quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A. P. Galante

Um dos maiores nomes da Boca do Lixo é Antonio Polo Galante, produtor de quase setenta filmes. A. P. Galante, como costuma assinar seus filmes, que foram sinônimos de produções ligeiras — alguns filmes foram concluídos em duas semanas.

Tinha obsessão por dar título aos filmes e, para poder vendê-los aos exibidores, produzia o cartaz antes mesmo de o material estar pronto; mas sempre entregava tudo no prazo. Galante foi uma espécie de príncipe da Boca, uma lenda viva do nosso cinema.

Qual é a sua relação com o curta-metragem?
Desde que me tornei produtor de cinema nunca me ocorreu produzir curta-metragem. Na época não havia mercado para esses filmes. 

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
O curta metragem atualmente está em plena expansão e sua importância para o cinema brasileiro se faz presente na preparação de jovens cineastas. O baixo custo da produção de um curta e a facilidade dos incentivos,dá chance para quem deseja dirigir o seu primeiro filme.

Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
O curtas ainda não têm espaço na mídia porque os seus diretores e produtores ainda não saíram à luta por um lugar ao sol: reserva de mercado nas telinhas e telões!

É possível ser um cineasta e/ou um produtor só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
É possível sim,desde que conquistem o seu espaço espaço no mercado.É claro que o sonho de todo diretor/produtor é um longa: é mais rentável financeiramente, tem espaço na mídia e reconhecimento do público.

Os longas que o senhor produziu foram de baixo orçamento e de bom retorno de público. Por que não investiu em curtas, eles não tinham apelo?
Não investi em curtas porque na época o curta não tinha retorno.

Qual é o legado que a Boca do Lixo deixou para a produção de curta-metragem?
A Boca do Lixo nunca teve outro interesse que não fosse o longa metragem.

Na sua opinião, acredita que seja possível recuperar a vocação da Rua do Triunfo e fazer ressurgir novamente aquele fervor cinematográfico na região?
A Boca do Lixo já teve sua hora e sua vez no cinema pela sua proximidade à Estação da Luz, Sorocabana e rodoviária, o que facilitava o envio das cópias dos filmes para todo Brasil. Também as grandes distribuidoras de filmes estrangeiros estavam sediadas na Boca do Lixo. Não existe nenhuma possibilidade de ressuscitar o passado!

Qual é a diferença que existia entre os profissionais que trabalhavam na Boca e o restante dos cineastas do país? Vocês faziam filmes por amor ao cinema ou era só um negócio como outro qualquer?
A diferença entre os cineastas e profissionais da Boca e outros cineastas, estava na nossa formação: aprendemos cinema trabalhando nele e muitas vezes sob o comando de cineastas estrangeiros como Jackes Dehelein (com ele aprendi tudo que sei),e Johnny Waterhouse,entre outros. Mas a grande diferença mesmo estava na união,amizade,cooperação e camaradagem entre produtores,diretores e equipe

Ainda mantém laço com o centro da cidade, mais especificamente na região da Boca do Lixo?
Da Boca do Lixo só me resta a saudade!

domingo, 26 de outubro de 2008

J.L.Benicio

José Luiz Benicio é um dos maiores nomes do cinema nacional. Produziu mais de 300 cartazes para o cinema, incluindo os grandes clássicos dos Trapalhões e inúmeros filmes no período da pornochanchada.

Como surge um cartaz de cinema?
Você recebe uma idéia central e aí parte para a elaboração? O cartaz surge da conversa do ilustrador com os responsáveis pela realização do filme, sabendo o que eles pensam a respeito, o material fotográfico disponível, enfim todas as informações necessárias para surgir a idéia principal do cartaz.

Cartazista é uma profissão em existinção? O senhor observa se há novos talentos nesta área?
O cartaz é como a embalagem de um produto para vender. Não vai acabar nunca. A forma e os recursos da apresentação é que mudam, de acordo com os valores estéticos vigentes na época. Talentos novos sempre tem, só que às vezes demoram mais para aparecer.

Cartaz pode ser considerado uma obra de arte assim como uma tela de Portinari, por exemplo?
O cartaz é um tipo de arte aplicada. O objetivo principal é sempre a venda do produto. Geralmente não é destinado à exposição em galerias de arte nem museus, a não ser quando a genialidade de um Tolouse Loutrec ou de um Mucha se manifestam tão fortemente que os obrigam a permanecer nos museus para todas as gerações conhecerem.

Por que não há cartazes (ou raramente há) de curta-metragem?
Nada impede que um curta-metragem tenha um belo cartaz. O que acontece é que os orçamentos geralmente são tão baixos que não permitem ao produtor o "luxo" de um cartaz.

Acredita que, para incentivar a divulgação de curtas, é preciso fazer cartaz do filme? O cartaz ajuda a divulgar os filmes?
Seria ideal que todo o curta-metragem tivesse um cartaz de divulgação, pois como já disse, merece tanto uma bela embalagem, como um filme de "longa".

Qual é o seu próximo projeto?
Meu próximo projeto é atender ao próximo cliente que, felizmente, até hoje não me tem faltado.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Allan Sieber

Allan é autor de quadrinhos, cartunista e diretor de animação.

Dirigiu e animou seu primeiro curta-metragem em 35 mm, "Deus É Pai", depois finalizou seu segundo curta-metragem em animação, "Os Idiotas Mesmo" e, em 2001, dirige seu terceiro curta em animação , " Onde Andará Petrucio Felker?. Em 2003 lançou seu primeiro curta-metragem em imagem real, "Jonas", premiado no Festival de Gramado e no Curta Santos. Atualmente finaliza o documentário "Pereio Eu Te Odeio", sobre o ator Paulo César Pereio.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Acho que é possível. Inclusive conheço pessoas que preferem só fazer curtas mesmo tendo a oportunidade de fazer longas.

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
Eu acho que no mundo inteiro os diretores - bons ou ruins - começam a carreira fazendo curtas, por ser mais barato e ser um formato que permite se arriscar mais.

Como é trabalhar com a síntese no curta-metragem?
Essa é a parte divertida, não ter que perder muito tempo com um roteiro.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Não, creio que não. Tem muitos festivais de curtas no Brasil e no mundo. Acho que só é marginalizado pela TV, que não tem lugar na grade de programação para curta-metragens.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Passar antes dos longas em cinemas "normais" é uma opção. Mas teriam que ser curtas com no máximo 10 minutos, se não o público enche o saco. Se antes de cada filme o espectador é obrigado a ver infindáveis trailers e até comerciais (!!!!!!), porque não incluir um curta?

O curta-metragem é o grande movimento do cinema atual? Ele está na moda?
Acho que ele sempre vai existir, mas não creio que esteja na moda.

Você trabalha com animação. O que isso implica de dificuldade e/ou alegria na hora de realizar um filme deste gênero?
É divertido o processo, mas por vezes é cansativo. Se avança pouco a cada dia, e isso não é uma boa para pessoas ansiosas.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Sim. Temos aqui no estúdio um projeto de um curta com roteiro dos quadrinistas André Dahmer e Arnaldo Branco. É uma espécie de um capítulo de uma novela histérica.

domingo, 19 de outubro de 2008

José Roberto Torero

Torero é escritor, cineasta, roteirista, jornalista e colunista de esportes. Dirigiu diversos curtas, como ‘A Inútil Morte de S. Lira’ e ‘A Alma do Negócio’.

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
Em vários momentos da história do cinema brasileiro o curta foi um espaço importante, e não só de aprendizado, mas também de exercício e espaço de invenção para diretores consagrados, como Humberto Mauro, Joaquim Pedro de Andrade e André Klotzel. Porém, lembro mais do fim dos anos 80 e do começo dos 90, quando quase não tínhamos longas e os curtas passaram a ser a coisa mais interessante do nosso cinema.

Como é o processo de elaboração de um roteiro para curta-metragem? Como é trabalhar com a síntese?
Acho que não é exatamente uma questão de síntese. A idéia já nasce curta. O bom curta nem sempre, ou quase nunca, segue a curva de uma história normal. É um campo mais livre, sem tantas placas de trânsito que digam vire ali, corte aqui, ponha um plot point acolá. 

Nos curtas é possível inovar na escrita? Vemos que os longas sempre tem a mesma amarração. É isso?
Os longas nem sempre têm a mesma amarração, mas na maioria das vezes segue a curva tradicional de uma história longa. Já o curta pode ter curvas mais fechadas ou apenas retas.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Em algumas partes da Europa há um esquema interessante: Se o longa vai começar às 11h15, há um curta às 11h00. E, se você quiser assisti-lo, é só chegar um pouco antes e pagar um pouco mais.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Não. Cinema dá muitos cabelos brancos.

domingo, 12 de outubro de 2008

Luiz Zanin


Jornalista. Escreve matérias e críticas para o jornal ‘O Estado de S.Paulo’. Autor de livros como ‘Cinema de Novo - um Balanço Crítico da Retomada’ e ‘Fome de Bola - Cinema e Futebol no Brasil’.

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
Dois curtas tiveram notável influência no desenvolvimento do Cinema Novo: Aruanda, de Linduarte Noronha, e Arraial do Cabo, de Paulo César Saraceni e Mário Carneiro. Um dos grandes filmes de Humberto Mauro é um curta: A Velha Fiar. Aliás, Mauro fez um sem número de curtas, entre eles Carro de Bois, que considero uma obra-prima. Um curta está entre os melhores filmes (de qualquer duração) já feitos neste país: Ilha das Flores, de Jorge Furtado.

Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
O problema do curta é o espaço. Não tem lançamento comercial e, como a lei do Curta não é cumprida, não entra nas sessões de cinema. A única janela para eles são os festivais. E então tem de disputar espaço com os longas, considerados mais nobres. É um preconceito a ser vencido.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Acontece em geral desse jeito. Mas o formato tem dignidade própria. Em tese, a duração de um filme deveria ser estabelecida em função daquilo que ele tem a apresentar. Mas há o problema comercial...

O curta-metragem é o grande movimento do cinema atual?
É sempre um espaço de respiração e de invenção, mais do que o longa. Este, que tem a vantagem da distribuição comercial, ao mesmo tempo sofre limitação, pois é mais caro, precisa tentar adivinhar o gosto do espectador, etc. Por outro lado, a desvantagem do curta (sua inexistência econômica) é também a fonte da sua maior liberdade. Veja só como a vida é complexa...

Pensa em sair momentaneamente da crítica e dirigir um curta futuramente?
Nunca pensei nisso. Mas, como dizem os jogadores de futebol, o futuro a Deus pertence.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Denise Garcia

Denise é autora do documentário "Sou Feia, mas tô na Moda", sobre o funk carioca.


É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Possível é, mas acho mais provável que cedo ou tarde o cineasta venha a fazer um longa , o que não o impede de voltar ao curta, de fazer ficção, animação ou documentário. Assim como o gênero, o tempo pode mudar. O tempo necessário para contar a idéia e que vai determinar o tamanho do filme.

Trampolim para o longa o curta de fato é, pois é possível experimentar bastante em poucos minutos, gastando menos que em um longa, trabalhando com uma equipe menor, menos dias de filmagem, etc. O curta pode ser uma obra em si e também um valioso ensaio. Acredito que fazer curtas, seja como diretor, produtor, fotografo, figurinista, etc. ensina mais que cursar uma faculdade de cinema.

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
São várias, tem histórias brasileiras que nunca foram tão bem desenvolvidas num longa como foram em curtas. Sobre a resistência a ditadura brasileira e a questão da hierarquia militar, nada melhor que “O Dia em que Dorival encarou a guarda”, do Jorge Furtado. Sobre religião, nada melhor que “Deus é Pai”, do Allan Sieber. E por ai vai.

Como é trabalhar com a síntese no curta-metragem?
Nunca escrevi um roteiro de curta-metragem. Antes da Toscographics eu fazia direção de produção de curtas e longas. E, bem, dependendo do curta, em termos de produção, a estrutura a ser montada e a mesma do longa, a diferença e que a filmagem dura dois, três dias e no longa um mês de filmagem pode não ser suficiente.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Acho que não. Pelo menos não vejo motivo para isso. Já vi curtas e médias do Werner Herzog que são obras-primas, como “Pilmigrage”, de 2001, com 18min, “Lessons of Darkness”, de 1992, de 50min, “The Great Ecstasy of the woodcarve Steiner”, de 1974, 45min. Vale assistir também a “Ten minutes Older”, de 2002, uma coleção de curtas-metragens dirigidos por Jim Jarmusch, Herzog, Spike Lee, Wim Wenders e outros.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Exibição de um ou dois curtas antes dos longas no cinema para começar e então mais espaço na televisão programando curtas.

O curta-metragem é o grande movimento do cinema atual? Ele está na moda?
Olha, eu acho que rola um problema na enorme quantidade de curtas produzidos e inúmeros festivais de cinema no Brasil. Nos últimos anos assisti a filmes muito ruins nos festivais. Deve ser a moda.

Você trabalha com animação. O que isso implica de dificuldade e/ou alegria na hora de realizar um filme deste gênero?
Na verdade eu só trabalho com animação com o Allan, meu sócio, e cujos roteiros eu gosto. Animação dá muito trabalho, o mercado brasileiro praticamente inexiste para animação adulta – nosso gênero – e eu não tenho o menor saco para animação 3D, desenhos fofinhos, histórias queridinhas, etc.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Tô fazendo aqui em Berlin umas filmagens sobre uns guindastes enormes que se espalham pela cidade. Talvez seja um curta. Mas quando fiz “Sou Feia, mas tô na moda” era para ser um curta e não consegui editar menos de 61 minutos.

domingo, 5 de outubro de 2008

Walbercy Ribas

Autor de "O Grilo Feliz", uma das poucas experiências brasileiras recentes no gênero do longa-metragem de animação.


Qual é a sua relação com o curta-metragem?
Praticamente nenhuma. Acredito que o curta metragem seja o primeiro passo para um idealista experimentar e ainda gastar pouco. No meu caso, eu fiz poucos curtas sem expressão, e um media metragem. Minha vida toda foi fazer comerciais para TV.

Você acha que dá para contar uma história em tão pouco tempo de metragem?
Claro, mas ela tem que ser bem enxuta.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Acho que sim. A minha vida de animador ou cineasta de animação, foi toda influenciada pelos curtas metragens que vinham do leste europeu, República Sérvia (Iugoslávia), República Checa (Tchecoeslovaca), Polônia e Canadá. Toda esta influência despertou em mim a vocação para fazer a animação de vanguarda e de conteúdo. Uma pena é ter nascido no Brasil. Como sempre fui um animador criativo voltado para as animações experimentais, logo fui pescado pelo mercado publicitário, e foi assim que comecei a ganhar prêmios internacionais, começando com a barata Rodhox em Veneza etc...

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
Eu acho que tem toda a importância, pelo menos em se tratando de filmes com gente. Humberto Mauro, Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos, etc... Porem em animação!

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Eu acho que não, porque todos sabem das dificuldades de se iniciar a carreira, e é somente assim que se começa arriscando menos.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Eu adoraria fazer curtas, e tenho como meta ainda fazer em animação tradicional, não computação gráfica. Mas por enquanto como ainda tenho muita lenha pra queimar, vou continuar no longa. Uma das razões que não segui fazendo curtas, é que o universo que você abrange com ele apesar de muitos festivais, ainda é pequeno, e com o longa se torna mais fácil ir pro mundo, digo fazer negócios. No caso do ‘Grilo 1’, hoje ele já fala vários idiomas, Português, Espanhol, Inglês, Russo e Chinês. E esperamos que com o novo longa do ‘Grilo em 3D’ que lançaremos em breve, possamos chegar mais longe. Este novo longa eu dividi a direção com o meu filho Rafael, é a nova geração que precisa de apoio e seguir em frente...

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Nilson Primitivo

Na contramão do cinema, Nilson assina produções improvisando técnicas, reaproveitando materiais e recria o cinema marginal com poesia e crítica da realidade.

O curta-metragem é um gênero underground no cinema?
Num certo sentido sim, já que não tem lançamento comercial. Como é trabalhar com a síntese no cinema?Mais fácil que fazer um longa metragem sem cansar o espectador, sem repetir formulas gastas no passado ou sem fazer "concessões" ao mercado.

Sua maneira de filmar é bastante peculiar. Conte sobre a sua técnica.
Eu faço meus filmes numa Bolex 16mm a corda, com sobra de ponta de negativo das produtoras amigas (Gullane filmes em S.P. e a Innova no Rio). Eu mesmo faço a revelação dos negativos. Depois projeto, filmo da parede e monto no computador. Pra mim o que interessa é a especificidade da imagem. Acho 16mm uma cor mais bonita que qualquer 35mm, qualquer foto, qualquer pintura, qualquer coisa.

Conte como foi filmar "Idade da Pedra", seu processo de criação, produção e direção.
"Idade da Pedra" começa com uma bronca antiga minha com a Folha de São Paulo. Quando o Glauber lançou "Idade da Terra" nego pra sacanear publicou o nome do filme como "Idade da Pedra". Passaram-se anos, mas eu contra-ataquei. Aí fui filmar no dia dos mortos um cantor meio obscuro da Jovem Guarda que é o Paulo Sergio. Nesse dia os fãs dele vão pra lá e fica, o dia todo com ele perto do tumulo cantando as musicas dele, etc. um troco bonito pra caramba. Tu sai de lá com inveja do morto. O resto são os absurdos que acontecem no meio do caminho: um filme que eu vi e roubei um trechinho da musica, uma demência ou outra mais engraçada que ouvi na rua, por ai vai.

Conte como foi filmar "Império das Pelúcias", seu processo de criação, produção e direção.
"Império Das Pelúcias" eu filmei numa puta mansão do meu amigo o marques Roberto Atayde. Foi um hino que eu quis fazer, eu e o Rodrigo Amarante pro nosso ídolo Erasmo Carlos. Tem o som do meu ex-padastro comprando a câmera super8, nas antiga, lá nos EUA. Ele que me deu minha primeira câmera.

Conte como foi filmar "Mais Velho", seu processo de criação, produção e direção.
"Mais Velho" foi meu primeiro filme. É a estória que eu vim contar, o filme mais importante. O resto acho que foi só pelas putadas que fizeram comigo por causa dele. Não topo sacanagem.

Conte como foi filmar "O Crack do Futuro", seu processo de criação, produção e direção.
"Crack do futuro" é sobre um argentino que vivia em Copacabana e lia a tua mão e tirava a tua sorte nas cartas. Ele mesmo se achava charlatão, mas as previsões dele todas davam certo.

Conte como foi filmar "Tesão em Saquarema", seu processo de criação, produção e direção.
Pois é, todo mundo ficava perguntando "como é, não vai terminar o ‘tesão’? Eu digo, "po, se terminar o 'tesão', como é que fica? É uma obra inacabada.

Conte como foi filmar "O Exú do Amor", seu processo de criação, produção e direção.
Bons tempos em que ainda se misturava macumba e Mao-Tse-Tung! Todo mundo fala mal do Mao, mas você veja a China o que é hoje.

Conte como foi filmar "Gru", seu processo de criação, produção e direção.
O "GRU" é um documentário sobre meus primeiros dias vividos em São Paulo em 2006, entre ciganos e camelôs.

Conte como foi filmar "Dez pro Inferno", seu processo de criação, produção e direção.
Foi um que deu errado a revelação. Fiquei puto e acabei fazendo um puta filme! Com raiva o sujeito pensa melhor.

Conte como foi filmar "Duelo das Loiras", seu processo de criação, produção e direção.
Filme da fase Rodrigo Amarante. Tem uma montagem de duas estórias uma a da TV outra que esta sendo contada pelo personagem. As duas são terríveis e reais.

Conte como foi filmar "Quando a verdade vai entrando", seu processo de criação, produção e direção.
Esse é um poema do meu amigo Paulo de Tarso, o Picanha, sobre os atentados do PCC em SP em 2006, acho. Filmei com a minha amiga a atriz Luciana Borghi e o ator Renato Borghi, criador do Teatro Oficina.

Pensa em dirigir um longa-metragem? Acha que teria dificuldade em trabalhar com mais de 30 minutos de filme?
Talvez, não descarto, depende da parada. Acho chato, desnecessário e inatual essa estória de filme com uma hora e meia, duas. Igual aula na faculdade, o cara começa a se repetir.

Qual é o seu próximo projeto?
To trabalhando com um biólogo, fazendo levantamento num manguezal em Santos. Tem um edital aí que estou esperando e tentando outros. Tem o making-off do Encarnação do Demônio, do Mojica, que chama "O Inferno não Vale Nada" que deve sair no DVD do Encarnação. Tem o do Marcelo Camelo que já deve vai sair também, é um making-off da gravação do disco dele. Tem do ultimo show do Los Hermanos nas lojas. É isso aí.