Cineasta.
É dele os curtas ‘Quando
Morremos à Noite’;
‘Mar
Exílio’;
‘Todos
Esses Dias em Que Sou Estrangeiro’; entre outros.
Qual
a importância histórica do curta-metragem na filmografia nacional?
A
importância do curta, tanto quanto a do longa-metragem, é a do cinema em si,
uma marca do tempo, revelador de diversos aspectos da sociedade...
No
decorrer da década de 50 no Brasil, foi com a produção de curtas que o Cinema
Novo surgiu, cruzando problemas da sociedade brasileira e da linguagem
cinematográfica que até hoje são refletidos.
O
que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Geralmente
os curtas são realizados com muita crença, paixão, liberdade e companheirismo.
Isso é encantador.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Escrevi
e dirigi cinco curtas. O primeiro trabalho foi em 2006, através do projeto
Revelando os Brasis, do Ministério da Cultura, voltado para realização de
vídeos em municípios de até 20 mil habitantes. Logo
após ingressei na faculdade de cinema onde realizei como conclusão de curso o
curta “Mar Exílio”, que rendeu o Prêmio Revelação do Festival de Curtas de São
Paulo, em 2010.
Com
os recursos deste prêmio, filmei o “Quando Morremos à Noite”, melhor filme da
Mostra de Cinema de Tiradentes em 2012. “Eu Nunca Deveria Ter
Voltado” também produzido em 2011, teve seu roteiro contemplado na Oficina do
Projeto Sal Grosso (iniciativa do Festival Brasileiro de Cinema Universitário
que seleciona projetos de estudantes de cinema) foi premiado no Festival de
Brasília deste ano com os troféus de melhor diretor, melhor ator e melhor
trilha Sonora.
Por
que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em
geral?
Acredito
que os curtas possuem pouco espaço por não fazerem parte de um circuito
comercial. Geralmente as mídias se interessam em falar do que vai entrar em
cartaz, daquilo que vai vender ingresso.
Na
sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Deveria
existir algum modelo de distribuição para os curtas. Isso foi uma realidade no
final dos anos 80 com a lei do curta, projeto criado em meados da década de 70,
que regulamentava a exibição em salas comerciais de cinema de um curta antes do
longa-metragem. Hoje, com a nova lei
da tevê por assinatura, que exige mais conteúdo brasileiro, aumentou bastante a
procura de curtas-metragens para licenciamento. Mas a tevê paga ainda é muito
restrita. Os curtas deveriam ter espaço também na tevê aberta, como os longas.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Por
não ter nenhum compromisso comercial e por sua produção ter um custo menor, os
realizadores e suas equipes se sentem mais livres sim com a linguagem. Os
curtas possuem uma identidade muito autoral. Vão muito além das fórmulas.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Não
necessariamente. O longa-metragem acaba sendo um caminho natural quando o
realizador se depara com uma estória que ele quer contar, mas essa estória não
cabe no tempo de duração do curta.
Qual
é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Eu
tenho muito chão ainda pela frente. Mas o chão que já tenho é resultado da
decisão de fazer uma faculdade de cinema. Lá aprendi muito e encontrei
parceiros.
Pensa
em dirigir um curta futuramente?
Estou
com um curta novo, se chama “Todos esses dias em que sou estrangeiro”. É sobre
um garoto nordestino que vem para o Rio trabalhar em um restaurante de beira de
estrada onde o irmão mais velho já trabalha e não se acostuma com esse novo
mundo.