terça-feira, 5 de maio de 2015

Caru Pesciotto


Atriz. Atuou nos longas-metragens ‘Subsolo Underground’ e ‘Caixa Dois’. Em curta-metragem teve grande destaque com o filme ‘O Retrato’.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Os curtas-metragens que fiz como atriz foram com amigos. Com o famoso esquema de “baixo orçamento” e muita vontade de fazer um trabalho legal, me juntei a esses parceiros e faço sempre que possível. 

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
O primeiro que eu fiz uma participação foi “O Retrato” com direção de Daniel Moreno e tínhamos uma pequena produção, os técnicos eram bem experientes e foi feito em película No curta “ A Lenda Proibida” eu fiz a personagem principal e a locação era incrível. Um hotel fazenda com vários ambientes e gravamos tudo lá. Esse foi um curta feito com câmera digital e era de suspense, então tínhamos vários “climas”. O diretor desse foi o André Siqueira e era seu primeiro trabalho. Como ele já era meu amigo foi tudo muito tranquilo, mas com a falta de uma continuísta, acabamos perdendo algumas cenas boas por terem erros. Tivemos que dublar algumas cenas que o som direto ficou com ruídos. Apesar dos probleminhas técnicos, nos adoramos o resultado.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Penso que, se tivéssemos diretores mais conhecidos produzindo curtas, poderia gerar uma mídia maior nesse setor. Já fui a varias mostras de curtas e sempre com um bom público interessado. Então posso comparar ao circuito mais alternativo de teatro. Tem um público fiel, mas não tem mídia. E a critica segue a mídia. Pena.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Uma vez fiz um comercial de uma Mostra Petrobras que eram curtas que passavam antes das sessões de filmes nacionais patrocinados pela Petrobras. E eu achei a ideia ótima. Se tivéssemos uma lei para que, antes de cada filme, passasse um curta nacional acho que seria uma forma de atingir a massa de pessoas que vão ao cinema e estimular a produção de novos curtas e com cada vez mais qualidade.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Com certeza. Eh muito comum os profissionais se sentirem mais livres para experimentarem em um curta. A pressão eh muito menor porque o risco eh menor. E isso não diminui a qualidade do trabalho, mas como o investimento (de dinheiro e tempo) é proporcional ao tempo de execução, muitos artistas preferem testar todas as ideias nos curtas para então desenvolvê-las nos médias e longas.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa? 
Depende. Se for pensar em roteiro acho que não, porque muitas ideias funcionam melhor se for em um tempo menor. Mas falando de experiência acredito que sim. É como você querer estrear no teatro com uma grande produção sem ter passado pela experiência de fazer o teatro de base, de pesquisa. Ate pode funcionar, mas a chance de cometer erros básicos e de fácil resolução ( quando se tem mais experiência) eh bem maior.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Capacidade. Recurso/Sorte. Em primeiro lugar a capacidade. E depois recurso ou sorte (ou os dois juntos, melhor inda!). Pode parecer receita de bolo, mas acho que se falhar em algum desses itens não tem como vencer de verdade. Porque acredito como vencedor o artista que atinge o objetivo de alcançar a alma do maior número de pessoas. Para isso é preciso a capacidade de se comunicar bem, ter boas ideias e sensibilidade. Para executar essas ideias precisa de dinheiro! As produções audiovisuais são muito caras. E o fator sorte pode vir de vários lugares. Um patrocinador inesperado que viabilize o projeto. Uma situação que coloque o seu nome ou projeto em evidencia ou o famoso “cair na graça do publico”.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Eu sou atriz e atuar será sempre meu primeiro interesse nos curtas. Sou produtora também e quando produzi um longa chamado “O Último Chá” eu fiquei alucinada com a função de assistente de direção. Então eu acho que posso seguir nessas três funções, mas a direção eu não vejo como um objetivo.