quinta-feira, 13 de março de 2014

Margarita Hernández Pascual

 
Cineasta e produtora cubana radicada no Brasil. Atualmente dirige a produtora de cinema Bucanero Filmes. Seus curtas, ‘Filipe’, ‘Labirinto’ e ‘Una Nação de Gente’, receberam numerosos prêmios. É também coordenadora geral do Festival Ibero-americano de Cinema Cine Ceará.
 
O que te faz aceitar participar de produções em curtas-metragens?
Nos últimos anos tenho trabalhado mais na produção de longas-metragens, mas me anima muito a ideia de fazer curtas, em especial documentários. A motivação seria o prazer, gosto de pequenas histórias. Também o fato de poder ver o resultado a curto ou mediano prazo. Um longa-metragem pode consumir anos de trabalho e isso é meio angustiante.
 
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Jornalistas e críticos escrevem sobre filmes que o público viu, ou vai ver. Como os curtas não tem espaço nas salas de cinema e pouquíssimo espaço na televisão então não interessa muito falar deles, não vende.
 
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?Existem centenas de curtas mofando nas prateleiras das produtoras e na casa de muita gente. Acho que além de abrir editais para a produção de novos curtas se deve pensar numa forma de distribuir esses filmes. Têm surgido projetos legais, mas ainda são tímidos. O sonho, claro, é chegar ás salas de cinema, mas esse espaço está difícil até para os longas brasileiros. Acho que a internet poderia ser um bom caminho, agora tem o metrô que também vai exibir.  
 
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Todo o mundo começa fazendo primeiro um curta, depois aparecem historias que não dá para contar em quinze  minutos e assim, é um processo normal. Eu acho que sim que você pode ser um curta-metragista “assumido”, mas para se sustentar vai ter que ter outro emprego.
 
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Não, não creio que seja marginalizado pelos cineastas, é marginalizado pelo mercado e aí acontece que os cineastas também precisam pagar contas, criar filhos, etc. e deixam de fazer curtas. O problema é que o curta nunca, ou quase nunca, tem retorno financeiro, muitos curta-metragistas colocam dinheiro do seu bolso para finalizar seus filmes. Isso você pode fazer uma ou duas vezes, por amor ao projeto, mas não dá pra viver nessa.
 
Pensa em dirigir um curta futuramente?
No momento estou filmando um longa documentário que vai me tomar um tempo, mas tenho ideias que são para curta metragens e que adoraria poder realizar, mas devo confessar que dá um pouco de preguiça colocar o projeto na lei e entrar nessa burocracia toda, sabendo que no final será visto basicamente em festivais de cinema.