sábado, 16 de maio de 2015

César Charlone


Com mais de 700 comerciais no currículo, César dirige e fotografa seus filmes. Em 2007 César se uniu a Fernando Meirelles para assumir a direção de fotografia de "Blindness", adaptação do romance "Ensaio Sobre a Cegueira", de José Saramago. Em Março de 2008, chegou aos cinemas brasileiros o filme "O Banheiro do Papa". O filme, que foi co-dirigido por Enrique Fernández, marca a estreia de César na direção de longas.

"O curta-metragem é um meio de experimentação, descompromissada com o resultado do público, então é uma área de muito crescimento narrativo e técnico para a filmografia nacional. Aceitar trabalhar neste tipo de curta-metragem é justamente porque é uma experimentação. Eu lembro, por exemplo, que grande parte da qualidade que a gente obteve no “Cidade de Deus” foi graças ao curta-metragem Palace II que a gente filmou 6 meses antes onde a gente pode experimentar formatos, películas, câmeras, recursos, enfim, um monte de coisas experimentamos nesse curta-metragem e graças a ele a gente pôde depois por em prática no “Cidade de Deus”.

A minha experiência não é muito grande, eu trabalhei em curta-metragem Missa do Galo que eu fiz na época do preto-branco ainda como assistente de câmera do Mário Carneiro, depois eu fiz alguns outros em vídeo numa produtora que eu tinha chamada Monte Vídeo que a gente facilitava uma estrutura técnica de vídeo para cineastas, eu era sócio dessa produtora e eu fiz alguns. E depois mais recentemente ajudando o Daniel Rezende, mas eu não tenho feito muitos não, eu gostaria de fazer mais. É um meio que me diverte mais. Eles não têm espaço em crítica de jornais e atenção da mídia em geral, justamente, porque eles são uma coisa mais experimental, porque não há cultura de curta-metragem, é como os contos e as novelas. As novelas em geral sempre têm muito mais saídas do que os contos. Acho que é um paralelo parecido.

Uma forma de fazer chegar mais ao público é fazer projeções de blocos de curtas-metragens ou matemática ou por exemplo caixas de DVDs onde... porque ver um curta-metragem fica complicado. Então, ou incluir os curtas-metragens na frente dos longas-metragens nos DVDs ou nas projeções, algum formato deste tipo. Ou então fazer esses pacotes projeção de todos os curtas-metragens ganhadores de festival ou todos os curtas-metragens de uma geração de cineastas, enfim, coisas do tipo. O curta-metragem como eu falei antes se é uma área de experimentação e grande campo (não conseguir escutar direito) de verdade para experimentar para todos os curtas-metragistas. O curta-metragem pode ser um trampolim para trabalhar num longa-metragem sim, é sem dúvida, é o melhor campo para os profissionais que estão começando, experimentarem e crescerem para depois fazerem um longa-metragem, mas não tem que ser um longa-metragem enfim em si (ele falou muito rápido, não entendi bem) pode ser o curta-metragem também ou depois passar para minissérie ou para quaisquer outros formatos de se fazer cinema.

Eu acho que a receita para vencer no audiovisual brasileiro é tentar se comunicar bem com o público brasileiro. Eu acho que o cinema brasileiro não tem tido um diálogo fluido com o público. À prova disso são os resultados de bilheteria que os nossos grandes blockbusters são ínfimos falar que 1 milhão de espectadores de um país de 190 é um bom público é triste, na verdade é muito pequeno. A comunicação do cinema áudio... (aqui ele se enrolou para falar) do cinema brasileiro com seu público. Então, a receita é aprender a falar a língua que o povo gosta de entender e aos poucos reeducando esse público e refinando mais ele no gosto pelo bom cinema. Eu não tenho pensado em dirigir nenhum curta porque na verdade não estou com nenhuma ideia específica, mas se me vier à cabeça a ideia do curta-metragem, com certeza, eu vou fazer, porque eu acho ele meio interessantíssimo como eu falei antes de bela experimentação".