É jornalista e roteirista. Formado em
jornalismo pela Universidade Metodista de
São Paulo e
pós-graduado em Roteiro Audiovisual na PUC-SP. Trabalhou com jornalismo e
publicidade, concebeu e organizou projetos de livros e revistas e é responsável
pela produtora audiovisual “Vila Filmes”.
Atua como roteirista de filmes institucionais e documentários. É autor do livro
de contos e crônicas “Postal e outras histórias” (2009)
e diretor e roteirista do documentário “Ele era um menino feliz – O Menino
Maluquinho, 30 anos depois” (2011).
O que te faz aceitar participar de produções
em curta-metragem?
Sabemos que o curta-metragem é o primeiro
passo para se ter a experiência de trabalhar com cinema, para contar história
através do audiovisual. Acho válido, então, apostar neste formato para que se
possa fazer experimentos, testes. O curta-metragem te dá esta liberdade – até
porque, na maioria das vezes, se realiza de maneira independente, sem
patrocinadores ou investimentos. Mas o curta metragem também é interessante
para se contar pequenas histórias, fortes, diretas e que se concluem
rapidamente. Fazendo uma comparação com a literatura, o curta-metragem é a
possibilidade de fazer um conto na linguagem audiovisual. Eu, que além de
produtor e roteirista, também sou contista (tenho dois livros lançados de
contos e crônicas) gosto da ideia de adaptá-los para o cinema. Estão entre os
projetos.
Conte sobre a sua experiência em trabalhar em
produções em curta-metragem.
Sou responsável pela Vila Filmes, em São
Paulo, e trabalhamos com produções diversas para o mercado institucional e
publicitário. Nestes 5 anos de mercado, apostamos na produção de alguns
documentários, que não chegaram a ser longas-metragens. Fizemos em 2008 um
documentário de 52 minutos sobre os 50 anos do Zoológico de São Paulo; no ano
seguinte, um de 23 minutos, sobre o trabalho de um artista plástico chamado
Thiago Costackz e em 2011 lançamos o curta-metragem que gerou mais repercussão,
que foi o “Ele era um menino feliz”, que conta a história dos 30 anos do Menino
Maluquinho, do cartunista Ziraldo. Este filme tem oficialmente 30 minutos e as
versões de 25 e 20 minutos para correr em alguns festivais. Nos três fui
roteirista e no último também dirigi. Atualmente tenho alguns roteiros para
serem produzidos e estão na nossa pauta, para começarmos a trabalhar com
pequenas obras de ficção.
Por que os curtas não têm espaço em críticas
de jornais e atenção da mídia em geral?
Os curtas-metragens não tem um mercado
comercial ativo. Este é o grande problema que não conquistar o espaço na mídia.
Mas tive uma experiência que comprova que é possível conquistar espaço na mídia
com curtas, não posso reclamar sobre isso. Acho que a história que você está
contando pode ajudar muito na divulgação ou não do filme. Nós fizemos o
documentário sobre o Ziraldo em 2011, que rodou mais de vinte festivais entre
2011 e 2012. Mesmo ainda não lançado, começamos a trabalhar na divulgação, e o
retorno foi positivo demais: fomos destaques em grandes sites, matérias em
televisão, revistas, etc. Lógico: o trabalho foi na raça, sem apoio, nem nada.
Mas acho que, dependendo de como você faz esta divulgação, alguma coisa você
tem como retorno.
Na sua opinião, como deveria ser a exibição
dos curtas para atingir mais público?
Atualmente
temos um circuito de mostras e festivais muito grandes – e que funcionam. Mas
hoje temos a possibilidade de divulgar na internet e que é uma boa. Isso faz o
filme "viralizar" e você consegue visibilidade, consegue ser conhecido, atingir
mais pessoas. inclusive existem portais que se tornam “bancos” de curtas-metragens.
Além disso, já existem alguns canais da TV acabo (inclusive um exclusivo) que
estão procurando e exibindo este tipo de produto.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Sem
dúvida. Até porque, como já disse anteriormente, a maioria dos curtas-metragens
são feitos de maneira independente, o que permite você ser extremamente
autoral. Aí as possibilidades de criação e experimentação aumentam.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Acho
que sim. O longa é mais complicado, emperra na questão de comercialização e
divulgação, mas hoje temos vários possibilidades alternativas ( como a internet,
por exemplo). Mas a experiência de produção de curtas-metragens permite que
você entenda o funcionamento da realização de um longa-metragem. É preciso ter
essa bagagem.
Qual
é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Vou
responder com um clichê e tanto, mas acho que é não desistir. O mercado está
aquecido com as leis de incentivo e de exibição, isso abre muitas portas para
as produtoras e para os profissionais de diversas ordens.
Pensa
em dirigir um curta futuramente?
Sim,
projetos é que não faltam! Mas como sou roteirista, também foco bastante na
procura das histórias para serem contadas.