quarta-feira, 15 de abril de 2015

Paola Queiroz


Atriz. Atuou nos curtas ‘Um pra Um’ e ‘Curta de Adeus’, ambos dirigidos por Érico Rassi.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Basicamente roteiro e diretor. Por ser uma produção relativamente rápida, foco mais na qualidade do trabalho. Quando acredito no roteiro (mensagem, texto, conceito, etc.) e confio no trabalho da equipe e direção, costumo participar.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
A maior parte das minhas participações em curta-metragem se deu através de indicações ou convites de amigos diretores. Algumas vezes partimos de uma ideia comum e desenvolvemos em parceria, outras o roteiro já existia e eu apenas contribui com a atuação. Todas foram experiências muito boas... Também fiz pequenas participações na produção, como assistente de direção de arte, produção de casting... Achei muito interessante ter tido essas experiências nos “bastidores”, pois dá uma visão global de todo o trabalho em um filme.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Penso que é um cenário que está prestes a mudar, mas claro que nem todos terão seu lugar ao sol... Ainda não vejo o reconhecimento de fato em relação aos curtas e nem todos agradam ao público, muitas vezes a mensagem não chega. No entanto, acredito que os curtas carregam um grande potencial, pois é um formato que se pode explorar infinitamente e trabalhar diversos temas e assuntos. Desenvolver emoções, questões sociais, contar histórias, falar de vidas... Tudo em poucos minutos, mensagens rápidas e diretas. Penso que nos dias de hoje, os curtas seriam ótimas opções, inclusive, de entretenimento. É preciso, portanto, saber explorar. Não acredito que a mídia tradicional dê conta sozinha. É preciso explorar novos meios e se apropriar deles, como a internet e redes sociais.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Difícil prever uma boa fórmula. Mas acho que os curtas precisavam ser mais popularizados e menos “elitizados” no sentido cultural da coisa... Tudo roda dentro do circuito de pessoas da área. 
Posso arriscar alguns palpites... Os curtas poderiam ser exibidos em espaços públicos ou, antes dos filmes no cinema, ou peças de teatro... Poderiam ser criados mais festivais que fossem atrativos ao grande público, com uma divulgação e apelo maiores... 

Acredito que existam várias possibilidades, mas é preciso que haja o interesse nisso. A internet tem se mostrado uma importante ferramenta para as produções de baixo orçamento. Profissionais se reúnem e criam produções muito boas e que falam a língua do público. Este formato tem tido resultados positivos. Não se tratam exatamente de curtas, e sim de webséries, mas contam histórias, satirizam, colocam um olhar critico sobre as coisas, entretêm...

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Eu acredito que sim. Ainda mais hoje em dia com a produção digital. Ficou muito mais fácil e acessível executar uma ideia com qualidade técnica. Além disso, o tempo de filmagem é menor, portanto mais fácil reunir equipe disponível. Existe a produção “grande”, com um investimento maior, mas vejo que a grande maioria ainda é a “independente”, nas duas eu acredito que a liberdade de experimentação é grande. Pode se experimentar ideias, conceitos, linguagens, estética, técnicas... Enfim, muita coisa cabe em um curta.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Não acredito nessa estratégia... Pode funcionar, mas não é regra. Para um ator, pelo menos, não. Acho que para o ator existem muitas condições para se conquistar um bom trabalho. Empenho, dedicação, estudo, perfil e indicação/contatos (entre outras, claro). O exercício em curtas aprimora grande parte delas, dá experiência, mas não garantias.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Agora você me pegou. Sinceramente ainda não fiz uma análise profunda dos melhores caminhos para se vencer. Vemos aqueles que dão certo pela qualidade do trabalho, mas também vemos aqueles que têm “poderosos” por trás e, consequentemente, a divulgação é feita com empenho maior, além de recursos para a produção.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Nunca pensei em dirigir, mas confesso que gosto de estar envolvida no processo como um todo... Que seja no cenário, na escolha dos atores, na caracterização, no roteiro, locação... Todo o universo me interessa. Mas acho que para me arriscar numa direção eu precisaria me preparar mais.