sábado, 22 de março de 2014

Marco Barretho

 
Ator e roteirista, estudou no “Teatro Escola Macunaíma” (1996 a 1999) e pela “Teatrês – Oficina Teatral Denise Del Vecchio/Alzira Andrade”(2003 a 2007) onde fez parte do núcleo de pesquisa. Em 2010 protagonizou o curta-metragem ‘Seus Pés’, sob direção de Luma Oquendo, que concorreu como melhor curta estrangeiro no London International Film Festival.
 
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Sou muito apaixonado pela minha profissão. Amo muito cinema, a linguagem, câmeras, as locações. Fico extasiado quando vejo o resultado final depois de tanta dedicação nas gravações e produção. Além de ser uma ótima exposição e aprendizado.
 
Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem?
Já gravei alguns curtas pra estudantes de cinema, (geralmente é onde mais surge as maiores possibilidades). Rola uma troca incrível, é um momento que a gente fica fora da nossa área de conforto. Estão todos ali se empenhando ao máximo e querendo mostrar trabalho, a falta de experiência é superada pela garra e o amor ao cinema e isso faz com que a gente se jogue mais. Gravei também curtas com diretores e equipes mais experientes. Um deles tivemos uma grande produção, locações lindas como a estação de trem de Campos do Jordão. Este filme foi selecionado pra vários festivais nacionais e internacionais. Sou um ator que trabalho muito com comédia e por incrível que pareça só fiz drama até agora em curtas. Quero muito fazer comedia pra câmera, com certeza será um desafio.
 
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Infelizmente não temos um trabalho de formação de publico, tanto no cinema, como no teatro, enfim... As pessoas não mostram muito interesse pra arte e com isso acredito que o apelo pra esse tema “não venda”. Acho que a culpa é de todos. Dos nossos governantes que não dão o devido apoio e importância. O publico esta acostumado com grandes produções, com atores consagrados, onde as empresas preferem investir. Em quanto as produções menores ficam do lado underground, com pouca verba, isso quando existe. Temos que caminhar muito ainda nessa questão.
 
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Acho importante um trabalho na base. Por que não exibições em escolas, onde os alunos estão se descobrindo, incentivar o trabalho de pesquisa e conhecimento? Exibições em salas de cinema é um pouco utópico, poderíamos aproveitar mais a internet e quem sabe alguns canais de TV.
 
O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
A arte em geral é uma grande manifestação da liberdade da criação, da colocação moral e imoral. Na arte podemos viver, experimentar e mostrar o que bem entendemos. O cinema prova isso com a diversidade de tantas obras e com tanta gente talentosa.
 
O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa? 
É uma ótima exposição! Alguns diretores de curtas acabam se tornando diretores de longas. Se você faz um bom trabalho com certeza vão lembrar de você  em um longa. E não só diretores, os curtas são um trampolim para atores, câmeras, editores, maquiadores, diretores de arte, produção... Mas é claro, sempre estudar e se aprimorar. Esse nosso universo é muito pequeno e a gente sempre acaba se encontrando lá na frente.
 
Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Continuar acreditando no cinema. Continuar a produzir, pesquisar, mesmo com as dificuldades. Já crescemos muito no cenário brasileiro. Temos filmes e profissionais se destacando muito lá fora. Se continuarmos assim só temos uma direção, pra frente. Precisamos também de um olhar com mais carinho, não só pras grandes produções. Mais parcerias, patrocínios, apoiadores, editais. E também um empenho maior na formação de publico!
 
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Amo demais atuar, é como se estivesse voando! Acho que o meu oficio é mais esse mesmo. Mas também admiro demais a direção. Quem sabe em um futuro...