quinta-feira, 9 de abril de 2015

Rubens Ewald Filho


Jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte.

Qual é a importância histórico do curta-metragem na história da filmografia brasileira?
Na verdade, o curta-metragem em toda parte sempre foi o primo pobre. No sistema americano era complemento de programa e feito pelo próprio estúdio para treinar atores, roteiristas e diretores novos. Na Europa, treinava diretores e de vez em quando tinha obra-prima como o balão vermelho ou os do Resnais. Mas ele nunca atingiu o publico diretamente, que teve dificuldades em consumi-lo... talvez o mais curioso tenha sido o italiano que fazia filmes em episódios que nada mais eram que curtas unidos por um tema e faziam muito sucesso, inclusive no Brasil. Dos nossos temos o ‘Pátio’ de Lima Barreto, da Vera Cruz que ganha prêmio em Cannes, o ‘Couro de Gato’ que depois vai fazer parte de ‘5 vezes Favela’ e finalmente o ‘A Ilha das Flores’... mesmo assim o publico sempre os ignorou.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Porque o publico dificilmente tem acesso a eles... e os jornais e revistas também em cima da noticia.. não há preconceito.. simplesmente nunca se resolveu esse problema da distribuição dos curtas para o um publico maior...em parte alguma do mundo.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Acho que hoje em dia pela internet e YouTube!, principalmente eles tem a maior chance de serem descobertos... E vistos...

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Poder ser. Depende do projeto e da intenção dos realizadores. Porque a gente imagina que seja para iniciantes... o que nem sempre é verdade...

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Não, hoje em dia tenho visto gente usa-lo como uma espécie de portfólio exemplo do trabalho da pessoa... para conseguir em prego em produtoras, agências e até cinema profissional, dirigindo...Mas não garante nada. 

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Seu eu soubesse estaria fazendo e estava rico (risos), talvez no curta-metragem seja a originalidade, não copiar nada, não refazer nada, não repetir fórmulas...

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Não. Já é coisa resolvida há muitos anos. Fiz um curta-metragem bem no começo da carreira que foi produzido pela faculdade que lecionava, na verdade pedido deles...depois ele até perdeu-se, não há copias.. não era muito ruim (risos), mas estou satisfeito como estou..