Ator. Atuou nos curtas-metragens “O Bebê de Tarlatana Rosa” e “As Chagas de Jesus”.
O que te faz aceitar participar
de produções em curta-metragem?
Adoro cinema, portanto participar de curtas-metragens
é uma forma de me aproximar das produções nacionais e também de criar experiência
artística com o cinema. Acredito que todo ator iniciante deveria se envolver
com a produção de curtas. Para mimi é uma escola para o cinema.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Eu moro no Rio de Janeiro, mas não sou carioca. Sou
"paraíba" de Campina Grande e quando cheguei aqui no Rio comecei a
estudar na Unirio, lá foi onde encontrei aquelas plaquinhas com anúncios de
teste para curtas. Ao longo desses oito anos fiz cinco curtas, mas só tive acesso
a dois: “O Bebê de Tarlatana Rosa”, com direção de Renato Jouvex e “As Chagas
de Jesus”, produzido por alunos da Darci Ribeiro. Outro muito bom que fiz com
alunos da Estácio, super produção em película, se chamava “O Outro”, mas esse
segundo a produção roubaram os originais. E de fato todas essas experiências
contribuíram e muito para meu trabalho de ator. Quando comecei a fazer
participações na TV já me sentia mais seguro e parte daquele universo.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Concordo que falta espaço nos jornais e na mídia em
geral para a divulgação dos curtas. A sensação que fica é que por serem
produções menores, geralmente exercícios de final de curso, é uma arte menor.
Mas não é menor, é curta (risos), e isso não invalida a qualidade. Existe uma
enorme produção de curtas pelo Brasil afora, quase que clandestinamente muitos
estudantes, atores, diretores e amantes da sétima arte produzem suas próprias
histórias e realizam suas produções. Apesar da grande mídia não atentar para
tanta criatividade e produção, sites como o Porta curtas da Petrobras; o
próprio Canal Brasil exibem e valorizam tal empreendimento.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Acredito que os municípios deveriam investir na
criação e exibição de curtas em festivais, pequenos festivais. Aqui no Rio
lembro que a Caixa cultural oferecia, não sei se ainda oferece, uma programação
de curtas no horário do almoço. Isso eu achava genial, no centro do rio
exibição de curtas no horário do almoço, incrível. Também o cine GLBT, que
exibe além de longas, uma série de curtas com festa, DJ e cachaça de graça (risos).
Ideias como essas valorizam o trabalho de quem produziu e finalizou um curta.
Outra ideia bacana é a exibição de curtas nas escolas, a partir de temáticas
que possam ser utilizadas para debates entre professor e aluno. Quando dei aula
de teatro em Itaguaí (RJ), recebíamos da Petrobrás, DVDs com uma série de
curtas com temas socioeducativos que faziam o maior sucesso entre os alunos.
Acredito que iniciativas como essas seriam assertivas para retirar os curtas
das prateleiras e incentivar cada vez mais a produção de boas ideias.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Com certeza. Esse campo, como falei anteriormente é
sem dúvida o campo para a experimentação tanto para atores, produtores e
diretores. É de extrema importância o incentivo e subsídios que facilitem essas
produções. O curta é a oficina para o cinema e praticamente um novo estilo, um
estilo compacto de cinema que deve sim, circular. Sair das prateleiras.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Pode ser. Mas não necessariamente nessa ordem. Falo
isso com olhar e experiência de ator. Acredito que para outros profissionais
ligados a produção e montagem do filme pode ser diferente.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Não acredito muito em receitas, a não ser de bula
de remédio. Mas acredito que tudo corrobora para aqueles que acreditam. Se você
quer fazer cinema como ator, deve sem dúvida se aproximar do mercado do cinema.
A regra é paixão e coragem. Coragem para correr atrás. Infelizmente ainda é
assim que se faz arte hoje no Brasil, correndo atrás, mesmo com algumas leis de
incentivo. Para os atores, devemos cair nas graças de algum agente. Porque no
Brasil o agente te escolhe, em lugares como EUA Europa os atores que contratam
seus agentes.
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Sim. Até já escrevi um
roteiro. Pena que meu computador fez o favor de deletar(risos). Mas gosto de
cenas curtas. Um curta para mim é quase como uma esquete. São pequenos
fragmentos cheios de ideias. A síntese do curta é que me atrai por sua
simplicidade. Onde o menos é mais.