Jornalista. Trabalha com
cultura e esportes no jornal O Estado de S.Paulo.
Qual é a importância histórica do curta-metragem na filmografia
brasileira?
Extrema importância, como, aliás, em qualquer
filmografia. Grandes diretores começaram a se exercer no cinema por meio de
curtas, como Glauber Rocha (O Pátio, A Cruz na Praça), Nelson Pereira dos
Santos (Juventude), Joaquim Pedro de Andrade (Couro de Gato). É como um
escritor iniciante: o espaço é curto, mas o suficiente para o jovem artista exercitar
sua criatividade e talento.
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da
mídia em geral?
Porque não há uma exibição regular nas salas
de cinema. Quando havia o Curta às 6, patrocinado pela Petrobrás e exibido às
18h na sala 4 do então Espaço Unibanco de Cinema, sempre faziam, no jornal O Estado
de S.Paulo, matéria sobre a nova programação. Era algo regular e permitia que
imprensa e público adquirissem o hábito de esperar por novidades.
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais
público?
Como disse antes, arrumar um espaço de
exibição (de preferência, de fácil acesso) e manter uma programação regular.
Assim, criaria um certo hábito de frequência.
O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou
produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Não tenha dúvida, é quando não há nenhuma
amarra, nenhuma censura. Praticamente, vale tudo e, claro, o cineasta corre
certos riscos. Mas, especialmente para desconhecidos, é a forma ideal de se
conseguir visibilidade e audiência.
O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Normalmente, sim, mas uma coisa não implica na
outra. Há quem comece diretamente no longa e há também quem ainda não saiu do
curta. Não é possível dizer que existe uma lógica.
Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Ah, se eu soubesse... Falando sério, não
existe. Claro que há algumas fórmulas quase sempre imbatíveis (veja a lista de
sucessos de comédias nacionais que atraem muito público: praticamente são todas
iguais, daí o sucesso). Creio que um caminho que ainda não é muito percorrido
mas é muito importante é a internet - ainda não temos O cineasta do mundo
virtual, aquele que só faça trabalhos para esse espaço. Sim, existem vários
vídeos, mas não ainda alguém (ou mais de um) que se consolide como artista
dessa área. Falo de Brasil, mas posso estar errado, me corrija se estiver
desatualizado.
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Não, dá muito trabalho, não tenho tanta paciência. Adoraria escrever um
roteiro e, talvez, fazer alguma ponta. Fora isso, não tenho planos para essa
área.