Atriz.
Atuou na telenovela “Avenida Brasil”, nas séries “Força Tarefa”; “Tapas e
Beijos”; entre outras.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
O
roteiro, fundamentalmente. Depois o personagem e os parceiros de projeto. Mas a
alma do trabalho, pra mim, é o roteiro.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
É sempre
muita ralação né? Parece aquela mistura entre teatro e televisão: geralmente
temos oportunidade de pesquisar, ousar, experimentar e até de se preparar com
mais tempo, mais ensaios, como no teatro. A falta de grana e consequentemente
de estrutura muitas vezes também parece com o teatro. Mas tem a linguagem das
câmeras, a dinâmica de filmagens as vezes fora da ordem cronológica do roteiro,
o ritmo das cenas e da atuação que é completamente diferente do teatro e a
edição, a montagem, que é, pra mim, onde os filmes se resolvem. Nesse sentido
ficamos um pouco mais próximos da TV. Os curtas que fiz sempre foram um lugar
de aprendizado e de experimentação, lugar de muita camaradagem e de perrengue,
demandando de todos os envolvidos que vestissem a camisa e que tivessem um
comprometimento e entrega, no meu ver, fundamentais e que se refletiam no
resultado artístico. Ninguém faz curta-metragem por dinheiro. E isso define
tudo. O barato é artístico. Há muito perrengue, mas é uma delícia.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Não sei.
Acho que ainda não compreenderam o potencial dessa linguagem que se adequa
perfeitamente à dinâmica fast-tudo do
mundo em que vivemos. Talvez aquela época em que era obrigatória a exibição de
curtas nacionais antes dos filmes nos cinemas, acho que nos anos 90, não sei se
por uma má curadoria, tenha traumatizado um pouco o espectador, consolidando
uma impressão de que curtas nacionais eram ruins. Mas só a quantidade viabiliza
a qualidade; pra se produzirem 3 obras-primas é preciso que se façam trezentos
filmes médios ou ruins, e isso faz parte. Aí é que uma boa curadoria poderia ter
feito a diferença. Não sei... É uma questão importantíssima de se pensar e
discutir.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
A
exibição na TV e na internet não é a ideal, afinal cinema é feito pra ser visto
no telão, mas certamente são ferramentas poderosíssimas e fundamentais. Talvez
sejam as únicas maneiras de competir em algum nível com a TV, que é um
entretenimento que se paga na conta de luz! Mas poderiam ter mostras
permanentes, tipo salas que só exibissem curtas, variando a programação e com
preço diferenciado, claro.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Com
certeza, até porque está isento do compromisso de êxito mercadológico. Aí
reside sua liberdade, na minha opinião.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Não
necessariamente. Muitas vezes a narrativa se esgota ali e isso tem que ser
respeitado. Há histórias que demandam linguagens e veículos diferentes. Nem
sempre um livro funcionaria como um filme, nem sempre um curta funciona como
base para um longa-metragem. Às vezes o curta está para o conto assim como o
longa está para o romance e é assim que tem que ser. Outras vezes não, o curta
é o embrião de uma ideia que tem fôlego de sobra para gerar um longa. Cada caso
é um caso.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Se eu soubesse eu não te contava e estaria rica!! Mas acho que um bom roteiro e
uma boa escalação de elenco já garantem 50% do sucesso!
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Não descarto a ideia não, mas me
vejo mais escrevendo e atuando do que dirigindo. Roteiro me interessa muito.
Quem sabe um dia?