Olha que boa noticia! A Editora Laços está programando uma série de lançamentos com estes grandes nomes do nosso cinema.
quarta-feira, 27 de maio de 2015
segunda-feira, 25 de maio de 2015
Izadora Fernandes
Atriz.
Atuou em “Mutum”, de Sandra Kogut e em vários curtas, entre eles se destaca “A
Reforma das Minas de Prata”.
O que te faz aceitar participar de produções
em curta-metragem?
Eu não
escolho um papel pensando no formato que será concebido. Para mim tanto faz ser
um longa ou um curta, desde que eu acredite na personagem e na capacidade que
terei em construí-la.
Conte sobre a sua experiência em trabalhar em
produções em curta-metragem.
Minha
primeira participação foi em 1999, meu companheiro na época estava se formando
em comunicação na PUC e pertencia a um grupo de pessoas que começava a produzir
audiovisual. Eu estudava no Teatro Universitário da UFMG e nunca tinha tido
nenhuma experiência com cinema. Meu primeiro trabalho foi junto com o Filipe
(ex-companheiro) e o grupo de amigos dele. Fizemos uma espécie de documentário
ficcional, - não sei se já podíamos chamar assim naquela época-, que recebeu o
título de “A Reforma das Minas de Prata”. De lá pra cá eu perdi a conta de
quantos curtas-metragens eu fiz. Alguns eu nem cheguei a ver, outros eu não
quero ver porque sei que não ficaram bons, e minha autocrítica já é uma questão
que preciso lidar cotidianamente, então, melhor não ver. O último que fiz foi
“Diário do não ver”, das diretoras Cristina Maure e Joana Oliveira, este foi
exibido em Gramado e em Portugal, e está num percurso bem promissor nos
festivais de cinema. Em muitos eu fiz apenas alguma participação, mas tenho um
carinho enorme por todos. As equipes geralmente são muito interessantes,
constituídas de pessoas que fazem por amor à causa, porque querem aprender,
querem dialogar com o meio de alguma forma, nunca por causa de grana. Filme de
curta-metragem raramente tem dinheiro pra pagar bem.
Por que os curtas não têm espaço em críticas
de jornais e atenção da mídia em geral?
Porque não há espaço para exibição. Como
haveria de ter críticas se ninguém vai ver o filme depois de ler. Não acredito
que seja um problema dos críticos, não acho que eles não estejam vendo ou não
se importando com os curtas. Se estivermos num festival de cinema teremos
olhares, matérias e críticas sobre curtas. Com a entrada da internet fazendo o
papel de exibidor é possível que o cenário se modifique nesse sentido.
Na sua opinião, como deveria ser a exibição
dos curtas para atingir mais público?
Pois é,
ainda não temos uma estratégia pensada para a exibição de curtas, acaba que
este formato é difundido basicamente no meio dos frequentadores de festivais. O
que vejo são tentativas pontuais, como já houve no projeto Curta Petrobras,
onde eram exibidos curtas em algumas salas de cinema antes da exibição dos
longas-metragens. Desconheço se existem iniciativas parecidas, aqui em Belo
Horizonte eu sei que não.
Creio na
necessidade urgente de se pensar nisso, pois temos um número considerável de
pessoas produzindo curtas e eles acabam engavetados, ou quando são exibidos é
dentro dos circuitos de festivais e nos canais pagos de TV. De certa forma eu
acredito que os realizadores de curtas-metragens se acomodaram um pouco com
essa possibilidade dos festivais, não tenho visto nenhum tipo de ação,
individual ou coletiva, que vislumbre a possibilidade de contemplar um público
maior. Já temos exemplos de que o público é receptivo. Basta ver a praça
principal de Tiradentes, durante o festival de cinema, não interessa se é uma
sessão de curtas ou longas, ela fica totalmente tomada pelos moradores.
Enquanto essas ações não se concretizam, considero a internet um bom caminho
para o público. Fico feliz quando posso ver um filme que não pude assistir em
um festival na tela do computador, e ainda posso trocar um e-mail com o
diretor.O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Se você se dispuser a experimentar, sim. Se estiver preso ao roteiro, a ideias pré-concebidas, imutáveis, o formato não fará diferença, você não viverá a experimentação por inteiro porque já designou o que é e o que não é. Eu não gosto de curtas-metragens que queriam ter sido longas-metragens, e penso que são a consequência de um apego exacerbado dos envolvidos.
O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Talvez, mas não sei se é uma regra. Meu primeiro longa-metragem eu fiz graças a um teste. A diretora nunca tinha visto nenhum trabalho meu. Mas é claro que o fato de eu ter alguma familiaridade com a câmera (adquirida nos curtas) e saber jogar/brincar com ela me ajudou a passar no teste. Então, como atriz, talvez a resposta seja sim.
Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Depende de onde você quer chegar. Se eu não fizer nenhum outro trabalho como atriz até o fim da minha vida já me dou por satisfeita com o que fiz até agora. Eu não dependo disso pra sobreviver e só faço o que eu gosto. Agora, se eu fosse uma cineasta, ou até mesmo uma atriz que quisesse muito “vencer” eu me daria o seguinte conselho: Trabalhe, trabalhe e trabalhe.
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Sim. Porque talvez seja mais fácil fazer um filme do que escrever um livro. Não que eu possa garantir a qualidade de nenhum dos dois...
Paulo Pélico
Cineasta.
É dele o documentário “Fora do Figurino: As Medidas do Jeitinho Brasileiro” (2013).
O que te faz aceitar participar de
produções em curta-metragem?
Nunca participei, mas a motivação para participar da produção de qualquer filme
é sempre o tema, a abordagem e as condições de produção disponíveis.
Por que os curtas não têm espaço em críticas
de jornais e atenção da mídia em geral?
Provavelmente
pela dificuldade que os curtas encontram em chegar ao grande público, o que
torna este processo um circulo vicioso: o público não demanda porque conhece
pouco e a mídia não divulga porque não tem demanda importante do seu público. É
uma equação perversa que precisava ser rompida.
Na sua opinião, como deveria ser a exibição
dos curtas para atingir mais público?
Com a achegada das novas mídias abriu-se uma janela de oportunidade para os
curta-metragistas. Acho que o ambiente virtual se identifica melhor o formato
do curta do que do longa-metragem. O desafio é encontrar a narrativa e a
estética adequadas. Penso que as coisas estão evoluindo nessa direção. Já é
possível notar uma mudança estética e narrativa nos curtas pós-internet, entre
outras coisas, com uma minutagem cada vez menor indo talvez para algo como o
micro-metragem.
O curta-metragem para um profissional (seja
ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para
experimentação?
Depende. A
liberdade para experimentação está ligada mais ao meio e ao veículo do que ao
formato do produto cinematográfico. Se o curta for passar em TV aberta, a
liberdade será reduzida, assim como para o longa. Se for veiculado num site,
tanto o curta como o longa terão um espaço de experimentação incomparavelmente
maior.
O curta-metragem é um trampolim para fazer um
longa?
Pode ser,
sobretudo quando se esta falando de ganho de experiência pra o realizador e
visibilidade em festivais. Mas, não é o ideal. O curta tem o seu potencial de
expressividade próprio como o formato conto na literatura. Não deveria ser
visto somente como um bate-bola para o longa-metragem.
Qual é a receita para vencer no audiovisual
brasileiro?
Vontade,
persistência e, claro, talento, como qualquer área artística..
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Não tenho planos neste sentido, mas a ideia me agrada.
Eliot Tosta
Ator. Atuou em
vários curtas-metragens, como: "Avalons", de Carlos Eduardo Nogueira;
"O Segredo de Baumer"; "O Último a Morrer"; "Hotel Vegas";
"O Homem na Fossa". Também atua na web novela "O Legado".
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Um bom
projeto, cachê, e trabalhar com amigos.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Nossa,
foram tanta emoções. (risos). Trabalhei em curtas muito profissionais e outros de
alunos de faculdades que não sabiam o que queriam, ou brigavam durante as
gravações. Acho que a experiência máxima que posso ter tirado é abstrair o que for
que estiver acontecendo a sua volta e tentar desempenhar seu melhor trabalho,
dentro daquilo que foi pedido.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Porque
não tem publico, a não ser as pessoas da área. Se não há publico interessado em
vê-los, não tem porque falar sobre eles.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Deveria
primeiro mostrar a população o que é um curta. Creio que muita gente não sabe o
que é nem para que serve. Digo isto por experiência própria, ao falar a alguém
que estaria gravando um curta sou abordado pelas perguntas: Pra que
serve? Passa onde? Mas só 15 minutos? E você vai fazer o que com isso depois?
Acho que
a conscientização do que é um curta seria um grande passo. Ou um projeto que
faça passar um curta antes de cada exibição de filme nos grandes cinemas.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Sim,
dentro da finalidade do projeto e que seja de comum acordo entre as partes.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Todo
trabalho bem feito pode abrir portas. E muitas vezes não depende só de você.
Por isso que tem as famosas "panelas". Tem que ter confiança um no
trabalho do outro. O diretor precisa do ator, assim como precisa do produtor,
do editor, do som, do fotógrafo, da arte. Quando ha confiança, ha entrega, e o
resultado sendo positivo portas podem se abrir para todos os envolvidos no
trabalho.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Monte sua
"panela" e faça bons contatos. (risos)
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Já pensei mais sobre isso. Hoje
penso que quero estar mais na frente das lentes.
Brás Antunes
Ator. Atuou no longa-metragem “A Busca” e no curta-metragem “Doidão”.
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Acho que mais do que um fator presente no método, depende para mim da qualidade
do roteiro, da equipe, enfim. Até pouco tempo atrás eu aceitava fazer curtas de
faculdade porque junto com os universitários, eu aprendia com eles. Achei
divertidos todos os trabalhos, mas hoje não em interesso muito. Vou participar
de um projeto da minha irmã que faz cinema na FAAP, mas acho que já deu a minha
cota de produções universitárias.
Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em
curta-metragem.
Fiz um papel no curta chamado "Doidão", de Pedro Catellani.
Além disso, um coadjuvante no piloto do "Turno da Madrugada" de Gian
Berselli. Ambos projetos universitários.
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da
mídia em geral?
Acho que a crítica da grande-mídia é muito limitada. Além disso, tanto a
oferta de curtas-metragens é maior, quanto a procura pelo público é menor que a
por longa e média metragem. Isso é lastimável porque há muita qualidade na
produção de alguns curtas, mas é natural da mídia mais preocupada com o que
rende capital.
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais
público?
Ano passado havia um projeto no meu colégio. O grupo Cinestesia projetava
durante os recreios de dez minutos curta metragens toda semana. Eu acho uma
ideia muito bacana.
Além disso, gosto muito de festivais de curtas-metragens.
O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou
produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Na minha opinião, em qualquer obra o autor deve ter o direito de
experimentar. O curta-metragem pode ser um grande campo, não necessariamente
"o", por ser de mais prática produção que um longa-metragem.
O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Acho que não. Pode ser um grande passo no ganho de experiência, mas esse não
deve ser o propósito da produção de um curta-metragem.
Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Não sei responder essa questão com firmeza.
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Essa ideia me interessa profundamente, mas no momento não tenho nenhum projeto.
Paula Braun
Atriz. Atuou nos filmes “O Cheiro do Ralo”; “Amanhã
Nunca Mais”; “Maridos, amantes e pisantes”; “Nina”; entre outros.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Um bom roteiro, uma boa equipe, gente com vontade de
trabalhar e, principalmente, atores pra contracenar. É impressionante o número
de diretores que acham que não profissionais podem atuar em curtas. Eu não caio
mais nessa.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Tem de tudo. Há pouco tempo fiz o "Quinta
Coluna" que teve uma produção digna de um longa. O roteiro é excelente!
Ainda não foi lançado. Ao mesmo tempo já fiz curtas de baixíssimo orçamento,
pra não dizer nenhum. Já fiz curta que nem chegou a fazer carreira e curta
premiado. É sempre uma loteria, a gente nuca sabe se vai dar certo ou não. Acho
bem legal que seja um espaço de experimentação já que é livre de compromissos
comerciais. Adoro que seja assim, apesar de ser difícil a carreira de um filme
com pouco tempo de duração.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acho que é justamente por não ter espaço comercial.
Curta faz carreira em festival (onde até tem alguma atenção dos meios de
comunicação, blogs e jornais), em faculdades de cinema, e agora na internet.
Acho que é o melhor meio pra se lançar um curta. Estou gostando disso. É
democrático.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Por enquanto temos a internet, e acho ótimo, mas sou
daquelas que pensa que filme é legal ser visto no cinema. Já foi falado em
exibição de curtas antes dos longas brasileiros. Acho a ideia ótima, não sei
porque não vingou... O Canal Brasil faz um belo serviço de exibição, mas é
canal fechado, pouca gente tem acesso. Na verdade, o cinema brasileiro de um
modo geral, longas e curtas, tem um longo trabalho de formação de público pela
frente. E não falo aqui de filmes comerciais, falo de filme feito pra pensar,
de filme que se coloca no lugar de sétima arte, pra ir além do que a televisão
já faz muito bem.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Com certeza. E espero que isso nunca mude.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Pode ser e pode não ser. Depende do cineasta.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Depende do que é vencer pra você. Se é fazer
bilheteria, existe uma fórmula fácil, um roteiro fácil, uma escalação
previsível. Se é fazer um filme legitimamente brasileiro, autoral, com um
elenco de gente que ama fazer cinema e tem a cara do país, você vai penar pra
conseguir dinheiro e talvez não tenha um sucesso imenso de bilheteria, mas
conseguirá o apoio daqueles que, assim como você, estão lutando para que esse
quadro mude. Eu acredito nesse caminho.
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Com
certeza! Se tudo der certo ano que vem faço isso.
Danyella Proença
Cineasta.
É de sua autoria o curta-metragem “Braxília”,
que arrebatou, na 43ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, os
troféus Candango de melhor roteiro, júri popular e prêmio especial do júri.
Qual a
importância histórica do curta-metragem na filmografia nacional?
O
curta-metragem é um formato extremamente importante. Muitos cineastas começam
com o curta-metragem, por ser um espaço muito bom para exercitar a arte de
contar uma história de forma sintética e eficiente. O curta tem conquistado seu
espaço próprio, vem deixando de ser uma arte menor dentro do cinema. Há menos
preconceito e cada vez mais festivais de qualidade voltados exclusivamente para
curtas, dispostos a exibir e a debater questões de linguagem, estética,
produção, distribuição etc. O curta está nos festivais, nas escolas de cinema,
na internet, nos cineclubes. Acho que vem deixando de ser uma arte de cinéfilo
para cinéfilo e conquistando um público mais amplo.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Em
primeiro lugar, o desejo de contar aquela história. Acreditar na história.
Depois vem a afinidade artística com a equipe envolvida. Como diz o Luiz
Fernando Carvalho (diretor cuja obra estudei no meu mestrado em Imagem e Som):
precisamos encontrar nossa família espiritual na arte. Quando encontramos, tudo
flui melhor. Também me motiva poder explorar as fronteiras do curta-metragem,
as fronteiras entre as "caixinhas" do audiovisual (entre ficção e
documentário especialmente) num tempo mais reduzido.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Minha
primeira experiência foi numa oficina de cinema ministrada por um ex-aluno da
Universidade de Brasília, chamado Roberto Ballerini. Eu estava no início do
curso de Jornalismo, mas já era uma "xereta" no curso de Cinema -
vivia me matriculando nas disciplinas de lá. Aí descobri essa oficina, que era
à noite. Ia de ônibus todos os dias, voltava tarde para casa, mas feliz da
vida. Foi lá, com o grupo, que fizemos nossos primeiros curtas. Mais um
exercício mesmo, como forma de compreender as etapas de produção. Todo mundo
fez de tudo, passamos por diversas áreas - do roteiro ao som direto. E o
interessante é essa doação, a generosidade de todos trabalharmos no filme dos
outros, nos revezando nas funções, percebendo a importância de cada uma delas.
Depois
disso, trabalhei como assistente de produção num curta chamado Lauro
Davidson, da Marcela Tamm. Ah, nesse intervalo eu escrevi um projeto de
documentário sobre o poeta Nicolas Behr, que nasceu no Mato Grosso mas se mudou
ainda adolescente para Brasília, e que escreveu bastante sobre a cidade.
Inscrevi o roteiro num edital da Secretaria de Cultura do DF e fui contemplada
na categoria de diretores estreantes. Como a Marcela Tamm sabia disso, me
convidou para trabalhar no filme dela - eu ficava na produção, mas sempre
aproveitava para "colar" na diretora e ver como ela trabalhava. Foi
um ótimo estágio.
Em 2009
eu filmei o meu primeiro curta como diretora - o documentário
"Braxília", sobre o olhar do poeta Nicolas Behr diante de Brasília.
Estreamos em 2010 no Festival de Brasília, onde ganhamos os prêmios de melhor
curta pelo juri popular, melhor roteiro e um prêmio especial do juri. Desde
então temos circulado pelos principais festivais do Brasil e tivemos a honra de
sermos selecionados para festivais fora do país também, incluindo o Zebra
Poetry Film Festival, em Berlim, que está entre os principais festivais do
mundo voltados para o diálogo entre cinema e poesia. Essa é uma grande honra para
mim: poder levar a obra do Nicolas Behr a cada vez mais pessoas : )
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acho que,
infelizmente, os curtas acabam ficando mais restritos ao circuito de festivais
e mostras. Em geral, a atenção da mídia vem por tabela, quando da coberta
desses eventos. Acho que falta conquistar um espaço para o curta além desse
circuito. Uma alternativa excelente seria que o curta voltasse a ser exibido
necessariamente antes de um longa, nas salas de cinema. É uma maneira de
conquistarmos esse espaço das salas comerciais, já que sobra tão pouco para o
cinema nacional com as "cotas" dos grandes blockbusters que ocupam a
maioria das salas. é uma maneira também de chegarmos a um público novo, que não
necessariamente frequenta os festivais, mas que poder ser surpreendido por uma
bela história curta.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Acho que
respondi em parte na questão anterior: colocar um curta antes dos longas nas
salas de cinema, em vez da quantidade absurda de comerciais que vemos, seria
uma saída muito eficaz. Outro canal interessante é a internet. E uma conquista
muito importante mesmo que merece ser mencionada é a nova lei da TV por assinatura,
que prevê a obrigação de conteúdo nacional e independente nos canais pagos.
Isso gera emprego, renda, movimenta o mercado nacional, aumenta a pluralidade
do que vemos na TV e permite um espaço muito bom não só para o curta-metragem,
mas para séries e programas produzidos no país, com os temas que nos
interessam, com a nossa realidade. Tem muita gente boa contando boas histórias
- e eu desejo que essas histórias cheguem ao público!
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Não
acredito num "grande campo de liberdade". Você faz a liberdade,
independentemente do formato, de ser um curta, um longa, de ser vídeo, 35mm ou
16mm. Acho que vêm caindo por terra esses rótulos de que o 35mm é mainstrem, o
16mm é para filmes experimentais de escola etc. Talvez seja mais difícil
experimentar quando se filma diretamente em película, pelos custos envolvidos.
Mas há tantos exemplos de experimentação com película, penso agora no Norman
McLaren desenhando direto sobre o material sensível...Confesso não ter tanta
clareza para responder "sim" ou "não". Penso que o
realizador faz a sua experimentação, qualquer que seja o suporte, se esse for o
caminho da sua alma naquela projeto.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Não
necessariamente. Tem curta-metragistas que se sentem totalmente satisfeitos
contando histórias curtas, e é isso o que eles querem fazer como cineastas.
Fazer um longa não é um upgrade necessariamente no sentido de linguagem. é um
outro desafio, você tem
que lidar com equipe maior, em geral orçamentos bem maiores, uma outra
logística. Acredito que o longa tenha suas dores e delícias, assim como curta.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Sabe
aquela máxima do "sou brasileiro e não desisto nunca"? Então. É por
aí. Tem que trabalhar bastante, procurar referências, alimentar a alma com
leituras, filmes, artes plásticas, poesia, um cheiro, uma imagem, uma sensação.
Tudo vira material para criação. E é preciso ser muito persistente e acreditar
nas nossas ideias. Porque a gente leva muito "não" até emplacar um
projeto em editais. Não pode desistir de primeira. Avaliando a trajetória do
meu curta, Braxília: nós ganhamos muitos prêmios, mais de 20, se não me engano.
Mas há mais festivais em que você não ganha do que os que você ganha. E amanhã
o sol nasce da mesma forma. O prêmio faz muito bem, claro, mas o que quero
dizer é que amanhã a luta está aí de novo. E vamos que vamos. Sempre haverá
espaço para as boas histórias!
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Já dirigi um documentário. Agora
penso em me aventurar pela ficção. Aproveito para parabenizar o blog pelos 7 anos e desejar vida longa a esse espaço e ao curta-metragem! Que saibamos nos
reinventar, sempre.
Ricardo Gelli
Ator. No cinema faz diversos premiados curtas-metragens e
está no longa "Pólvora Negra", de Kapel Furman, finalista como ator
coadjuvante no VIII prêmio Fiesp/Sesi - Melhores do Cinema Paulista 2012.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Bom, tem uma série de fatores que fazem um convite
ser aceito ou declinado. Tem alguns diretores, produtores e atores com quem
você tem uma parceria estabelecida. Isso é importante. Alimentar as grandes
parcerias, muitas vezes nesse caso, é mais importante do que retorno financeiro
e outros fatores. Fora isso, a qualidade do projeto em questão pesa muito. As
vezes você recebe um roteiro, de pessoas que você não conhece, mas fica
encantado pela proposta e quer fazer o filme, independente de com quem é, ou
quanto você vai ganhar. Outras vezes acaba pesando a questão financeira, que na
verdade, é sempre importante. Não é fácil ser ator. Geralmente não aceito fazer
um trabalho sem cachê. Não gosto do: "É uma produção pequena e não temos
dinheiro para cachê...". Isso não deveria existir mais. A produção não
teve dinheiro para equipamento, locação, finalização etc? O ator não é menos
importante para um filme do que as questões técnicas. Então, nem que que seja
simbólico, acho que toda produção tem que pagar os profissionais. Temos que
saber valorizar nosso trabalho. E o desafio que o personagem em questão te gera
é outro ponto importante. Quanto maior o desafio, mais instigado eu fico.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Olha, acho que sou um ator de sorte nesse sentido.
Fiz bons curtas metragens, trabalhos que me deram muita satisfação com o
resultado, tanto com o filme quanto com o meu trabalho. Também tive a sorte de
trabalhar com grandes diretores, alguns com os quais estabeleci uma grande
amizade e parceria, entre eles Fernando Sanches, com quem fiz "Landau
66" que foi muito premiado, com quem fiz também algumas publicidades,
Elder Fraga que é um grande amigo e parceiro com quem fiz: "O Último
Dia", "Boca Fechada" E "Os Bons Parceiros" que será
lançado em breve, tivemos filmes premiados e criamos uma parceria que vem dando
muito certo. E outros, como Marcelo Saravá que fiz "Nua e Crua",
Matheus Parizi e Fernando Camargo, com quem fiz "O Afinador",
Guilherme Ricci, com quem fiz "Morpheu"...
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Na minha opinião isso é uma questão cultural. Até
pouco tempo o mercado de curtas era quase inexistente no Brasil. Existiam
poucos festivais e pouca abrangência. Curtas serviam praticamente para experimentação
e portfólio. Aos poucos isso está mudando. Os festivais vem ganhando
importância e algum destaque nas mídias, mas ainda é muito pouco. É uma coisa
praticamente fechada à própria classe. É importante que os curtas metragens
ganhem mais espaços na mídia, principalmente as mídias populares. Os curtas
geralmente são a oportunidade de jovens talentos mostrarem seu trabalho e
ganharem know how, mas para isso eles precisam ser vistos, e não apenas por
críticos e classe, mas também pelo grande público, assim se conquista
notoriedade e portas se abrem para a continuação do trabalho.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Acho que tem várias coisas que podem ser feitas. A
exibição de curtas na TV aberta é uma delas. A Cultura é a única TV aberta que
tem espaço para exibição de curtas e ainda assim é em pouca quantidade, fora
isso tem alguns canais fechados que também tem programação para curtas, como o
Canal Brasil, mas é realmente muito pouco e a divulgação é quase zero. Outra
coisa que pode ser feito, é unir a exibição de curtas a de longas nos cinemas.
Isso é feito em muitos países europeus. Antes da exibição do filme no cinema,
eles exibem algum curta. Isso faz o público se acostumar com esse tipo de
produção e criar o hábito de assistir esse tipo de filme. Acho que esses
atitudes já alavancariam bastante esse mercado
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Geralmente sim. Por serem produções menores, o risco
é mais bem vindo. Quando se está produzindo um longa, geralmente tem muito
dinheiro envolvido e a obrigação de acertar é muito maior, o que poda muitas
vezes o experimento, o risco. Já em produções de curtas, esse tipo de risco é
bem vindo. Até mesmo para saber o que funciona e o que não funciona. Mas também
não pode ser só isso, só um campo para experimentação, muitas vezes um curta é
o material que você tem para começar a se consolidar no mercado. Tem muitos
filmes ruins, que depois acabam depondo contra o seu criador ou seu executor.
Por isso temos que ter cuidado com o que nos propomos, mas claro, tentando
deixar a porta sempre aberta para novas possibilidades e experimentos. Só acho
que um filme é um produto final, e não pode ser tratado apenas como teste para
algo futuro.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Sim, sem
dúvidas! Tanto para diretores, fotógrafos, como também para os atores.
Dificilmente um diretor consegue partir para um longa no Brasil, sem antes ter
feito nenhum curta. E para os atores também é um trampolim. As vezes um diretor
ou um produtor trabalha com você em algum curta, gosta do seu trabalho e
futuramente quando ele estiver envolvido num longa, ele vai lembrar de você. Isso
não é uma regra, mas é o que geralmente acontece, comigo mesmo já aconteceu.
Não exatamente dessa forma, mas parecido. Eu tinha feito um curta muito legal e
durante sua exibição no festival de SP, um diretor viu meu trabalho e gostou.
Por acaso ele conhecia o diretor do curta, falou com ele sobre mim, e acabou me
convidando para fazer o seu longa. Hoje ambos são meus amigos e espero que eles
me convidem para seus futuros longas! (risos)
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Olha, sinceramente não sei se sou a pessoa mais
preparada para responder isso! (risos) Mas acho que antes de mais nada, vale o
que vale para todas as profissões: Trabalho duro, sério, respeito aos
profissionais envolvidos e principalmente, saber que está lidando com um
produto artístico. Entender que a arte tem um valor fundamental na construção
de uma sociedade mais sensível, mais igualitária e menos corrompível. Acho que
isso já é um grande passo, além disso talento e aptidão são questões
fundamentais. Não basta só boa vontade, afinal, arte não se avalia só por
disposição, mas sim, por critério, pesquisa, talento e bom gosto. Não adianta
eu querer ser bailarino, se não sei dançar. Não adianta querer fazer arte
quando se é apenas um burocrata ou um oportunista.
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Sim, penso. Tenho algumas ideias guardadas para o
momento certo, mas tento ser fiel ao meu próprio processo. Estou aqui por causa
do teatro. Essa é minha escola. Tudo o que consegui como ator, foi direta ou
indiretamente por causa do teatro. Então, sem dúvidas, antes de dirigir um
curta, penso em dirigir teatro. Não tenho pressa nos meus processos, então
acredito que tudo vai acontecer na hora certa. Trabalho com seriedade para isso
acontecer. Tudo ao seu tempo. mas sem dúvidas, tenho a intenção de dirigir um
curta. Mas na hora certa, com calma! Antes disso, espero fazer mais alguns como
ator!
sábado, 16 de maio de 2015
Melanie Dimantas
Roteirista. Formou-se
em ciências sociais na Universidade de São Paulo, em 1980 e licenciatura em
História e Geografia. Fez o roteiro do filme “Não
quero falar sobre isto agora” (1991), em parceria com o cineasta
Mauro Farias e o ator Evandro Mesquita, dirigido por Mauro. O filme foi
premiado no Festival de Gramado de 1991 em quatro categorias, inclusive a de
melhor roteiro. Em 1993, com Carla Camurati, escreveu “Carlota Joaquina” (1995),
melhor roteiro no Festival de Damasco, Síria. É coautora de três roteiros
selecionados para o Laboratório de Roteiros do Sundance no Brasil.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Esse convite não é frequente para mim. Em toda a
minha carreira como roteirista, que já leva mais de trinta anos, só escrevi um
curta-metragem. Mas participo de projetos de outra forma. Como sou professora
da PUC Rio, meus alunos devem escrever um curta para finalizar o curso... dessa
maneira me envolvo no processo quase como consultora. E isso é muito
gratificante.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Como
disse acima, minha experiência em roteirizar filmes começou com longa-metragem
e assim se manteve através dos anos. Uma única vez participei de um projeto de
curta-metragem... Foi no filme "Vicente", de Marcos Guttmann. Escrevi
duas versões e, francamente, me surpreendi com o resultado. Nada do que havia
pensado estava ali e descobri que o curta tem um ritmo próprio, muito atrelado
ao que o diretor sonha executar.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Porque é um gênero cujo formato não é comercial,
restringindo-se a mostras específicas. Houve um momento em que os curtas
brasileiros ganharam protagonismo em festivais aqui e fora também. Jorge
Furtado, Luís Fernando Carvalho, Cecílio Neto, entre outros, surgiram dessa
quase militância heroica que representou um grande avanço em termos de
linguagem que o longa-metragem logo incorporou. Hoje, em tempos de Youtube e Vimeo há
infinitas possibilidades de experimentação.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Pela
internet, sem dúvida. Uma plataforma que casa perfeitamente com a
experimentação.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Acredito que sim. O curta-metragem é mais livre para
experimentar novas linguagens, narrativas e dramaturgia.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Para estudantes de cinema é fundamental para um
primeiro contato com tudo que envolve uma produção. Mas em termos dramatúrgicos
não. Um roteirista de longa-metragem nem sempre consegue atingir a concisão de
um curta e um roteirista de curta-metragem nem sempre consegue escrever um
longa. São linguagens diferentes... com regras e técnicas específicas.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Não há receita, mas se houver algum alento para a
dura batalha, diria que é a originalidade das histórias e na concepção do
projeto.
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Nunca,
não quero dirigir nem curtas nem longas, sou roteirista e isso já me dá
bastante trabalho e prazer. Aliás, à minha maneira dirijo meus filmes...
Caio Tozzi
É jornalista e roteirista. Formado em
jornalismo pela Universidade Metodista de
São Paulo e
pós-graduado em Roteiro Audiovisual na PUC-SP. Trabalhou com jornalismo e
publicidade, concebeu e organizou projetos de livros e revistas e é responsável
pela produtora audiovisual “Vila Filmes”.
Atua como roteirista de filmes institucionais e documentários. É autor do livro
de contos e crônicas “Postal e outras histórias” (2009)
e diretor e roteirista do documentário “Ele era um menino feliz – O Menino
Maluquinho, 30 anos depois” (2011).
O que te faz aceitar participar de produções
em curta-metragem?
Sabemos que o curta-metragem é o primeiro
passo para se ter a experiência de trabalhar com cinema, para contar história
através do audiovisual. Acho válido, então, apostar neste formato para que se
possa fazer experimentos, testes. O curta-metragem te dá esta liberdade – até
porque, na maioria das vezes, se realiza de maneira independente, sem
patrocinadores ou investimentos. Mas o curta metragem também é interessante
para se contar pequenas histórias, fortes, diretas e que se concluem
rapidamente. Fazendo uma comparação com a literatura, o curta-metragem é a
possibilidade de fazer um conto na linguagem audiovisual. Eu, que além de
produtor e roteirista, também sou contista (tenho dois livros lançados de
contos e crônicas) gosto da ideia de adaptá-los para o cinema. Estão entre os
projetos.
Conte sobre a sua experiência em trabalhar em
produções em curta-metragem.
Sou responsável pela Vila Filmes, em São
Paulo, e trabalhamos com produções diversas para o mercado institucional e
publicitário. Nestes 5 anos de mercado, apostamos na produção de alguns
documentários, que não chegaram a ser longas-metragens. Fizemos em 2008 um
documentário de 52 minutos sobre os 50 anos do Zoológico de São Paulo; no ano
seguinte, um de 23 minutos, sobre o trabalho de um artista plástico chamado
Thiago Costackz e em 2011 lançamos o curta-metragem que gerou mais repercussão,
que foi o “Ele era um menino feliz”, que conta a história dos 30 anos do Menino
Maluquinho, do cartunista Ziraldo. Este filme tem oficialmente 30 minutos e as
versões de 25 e 20 minutos para correr em alguns festivais. Nos três fui
roteirista e no último também dirigi. Atualmente tenho alguns roteiros para
serem produzidos e estão na nossa pauta, para começarmos a trabalhar com
pequenas obras de ficção.
Por que os curtas não têm espaço em críticas
de jornais e atenção da mídia em geral?
Os curtas-metragens não tem um mercado
comercial ativo. Este é o grande problema que não conquistar o espaço na mídia.
Mas tive uma experiência que comprova que é possível conquistar espaço na mídia
com curtas, não posso reclamar sobre isso. Acho que a história que você está
contando pode ajudar muito na divulgação ou não do filme. Nós fizemos o
documentário sobre o Ziraldo em 2011, que rodou mais de vinte festivais entre
2011 e 2012. Mesmo ainda não lançado, começamos a trabalhar na divulgação, e o
retorno foi positivo demais: fomos destaques em grandes sites, matérias em
televisão, revistas, etc. Lógico: o trabalho foi na raça, sem apoio, nem nada.
Mas acho que, dependendo de como você faz esta divulgação, alguma coisa você
tem como retorno.
Na sua opinião, como deveria ser a exibição
dos curtas para atingir mais público?
Atualmente
temos um circuito de mostras e festivais muito grandes – e que funcionam. Mas
hoje temos a possibilidade de divulgar na internet e que é uma boa. Isso faz o
filme "viralizar" e você consegue visibilidade, consegue ser conhecido, atingir
mais pessoas. inclusive existem portais que se tornam “bancos” de curtas-metragens.
Além disso, já existem alguns canais da TV acabo (inclusive um exclusivo) que
estão procurando e exibindo este tipo de produto.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Sem
dúvida. Até porque, como já disse anteriormente, a maioria dos curtas-metragens
são feitos de maneira independente, o que permite você ser extremamente
autoral. Aí as possibilidades de criação e experimentação aumentam.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Acho
que sim. O longa é mais complicado, emperra na questão de comercialização e
divulgação, mas hoje temos vários possibilidades alternativas ( como a internet,
por exemplo). Mas a experiência de produção de curtas-metragens permite que
você entenda o funcionamento da realização de um longa-metragem. É preciso ter
essa bagagem.
Qual
é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Vou
responder com um clichê e tanto, mas acho que é não desistir. O mercado está
aquecido com as leis de incentivo e de exibição, isso abre muitas portas para
as produtoras e para os profissionais de diversas ordens.
Pensa
em dirigir um curta futuramente?
Sim,
projetos é que não faltam! Mas como sou roteirista, também foco bastante na
procura das histórias para serem contadas.
Liliana Sulzbach
Cineasta.
Seu primeiro longa-metragem foi o documentário “O cárcere e a rua” (2004). O filme,
realizado ao longo de três anos, mostra o cotidiano de três detentas na
Penitenciária Feminina Madre Pelletier, em Porto Alegre. Foi premiado no 32º Festival de Gramado como melhor
documentário. “A Cidade”; “A Invenção da Infância”; “O Caso do Linguiceiro”;
“Batalha Naval”; entre outros, são curtas-metragens de sua autoria.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Trabalho como produtora, diretora e roteirista. Trabalho muito com
documentários e isso faz com que às vezes um assunto pede um curta, um longa ou
mesmo uma série. No meu caso a temática define o formato.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Trabalhei em muitos curtas, seja na produção, direção, roteiro ou montagem.
Iniciei trabalhando como montadora, o que me deu uma ótima noção do todo.
Depois parti para direção e produção. Sempre procurei acompanhar todas as etapas,
desde a captação de recursos, desenvolvimento do projeto, produção e
finalização, independente da função que exercia no trabalho.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
É natural que os curtas não tenham o mesmo espaço que os longas, visto a enorme
quantidade de filmes de curta metragem que são produzidos a cada ano.
Principalmente depois do advento do digital. Mesmo assim, alguns curtas que se
destacam em festivais e mostras, também acabam tendo uma certa repercussão na
mídia.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Seria ótimo que os cinemas exibissem curtas antes de longas. Em Porto Alegre
existe uma iniciativa deste gênero chamada "Curtas nas Telas". É ótimo,
pois coloca os curtas em circuito de exibição comercial, dá visibilidade aos
filmes e inclusive remunera as produções.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Claro. Quando o filme não é uma encomenda, sempre é possível inovar em
formatos, linguagens, conteúdo. Inclusive na forma de produzir e financiar a
sua execução.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Depende da intenção do realizador. Pode ser um exercício para narrativas mais
longas, mas pode ser uma forma de expressão em si. Com as novas plataformas
digitais, o curta novamente ganha destaque e é possível pensar no formato sendo
exibido na web, em computadores, em smartphones.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Trabalho, trabalho e trabalho.
Alonso Zerbinato
Ator.
Atua em filmes curtas-metragens independentes, vídeos
institucionais e faz diversas participações em novelas e seriados nacionais,
tais como "S.O.S. Emergência", "Tapas e Beijos", "O
Astro", "Dilemas de Irene", "Sangue Bom",
"Tititi", "Viver a Vida", "Em Família",
"Malhação", entre outros.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Roteiro,
elenco e trabalhos anteriores do diretor.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Trabalhei
em dois curtas. O primeiro era universitário e não foi finalizado. No segundo,
fui chamado por uma amiga. Filmamos no início do ano passado e está sendo
finalizado agora. O filme é dirigido pelo Bruno Mello, que ganhou o Prêmio
Redentor de melhor curta-metragem por "Passageiro". As duas
experiências foram boas, apesar de ainda não ter visto nenhum dois filmes
prontos. O cinema tem esse mistério. Você faz e não sabe como vai ficar na
tela, quais imagens serão usadas e quais serão descartadas. Acho tão
interessante quanto perigoso.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acredito
que seja porque os curtas não atingem o grande público e nada que não atinge o
grande público interessa à mídia.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Devia-se
fazer como antigamente. Exibi-los antes das sessões em todos os cinemas e também
em sessões só de curtas periodicamente. A internet e as redes sociais também
são bons campos para divulgação dos curtas.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Creio que
para o diretor, sim. Para atores, produtores e outros envolvidos, talvez. Tudo
depende da liberdade que o diretor dá. O ator pode ter grande liberdade em um
longa-metragem e nenhuma em um curta-metragem. Isso não tem nada a ver com o
tamanho do filme. Tem a ver com a forma de trabalhar do diretor e com as
especificidades de cada projeto.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Pode ser,
assim como o teatro e a TV também podem. Mais uma vez, depende do longa-metragem,
do diretor, do ator, etc. Cada filme é um filme. Mas a experiência em curtas
pode ser uma grande aliada no processo de trabalho em um longa, principalmente
no que diz respeito à relação com a câmera e com as questões técnicas do set.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Se
existisse uma receita pra vencer em qualquer coisa na vida, não estaríamos
aqui. Nem nós, nem quem lê essa conversa. O cinema brasileiro, apesar de
insistir nos chamados favelas movies e em obras ambientadas no sertão
nordestino - que dependem muito de características físicas peculiares dos
atores, tem tido espaço para atores de perfis e escolas diversas.
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Penso em
dirigir teatro e seguir escrevendo tanto para teatro quanto para frentes
audiovisuais. Dirigir cinema é um processo que exige um conhecimento técnico
que eu não possuo. Quem sabe num futuro distante.
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