terça-feira, 5 de maio de 2015

Gisele Petty


Atriz e bailarina. Integra a Cia Teatro Balagan desde 2008. Formada em Artes Cênicas pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, em 2003. Dentre os espetáculos que atuou alguns deles: Círculo de Giz Caucasiano de Bertold Brecht, direção de Marcelo Lazzaratto, em cartaz no Viga Espaço Cênico e Festival de Curitiba (2004); Agda de Hilda Hilst , direção de Moacir Ferraz, (2004); "B - Encontros com Caio Fernando Abreu" (2006) – direção de Francisco Medeiros no Sesi Paulista, "Prometheus - a tragédia do fogo" com Cia Teatro Balagan (atual). Com o espetáculo Água Desnuda (2003) sob orientação de Renato Cohen e direção de Mariana Coral, recebeu prêmio de melhor bailarina no Festival Curta Dança Sorocaba. Em 2006 dirigiu o espetáculo "Jardim de Rosas Mudas" em cartaz na Casa das Rosas, em São Paulo. Trabalha com dança contemporânea, dança popular brasileira, dança dos orixás. Estuda o flamenco desde 2010 com Vera Alejandra na Cuadra Flamenca, e desenvolve um trabalho de investigação em dança teatro em parceria com a atriz Mariana Coral.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Eu sou do teatro, toda minha formação artística vem daí. A expressividade para o vídeo é outra, toda a organização em torno da construção de uma peça teatral, difere completamente da criação de um curta-metragem, e esse abismo entre essas linguagens me deixa curiosa. Me parece que curta-metragem, diferente de longas, são produções mais experimentais, mais baratas, que agregam pessoas a fim de experimentar mesmo, e o que vejo são os atores bancando participar destes projetos, também como uma forma de aprendizado. 

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Muito rara, talvez porque simplesmente eu não conheça as pessoas que trabalham com isso, como já disse, meu negócio é o teatro e também a dança, convivo com essa gente, mas nada me impede de experimentar os curtas. Participei já de alguma coisa de curta metragem há muito tempo, achei divertido, um pouco desconfortável no começo, a preparação junto com os atores, os ensaios, a direção, tudo isso muito rápido, pro “vamos lá, gravando!” E você vai acreditar se eu disser que eu nunca vi o resultado disso? Simplesmente não vi! Mas tive uma boa impressão desta experiência, de que a ficção, o colocar-se em situação ficcional e portanto passível de ser criativa, experimental e artística, é um lugar que pertence ao ator, independente da linguagem que media essa relação. 

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Não sei se saberia falar disso, mas posso imaginar que tenha a ver com comercialização, dinheiro, não é sempre essa a questão?! Inclusive para os longas-metragens, que ficam prontos e não conseguem sala pra exibição? O Canal Futura, TV Cultura, TV Sesc, costumam exibir curtas em sua programação, e é muito através destes canais que acabo vendo as produções, podia ter mais disso em outras emissoras.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Exibi-los antes dos longas nos cinemas?!! Seria uma maneira de apresentar essa linguagem para o grande público.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Acho que sim.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Não sei, mas creio que quem faz uma coisa, faz ou deseja fazer a outra, deve ser uma vontade natural... que imagino, esbarra no "comércio" também, que pode tornar ou não a coisa viável.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Não sei. (risos). Receita de “vencer”, de fama e tudo o mais, não existe, nem no teatro, no vídeo, nem em lugar nenhum da arte, mas o que vejo são pessoas que conseguem ou não abrir espaços de atuação, e isso pode acontecer de tantas maneiras...bacanas ou não, como ganhar um edital público, um patrocínio, encontrar as pessoas... e muito sobre persistir na profissão. Isso eu digo seguramente, pela minha experiência com o teatro, fazer o seu e persistir.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
É tão distante da minha vida... Mas eu tenho um filme que sempre vem na minha cabeça, que eu nem imagino como se faz na prática, são fotogramas de sonhos, de danças, de alguma coisa que acontece documental, que emerge da pesquisa de campo, de se perder dentro do Brasil, do Maranhão, das culturas populares, eu me vejo atuando e olhando de fora pra coisa, talvez por isso a imagem de um sonho. Mas isso não é novidade pra ninguém... (risos). Quem sabe vira um curta, teria que encontrar os parceiros.