Atriz. Atuou nos filmes: ‘Manual
Para Atropelar Cachorro’, de Rafael
Primot; ‘Entrelinha’, de Ariel Schvartzman; ‘Amores
Imperfeitos’, de Márcio de Lemos; ‘Confia em Mim’, de Michel Tikhomiroff;
entre outros.
O que
te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Primeiramente se o roteiro me agrada. Mas o meu "sim" está associado
a vários outros aspectos. Já aceitei por me apaixonar por uma personagem ou por
admirar o diretor e/ou a equipe envolvida.
Conte sobre a sua
experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Meu primeiro curta-metragem fiz no Rio de Janeiro com o diretor Márcio Melges.
O curta foi o "Oi Laura, oi Luis". Eu tinha uns 20 e poucos anos, recém-formada
na CAL (Casa das Artes de Laranjeiras) e foi uma experiência incrível!!! Achei
o máximo o desafio de fazer a última cena na primeira diária. (Risos). O cinema
tem isso e é desafiador. Exige muita concentração e entendimento. Fiquei amiga
do Márcio e sou até hoje. Alguns curtas que fiz tinham uma produção bacana,
outros nem tanto. Mas aprendi muito com todos eles. "Guerrilha Produções
Artísticas". (Risos). Tive a oportunidade de trabalhar com atores
maravilhosos como Berta Zemel, Henrique Schafer, Sergio Mastropasqua, Clarissa
Kister, Rafael Primot, entre outros. Adoro filmar.
Por que os curtas não
têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acho que curtas-metragens ainda são vistos como treinamento, experimento.
Na sua opinião, como
deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Acho que a saída atual para a exibição de curtas é a associação das produções
para que sejam exibidos vários filmes em conjunto. Já existe isso, mas acho que
teriam que haver mais Mostras, mais incentivo para a formação de uma plateia
ainda maior para curtas. Essas Mostras ou mesmo associação de produções por
temas, por exemplo, podem criar ganchos melhores para a divulgação dos
trabalhos.
O curta-metragem para
um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de
liberdade para experimentação?
Sim. Com certeza absoluta. Como atriz posso dizer que a "entrega", o
"poder errar" e "experimentar" aumentam consideravelmente.
E acredito que essa liberdade se estende para todas as outras funções.
O curta-metragem é um
trampolim para fazer um longa?
Não necessariamente. Até porque não é um veículo que divulga seu trabalho a
esse ponto. Acho sim que é um grande treinamento para se fazer um longa. A
experiência com curtas me ajudou bastante com relação a compreensão da
linguagem (bem diferente da do teatro), ao ritmo de um set, o aprendizado
também das funções de cada técnico, da continuidade (principalmente emocional),
da dinâmica técnica que você precisa abstrair e ao mesmo tempo ficar ligada em
tudo, enfim. Uma concentração que precisa ser treinada.
Qual é a receita para vencer
no audiovisual brasileiro?
Fazer, fazer, fazer! Acreditar nos projetos, acreditar na nossa capacidade
artística e de inovação. Batalhar politicamente para que cada vez mais tenhamos
leis de incentivo apropriadas para este seguimento.
Pensa em dirigir um
curta futuramente?
Não. Ao menos por enquanto ainda não me passou pela cabeça esta ideia. Tenho
muitos projetos como atriz e não pararia isso para me aventurar numa empreitada
em que eu teria que estudar bastante para executá-la com dignidade. Sou atriz e
quero gastar meu tempo com isso, neste lugar. Que venham os roteiristas, os
diretores e os fotógrafos. Cada um no seu lugar!