Formado
em Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ), em Ciências Contábeis
pela Universidade Estadual do Ceará e Mestrando em Comunicação – Fotografia e
Audiovisual na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi Júri de vários festivais
de cinema. Trabalhou com preservação de filmes no Centro Técnico Audiovisual –
CTAV, Ministério da Cultura. ‘Doce
de Coco’ (2010), seu filme de
estreia, participou de 50 festivais em 12 países, ganhando 25 prêmios e
indicado ao Grande Prêmio de Cinema Brasileiro 2012. Possui experiência nas
áreas de roteiro, produção e direção.
Qual a importância
histórica do curta-metragem na filmografia nacional?
Muito importante.
Antes tinham a visibilidade através da Lei do Curta, em que os filmes eram
exibidos antes de longas-metragens. Depois de um tempo no limbo (ninguém cumpre
a Lei), abriu-se oportunidade para o gênero hoje, através da Lei da TV Paga. A
situação está um pouco mais promissora, mas acredito que ainda esteja muito
restrita. É uma pena, pois considero que o melhor da produção brasileira de
cinema hoje está no curta-metragem.
O que te faz aceitar participar de produções em
curta-metragem?
A oportunidade de fazer bons filmes, exercitar
o ofício de roteiro, produção e direção, conhecer gente nova, fazer amigos,
descobrir novos atores e atrizes, experimentar, aprender... Se a história me
chama atenção, se rende um bom filme, certamente terei desejo de fazer o filme.
Conte sobre a sua
experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Realizei alguns filmes universitários,
enquanto fazia curso de Cinema na Universidade Federal Fluminense, em Niterói
(Rio de Janeiro). Meu primeiro filme, rodado em 35mm, ‘Doce de Coco’,
produzi na minha cidade natal, Russas, interior do Ceará. Foi uma experiência e
tanto! Acabou que o filme fez enorme sucesso, exibido em 50 festivais de 12
países, ganhou 25 prêmios, indicado ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro e
ainda exibido em 3 canais de TV.
Por que os curtas não
têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Não sei se a regra vale para todos. Há alguns
jornais mais sensíveis ao gênero, mais abertos, inclusive antenados com a
recente valorização do formato. Hoje há muitos festivais de curtas, exibem os
filmes na TV, no Youtube! Há bons filmes, muita coisa boa que merece maior
cobertura. Existe uma divulgação especializada, mas realmente falta uma maior
valorização perante os grandes jornais. Já tive oportunidade de ter meu
trabalho divulgado em jornais e blogs, mas sei que não é uma constante. Ideal é
que fosse mais difundido a importância do curta.
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas
para atingir mais público?
Antes dos longas-metragens seria realmente uma
boa opção, mas acho muito complicado a não ser que o governo se imponha, como
se impôs na Lei da TV paga que está, aos poucos, funcionando. Já tive
oportunidade de ver vários curtas lindos no Programa Petrobrás às 6, na Rede
Cinemark, em que exibiam curtas gratuitamente. Sinto falta desse programa,
deveria ser mais difundido. A ideia era ótima.
O curta-metragem para
um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de
liberdade para experimentação?
Com certeza! São produtos mais autorais, menos
engessados, mais colaborativos. Contribuem muito para o desenvolvimento dos
longas. De curtas saem profissionais pra TV, webseries... O processo é uma
escola.
O curta-metragem é um
trampolim para fazer um longa?
Não necessariamente. Conheço muitos
curta-metragistas de carteirinhas, que realmente só querem fazer curtas. Acho
legal isso. Mas todos sabemos que o formato funciona como uma escola. Depois de
alguns curtas realizados a maioria dos realizadores realmente deseja voar mais,
contar histórias maiores, atingir um público maior. O processo faz parte e,
graças a isso, temos tantos longas-metragens maravilhosos surgindo.
Qual é a receita para
vencer no audiovisual brasileiro?
Existe uma receita? Se souber divulga, estamos
todos procurando... É tudo muito difícil, tem que querer muito. Não é um
trabalho valorizado. São sonhos.
Pensa em dirigir um
curta futuramente?
Sim. Nada é mais gratificante que ver o curta
na tela, sendo exibido. Nessa hora todo o sacrifício parece ter valido a pena.