Cineasta e produtora cubana
radicada no Brasil. Atualmente dirige a produtora de cinema Bucanero Filmes. Seus curtas,
‘Filipe’, ‘Labirinto’ e ‘Una Nação de Gente’, receberam numerosos prêmios. É
também coordenadora geral do Festival Ibero-americano de Cinema Cine Ceará.
O que te
faz aceitar participar de produções em curtas-metragens?
Nos últimos anos tenho trabalhado mais
na produção de longas-metragens, mas me anima muito a ideia de fazer curtas, em
especial documentários. A motivação seria o prazer, gosto de pequenas
histórias. Também o fato de poder ver o resultado a curto ou mediano prazo. Um
longa-metragem pode consumir anos de trabalho e isso é meio angustiante.
Por que os curtas não têm espaço em
críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Jornalistas e críticos escrevem sobre
filmes que o público viu, ou vai ver. Como os curtas não tem espaço nas salas
de cinema e pouquíssimo espaço na televisão então não interessa muito falar
deles, não vende.
Na sua opinião, como deveria ser a
exibição dos curtas para atingir mais público?Existem centenas de curtas mofando nas
prateleiras das produtoras e na casa de muita gente. Acho que além de abrir
editais para a produção de novos curtas se deve pensar numa forma de distribuir
esses filmes. Têm surgido projetos legais, mas ainda são tímidos. O sonho,
claro, é chegar ás salas de cinema, mas esse espaço está difícil até para os
longas brasileiros. Acho que a internet poderia ser um bom caminho, agora tem o
metrô que também vai exibir.
É possível ser um cineasta só de
curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Todo o mundo começa fazendo primeiro
um curta, depois aparecem historias que não dá para contar em quinze
minutos e assim, é um processo normal. Eu acho que sim que você pode ser
um curta-metragista “assumido”, mas para se sustentar vai ter que ter outro
emprego.
O curta-metragem é marginalizado entre
os próprios cineastas?
Não, não creio que seja marginalizado
pelos cineastas, é marginalizado pelo mercado e aí acontece que os cineastas
também precisam pagar contas, criar filhos, etc. e deixam de fazer curtas. O
problema é que o curta nunca, ou quase nunca, tem retorno financeiro, muitos
curta-metragistas colocam dinheiro do seu bolso para finalizar seus filmes.
Isso você pode fazer uma ou duas vezes, por amor ao projeto, mas não dá pra
viver nessa.
Pensa em dirigir um curta futuramente?
No momento estou filmando um longa
documentário que vai me tomar um tempo, mas tenho ideias que são para curta
metragens e que adoraria poder realizar, mas devo confessar que dá um pouco de
preguiça colocar o projeto na lei e entrar nessa burocracia toda, sabendo que
no final será visto basicamente em festivais de cinema.