Atriz, cantora e dubladora. Atuou nos curtas-metragens “Pulsões” e
“Gabinete de Guerra”.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Eu incentivo tudo aquilo que acredito. Se vejo
pessoas talentosas a fim de desenvolver uma boa ideia, seja ela com objetivo de
modificar algum tipo de comportamento, que contenha uma boa crítica social ou
simplesmente a critério de entretenimento, se nesta ideia tiver um bom
conteúdo, é o suficiente pra que me interesse a fazer parte dela.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Minha experiência com curtas foi durante meu
processo de formação como atriz. Durante esse processo você conhece muitas
pessoas com os mesmos sonhos que você. Pessoas que em paralelo com as artes
cênicas, também cursam Faculdade de Cinema ou simplesmente conhecem alguém do
meio e precisam de um casting pra fazer um curta pra conclusão do semestre, aí
está você. (risos) Foi me jogando em parcerias como essas que conheci como
funciona todo o movimento técnico e artístico que está presente o tempo topo na
execução de um curta, mas que só aparece no resultado final. Você percebe que
pra um filme ou qualquer produção artística ficar pronta, precisa não somente
da disponibilidade e prontidão do ator, mas também da mente brilhante de um
cineasta e do trabalho de toda uma equipe igualmente brilhantes. Fiz um curta
chamado "Pulsões" onde a personagem tinha dupla personalidade e
estava sendo assombrada por uma outra mulher. Como o autor sugeriu duas atrizes
completamente diferentes pra sua ideia, somente no final se percebia que a
personagem assombrada e a assombração eram a mesma pessoa. Depois fiz outro
chamado “Gabinete de Guerra”, foi conclusão de semestre também, a personagem
era tradutora da Presidente, esse processo foi muito enriquecedor e
completamente diferente, a personagem ao mesmo tempo que estava em cena, se
distanciava e lá se criava uma segunda cena dentro da mesma, com um toque de
humor bem peculiar. Depois fiz um curta onde juntamos várias obras do Plinio
Marcos, foi um processo sensacional de pesquisa e muito trabalho em equipe, que
fizemos pra conclusão de curso. O último curta que fiz teve como proposta a
ideia de "cinema mudo", o que também já me trouxe uma outra linguagem
e uma nova forma de pensar em curtas.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acho que o olhar sobre os curtas já é outro, pelo
menos, um pouco mais positivo em relação a alguns anos atrás. Acredito que a
internet contribuiu e muito pra isso, as pessoas perceberam que pode ser feito
produções de boa qualidade mesmo quase sempre sem grandes investimentos.
Acredito que a mente está mais aberta pra isso, embora não ignore que ainda
exista preconceito sim, mas menos que antes.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Conheci muitas pessoas que diziam não entender
curtas-metragens, não tinham clareza sobre o tema que o filme propunha, ou
então simplesmente diziam ser muita coisa pra pouco tempo de filme. Parecia que
isso era quase uma configuração na maneira de se fazer e ver os curtas. Acho
que isso também vem mudando. Tenho visto muitos curtas com uma comunicação mais
direta com o público, sem perder a originalidade de sua ideia. Acho que esse é
o caminho, por mais subjetiva que seja uma ideia pra execução de um filme, ela
deve ter algum ponto de comunicação com a realidade do público que quer
atingir.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Com certeza é. Como disse anteriormente, o curta é
um espaço de criação pra todos os profissionais envolvidos. Este tipo de
trabalho exige de você uma prontidão, uma agilidade que só pode ser conquistada
nessa experimentação, por isso vemos trabalhos tão interessantes e premiados vindos
de um curta-metragem.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Sim. Com certeza é um estímulo pra chegar ao
longa, e aí está a graça. Como disse, esse processo de trabalho de curtas vai
te trazendo um repertório vasto de aprendizagem, de novas ideias, de criação,
execução, novas formas de pensar e é claro, a consequência disse será a vontade
de arrisca-se numa coisa maior. Isso é muito positivo.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Arriscar-se sempre, estamos na era tecnológica
e também da boa ousadia. Nós vivemos num mundo extremamente imediatista que
cresceu muito rápido tecnologicamente mas ao mesmo tempo isso gerou muita
carência. A comunicação está mais presente na vida das pessoas mas em
contrapartida elas estão mais solitárias. Com isso, as pessoas esperam sempre
mais. Elas querem ver algo diferente, que entretenha, claro, mais que tenha um
significado, que fale com elas de alguma maneira. Então a grande sacada é
arriscar-se dentro desse cenário. A tecnologia veio com força pra nos ajudar,
ela é uma fator facilitador do nosso trabalho, a criatividade do artista deve
se adequar à isso. Creio que a junção de boas ideias com a tecnologia é um
caminho mais próximo para o sucesso audiovisual brasileiro.
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Confesso que ainda não pensei nisso mas acredito que se acontecesse seria
daqui a algum tempo. Eu sou apaixonada pela profissão de atriz e adoro pensar
junto mas dirigir ainda não faz parte dos planos. Por enquanto quero adquirir mais
repertório e aprender muito sendo dirigida por bons diretores.