Cineasta. Barroso co-dirigiu o
primeiro curta, “Afundaçãodobrasil”, em 1980. É um dos fundadores de uma das
primeiras televisões alternativas do Brasil, a TV Viva, criada em 1984, que
produzia e exibia programas em bairros populares do Recife. Dirigiu e coordenou
a TV VIVA por oito anos, recebendo inúmeros prêmios nacionais e internacionais.
Em 2005, lançou o documentário “O Mundo É Uma Cabeça”, filme que já recebeu dez
prêmios em festivais nacionais, entre eles o de melhor curta documental do
Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro 2005. “História
de um Valente”, seu novo trabalho que está em fase de finalização,
é o seu primeiro longa metragem de ficção, filmado em super 16 e 35mm. A
película é baseada na vida do Deputado Federal Constituinte Gregório Bezerra.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
O curta é
uma linguagem mais dinâmica e com um roteiro enxuto, ou seja, o desafio é
contar uma história com inicio, meio e fim dentro de 15 a 20 minutos o que te
obriga a ser sucinto sem perder o fio da meada. Esse desafio me atrai e me
instiga. Adoro fazer curtas.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Sou da
geração que lutou pela obrigatoriedade do curta-metragem antes do longa nos
cinemas, infelizmente esta lei acabou sacaneada pelos exibidores que,
contrários a lei, forçaram a exibição dos piores. Outras vezes, realizavam
verdadeiros monstros para as telas o que levou a plateia a se posicionar contra
a exibição dos curtas. Minhas experiências foram as melhores e todos que dirigi
tiveram bons resultados e longa vida em festivais e conquistaram muitos
prêmios. O curta é a entrada para o cinema, onde tudo começa. O custo é menor e
a equipe idem, facilitando a realização.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Creio eu,
que a falta de espaço é pura preguiça. É achar que o curta é um produto menor,
sem importância, apesar de que hoje se tem vários programas nas televisões
voltados para esse formato. O curta-metragem que encanta o público acaba por
ter espaço, mas são poucos.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Hoje para
se atingir um público maior em qualquer formato, tem que se passar pela
internet, Youtube por exemplo, mas, deveríamos ter mais festivais e cineclubes
voltados para a exibição de curtas. Todavia, temos um bom exemplo que é o Porta
Curtas que facilita a chegada dos filmes para o público maior.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Com
certeza, por ser de menor custo e muitas das vezes, com poucos recursos, isso
te obriga a ser mais criativo e a recorrer a novas experiências que, bem
resolvidas, acabam por engrandecer o trabalho e abrir novos horizontes.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Não, o
curta pode ser o inicio do caminho para a formação de um cineasta, mas tem sua
própria linguagem e formato.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Não sei o
que você chama de vencer no audiovisual, mas seja qual for, a receita em cinema
é trabalhar muito, buscando a cada filme realizado, ser melhor e ir se cercando
de uma equipe cada vez mais profissional. Cinema é equipe e esse time tem que
funcionar como uma engrenagem toda azeitada.
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Sempre se
tem um curta na cabeça e sempre é muito agradável se realizar um curta-metragem.