Atriz, cantora, bailarina e produtora. Em cinema, atua
em "Terça Feira", curta de Piatã Muller; "1,99 - Um Supermercado
que Vende Palavras, longa de Marcelo Masagão; "Abril de 79", curta de
Débora Breder; e "Oi, Laura! Oi, Luís!", curta de Márcio Melges.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Tenho
especial prazer em atuar no cinema, que é uma linguagem bastante diferente do
teatro, onde trabalho mais.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
O
primeiro curta em que atuei foi "Oi, Laura! Oi, Luís", do Márcio
Melges, em 96. Eu tinha acabado de me formar em Artes Cênicas na Unicamp. A
equipe era maravilhosa, todos querendo fazer um bom trabalho. Me lembro de ter
achado engraçado como eles me tratavam como se eu fosse uma estrela, ninguém me
deixava carregar uma sacola! Só depois eu fui entender a hierarquia do cinema,
mas confesso que acho uma certa graça até hoje. Foi uma experiência ótima e só
aumentou minha vontade de fazer cada vez mais. De lá pra cá fiz alguns outros
filmes, geralmente com jovens cineastas e equipes sempre incríveis.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Realmente
são muito poucos os que conseguem uma projeção mais expressiva, infelizmente.
Acho que o pouco espaço se deve ao fato dos curtas-metragens ainda ficarem, de
certa forma, à margem dos grandes circuitos, muito restritos aos festivais.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Gosto da
ideia de projetarem curtas antes da exibição de longas-metragens nos cinemas.
Isso faz com que sejam assistidos por um número enorme de espectadores, indo
muito além do alcance dos festivais, a que acabam ficando restritos.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Acredito
que sim. É um espaço para experimentar, criar, buscar novas linguagens.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
O curta
metragem hoje é uma linguagem em si, com ótimos diretores e festivais dedicados
exclusivamente a eles. Mas pode, sim, ser um celeiro, um tubo de ensaio. É uma
oportunidade para diretores, produtores, atores e técnicos exercitarem suas
funções numa estrutura mais tranquila. Isso não diminui a responsabilidade e
também não significa que seja um formato só para iniciantes. Mas certamente
todo diretor de curta metragem sonha em fazer seu longa-metragem um dia.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Não
acredito em receita pra nada. Acredito no trabalho e na perseverança. O país
volta a ter um espaço crescente para o cinema nacional, o negócio é arregaçar
as mangas e fazer. Trabalhei bastante com o Domingos Oliveira, que faz longas
com baixíssimo orçamento e tem um manifesto que ele chama de BOAA (Baixo
Orçamento e Alto Astral). E o baixo orçamento não é desculpa pra uma baixa
qualidade, é possível fazer coisas belíssimas e inteligentes. Hoje em dia, com
a tecnologia digital, tudo ficou mais acessível em termos de produção,
especialmente para os curtas. É juntar uma galera, ter uma boa ideia e vamos
embora! Sei que não é simples assim, mas realmente acho que o negócio é meter a
mão na massa. Sou atriz, produzo meus projetos de teatro, já produzi cinema,
enfim, não fico esperando o telefone tocar. Dá trabalho, exige dedicação e
força de vontade, mas é no que eu acredito mesmo.
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Nunca me
imaginei atrás da câmera. Gosto demais dessa brincadeira de compor personagem,
estudar o roteiro, preparar uma cena. Acho que sou exibicionista! (risos)...
Mas não posso dizer que dessa água não beberei, quem sabe um dia brota um
desejo oculto de dirigir? Mas por enquanto realmente prefiro estar na frente
das câmeras, é o que eu sei fazer.