Um dos maiores nomes da Boca do Lixo é Antonio Polo Galante, produtor de quase setenta filmes. A. P. Galante, como costuma assinar seus filmes, que foram sinônimos de produções ligeiras — alguns filmes foram concluídos em duas semanas.
Tinha obsessão por dar título aos filmes e, para poder vendê-los aos exibidores, produzia o cartaz antes mesmo de o material estar pronto; mas sempre entregava tudo no prazo. Galante foi uma espécie de príncipe da Boca, uma lenda viva do nosso cinema.
Tinha obsessão por dar título aos filmes e, para poder vendê-los aos exibidores, produzia o cartaz antes mesmo de o material estar pronto; mas sempre entregava tudo no prazo. Galante foi uma espécie de príncipe da Boca, uma lenda viva do nosso cinema.
Qual é a sua relação com o curta-metragem?
Desde que me tornei produtor de cinema nunca me ocorreu produzir curta-metragem. Na época não havia mercado para esses filmes.
Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
O curta metragem atualmente está em plena expansão e sua importância para o cinema brasileiro se faz presente na preparação de jovens cineastas. O baixo custo da produção de um curta e a facilidade dos incentivos,dá chance para quem deseja dirigir o seu primeiro filme.
Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
O curtas ainda não têm espaço na mídia porque os seus diretores e produtores ainda não saíram à luta por um lugar ao sol: reserva de mercado nas telinhas e telões!
É possível ser um cineasta e/ou um produtor só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
É possível sim,desde que conquistem o seu espaço espaço no mercado.É claro que o sonho de todo diretor/produtor é um longa: é mais rentável financeiramente, tem espaço na mídia e reconhecimento do público.
Os longas que o senhor produziu foram de baixo orçamento e de bom retorno de público. Por que não investiu em curtas, eles não tinham apelo?
Não investi em curtas porque na época o curta não tinha retorno.
Qual é o legado que a Boca do Lixo deixou para a produção de curta-metragem?
A Boca do Lixo nunca teve outro interesse que não fosse o longa metragem.
Na sua opinião, acredita que seja possível recuperar a vocação da Rua do Triunfo e fazer ressurgir novamente aquele fervor cinematográfico na região?
A Boca do Lixo já teve sua hora e sua vez no cinema pela sua proximidade à Estação da Luz, Sorocabana e rodoviária, o que facilitava o envio das cópias dos filmes para todo Brasil. Também as grandes distribuidoras de filmes estrangeiros estavam sediadas na Boca do Lixo. Não existe nenhuma possibilidade de ressuscitar o passado!
Qual é a diferença que existia entre os profissionais que trabalhavam na Boca e o restante dos cineastas do país? Vocês faziam filmes por amor ao cinema ou era só um negócio como outro qualquer?
A diferença entre os cineastas e profissionais da Boca e outros cineastas, estava na nossa formação: aprendemos cinema trabalhando nele e muitas vezes sob o comando de cineastas estrangeiros como Jackes Dehelein (com ele aprendi tudo que sei),e Johnny Waterhouse,entre outros. Mas a grande diferença mesmo estava na união,amizade,cooperação e camaradagem entre produtores,diretores e equipe
Ainda mantém laço com o centro da cidade, mais especificamente na região da Boca do Lixo?
Da Boca do Lixo só me resta a saudade!