domingo, 11 de dezembro de 2011

Até 2012!!!

Faço aqui uma saudação especial a todos vocês que acompanharam o blog neste ano surpreendentemente positivo: participei de três programas de televisão ‘Acesso Geral’ (TVE Jundiaí); ‘Universo Fantástico’ (TV UOL) e ‘Take Único’ (allTV).

Fui convidado também para participar de um bate-papo no Jamac, no bairro do Jardim Miriam, aqui em São Paulo, para falar do blog.

Recebi uma bela homenagem do Festival de Rio Claro pelo trabalho desenvolvido nestes mais de três anos de ‘Os Curtos Filmes’.

Agradeço a Rejane Arruda, Carlo Mossy, Nilson Primitivo, Angela Dip e Kassandra Speltri, que reservaram tempo na agenda para escreverem sobre cinema e colaboraram com o blog, tornando o debate e a discussão mais rica e inteligente.

Meu agradecimento aos 69 seguidores deste trabalho.

O próximo ano promete: já em janeiro volto com a série ‘5 Estrelas da Boca’, desta vez retratando Eni Helena Novakoski; as entrevistas começarão a ser publicadas duas vezes por semana e os textos continuam com a sua periodicidade normal, uma vez por semana.

O blog é uma porta aberta a todos vocês. Quem quiser colaborar, publicar textos, sugerir entrevistas, etc. me procure.

Nos reencontramos em 2012!

Um abraço,
Rafael Spaca.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Revista Cinema Caipira de dezembro

A revista Cinema Caipira ISSN 1984-896x, número 34, já está disponível para encomenda e download gratuito em diversos formatos. Neste mês contamos com os seguintes artigos;

“O documentário como construção narrativa de “si” e dos “outros”; é isso Senhor Cientista?” de Daniel Mittmann

“Os Mestres Russos e suas Experimentações Estéticas” de Marlise Borges

“Zé Pintor e Delírios de um Cinemaníaco” de Felipe Carrelli

“Um enigma chamado Mauricio do Valle” de Rafael Spaca

“LUCCHETTI: o iniciador da cultura cinematográfica em Ribeirão Preto” de Rafael Spaca

“FIIK ganha destaque internacional” de Fernanda Tosini


OBS: Os participantes desta edição tem direito a uma revista, bastando enviar por e-mail seus endereços.

revista folheável para leitura online
http://www.readoz.com/publication?i=1044741

obs: devido a problemas técnicos o formato da revista está um pouco diferente (fora do formato padrão) tentaremos resolver o problema nas próximas edições.

revista para impressão em arquivo pdf
http://www.4shared.com/document/JsQLfqMY/34_imp_.html

clique aqui para saber como montar a sua com o arquivo pdf

arquivo ePub para leitura em celulares e tablets
http://www.4shared.com/file/g25qs9Wf/Revista34_-_Grupo_Kino-Olho.html

para encomendar a revista no valor de R$7,00 cada ou assinar a anuidade por R$70,00, envie e-mail para jpmiranda82@yahoo.com

Para quem quiser ler somente o meu artigo, segue o texto:

Um enigma chamado Mauricio do Valle

O cinema brasileiro possui um vasto histórico de injustiças com nomes que o representaram – e isso eu digo em todas as equivalências que essa palavra pode ter - tão bem.

Há um movimento recente para reparar tais injustiças. Muitos espaços culturais como teatros, salas de cinema, etc. vêm recebendo nomes de artistas nacionais. Algumas pequenas cidades pelo interior do país estão encontrando uma maneira criativa de atrair turistas associando seu nome a de filhos ilustres, nascidos ali.

O Museu Dercy Gonçalves é um exemplo do orgulho e da admiração que a cidade de Santa Maria Madalena (pequeno município do Rio de Janeiro) tem pela sua cidadã mais conhecida. O local abriga o acervo da atriz, incluindo trajes de cena e noite, chapéus, bolsas, perucas, sapatilhas, sombrinhas, bijuterias, troféus e placas, quadros, diplomas e certificados, cartazes, programas, entrevistas, fitas de vídeo, textos, jornais, revistas, fotos e correspondências pessoais.

Não tenho acesso aos números da Prefeitura de Santa Maria depois desta iniciativa, mas acredito que o número de visitas, mídia e curiosidade pela cidade tenha aumentado muito. O que fez essa homenagem ter sido válida para todo mundo.

Essa introdução é para chegar a um pensamento que vive me incomodando há tempos: será que reconhecemos no saudoso Mauricio do Valle o valor que ele merece?
Minha resposta é não!

Trabalhando no cinema desde a década de 50, Mauricio do Valle ganhou projeção internacional atuando em filmes do Glauber Rocha. Imprimiu magnificamente seu talento e sensibilidade em papéis densos como o Antônio das Mortes, o caçador de cangaceiros, em ‘Deus e o Diabo na Terra do Sol’. Com Glauber, que o considerava o seu ator predileto, fez também ‘O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro’, entre outros.

Muitos associam o simbolismo do cinema novo aos diretores, mas era ele a grande referência do movimento como ator.

Mauricio era um tipo rústico, grandalhão, meio desajeitado, com um timbre de voz grave e com cara de poucos amigos, apesar de ser, pessoalmente, completamente diferente da imagem que passava. Para produtores e diretores, seu perfil era ideal para interpretar vilões, delegados e todos os outros papéis que exigiam uma atuação mais aguda.

Entre os anos 60 e 70 participou de inúmeras produções cinematográficas, obtendo reconhecimento da crítica especializada. Conquistou prêmios e respeito.

A conta não é precisa, mas há uma estimativa de mais de oitenta produções cinematográficas em seu currículo, sem contar novelas, seriados, minisséries, etc.
Com o passar do tempo perdeu o protagonismo, principalmente na televisão que esteve e está sempre ávida por rostos novos, mas mesmo em pequenos papéis, com pequenos diálogos, atuou com dignidade e reverência a profissão. Cada cena é era uma aula.

Temos uma extensa lista de profissionais ligados ao cinema que merecem um reconhecimento maior, Mauricio do Valle é um deles.

Termino o texto com a seguinte indagação: qual é a lógica de alguns nomes virem primeiro que outros... será que a vez do Mauricio chegará?

Rafael Spaca, radialista, autor do blog Os Curtos Filmes (http://oscurtosfilmes.blogspot.com/).

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Vanise Carneiro



Vanise é atriz e participou dos curtas ‘Messalina’ e ‘Vaga-lume’.

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
Bom, eu não possuo conhecimento especifico sobre história do cinema. Sei da importância que o curta-metragem teve em épocas difíceis para o cinema em que a total ausência de incentivos tornava quase impossível fazer filmes. Acho que nesses momentos, por ser mais viável economicamente, a produção de curtas, especialmente dos super-8, mantiveram vivo o cinema brasileiro, e deram continuidade a produção nacional. Outro aspecto importante creio que é a maior facilidade de experimentação, exercício de linguagem e amadurecimento de profissionais. A maioria dos atores, diretores, equipe técnica e de criação iniciam na linguagem audiovisual pelo curta-metragem.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acho que por um lado essa questão está relacionada diretamente a dificuldade de exibição. Sem espaço para exibir é difícil ter o espaço da critica e da mídia. Além disso acho que o curta ainda é visto muitas vezes como um produto menor, de valor inferior, quando comparado ao longa. E não simplesmente como um outro formato, com suas especificidades. 

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Acho que deveria haver mais programas de exibição de curtas antes de longas nos cinemas, o que é bastante raro. E também a exibição em programação de televisão poderia ser intensificada. Além disso é importante o lançamento de DVDs com seleção de curtas para o público interessado. Muitas vezes ouvimos falar de curtas que concorreram em festivais e acabamos não conseguindo assistir por não ter acesso. A internet também pode ser um grande veículo para isso, claro. 

Você já atuou em curtas como ‘Messalina’ e ‘Vaga-Lume’. O que te faz aceitar participar de produções em curtas?
Essas foram duas experiências maravilhosas. Que me trouxeram muita satisfação mesmo. Adoro fazer cinema e quando recebo um convite para um filme me importa mais o roteiro, o personagem, o diretor, os outros atores, do que o formato. Claro que quero muito fazer mais longas e o tempo de dedicação, o espaço de criação e a possibilidade de mais pessoas verem o teu trabalho é ótimo. Mas seguir fazendo curtas permite ter uma continuidade de trabalho na linguagem audiovisual. Além disso o curta tem desafios próprios, como a necessidade de desenvolver rapidamente o personagem, e muitas vezes, pelo roteiro, ter de expor apenas uma faceta, sem deixá-lo caricato. 

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Creio que entre alguns sim. Mas não acho que dê para generalizar.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Quem sabe...? Até pouco tempo eu nunca havia pensado nisso. Apesar de já ter ouvido essa sugestão, que eu dirigisse um curta. Mas confesso que algumas idéias já me fizeram ter uma certa vontade de experimentar a direção. É claro que para isso eu teria de estar muito mais preparada. Estudar, aprender muitas coisas. E meu grande "barato" mesmo é atuar, sem nenhuma dúvida.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

R.F.Lucchetti


LUCCHETTI: O INICIADOR DA CULTURA CINEMATOGRÁFICA EM RIBEIRÃO PRETO

por: Rafael Spaca

Certamente poucas pessoas têm conhecimento – e, talvez, as que tiveram ainda a retém na memória por ter sido um acontecimento sem precedente até hoje ocorrido em Ribeirão Preto há exatamente 50 anos, quando se realizou as mais variadas manifestações em torno da personalidade e da obra de Charles Spencer Chaplin, a Semana Chapliniana. Ela foi obra de uma única pessoa: Rubens Francisco Lucchetti, de quem Alex Viany, um dos mais importantes historiadores e crítico de cinema disse: “Rubens Francisco Lucchetti, sem dúvida um dos maiores estudiosos brasileiros da obra de Chaplin*”.

Talvez os que cuidam da cultura e arte em Ribeirão Preto não tem conhecimento do movimento cultural desenvolvido nessa cidade durante a primeira metade da década de 1960, por apenas duas entidades: Clube de Cinema e Centro Experimental de Cinema. Ambos levaram ao mundo o nome de Ribeirão Preto, apontando seus foros de cultura e civilidade. Também porque foi até hoje a única do planeta a realizar manifestações artísticas de alto valor e raro brilho para homenagear a figura ímpar do cômico inglês, o que elevou o nome e prestigio de Ribeirão Preto além das fronteiras dos seus limites.

Depois de consumir por mais de dez anos de uma paciente elaboração, escrevendo textos, scripts, monólogos e de haver reproduzindo em mais de cem bicos-de-penas a imagem de Carlitos em seus múltiplos gestos e expressões faciais e corporais, Rubens não sabia o que fazer com todo esse riquíssimo material que ele guardava. Não era sua intenção lançá-lo como livro, certamente seria um a mais entre os milhares que se escrevem anualmente sobre Charles Chaplin em todo o mundo. A oportunidade surgiu com a fundação do Clube de Cinema de Ribeirão Preto.

Aos 28 de agosto de 1959, incentivado pelo crítico de cinema do Suplemento Literário de O Estado de S.Paulo e conservador chefe da Cinemateca Brasileira, Paulo, Paulo Emílio Sales Gomes que, fora a Ribeirão Preto a convite de um grupo de professores da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, para proferir no Centro Médico uma conferência subordinada ao tema “O Expressionismo no Cinema Alemão”, fundava-se o Clube de Cinema de Ribeirão Preto que de imediato tornou-se um dos líderes do Brasil, graças à Semana Chapliniana.

A Semana Chapliniana nasceu sob a égide do Clube de Cinema entre os dias 12 a 19 de março de 1960. Por intermédio do Clube de Cinema, Lucchetti conseguiu mobilizar todas as forças vivas da cidade. As três emissoras de rádio: PRA-7 Rádio Clube de Ribeirão Preto, ZYR-79 Rádio Ribeirão Preto e ZYR-229 Rádio Brasiliense, bem como a emissora de televisão local TV-Tupi, Canal 3, dedicavam diariamente, horas inteiras com entrevistas, comentários e crônicas, além de divulgarem a programação do dia.

Seus programas habituais de mesas redondas e entrevistas foram todos dedicados a Charles Chaplin e, scripts especiais consagrados à biografia de Chaplin e à vida fictícia de Carlitos. As partituras musicais por ele compostas foram executadas com êxito. Os jornais locais, ‘Diário de Notícias’, ‘O Diário’, ‘Diário da Manhã’ e ‘A Cidade’, publicavam diariamente a programação do dia e entrevistaram intelectuais e personalidades políticas locais, convidando-as por intermédio de questionários a externar suas opiniões acerca da arte chapliniana. ‘O Diário de Notícias’, sob a responsabilidade de Lucchetti, publicou um Suplemento Especial de 18 páginas, fartamente ilustrado com fotos e desenhos, todo dedicado à vida e à obra de Chaplin.

Foi organizada uma exposição com os bicos-de-penas** de Lucchetti com as imagens de Carlitos. Houve também o lançamento de uma flâmula para comemorar o evento.

O centro de interesse popular foram, sem dúvida, as projeções das comédias de Carlitos. Mas a Semana não se limitou a promover a exibição de quase todas as fitas primitivas de Carlitos, nos auditórios da Societá Dante Alighieri e Centro Médico. Depois de muita persuasão, Lucchetti conseguiu convencer empresários dos cinemas comerciais a programar filmes de Chaplin, alguns até com a censura vencida. Inicialmente houve relutância, uma vez que, pelos borderôs anteriores, os empresários comprovaram que as fitas de Chaplin deram prejuízos. “É um artista do passado”, argumentaram. Mas, afinal acabaram concordando, menos com objetivos de lucros do que com objetivos de colaborar com a iniciativa, que já estava sendo aguardada com interesse por toda a comunidade, uma vez que Lucchetti fazia uma intensa campanha publicitária por intermédio das rádios e dos jornais e cartazes por ele confeccionados e distribuídos no comércio. 

Não faltou nem mesmo folhetos atirados de um téco-téco do aeroporto local: foram milhares deles fazendo uma verdadeira “chuva” Sobre a cidade. Por tudo isso, certamente, os empresários perceberam as circunstâncias agora em outras mais favoráveis. E foi o que aconteceu, o Cine Centenário (800 lugares) e o São Jorge (1.800 lugares) foram demasiados pequenos para acolher a enorme massa humana que acorria para ver ‘O Eterno Vagabundo’... e muitos para revê-lo. Foi quando aconteceu um fenômeno, ‘Tempos Modernos’, que ao ser exibido no ano anterior fora um fracasso, pois tinha sido visto por apenas uma dezena de pessoas, agora atingia a milhares de espectadores, que lutavam nas bilheterias para conseguir um ingresso, tal o interesse despertado.

Só para complementar, a Semana Chapliniana foi aberta com uma palestra do Pe. Celso Ibson de Sylos, diretor do ‘Diário de Notícias’, subordinada ao tema ‘Carlitos, ator ou diretor’ e encerrada por Paulo Emílio Sales Gomes que discorreu sobre as ‘Perplexidades Chaplinianas’.

Poucos meses mais tarde, junho de 1960, a convite do Clube de Cinema, vinha a Ribeirão Preto o eminente professor de História da Arte, Carlos Vieira, para proferir no Centro Médico a palestra ‘O Cinema Interpreta as Artes’. Na ocasião foram exibidos vários filmes de arte e experimentais, entre os quais, alguns do artista canadense Norman McLaren. Foram exatamente os filmes de McLaren que impressionaram o artista plástico e escultor Bassano Vaccarini e Rubens Francisco Lucchetti e os levaram a fundar o Centro Experimental de Ribeirão Preto, imaginando que pudessem interessar os artistas da cidade, uma vez que ela contava com duas escolas de Belas Artes. Mas não foi isso que aconteceu; não conseguiram sensibilizar uma só alma, e a produção de filmes experimentais com câmera ou sem câmera (desenhados diretamente na película) se restringiu à dupla.

Quanto ao Clube de Cinema não foi diferente. Passados o entusiasmo dos primeiros meses, Lucchetti transformou-se no projecionista e único espectador para os filmes que ele programava; alguns das distribuidoras (Ribeirão Preto era o centro cinemagráfico de uma extensa região, até mesmo os filmes exibidos em Brasília eram programados e marcados nessa cidade; por isso, todas as empresas distribuidoras de filmes mantinham nela suas agências), ou das relações remetidas pelas Embaixadas e Consulados e até mesmo vindas diretamente de seus países de origem via Mala Diplomática, convertendo a sala de visitas de sua casa, para desespero de sua mulher, num verdadeiro depósito de latas de filmes. A fundação de um clube de cinema já era uma idéia que Lucchetti tentava implantar em Ribeirão Preto desde 1948 quando começou sua militância na imprensa ribeirãopretana***. Portanto, agora que ele o tinha em suas mãos, pretendia lutar para não perdê-lo. Certa vez declarou numa entrevista: “Chegou um momento que resolvi dar uma banana para um público desinteressado em cultura cinematográfica desde que eu estivesse. Tinha sede de ver filmes que nunca os viria no circuito comercial”.

Lucchetti pôs, então, em prática uma estratagema: mandou imprimir por conta própria papel timbrado e envelope com seu próprio endereço, que passou a ser o endereço oficial do Clube de Cinema e do Centro Experimental. Por intermédio dos jornais locais, ele divulgava as sessões (das quais era praticamente o único espectador) e escrevia comentários sobre os filmes exibidos. Todo esse material, mais os boletins que redigia e editava por conta própria e os Suplementos Especiais do ‘Diário de Notícias’ que desde a Semana Chapliniana passou a dirigir; Lucchetti os remetia para as entidades com as quais o Clube de Cinema e o Centro Experimental estavam ligados, bem como a críticos, não só do Brasil como também do exterior, dando uma falsa idéia de que havia em Ribeirão Preto um grupo dedicado à difusão da cultura cinematográfica e produção de filmes experimentais, fazendo da cidade um pólo de cinema sob todos os aspectos. Mas essa sua atitude ditatorial de haver encampado o Clube de Cinema contava com o aval da dra. Glete de Alcântara. Fora ela a responsável pela vinda de Paulo Emílio a Ribeirão Preto, de quem era amiga particular e também uma das principais entusiastas para a fundação de um clube de cinema, à qual Lucchetti sempre se reportava na Escola de Enfermagem da qual a ilustre médica era diretora. Na verdade, a dra. Glete foi sua grande incentivadora e deu-lhe desde o inicio total carta branca uma vez que a boa doutora via em Lucchetti um potencial homem de cinema e nisso ela não se enganou.

Além das sessões ordinárias, esvaziadas, é verdade que os eventos especiais alcançavam uma certa ressonância – mais como acontecimento social do que artístico – e que conseguiam desentocar até mesmo os esquivos diretores do Clube de Cinema. 

Um desses eventos aconteceu ainda em agosto de 1960 entre os dias 13 a 20. Lucchetti oferecia à cidade o Festival de Introdução do Cinema Francês, com a presença ilustre do sr. Amy B. Courvoisier, delegado para a América Latina da Unifrance Film, entidade para a divulgação do Cinema Francês em todo o mundo.

Esse festival foi uma retrospectiva desde o nascimento do cinema até a sua produção mais recente do cinema francês. Alguns deles em 16mm foram exibidos no Centro Médico e os longas-metragens no Cine São Jorge, com entrada franca.

Mas o que chamou mesmo a atenção do grande público foi sem dúvida a Exposição Unifrance Film constituída por fotos do famoso Sam Lévin dos principais artistas franceses: Brigitte Bardot, Martine Carol, André Gelin, Marie Laforêt, Michele Morgan, Gerard Phillipe, entre outros, todos vindos especialmente de Paris para Ribeirão Preto e ainda contou com a avant-premiére mundial do desenho de Paul Grimault, La Bergére etle Ramoneur, numa sessão de gala no Cine São Jorge.

Porém a inquietação de Lucchetti não conhecia limites. Para o evento seguinte fixou-se num Festival de Cinema de Animação que se constituía uma lacuna como ele teve oportunidade de constatar. Nunca havia sido realizado um entre nós que houvesse homenageado todos os gêneros de animação: o infantil, o publicitário e o experimental. Imaginou que ele deveria realizá-lo em São Paulo, e ao invés do Clube de Cinema desta vez teria o aval do Centro Experimental já granjeara um nome respeitável além fronteiras da cidade, Lucchetti não teve dificuldade em conseguir o Museu de Arte de São Paulo para ali realizá-lo entre os dias 20 a 23 de junho de 1962. A despeito de as quatro noites serem chuvosas e frias, o anfiteatro do Museu foi pequeno para receber o público que para lá acorreu. 

Tanto Lucchetti quanto Vaccarini se surpreenderam ao serem abordados por jovens interessados em saber mais sobre o Centro Experimental. Lucchetti teve de usar de toda a diplomacia para poder desvencilhar-se do grupo que pretendia fazer um estágio no Centro. Na verdade, o Centro Experimental de Cinema era outra balela criada por Lucchetti, dando uma falsa impressão de que havia em Ribeirão Preto um Centro Experimental de Cinema, quando sequer conseguiu interessar a comunidade em ver filmes de arte.

Em agosto de 1963, o Festival do Cinema Polonês, foi a mais importante retrospectiva feita mesmo até os nossos dias, sobre o cinema desse país. Ela fora organizado pela Cinemateca Brasileira que além de São Paulo, Ribeirão Preto foi a única cidade a recebê-lo e essa deferência deveu-se ao prestigio que o Clube de Cinema vinha adquirindo com suas extraordinárias realizações aliadas ao Centro Experimental. E todos esses esforços de Lucchetti imaginava-se ser o produto de um grupo e não o labor de uma única pessoa. Ainda fez parte do Festival do Cinema Polonês uma exposição de cartazes, fotos e o lançamento do livro ‘Cinema Polonês Hoje’, edição preparada pela Cinemateca Brasileira.

Mais ou menos por essa época, Ribeirão Preto foi uma das cidades agraciadas com a exposição didática, organizada pela Unesco, ‘Horizontes do Cinema’, relatando a história do cinema desde as primeiras experiências como o Fantascópio até as mais recentes conquistas tecnológicas e artísticas até aquela época, tudo apresentado em grandes pranchas.

Dois anos mais tarde, ou mais precisamente, de 5 a 13 de junho de 1965, sob os auspícios do Centro Experimental de Cinema, Charles Chaplin reaparecia em Ribeirão Preto no Chaplin-Show que se constituiu uma série de atividades que não puderam ser apresentadas na Semana Chapliniana, tais como, recital de declamação, espetáculos de dança, balé e mímica e paralelamente, foi exibida uma série de filmes curtos, estas verdadeiras raridades, muitos apenas fragmentos de suas fitas primitivas que Lucchetti conseguiu com os colecionadores particulares. Mais uma vez as rádios disponibilizaram seus horários com uma série de scripts focalizando aspectos da vida e da obra do grande cômico. Enfim, Chaplin-Show complementou a homenagem de Ribeirão Preto a Charles Chaplin, que Bernard Shaw disse ser “o único gênio do cinema”.

Logo no mês seguinte de haver concluída a homenagem a Chaplin; entre os dias 10 a 17 de julho chegou a vez de Lucchetti homenagear mais um de seus ídolos: Sherlock Holmes, o primeiro detetive consultivo da literatura policial, no Festival Sherlock Holmes. Foi esse, igualmente, outro acontecimento sem paralelo até mesmo nos dias atuais, desde que não se têm notícias de nada igual, nem mesmo na Inglaterra. Para ele, Lucchetti obteve a colaboração da Brtish Information Service, da Real Embaixada Britânica e da BBC de Londres. Além de filmes, foram apresentados scripts radiofônicos, projetados slides, encenada uma peça teatral, tendo como base as aventuras de Sherlock Holmes e, como de hábito, não faltou uma coleção de desenhos de detetive e de seu biógrafo, o dr. Watson, além de um retrato a craiom de Sir Arthur Conan Doyle, tudo obra de Lucchetti.

Mas o grande feito ainda estava por acontecer. Sua gênesis remonta a 1962 por ocasião da realização do Festival de Cinema de Animação. O interesse inusitado despertado num público jovem, animou Lucchetti a partir para o seu mais ambicioso projeto: o I Festival Internacional do Cinema de Animação.

Tão logo chegou a Ribeirão Preto, Lucchetti lançou-se de corpo e alma na sua elaboração que consumiu-lhe exatamente três anos. Em junho de 1965 estava com ele totalmente montado, faltando encontrar unicamente o local onde devia ser apresentado. Nesse particular contou com a inestimável colaboração de Sérgio Lima, secretário da Cinemateca Brasileira com quem Lucchetti havia feito, devido às suas constantes visitas à Cinemateca, uma boa amizade. Certo dia, Sérgio Lima veio com a novidade: “a Fundação Bienal de São Paulo está interessada em que o Festival seja incorporado à VIII Bienal de Arte que será realizada em agosto e setembro” daquele mesmo ano.

O I Festival Internacional do Cinema de Animação, teve a participação de 14 países e o patrocínio do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, da Assiciation Internacionale du Film d’Animation e da Embaixada da República Francesa no Brasil, sendo seu patrono o embaixador da França, Mr. Pierre Sebilleau, como uma justa homenagem, uma vez que o Cinema de Animação nasceu na França, como Émile Cohl.

Na ocasião, Lucchetti escreveu: “com a realização do I Festival Internacional do Cinema de Animação, paralelamente com a VIII Bienal de Arte de São Paulo, espera-se ter fincado o marco de uma longa jornada, a que muitos sucedam, não mais de caráter retrospectivo, e sim reunindo o que houver de mais significativo produzido nos últimos anos no mundo todo, tornando São Paulo o centro de Cinema de Animação da América Latina, e então estaremos compensados, na certeza de que o nosso empenho não foi inútil ao procurarmos homenagear os criadores de sonhos e beleza da única expressão estética que ainda não foi corrompida, e que já começa a ser conhecida com a oitava arte”.

Tudo quanto aqui dissemos, deve ser creditado a uma única pessoa: Rubens Francisco Lucchetti, que, além de idealizar e organizar todas as manifestações culturais a partir da cidade de Ribeirão Preto, onde residia, conseguiu o feito inusitado de projetá-la até mesmo no exterior.

Para cada uma dessa manifestações, redigia e editava boletins com cerca de 28 páginas, tudo feito com recursos próprios retirados de sua loja de auto-peças, uma vez que todos os investimentos do Clube de Cinama e Centro Experimental foram feitos sem nenhuma ajuda governamental, estadual e federal e de nenhuma entidade do setor privado. Tudo, tudo feito com recursos próprios e que levou sua loja a falência.

E foi com dinheiro emprestado de seus familiares, que, em janeiro de 1966 Lucchetti pegou a família – a mulher Tereza, o filho Marco Aurélio, de quatro anos – e partiu para São Paulo, onde aceitou o trabalho de uns parentes de sua mãe, e foi ser gerente de escritório de uma loja de ferragens, sem tender absolutamente nada de contabilidade.

Mas ainda amargava a frustração de não ter conseguido realizar alguns eventos que fervilhavam em sua mente obstinada. Faltavam uma homenagem a Alfred Hitchcock e a um outro gênero de arte que Lucchetti cultiva com o mesmo carinho que o Cinema de Animação: as Histórias em Quadrinhos. Estes demorariam um pouco mais, porém, devido à sua tenacidade conseguiu realizá-los. Mas esta é uma outra história, que contaremos noutra oportunidade.

*In Chaplin, Ensaio-Antologia, de Carlos Heitor Cony, organizado por Alex Viany. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1967, p.361.

** Uma seleção desses bicos-de-penas foi publicada em 1987 pela Editora Colégio, com o título ‘Carlitos, o Mito Através da Imagem’.

*** “Muito moço ainda, Rubens Francisco Lucchetti tem escrito para este jornal artigos que chamam a atenção geral e agradam bastante, não só devido ao fato de serem escritos corretamente, literalmente falando, como também, porque encerram assuntos importantes e raramente abordados”.

Luciano Lepera. ‘Diário da Manhã’, de 2 de fevereiro de 1949.

“Lucchetti representou, em ‘A Palavra’, com seus trabalhos sobre a arte cinematográfica, um especial momento de erudição. Em sua crônica semanal intitulada ‘Cinema’, com dimensão crítica e fins pedagógicos, inventou ‘os melhores filmes do mundo’ (27-03-61) (...)
Seu trabalho jornalístico não visava a publicidade de filmes do dia, mas ‘ensinar cinema aos leitores”. 

Divo Marino. Orquídeas para Lincoln Gordon. Depoimento sobre o golpe de 1964.
Ribeirão Preto, Editora Summa Ltda.,1998.

FILMOGRAFIA DO CENTRO EXPERIMENTAL DE CINEMA DE RIBEIRÃO PRETO

ABSTRAÇÕES:
(Estudos 1, 2, 3 e 4)

Realização: Bassano Vaccarini / Rubens Francisco Lucchetti
Sonoplastia: Milton Rodrigues (gravação: fita magnética)
Produção: Julho, 1960 -- 17 minutos

Painéis em cores e movimentos, desenhados diretamente sobre película 16mm. Em sua confecção foram utilizadas somente tinta nanquim, penas e pincéis comuns.

1º Prêmio Categoria Fantasia no VIII Concurso de Orientação de Cinema Amador do Foto Cine Clube Bandeirantes. São Paulo, abril de 1961.

COSMOS:

Realização: Bassano Vaccarini / Rubens Francisco Lucchetti
Fotografia: Tony Miyasaka
Sonoplastia: Milton Rodrigues (som ótico)
Película: AgfaColor 16mm
Produção: Agosto, 1961 -- 5 minutos

Fantasia abstrata sobre a formação do cosmos.

TOURBILLON:

Realização: Bassano Vaccarini / Rubens Francisco Lucchetti
Fotografia: Waldemar Fantini
Sonoplastia: Milton Rodrigues (som ótico)
Película: AgfaColor 16mm
Produção: Agosto, 1961 -- 3 minutos

Fantasia com movimentação de vidrilhos e fios de chinille, pelo processo “quadro-a-quadro”.

Selecionado na Vº Jounées Internacionale du Cinema d’Animation -- Annecy, 1963.

“Fotograma de Ouro” -- Prêmio Oficial do Conselho Nacional de Cine-Clubes, ao Melhor Filme de Categoria Experimental.

Prêmio “INCE” (Instituto Nacional do Cinema Educativo)

Prêmio “Fundação Cinemateca Brasileira”
Todos ganho no 1º Festival do Filme Brasileiro de Curta-Metragem -- Salvador, Bahia, fevereiro de 1965.

VÔO CÓSMICO

Realização: Bassano Vaccarini / Rubens Francisco Lucchetti
Sonoplastia: Milton Rodrigues (som ótico)
Produção: Setembro, 1961 -- 3 minutos

Desenhado em cores diretamente sobre película 16mm. Em sua confecção foram utilizadas somente tinta nanquim, penas e pincéis comuns.
Em homenagem ao primeiro homem que atingiu o cosmos, Yuri Gagarin.

RINOCERONTES

Realização: Bassano Vaccarini / Rubens Francisco Lucchetti
Efeitos Sonoros: Jean-Louis Barroult

Desenhado em cores diretamente sobre película 16mm. Em sua confecção foram utilizadas somente tinta nanquim, penas e pincéis comuns. O Filme foi feito para o 3º ato da peça ‘Os Rinocerontes’, de Ionesco, encenada por Cacilda Becker, 1961.

VIAGEM À LUA

Realização: Bassano Vaccarini / Rubens Francisco Lucchetti
Fotografia: Waldemar Fantini
Sonoplastia: Milton Rodrigues (som ótico)
Película: Kodacolor 16mm
Produção: Novembro, 1961 -- 3.1/2 minutos

Curiosa montagem representando o panorama do astral, visto à bordo de um foguete e sua lunagem.

ESTUDO Nº 5

Realização: Bassano Vaccarini / Rubens Francisco Lucchetti
Sonoplastia: Milton Rodrigues (gravação: fita magnética)
Produção: 1960/61 -- 6 minutos.

Rapsódia em cores desenhada diretamente sobre película 16mm. Em sua confecção foram utilizadas somente tinta nanquim, penas e pincéis comuns.

CATEDRALLE

Realização: Bassano Vaccarini / Rubens Francisco Lucchetti
Fotografia: Tony Miyasaka
Música: Johann Sebastian Bach
Sonoplastia: Milton Rodrigues (gravação: fita magnética)
Película: Agfa preto e branco 16mm
Produção: Abril, 1962 -- 3 minutos

Interpretação informal de uma composição dinâmica em claro-escuro de formas e movimentos que nos sugerem as catedrais seculares.

ARABESCOS

Realização: Bassano Vaccarini / Rubens Francisco Lucchetti
Sonoplastia: Milton Rodrigues (gravação: fita magnética)
Produção: Maio, 1962 -- 3 minutos

Formas geométricas e arebescos desenhados diretamente em cores sobre película 16mm. Em sua confecção foram utilizadas estilete, tinta nanquim, penas e pincéis comuns.

VARIAÇÕES SOBRE TEMAS DE MIRÓ

Realização: Bassano Vaccarini / Rubens Francisco Lucchetti
Fotografia: Waldemar Fantini
Sonoplastia: Milton Rodrigues (gravação: fita magnética)
Película: AgfaColor 16mm
Produção: Agosto, 1962 -- 3 minutos.

Animação de motivos de Miro

PAINEL ABSTRATO

Realização: Bassano Vaccarini / Rubens Francisco Lucchetti
Fotografia: Tony Miyasaka
Sonoplastia: Milton Rodrigues (gravação: fita magnética)
Película: AgfaColor 16mm
Produção: Setembro, 1962 -- 5 minutos

O nascimento de um quadro abstrato pelo processo de filmagem “quadro-a-quadro”.

FILMES INACABADOS

FANTASMAGORIAS

Realização: Bassano Vaccarini / Rubens Francisco Lucchetti
Roteiro: Rubens Francisco Lucchetti
Desenho: José Guilherme Paiva
Fotografia: Tony Miyasaka
Música: “Uma Noite no Monte Calvo”, de Mussourgsky
Sonoplastia: Milton Rodrigues (gravação: fita magnética)
Película: AgfaColor 16mm

Animação de motivos fantásticos sobre uma pintura estática, em homenagem ao pai do Cinema de Animação: Émile Cohl. Os elementos fantásticos (aves exóticas e fantasmas) foram desenhadas a pastel após cada filmagem para dar sensação de movimento. Observação: Embora “Fantasmagorias” tenha sido uma das primeiras experiências de Vaccarini/Lucchetti ele nunca chegou a ser concluído.

A SOMBRA

Realização: Bassano Vaccarini / Rubens Francisco Lucchetti
Roteiro: Rubens Francisco Lucchetti baseado no conto homônimo de Edgar Allan Poe
Desenhos: José Guilherme Paiva
Narração: Paulo Bonetti
Fotografia: Waldemar Fantini
Sonoplastia: Milton Rodrigues
Película: Agfa preto e branco 16mm

Interpretação do conto através da dinamização de pinturas estáticas.

PLANIFICAÇÃO

Realização: Rubens Francisco Lucchetti

Estudo feito com retalhos do filme ‘O Proscrito’, de Howard Hugs para fins didáticos no qual tomamos conhecimento de todos os movimentos e planos da câmera.

(não montado porque faltou filmar as cartelas com as denominações dos planos)

FILMOGRAFIA DE FICÇÃO DE RUBENS FRANCISCO LUCCHETTI

1968 – TRILOGIA DO TERROR. (episódio PESADELO MACABRO) – roteiro não creditado. Direção: José Mojica Marins.

1968 – O ESTRANHO MUNDO DE ZÉ DO CAIXÃO. – roteiro. Direção: José Mojica Marins.

1969 – RITUAL DOS SÁDICOS. – roteiro. Direção: José Mojica Marins.
* Liberado pela censura somente em 1983 e rebatizado com o título ‘O DESPERTAR DA BESTA’ (prêmio “melhor roteiro” no IIº Rio-Cine Festival, 1986)

1971 – SEXO E SANGUE NA TRILHA DO TEOURO. – co-autor do argumento – roteiro. Direção: José Mojica Marins.

1971 – A MARCA DA FERRADURA. – roteiro. Direção: Nelson Teixeira Mendes.

1971 – FINIS HOMINIS (O FIM DO HOMEM). – roteiro. Direção: José Mojica Marins.

1971 – QUANDO OS DEUSES ADORMECEM. – roteiro. Direção: José Mojica Marins.

1972 – A HERDEIRA REBELDE. – argumento e roteiro. Direção: Nelson Teixeira Mendes.

1974 – EXORCISMO NEGRO. – co-autor do argumento – roteiro não creditado. Direção: José Mojica Marins.

1975 – A ESTRANHA HOSPEDARIA DOS PRAZERES. – roteiro. Direção: Marcelo Motta.

1976 – INFERNO CARNAL. – roteiro. Direção: José Mojica Marins.

1977 – MUNDO – MERCADO DO SEXO (MANCHETE DE JORNAL). – roteiro. Direção: José Mojica Marins.

1977 – DELÍRIOS DE UM ANORMAL. – roteiro. Direção: José Mojica Marins.

1981 – A PRAGA (inacabado). – roteiro. Direção: José Mojica Marins.

1982 – O SEGREDO DA MÚMIA. – roteiro (prêmio de “melhor roteiro” no Xº Festival de Gramado, 1982). Direção: Ivan Cardoso.

1984 – MEU HOMEM, MEU AMANTE. – argumento. Roteiro e Direção: Jean Garret.

1986 – AS 7 VAMPIRAS. – argumento e roteiro. Direção: Ivan Cardoso.

1990 – O ESCORPIÃO DE ESCARLATE. – argumento e roteiro. Direção: Ivan Cardoso.

1992 – A SEITA DOS ESPÍRITOS MALDITOS. – co-autor do argumento – roteiro. Direção: José Mojica Marins.

1993 – O GATO DE BOTAS EXTRATERRESTRE. – adaptação e roteiro. Direção: Wilson Rodrigues.

VÍDEOS VHS

1986 - CHAPEUZINHO VERMELHO. – adaptação e roteiro. Direção: Wilson Rodrigues.

1987 – JOÃOZINHO E MARIA. – adaptação e roteiro. Direção: Wilson Rodrigues.

SOBRE R.F.LUCCHETTI

O PAPA DA PULP: R.F.LUCCHETTI – FACES E DISFARCES.
São Paulo, Brasil, 1999-2002, 35mm, colorido/p&b, 15 minutos.
Realização cinematográfica, som e montagem: Carlos Adriano
Produção, pesquisa e roteiro: Bernardo Vorobow e Carlos Adriano
Consultoria musical: Carlos Reinchenbach
Patrocínio: Secretária de Estado de Cultura de São Paulo
Prêmio Estímulo de Curtas

DEPOIMENTOS

Este texto foi baseado em depoimentos do próprio Rubens extraídos de ‘O Cinema de R.F.Lucchetti’, livro encomendado pelo editor da Opera Graphica, Carlos Mann. Mas com a falência da editora o livro permanece inédito.

“Ribeirão Preto, um dos principais centros econômicos do Estado de São Paulo, não restringe sua atividade ao café. Cidade de mais de cem mil habitantes, conta com uma das melhores Faculdades de Medicina do país, duas escolas de belas artes, imprensa diária, emissora de televisão e várias instituições de relações culturais com países estrangeiros, Estados Unidos e Itália notadamente. Apesar disso, é, num meio de intenso labor, uma cidade onde não acontece muita coisa. Próspera e ativa, continua província. Não escapou ainda à denominação, que lhe pesa de ‘cidade do interior’. Contudo, eventos recentes sugerem que a cidade está em vésperas de passar a um estágio superior de desenvolvimento. E foi talvez graças a Charles Chaplin que Ribeirão Preto tomou conhecimento de sua própria evolução cultural”.
“Charles Chaplin em Ribeirão Preto”
Revista Visão, 15 de abril de 1960.

“Os organizadores da Semana Chapliniana calculam que sete mil pessoas participaram, de uma forma ou de outra, das manifestações. Isso significa sete por cento da população. É provavelmente impossível encontrar proporções semelhantes em empreendimentos artísticos e culturais do mesmo gênero em qualquer outra cidade do mundo”.
“Carlito em Ribeirão”
Paulo Emílio Sales Gomes
in Suplemento Literário de O Estado de S.Paulo
11 de junho de 1960, p.5.

Reproduzido em Crítica de Cinema no Suplemento Literário
Volume II/Paulo Emílio – Rio de Janeiro:
Paz e Terra/Embrafilme, 1981, pp.215/219.

“Foi Paulo Emílio Sales Gomes, conservador-chefe da Cinemateca Brasileira, quem primeiro me relatou o êxito alcançado pela Semana Chapliniana em Ribeirão Preto, ele que lhe coube o encargo de pronunciar uma conferência sobre o grande criador de ‘Tempos Modernos’, ao encerrar a Semana (...) Ouvi dizer que haverá este ano um ‘Saci’ para o clube de cinema que mais se distinguiu durante as atividades verificadas neste setor, durante o ano de 1959. gesto comovente este que poderá significar a equipe que distribui aquele laurel, já tradicional em nosso meio cultural e artístico. Oxalá tal resolução se transforme numa tradição. Em tal caso, creio que para 1960, o Cineclube de Ribeirão Preto será forte candidato à estatueta de Brecheret. Com a ocorrência da sua Semana Chapliniana, a associação cultural da capital do café se colocou em primeiro plano para a conquista do ‘Saci’ de 1960. e não há dúvida de que essa instituição viva e operosa, merece amplamente essa recompensa, proporcionada pelo veterano órgão da imprensa paulista”.
“Chaplin em Ribeirão Preto”
B.J.Duarte
in Folha Ilustrada – Folha de S.Paulo
1º de maio de 1960

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Entrevista

Olá!



Na próxima terça-feira, dia 6/12, às 15h, estarei no Portal Cronópios concedendo uma entrevista. Quem quiser acompanhar e enviar perguntas, acesse: www.cronopios.com.br



Agradecido,

Rafael Spaca.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Wanessa Rudmer

Foto: Bob Sousa.

Wanessa é uma expoente das artes cênicas. Seu trabalho, atualmente, está mais ligado ao teatro. Pelo trabalho que realiza nos palcos, merece um olhar mais atento tanto do público quanto dos profissionais de cinema para eventuais convites.

O que te faz aceitar participar de uma produção em curta-metragem?
O roteiro.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acho que até têm, mas não suficiente. Acho que os curtas ainda são vistos como uma forma de experimentação, principalmente pelos profissionais de cinema. Graças à tecnologia de que dispomos hoje em dia, um grande volume de curtas é produzido e, talvez por isso, boa parte do que é produzido não receba a devida atenção da crítica e da mídia.

Como deveria ser a exibição de curtas para atrair mais público?
Antes das exibições de longas nos cinemas. Seria mais bacana ainda se houvesse uma política que incentivasse empresas a patrocinarem produções de curtas, que poderiam substituir os anúncios convencionais veiculados nos cinemas. Já pensou?

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Cara, possível deve ser. Não temos grandes escritores de contos? Grandes atores que optam por um determinado gênero ou uma determinada linguagem? Agora, eu nem consigo imaginar um cineasta que não sonhe em fazer um longa, que de preferência seja bem sucedido. Torço para que nosso cinema continue caminhando no sentido de obter maior qualidade e que, se o curta for um trampolim, uma preparação, nossos cineastas possam dar vários e bons saltos nele.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Não sei se marginalizado. Talvez posto nessa condição de preparação, experimentação.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Sim. Finalizei o roteiro e pretendo gravar no início do ano que vem.

Qual é o seu próximo projeto?
A mostra que comemora os 30 anos do grupo Cemitério de Automóveis. Durante o ano de 2012, apresentaremos 10 espetáculos escritos e dirigidos pelo Mário Bortolotto. A idéia da mostra é reunir vários artistas e literatos que tenham influenciado o trabalho do Mário e conseqüentemente o trabalho do grupo, para diversos debates e algumas cervejas. Preparamos, além dos espetáculos, uma vasta programação que envolverá exibições de longas e curtas seguidas de debates com os diretores, debates com grandes nomes da nossa literatura, saraus de poesia, shows com bandas de rock e blues, debates sobre histórias em quadrinhos e uma exposição de cartazes, fotos históricas e obras de artistas plásticos para o Cemitério de Automóveis.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

EU CURTO - Kassandra Speltri


Animação! “Aprender a aprender” de Josh Burton. 

Tenho certeza de que pra instituição tradicional de ensino não sou boa aluna, nunca fui… impaciente e muitas vezes preguiçosa, sem foco. Mas agora o foco é outro porque tenho certeza de que pra alguns professores eu fui exemplar, porque me identifico com a paixão por alguma coisa.

São os mestres que nos despertam e nos levam pra diante das incontáveis portas de mundos a serem desbravados, os mundos que se apresentam sempre que se aprende alguma coisa, e a gente fica entregue, abre os olhos, enxerga, desperta.

Há que se estar atento porque cruzamos mestres todos os dias e, se conseguirmos nos livrar de julgamentos e preconceitos nos daremos conta de que eles estão por toda parte, basta aprender a aprender e essa talvez seja a maior lição a que a humanidade deveria estar atenta, a aprender.

Com esforço e dedicação as pessoas se tornam “alguma coisa na vida”, porque a vida é instigante mesmo, porém não enxergamos isso em todas as pessoas, porque o bom aprendiz também tem magia e um dia se tornará um mestre, deveria ser assim, deveria ser instigante sempre, deveria ser devastador, é como estar caindo do penhasco e descobrir que se tem asas, e que com esforço e aperfeiçoamento a segurança aumenta e a sensação é a da liberdade, de salvação.

Sem paixão não existe ensinamento, a paixão é o primeiro passo para a descoberta do amor que vem com tempo pra maturidade. Sem paixão não se vive, não se ensina.

É vergonhosa a maneira como se trata os mestres neste país.

Muitos professores sem paixão, talvez a maioria. Triste realidade, porque todo potencial desperdiçado vira frustração e violência, porque existe energia, mas não existe foco, não existe caminho nem sinal de trilha, não existe orientação.

Não sei direito quanto ganha um professor em nosso país, só sei que, como filha de uma nunca tive regalias e passei muito longe de ter uma vida de luxo ou uma condição digna de filha de mestra, não por mim, mas por ela que dedicou sua vida a educar os filhos de alguém que muitas vezes nem conhecia e sempre o fez com muita paixão. Um grande exemplo que trago comigo.

Por que isso acontece? Para mim, dessa maneira, o sistema perde totalmente a credibilidade, porque eu acho que professores deveriam sugerir muito respeito, porque eles nos despertaram do sono da ignorância. São os mestres que nos inspiram a ser, cada vez mais, nós mesmos, porque ao aprender fazemos escolhas que nos levam a andar sozinhos e depois conduzir alguém ao mesmo caminho, talvez.

Não gosto de pensar sobre a maneira como o estado trata a educação, tenho vergonha, ao invés de despertar tapa os olhos das pessoas, distorce valores e reduz a importância dos mestres a nada, e esses muitas vezes perdem a paixão por não ter tempo ou forças pra trazer `a tona energia pra conduzir. Compreensível do ponto de vista do estado que com certeza tem algo muito contra o aperfeiçoamento da civilização, talvez adorem o espetáculo da ignorância ganhar peso e vida diante de seus olhos colocando cabresto na população que fica sem escolha porque não tem poder de decisão por não se achar apto ou não tem consciência de que o poder é nosso, do povo!

Lembrei de todos os meus mestres… em especial a cerâmica que aprendí com Alice Yamamura, que nos deixou ainda sem assoprar a bola de barro tranzendo toda a magia que ela conquistou durante a jornada da vida, Moacir Chaves que me trouxe sentido pra vida artística, passou pela minha vida e hoje sei exatamente porque sou atriz e onde quero chegar com isso… me deu asas! O assopro da magia!

Talvez nenhum deles tenha muito dinheiro nessa vida, como minha mãe, talvez seus salários não condigam com sua posição de honraria, eu de minha parte me dedico a ser uma aprendiz atenta porque penso que talvez seja a única recompensa por tanta dedicação.

Aprendamos todos a aprender!

Link do filme: http://www.youtube.com/watch?v=Pz4vQM_EmzI

Kassandra Speltri é atriz, dramaturga, diretora, artista plástica e colunista do blog ‘Os Curtos Filmes’.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Nívea Stelmann



Nívea é atriz. No cinema participou das produções ‘A Última Onda’ e ‘Casamento Brasileiro’. Seu último trabalho na televisão foi na novela ‘Morde e Assopra’, da TV Globo.

O que te faz aceitar participar de uma produção em curta-metragem?
O que me faz participar de uma produção de um longa ou um curta é o roteiro, a direção e a produção.

Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Eu acho que tem espaço sim, um espaço bem menor é verdade. Mas quando fiz curtas eles foram divulgados. Talvez, sem hipocrisia ou egocentrismo.Por eu ser uma atriz conhecida conta um pouco na divulgação.

Como deveria ser a exibição de curtas para atrair mais público?
Deveria ser exibido antes dos longas.As pessoas deveriam ir ao cinema sabendo que iam ver um curta e em seguida um longa.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Possível tudo é. Cada um tem sua carreira,sua sorte sei lá. Mas o sonho de todo cineasta é fazer um longa.(de preferência de sucesso, risos). Com certeza é um trampolim e uma escola fazer curtas antes.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Marginalizado acho uma palavra muito forte. Mas é lógico que deve existir competição, como em todas as áreas.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Não, não é minha praia. Me formei em cinema, mas sempre quis ser atriz.Minha vida é na frente das lentes.

Qual é o seu próximo projeto?
Estarei na próxima novela das 19h da Globo e no Teatro em Janeiro com a peça "Comédia do Amor".

domingo, 20 de novembro de 2011

Homenagem

Prezados amigos,

é com grande prazer que no próximo dia 24/11, irei ao FIIK (em Rio Claro) para receber uma homenagem muito especial: o blog Os Curtos Filmes receberá uma menção honrosa do festival pelos seus serviços prestados à cultura cinematográfica nacional.

Divido essa homenagem com todos vocês!

Rafael Spaca.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

João Paulo Miranda



João é cineasta e curador do Festival de Cinema de Rio Claro.

Conte sobre o FIIK. Qual o seu conceito e a sua história?
A ideia surgiu através do prêmio internacional da CNN, que o grupo Kino-Olho ganhou. Assim outros realizadores independentes de diferentes partes do planeta entraram em contato conosco, surgindo o interesse de se unir por uma maior distribuição, exibição e divulgação. Assim nasceu o FIIK ( Festival Internacional de Cinema Independente Kino-Olho) para suprir uma necessidade e ainda estamos no começo, este ano é a terceira edição.

Você é um dos responsáveis pelo Kino-Olho. Como analisa a produção de curtas na região?
Está cada vez maior e mais diversificado. Vários estilos estão surgindo tanto na região como na própria cidade de Rio Claro após o Kino-Olho. Sempre estimulamos e nos unimos no interesse de coproduzir junto a outros grupos e realizadores independentes na região. Especificamente o nosso cinema, o chamamos de "Cinema Caipira", por ter um viés para o cotidiano do interior paulista, mas sem cair em clichês do caipira. A nossa matéria prima de produção e inspiração está ao nosso redor em cada rua e em cada esquina. Assim surge nossos filmes...

Quais as dificuldades e as vantagens de estar situado no interior de São Paulo e produzir cinema?
A vantagem é a liberdade de expressão, podendo produzir numa própria metodologia, sem precisar respeitar a mesma forma de produção nos grandes polos, pois estas produções têm suas burocracias e altos custos. Aqui a produção tem custo menor pelo forte interesse de se apropriar das condições que a própria realidade nos apresenta, sem manipular demasiadamente. Agora a desvantagem é a questão da visibilidade, mas que aos poucos através de festivais estamos cada vez mais conhecidos.

Como surgiu a revista do Cinema Caipira, ela é um contraponto das publicações especializadas no assunto?
A revista Cinema Caipira surgiu através dos debates e discussões estéticas que os integrantes do grupo têm a partir das reuniões semanais. Assim em 2008 nasceu a ideia. Num primeiro momento os artigos eram apenas escritos pelos integrantes do grupo, que mensalmente expressavam suas opiniões e análises através da escrita, compartilhando seus pensamentos. Porém a medida que a revista cresceu, novos adeptos e amigos surgiram, havendo agora a maioria da participação sendo de realizadores independentes, críticos e acadêmicos de todo Brasil e até já contamos com artigos estrangeiros. Diferentemente dos outros periódicos, o interesse da "Cinema Caipira" é cumprir um aprofundamento maior sobre cinema, nos afastando de alto teor publicitário e de "fofocas & curiosidades" do meio.

Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Por estarmos fora do grande eixo de produção, como Rio, São Paulo, Porto Alegre e Paulínia. Porém aos poucos produtores destes centros vêm nos conhecendo e já existem contatos de parceria e coproduções.

Como deveria ser a exibição de curtas para atrair mais público?
Para chegar ao grande público, o curta deve estar presente nos espaços de grande público, estando facilmente ao alcance e por se tratar de curta duração, os filmes podem ser assistidos rapidamente e por isso a possibilidade de estar presente em espaços físicos e virtuais de grande visibilidade da massa. Ai vale a criatividade de apresenta-los de forma inovadora e cativante.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Claro que sim, pois os curtas tem até uma maior forma de repercussão do que os longas, que pedem maior atenção e tempo. Hoje através do universo virtual da internet e dispositivos móveis, há novos meios de vincular conteúdos audiovisuais de curta duração. Aos poucos o preconceito sobre curtas se acaba, pois o público não é mais como de antigamente, que se reservava por horas para ver uma única obra. Agora todos lutam contra o tempo e sempre estão conectados a outros meios. Portanto, o interesse para o curta aumenta em contraposição aos longas.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Entre os cineastas não. Este preconceito está apenas no público conservador, que apenas vê como experiência cinematográfica entrar numa sala escura com tela grande e sentar por duas horas, agora há um novo público que procura a experiência cinematográfica em outros espaços e meios como a internet, televisão, celular e tablets.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Já dirigi mais de 60 curtas e 4 longas independentes.