Roteirista. Formou-se
em ciências sociais na Universidade de São Paulo, em 1980 e licenciatura em
História e Geografia. Fez o roteiro do filme “Não
quero falar sobre isto agora” (1991), em parceria com o cineasta
Mauro Farias e o ator Evandro Mesquita, dirigido por Mauro. O filme foi
premiado no Festival de Gramado de 1991 em quatro categorias, inclusive a de
melhor roteiro. Em 1993, com Carla Camurati, escreveu “Carlota Joaquina” (1995),
melhor roteiro no Festival de Damasco, Síria. É coautora de três roteiros
selecionados para o Laboratório de Roteiros do Sundance no Brasil.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Esse convite não é frequente para mim. Em toda a
minha carreira como roteirista, que já leva mais de trinta anos, só escrevi um
curta-metragem. Mas participo de projetos de outra forma. Como sou professora
da PUC Rio, meus alunos devem escrever um curta para finalizar o curso... dessa
maneira me envolvo no processo quase como consultora. E isso é muito
gratificante.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Como
disse acima, minha experiência em roteirizar filmes começou com longa-metragem
e assim se manteve através dos anos. Uma única vez participei de um projeto de
curta-metragem... Foi no filme "Vicente", de Marcos Guttmann. Escrevi
duas versões e, francamente, me surpreendi com o resultado. Nada do que havia
pensado estava ali e descobri que o curta tem um ritmo próprio, muito atrelado
ao que o diretor sonha executar.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Porque é um gênero cujo formato não é comercial,
restringindo-se a mostras específicas. Houve um momento em que os curtas
brasileiros ganharam protagonismo em festivais aqui e fora também. Jorge
Furtado, Luís Fernando Carvalho, Cecílio Neto, entre outros, surgiram dessa
quase militância heroica que representou um grande avanço em termos de
linguagem que o longa-metragem logo incorporou. Hoje, em tempos de Youtube e Vimeo há
infinitas possibilidades de experimentação.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Pela
internet, sem dúvida. Uma plataforma que casa perfeitamente com a
experimentação.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Acredito que sim. O curta-metragem é mais livre para
experimentar novas linguagens, narrativas e dramaturgia.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Para estudantes de cinema é fundamental para um
primeiro contato com tudo que envolve uma produção. Mas em termos dramatúrgicos
não. Um roteirista de longa-metragem nem sempre consegue atingir a concisão de
um curta e um roteirista de curta-metragem nem sempre consegue escrever um
longa. São linguagens diferentes... com regras e técnicas específicas.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Não há receita, mas se houver algum alento para a
dura batalha, diria que é a originalidade das histórias e na concepção do
projeto.
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Nunca,
não quero dirigir nem curtas nem longas, sou roteirista e isso já me dá
bastante trabalho e prazer. Aliás, à minha maneira dirijo meus filmes...