Atriz.
Atuou nos curtas ‘Um pra Um’ e ‘Curta de
Adeus’, ambos dirigidos por Érico Rassi.
O que te faz aceitar participar de produções em
curta-metragem?
Basicamente roteiro e diretor. Por ser
uma produção relativamente rápida, foco mais na qualidade do trabalho. Quando
acredito no roteiro (mensagem, texto, conceito, etc.) e confio no trabalho da
equipe e direção, costumo participar.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
A maior parte das minhas participações
em curta-metragem se deu através de indicações ou convites de amigos diretores.
Algumas vezes partimos de uma ideia comum e desenvolvemos em parceria, outras o
roteiro já existia e eu apenas contribui com a atuação. Todas foram
experiências muito boas... Também fiz pequenas participações na produção, como
assistente de direção de arte, produção de casting... Achei muito interessante
ter tido essas experiências nos “bastidores”, pois dá uma visão global de todo
o trabalho em um filme.
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em
geral?
Penso
que é um cenário que está prestes a mudar, mas claro que nem todos terão seu
lugar ao sol... Ainda não vejo o reconhecimento de fato em relação aos curtas e
nem todos agradam ao público, muitas vezes a mensagem não chega. No entanto,
acredito que os curtas carregam um grande potencial, pois é um formato que se
pode explorar infinitamente e trabalhar diversos temas e assuntos. Desenvolver
emoções, questões sociais, contar histórias, falar de vidas... Tudo em poucos
minutos, mensagens rápidas e diretas. Penso que nos dias de hoje, os curtas
seriam ótimas opções, inclusive, de entretenimento. É preciso, portanto, saber
explorar. Não acredito que a mídia tradicional dê conta sozinha. É preciso
explorar novos meios e se apropriar deles, como a internet e redes sociais.
Na
sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Difícil
prever uma boa fórmula. Mas acho que os curtas precisavam ser mais
popularizados e menos “elitizados” no sentido cultural da coisa... Tudo roda
dentro do circuito de pessoas da área.
Posso arriscar alguns palpites... Os curtas poderiam ser exibidos em espaços
públicos ou, antes dos filmes no cinema, ou peças de teatro... Poderiam ser
criados mais festivais que fossem atrativos ao grande público, com uma
divulgação e apelo maiores...
Acredito que existam várias possibilidades, mas é preciso que haja o interesse
nisso. A internet tem se mostrado uma importante ferramenta para as produções
de baixo orçamento. Profissionais se reúnem e criam produções muito boas e que
falam a língua do público. Este formato tem tido resultados positivos. Não se
tratam exatamente de curtas, e sim de webséries, mas contam histórias,
satirizam, colocam um olhar critico sobre as coisas, entretêm...
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Eu
acredito que sim. Ainda mais hoje em dia com a produção digital. Ficou muito
mais fácil e acessível executar uma ideia com qualidade técnica. Além disso, o
tempo de filmagem é menor, portanto mais fácil reunir equipe disponível. Existe
a produção “grande”, com um investimento maior, mas vejo que a grande maioria
ainda é a “independente”, nas duas eu acredito que a liberdade de
experimentação é grande. Pode se experimentar ideias, conceitos, linguagens,
estética, técnicas... Enfim, muita coisa cabe em um curta.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Não
acredito nessa estratégia... Pode funcionar, mas não é regra. Para um ator,
pelo menos, não. Acho que para o ator existem muitas condições para se
conquistar um bom trabalho. Empenho, dedicação, estudo, perfil e
indicação/contatos (entre outras, claro). O exercício em curtas aprimora grande
parte delas, dá experiência, mas não garantias.
Qual
é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Agora
você me pegou. Sinceramente ainda não fiz uma análise profunda dos melhores
caminhos para se vencer. Vemos aqueles que dão certo pela qualidade do
trabalho, mas também vemos aqueles que têm “poderosos” por trás e,
consequentemente, a divulgação é feita com empenho maior, além de recursos para
a produção.
Pensa
em dirigir um curta futuramente?
Nunca pensei em dirigir, mas confesso que
gosto de estar envolvida no processo como um todo... Que seja no cenário, na
escolha dos atores, na caracterização, no roteiro, locação... Todo o universo
me interessa. Mas acho que para me arriscar numa direção eu precisaria me
preparar mais.