Atriz.
Foi dirigida por Antonio
Abujamra em dois espetáculos - "Tchekhov e a Humanidade" e
"Os Possessos".
O que
te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Bom, eu sou atriz e todas as possibilidades de exercitar o meu ofício me
interessam. Também amo cinema e o curta me dá a chance de atuar nessa
linguagem.
Conte sobre a sua
experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Atuo em curtas desde 2005, mas não participei de muitas produções, umas sete
nesse período. O que me chama a atenção em um curta-metragem, acho que é a
mesma coisa que faz com que eu tenha vontade de fazer parte da produção: o
olhar que o cineasta dá para um tema. Um exemplo é o trabalho mais recente que
fiz, o curta Branca, de Lucila Maia e Sandra Sant´ana, que é inspirado em
Branca de Neve, mas traz os personagens para outra realidade, fora dos contos
de fada. E ao mesmo tempo em que o curta explora a vida real, a crueza da vida
real, brinca com elementos dos quadrinhos, com o lúdico. A minha personagem é a
tia da Branca, Margot - versão moderna e meio rock´n roll erótico da bruxa má.
Foi uma delícia fazer, circular por esse universo.
Por que os curtas não
têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acho que é uma questão comercial, né? Não vende, então não é interessante para
o distribuidor. Mas não vende porque não se faz marketing em cima do curta e
não se faz marketing em cima do curta porque isso custa dinheiro e normalmente
os curtas são produções pequenas e não tem dinheiro para divulgação. Enfim, é
aquela cadeia de fatores que, infelizmente nesse caso, impedem a coisa de
acontecer. São poucos os espaços de exibição de curtas, é pouco o fomento para
esse tipo de produção. Uma pena, porque tem muita coisa boa no mercado.
Na sua opinião, como
deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Bom, primeiro, você chega ao cinema e vê propaganda, trailer, avisos. Por que
não ver um curta também? Eu acho que toda sessão deveria ter a exibição de um
curta antes. Hoje, os curtas ficam restritos a festivais e mostras especiais,
aí fica uma coisa restrita e até elitista. Por que não fazer mostras de curtas
na periferia, nos CEUs, Sesc´s, Sesi´s, Centros Culturais, enfim em todos os
espaços culturais? E nas escolas, gente. Dá pra imaginar que isso ajuda na
formação de público para o próprio cinema, não dá? Comece mostrando curtas para
os alunos, para os jovens e eles vão começar a querer ver mais coisas no
cinema. Cultura é assim, quanto mais você tem, mais você quer. Tem de
popularizar o curta, fazer com que o público tenha vontade de ver. E, olha, não
é difícil, estamos falando de um "produto" fácil de vender: é
audiovisual, de curta duração.
O curta-metragem para
um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de
liberdade para experimentação?
Acho que sim. Pelo menos no meu caso, como atriz, posso dizer que tenho tido
grande liberdade nos trabalhos que tenho feito com curtas.
O curta-metragem é um
trampolim para fazer um longa?
A gente gostaria que fosse, né? Tenho certeza que todo mundo que faz um curta
faz pensando em fazer um longa-metragem, em aprender para poder usar em um
longa, enfim. Mas a realidade é outra e não é assim que as coisas funcionam,
infelizmente. Eu tenho 15 anos de carreira e fiz pouquíssimos testes para
longas. É um mercado muito fechado, quase uma confraria.
Qual é a receita para
vencer no audiovisual brasileiro?
Persistência e resiliência. Mas isso não só no audiovisual, no mundo das artes
em geral.
Pensa em dirigir um
curta futuramente?
Não, pelo menos não agora. Sou essencialmente atriz.