quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Cássio Scapin


Cássio Scapin é ator e produtor de teatro, porém, seu trabalho mais conhecido é o personagem Nino do programa infantil da TV Cultura Castelo Rá Tim Bum.

Qual é o grande barato de um curta-metragem?
Olha, o curta-metragem eu acho que é o veículo de praticar o cinema de uma forma também artística, com propostas inovadoras que você pode ter um pouquinho mais da possibilidade de pirar, sem preocupação de um mercado comercial. E você pode exercitar um pouco mais a arte do cinema, eu acho que o curta dá essa possibilidade para quem trabalha, para quem faz curtas. O mercado do cinema para a gente ainda hoje, para execução, ele é muito difícil, o custo de uma produção de cinema é muito grande, então você tem grandes talentos que estão podendo exercitar a prática do cinema através do curta-metragem. Eu acho um grande barato, o curta-metragem dá essa possibilidade de um vôo criativo e bem amplo para o realizador, tanto para os atores que estão fazendo, quanto para a direção, enfim, para o pessoal de arte que pode inventar coisas, então eu acho bacana.

O curta está desprendido da pressão de mídia, de mercado mesmo, isso para o ator facilita? Porque o curta é considerado um grande movimento do cinema, justamente por uma dessas razões. Você acha que isso é o desafio que vocês aceitam ao fazer um curta? Porque ele é pouco visto...
Pois é, para gente o curta, claro que a gente entende essa questão quer é muito desvinculado da grande mídia, mas é um exercício de cinema. Então você tem contato, de falar com o diretor novo, com o pensamento novo, com uma proposta nova de cinema, com uma visão nova sobre o mundo. O cinema ajuda a ter esse olhar amplo sobre a realidade. Então é muito bacana a gente fazer, muitas vezes agente faz curta sem nenhuma grana, sem nenhum dinheiro, pelo simples prazer do exercício do cinema. Eu acredito nisso, é um intercâmbio muito positivo para o ator, e para o diretor que está se propondo a fazer um curta, e você poder participar de um filme assim, com essa definição que tem o curta metragem.

E o modo de preparação para um papel no curta, ele difere de outras artes, do teatro, de uma novela, de um longa?
Claro que difere, isso é um pouco relativo, às vezes para um curta você tem um tempo de preparação antes de entrar num set de filmagem muito maior, você tem a possibilidade de discutir muito mais amplamente com o diretor por não ter as necessidades mercadológicas que um longa exige. Então quando você vai fazer um curta, o teu trabalho como ator acaba sendo muito mais artesanal e de um determinado ponto de vista, você muito mais dono do seu trabalho. Você também fazer um trabalho muito mais autoral em um curta metragem, porque você tem um contato com o diretor muito mais próximo, é muito pela própria característica do filme, de ser um curta-metragem, as vezes um tempo de preparação muito maior, a gente ensaia bastante o curta-metragem, nos curtas que eu participei agente acaba ensaiando o filme muito mais vezes do que quando você faz um longa, porque você tem a preocupação com a diária da produção, com a diária técnica muito maior. Como o custo dos próprios atores, porque quando você vai fazer um curta-metragem você já entra numa perspectiva muito mais profissional e a tua relação com o trabalho também acaba sendo um pouco diferenciada pelas próprias questões que exigem este tipo de postura que exige esse mercado. Então quando você está fazendo o curta-metragem você passa a ser mais parceiro da criação do personagem e do trabalho com o diretor.

Eu sei que é difícil destacar um ou outro curta que você tenha participado que pudesse indicar para as pessoas que estão vendo a entrevista, mas qual que você destaca, indica, um que marcou?
Eu fiz um curta com a Laís Bodansky, chamado “Cachorros me Mordam”, um dos primeiros curtas da Laís. Eu fiz “Até a Eternidade” que é um curta bacana, que é uma direção do Luis Villaça com a Denise Fraga, eu acho que eu destaco esses que são super legais.

Você pensa um dia de ir para trás das câmeras e produzir um curta. Tem idéias?
É claro que eu tenho, eu tenho fascínio por cinema, eu tenho muitos pequenos roteirinhos escritos, de idéias possíveis para que se fizesse um curta, inclusive tem um programa que eu acho que passa na Sony que chama 48 horas, que eles tem 48 horas para fazer um curta-metragem, eu acompanho e acho muito interessante essa proposta de mostrar através da televisão os bastidores de um possível curta, as dificuldades, como se executa a produção de um curta. Eu tenho muita vontade de ir para trás e começar experimentar essa linguagem diferenciada, porque eu sou muito mais um ator de teatro, mais do que televisão eu sou um ator de teatro, então eu tenho muita vontade de experimentar, ir atrás das câmeras e botar a mão em um curta.