando e saber o que elas estão criando. O fruto desses encontros pode ir
muito além do curta em questão. É uma forma de mostrar o meu trabalho também,
de conhecer o trabalho dos outros. Esse intercâmbio é muito importante. As
pessoas que eu estou trabalhando agora podem se tornar incríveis parceiros para
trabalhos futuros. E isso é o que eu busco também.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Escrevi e
dirigi dois curtas, apenas. "Se correr o bicho pega, se ficar o bicho
pega", ainda na época em que eu estudava teatro na CAL, com amigos
talentosos que compraram a ideia e fizeram um trabalho incrível. (E são pessoas
que eu gostaria muito de trabalhar de novo, aquela coisa que eu falei da
parceria para trabalhos futuros). Eu não tinha grande conhecimento e ainda não
tenho, mas isso nunca me impediu de realizar. Eu gosto de aprender fazendo, me
jogando no trabalho. Se fosse refilmá-lo, com certeza eu faria muita coisa
diferente e organizaria as coisas de outra forma, mas é com o erro que se
aprende mesmo.
O segundo
curta, foi uma experiência diferente, eu fiz tudo, escrevi, dirigi, editei e
fui também o cameraman e o ator. "O filme de um homem só" tem esse
nome pela temática e pela forma de trabalho que adotei. Mas eu não fiz sozinho,
a musica original e a sonoplastia foram feitas pelo premiado Marcelo Alonso
Neves, um queridíssimo amigo, e super parceiro profissional. Como ator
eu participei de alguns curtas-metragens de estudantes de cinema e mais
recentemente do curta "Vodka & Cigarros" da Zênite produções, uma
galera muito bacana. Estou curioso para ver o resultado desse trabalho.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Os curtas
ainda são tratados como coisa menor. Quando os cinemas fazem exibições de
curtas-metragens, tirando a ocasião dos festivais, geralmente é num horário
único e geralmente é dia de semana, o que restringe muito o acesso a essas
obras. Eu não estou criticando negativamente essa iniciativa, muito pelo
contrário, eu acho que deveriam ter mais horários, mais sessões, mais oportunidade
para os curtas-metragens. Mas como o acesso a essas obras é menor, gera menos
interesse tanto da mídia, quanto da crítica especializada, penso eu.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Se cada
cinema tivesse uma sala somente para exibição de curtas, com uma proposta
diferente, com diferentes horários de exibição do mesmo curta e tudo o mais,
isso geraria um interesse nas pessoas. As vezes você não tem tempo para
assistir um filme de duas horas, mas poderia ver um filme de quinze minutos, e
se essa possibilidade existisse, acredito que muitas pessoas aproveitariam. Sei
que isso é utopia, mas é o que acontece, de certa forma, na internet. A
internet acaba sendo melhor para os curtas do que para os longas. Você pode não
querer ficar duas horas na frente do computador vendo um filme, ou não ter tempo
para isso. Mas alguém posta um vídeo, você vê que ele é curto, começa a ver por
curiosidade, se você gosta, você compartilha.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Acredito
que sim. Ainda mais agora na era digital que barateou, de certa forma, o custo
para a produção de filmes. Mais pessoas estão se arriscando, colocando suas
ideias para fora, experimentando mesmo. E quando digo isso, me refiro às
produções independentes. Não sei se a liberdade é a mesma em produções
patrocinadas, que envolvem nomes de empresas e leis de incentivo.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Trampolim
é uma palavra muito forte. Não acredito que seja assim. Mas um degrau, com
certeza é. Pelo menos para mim. Quero muito fazer longas, tanto atuando quanto
dirigindo e escrevendo. Um degrau de cada vez.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Não faço
a menor ideia. Estou longe de vencer qualquer coisa. Mas a arte não pode morrer
nunca. Vencer é não se deixar ser vencido.
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Sempre. Ainda faltam muitos
degraus para chegar no longa.