quarta-feira, 29 de abril de 2015

Maria do Rosário Caetano


Jornalista e pesquisadora de cinema. Formada em Jornalismo e Letras pela Universidade de Brasília (UnB). Integra a equipe da Revista de Cinema e colabora com jornal “Brasil de Fato”. Em 1997, publicou o livro "Cinema Latino-Americano - Entrevistas e Filmes" (Editora Estação Liberdade). Colaborou com Joaquim Pedro de Andrade e equipe no roteiro-livro "O Imponderável Bento" (Marco Zero/Cinemateca Brasileira/1989). Participou do livro "Cinema Falado - Cinco Anos de Seminários de Cinema em Porto Alegre" (SMC/2001), do álbum "Trinta Anos de Gramado" (Edição do Festival/2002), da equipe de pesquisadores da "Enciclopédia do Cinema Brasileiro" (Ed. Senac/1997) e do "Guia do Cinema Brasileiro" (Editora Filme B). Para a Coleção Aplauso, da Imprensa Oficial de SP, escreveu os livros "João Batista de Andrade - Alguma Solidão e Muitas Histórias" (2003), "Fernando Meirelles -Biografia Prematura" (2005) e “Marlene França – Do Sertão da Bahia ao Clã Matarazzo” (2010). Integra a equipe de colaboradores dos livros "Alle Radici del Cinema Brasiliano" (Istituto di Studi Latinoamericani/Itália/2003), traduzido no Brasil pela Revista Alceu (PUC-Rio -2007) e "Jorge Amado e a Sétima Arte” (EdUFBa/2012). Em 2006, organizou o livro "Cangaço, o Nordestern no Cinema Brasileiro". Escreveu o livro-álbum "Festival de Brasília 40 Anos". Organizadora do livro “ABD Trinta Anos” (2007) e “DOCTV – Operação de Rede” (2012). Ganhou o Prêmio OK de Jornalismo pelas reportagens: "Geraldo Vandré - Para Não Dizer Que Não Falei" e "Plantão de Arapongas". Recebeu, por sua atuação como jornalista cultural, prêmios no CINE PE, Mostra Tiradentes, Fest Aruanda e Curta Sergipe. É membro da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema).

Qual é a importância histórica do curta-metragem na filmografia brasileira?
A importância é imensa. Afinal, não se pode medir a importância de um filme apenas por sua duração. Citemos alguns exemplos de títulos fundamentais para que compreendamos a história do cinema brasileiro: “Exemplo Regenerador” (1919) e “Fragmentos da Vida” (1929), ambos de José Medina (1894-1980), “Aruanda” (1960), de Linduarte Noronha, “Arraial do Cabo” (1960), de Paulo Cezar Saraceni & Mario Carneiro, e “Ilha das Flores” (1989), de Jorge Furtado. Estes cinco filmes são seminais, calaram fundo em seus tempos históricos, influenciaram gerações. Temos que lembrar que, em suas primeiras décadas, o cinema brasileiro tinha no curta-metragem o território de expressão de vários cineastas, aventureiros ou não. O chamado “filme de cavação” (obras feitas sob encomenda de fazendeiros e industriais, para louvar suas propriedades rurais ou urbanas, e também por governantes para registrar seus feitos!) serviram para qualificar mão de obra. E, o que é mais importante, para documentar aspectos socioeconômicos do Brasil, mesmo que só do ponto de vista das classes dominantes.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Porque a imprensa dedica, cada vez menos espaço ao cinema. Com a crise trazida pelas novas tecnologias, os jornais impressos estão desnorteados, temerosos por seu futuro. Cada vez mais, as empresas economizam papel e reduzem suas equipes de trabalhadores. Para agravar, a indústria do cinema, comandada pelo filme de entretenimento (longa-metragem de ficção dominado pelos efeitos especiais), cresce a cada dia. Há uma avalanche de produtos audiovisuais como nunca vimos na história. Filmes são produzidos no mundo inteiro, mas a produção norte-americana continua dominando 80% dos mercados internacionais. As salas exibidoras planetárias, as TVs e mesmo a internet continuam sendo vitrines do grande cinema industrial norte-americano. O que sobra para os cinemas de outras geografias? E para o curta-metragem? Muito pouco. Para o curta sobram parcos minutos na noite do Oscar e nos festivais internacionais. A hegemonia do filme ficcional de longa-metragem é avassaladora.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Os curtas deveriam ser reunidos por tema, em número de cinco ou seis, de jeito que “formassem” um longa-metragem. E assim chegariam às salas de cinemas, formatadas para o longa-metragem. Quebrar este padrão na TV e na internet é mais fácil. Mas no sistema tradicional de exibição é muito difícil. Cito um exemplo bem sucedido de curtas reunidos tematicamente num longa – “Curtas Histórias de Amor” – lançado nos anos 90, pela Riofilme. E com sucesso. No Cine Brasília, no Distrito Federal, sala voltada para o cinema de arte, os filmes faziam média de 500 a mil espectadores por semana. Quando “Curtas Histórias de Amor” foi exibido, o número chegou a 1.500 ingressos semanais. Ou seja, os curtas agrupados num longa deram mais espectadores que muitos longas-metragens “tradicionais”. 

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Claro. O curta é uma reserva para a experimentação, para o risco, para a ousadia. É um laboratório. Por custar menos, seus produtores e realizadores podem se arriscar sem medo. Um realizador pode optar pela realização de curtas por toda a vida, como um escritor pode ser sempre contista até seu derradeiro suspiro. Maupassant, gênio francês, é conhecido mais por seus contos que por seus romances. Para mim, a obra-prima de Jorge Furtado é “Ilha das Flores” (e “O Dia Que Dorival Encarou a Guarda”, que ele dirigiu com Zé Pedro Goulart). Em nenhum de seus longas, Furtado atingiu a grandeza destes dois trabalhos. Se o realizador se iniciar no curta pensando no longa, tudo bem. Ele terá no curta-metragem uma escola, um espaço de amadurecimento. No curta aprenderá a dominar a síntese, atingirá o domínio de um ofício, o da realização cinematográfica. Ofício que há mais de um século encanta o mundo.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Voltemos a Maupassant. Ele escreveu um conto – “Bola de Sebo” (1870) – considerado uma obra-prima da literatura universal. Um conto que influenciou filmes de cineastas da grandeza de John Ford (“No Tempo das Diligências”, 1939) e Ettore Scola (“Casanova e a Revolução/1982). Depois, escreveu romances. Mas não se superou no formato longo. A história literária o tem como mestre da narração curta. Um cineasta pode ser um gênio dirigindo só curtas-metragens. A síntese é uma das maiores qualidades de um narrador. Por que “Ilha das Flores” não pode ser melhor que “O Homem Que Copiava” ou “Saneamento Básico”? Pode e é. Não se pode medir a qualidade de um livro ou um filme por seu tamanho. “Vidas Secas”, obra-prima de Graciliano Ramos, nasceu da soma de partes que podem ser lidas como “contos”.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Não existe receita. Somos parte de uma indústria frágil, que não detém nem um quinto de seu próprio mercado. Um realizador (ou produtor) brasileiro terá que inserir-se numa atividade problemática, que luta há mais de 100 anos por seu espaço. Mas nem por isto devemos desistir. Há profissionais muito bem sucedidos em nosso mercado. Veja, neste momento, o papel que desempenham duas produtoras de audiovisual: a paulistana O2, de Fernando Meirelles e sócios, e a carioca Conspiração Filmes, de Breno Silveira e sócios. Elas estão produzindo filmes e programas de TV que abastecerão as 2h20 minutos semanais de programação brasileira na TV a cabo (serão três horas e meia semanais, a partir de setembro deste 2013). Estão buscando talentos entre os curta-metragistas para engrossar suas fileiras, tantas são as encomendas.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Não. Meu papel é escrever sobre cinema em jornais (Brasil de Fato), revistas (Revista de Cinema) e organizar livros que reflitam coletivamente sobre nossos desafios. Um dia, acredito, seremos um grande centro de produção audiovisual (para salas de cinema, TVs e internet). Potencial para isto, nós temos de sobra. Faltam recursos financeiros e boas políticas públicas e privadas, pois mão de obra nós temos. 

Eduardo Morotó


Cineasta. É dele os curtas ‘Quando Morremos à Noite’; ‘Mar Exílio’; ‘Todos Esses Dias em Que Sou Estrangeiro’; entre outros.

Qual a importância histórica do curta-metragem na filmografia nacional?
A importância do curta, tanto quanto a do longa-metragem, é a do cinema em si, uma marca do tempo, revelador de diversos aspectos da sociedade... 
No decorrer da década de 50 no Brasil, foi com a produção de curtas que o Cinema Novo surgiu, cruzando problemas da sociedade brasileira e da linguagem cinematográfica que até hoje são refletidos.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Geralmente os curtas são realizados com muita crença, paixão, liberdade e companheirismo. Isso é encantador.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Escrevi e dirigi cinco curtas. O primeiro trabalho foi em 2006, através do projeto Revelando os Brasis, do Ministério da Cultura, voltado para realização de vídeos em municípios de até 20 mil habitantes. Logo após ingressei na faculdade de cinema onde realizei como conclusão de curso o curta “Mar Exílio”, que rendeu o Prêmio Revelação do Festival de Curtas de São Paulo, em 2010.
Com os recursos deste prêmio, filmei o “Quando Morremos à Noite”, melhor filme da Mostra de Cinema de Tiradentes em 2012. “Eu Nunca Deveria Ter Voltado” também produzido em 2011, teve seu roteiro contemplado na Oficina do Projeto Sal Grosso (iniciativa do Festival Brasileiro de Cinema Universitário que seleciona projetos de estudantes de cinema) foi premiado no Festival de Brasília deste ano com os troféus de melhor diretor, melhor ator e melhor trilha Sonora.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acredito que os curtas possuem pouco espaço por não fazerem parte de um circuito comercial. Geralmente as mídias se interessam em falar do que vai entrar em cartaz, daquilo que vai vender ingresso.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Deveria existir algum modelo de distribuição para os curtas. Isso foi uma realidade no final dos anos 80 com a lei do curta, projeto criado em meados da década de 70, que regulamentava a exibição em salas comerciais de cinema de um curta antes do longa-metragem. Hoje, com a nova lei da tevê por assinatura, que exige mais conteúdo brasileiro, aumentou bastante a procura de curtas-metragens para licenciamento. Mas a tevê paga ainda é muito restrita. Os curtas deveriam ter espaço também na tevê aberta, como os longas.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Por não ter nenhum compromisso comercial e por sua produção ter um custo menor, os realizadores e suas equipes se sentem mais livres sim com a linguagem. Os curtas possuem uma identidade muito autoral. Vão muito além das fórmulas.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Não necessariamente. O longa-metragem acaba sendo um caminho natural quando o realizador se depara com uma estória que ele quer contar, mas essa estória não cabe no tempo de duração do curta.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Eu tenho muito chão ainda pela frente. Mas o chão que já tenho é resultado da decisão de fazer uma faculdade de cinema. Lá aprendi muito e encontrei parceiros.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Estou com um curta novo, se chama “Todos esses dias em que sou estrangeiro”. É sobre um garoto nordestino que vem para o Rio trabalhar em um restaurante de beira de estrada onde o irmão mais velho já trabalha e não se acostuma com esse novo mundo.

Marcelo Laffitte


Cineasta. Dirigiu curtas premiados, como ‘Vox Populi’ (melhor filme no Festival Internacional de Santiago do Chile), antes de começar a dirigir seus documentários. Em 2002, foi presidente da ABD&C/RJ e, entre 2003 e 2005, da ABD.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Um bom projeto, um bom amigo ou um bom cachê. Se as três condições estiverem juntas, melhor (risos), mas uma delas já basta para mobilizar meus neurônios. Brincadeiras à parte, eu fui um curta-metragista muito ativo entre 1996 e 2006, período em que realizei 4 curtas em 35mm: Vox Populi, Banquete, Ópera Curta e Fúria - todos para cinema, é importante frisar. E também fui dirigente da Associação Brasileira de Documentaristas, entidade que representa e luta pelos interesses dos curta-metragistas do Brasil inteiro.  Porém, como convidado, somente participei da realização de dois curtas de amigos: primeiro como produtor de “Nevasca Tropical”, de Bruno Vianna, e depois como assistente de direção de “Eu Sou Assim”, de Luiz Guimarães de Castro. Porém, depois que rodei meu longa, o “Elvis & Madona”, meio que pendurei as chuteiras para os curtas.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Guardadas as proporções de orçamentos e tempo de filmagem, meus curtas deram tanto trabalho quanto o longa, e é assim mesmo que eu acho que deva ser. Quando você faz uma obra cinematográfica para ser vista por uma plateia de centenas de pessoas numa sala escura e em silêncio, você precisa de um acabamento de imagem e de som de primeira qualidade, e isto leva muito tempo ou muito dinheiro. Produzir com dinheiro é simples: você contrata a equipe e executa o serviço, mas como nunca se tem dinheiro bastante para um curta, um realizador que almeja a excelência precisa contar com a ajuda de profissionais e empresas de forma graciosa, trabalhando nos tempos livres. As filmagens devem ser rápidas e objetivas, nada de ficar viajando na maionese para não desperdiçar o precioso de tempo de todos. É melhor economizar a criatividade para a montagem, edição de som e escolha das músicas.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Pelo simples fato de não haver um mercado formado. E não é só no Brasil, não: é no mundo todo.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Bastaria fazer cumprir a Lei do Curta, que está no Artigo 13 da Lei Federal 6.281, de 9 de Dezembro de 1975. Pela lei, o filme estrangeiro de longa-metragem deve ser precedido de curta-metragem brasileiro. A lei funcionou aos trancos e barrancos por alguns anos, mas teve a sua versão perfeita a partir de 1987, criando uma fase chamada de “A Primavera do Curta”, e revelou jovens cineastas como Beto Brant, Walter Salles, Jorge Furtado, Cláudio Assis, Lírio Ferreira, entre outros. Mas então elle, o Collor, chegou e arrasou nosso cinema extinguindo de uma canetada só os mecanismos de controle e gestão, que eram a Embrafilme e o Concine. Mas ele não conseguiu extinguir a lei, que continua lá deitada em berço esplêndido. A lei só precisa de nova regulamentação que definirá critérios de duração dos filmes, números de sessões, escolhas dos programas, remuneração dos filmes, etc. Isto seria o paraíso para a cultura brasileira, mas só vai ter chance de acontecer se a ABD voltar a ser uma entidade combativa e independente dos governos.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Mais ou menos. O curta só tem compromisso com a arte, que por sua vez deve sempre ser repensada e reinventada. Mas isto não quer dizer que cada membro da equipe pode fazer o que der na telha. O curta é sempre um filme de autor: é ele quem manda e não tem conversa. É ditadura mesmo. Se o fotógrafo quiser ousar nos enquadramentos ou nas cores, deve ter a “permissão” do diretor; o mesmo vale para o diretor de arte e figurino, os atores, o montador, o editor de som e o músico. Esses são o cérebro de um filme, mas a alma é sempre o diretor.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Eu não usaria a figura de um trampolim, mas sim de uma escola, ou seja, um espaço para aprender a fazer uma produção, a lidar com equipes, a dominar os tempos de cada etapa e, principalmente, entender a relação entre o espectador e a tela do cinema. Quem usa o curta-metragem apenas como trampolim, tipo Marcio Garcia, acaba quase sempre se dando mal.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Ah, se eu soubesse a resposta para esta pergunta... Posso lhe dar a receita de prato que inventei, o Fricassé de Jabá com Girimum, mas não há receita de como vencer no audiovisual brasileiro. Aliás, o que é vencer? “Elvis e Madona” participou de mais de 50 festivais no mundo todo (exceto a África), ganhou mais de 30 prêmios, teve as melhores críticas (exceto a do Diogo Mainardi, da Veja) e fez menos que 20 mil espectadores, dos quais eu não recebi um centavo sequer. Enquanto isso, filmes medíocres como “Muita Calma Nessa Hora” e “Aí, Comeu?” fazem milhões. Então, qual é a receita?

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Sim, tenho uma ideia na cabeça de fazer um filme que se passa na construção de um edifício. Infelizmente, uma câmera na mão não basta para realiza-lo.

Carolina Mânica


Atriz. Atuou em ‘Rinha’; ‘Certas Escolhas’; ‘Malu de Bicicleta’; entre outros.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Um bom roteiro e uma boa equipe.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
É sempre muito bom!!! Acredito que qualquer trabalho tem que ser levado a sério na hora de fazer então o empenho é o mesmo. As equipes dos curtas são sempre muito prazerosas de trabalhar porque em geral são pessoas que fazem tudo com muita vontade e frescor e isso me estimula muito como atriz.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
É uma mídia tão importante que não deveria ser tratada como uma extensão de algo mas como um gênero mesmo, assim como ele é. Acho que falta cultura, mudar a forma como é visto, pra haver mais espaço na mídia.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Deveria ir além das mostras, sessões de curta regulares seria uma boa forma de incentivar.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
As pessoas em geral tem mais coragem de arriscar no curta porque a produção é menor e há menos dinheiro em jogo. Acredito que seja um espaço de liberdade de experimentação, mas que deveria ser levado um pouco mais a sério muitas vezes para ser mais respeitado.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Pode ser um trampolim, mas também pode ser um objetivo.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Acho que se eu soubesse essa receita estaria milionária. Sempre penso que você acreditar naquilo que faz e colocar amor e gratidão de alguma forma você vai "dar certo".

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Penso sim. Tenho alguns projetos de curtas com um artista plástico e cineasta, espero poder mostrá-los em breve! 

Dídio Perini


Ator e diretor teatral formado pela Escola de Teatro Ewerton de Castro, em São Paulo.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Quando é uma produção bacana e atraente não precisa de muito esforço... (risos)... além do projeto, tema e equipe envolvida, é claro.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Pô cara, todo ator, principalmente quando está começando, recebe convites de alunos de Comunicação pra participar de curtas...não foi diferente comigo... acumulei alguns trabalhos e acabei conhecendo pessoas bacanas... daí pra frente as coisas começaram a acontecer...mas faz tempo que eu não faço...fica a dica...(risos)

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Creio eu que para a "grande mídia" os curtas-metragens não tem valor de mercado...só quando rola um festival do gênero eles colocam no rodapé da página...

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Hoje eu acho que a internet tem um grande poder de divulgação. talvez um canal na web, sei lá...o legal que hoje existe um canal chamado ‘Curta!’, talvez alguma porta esteja abrindo...apesar de ser um um canal fechado (pago)...

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Com toda certeza! Ali você pode libertar os seus demônios!!!!

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Não. Até agora não fui chamado pra nenhum...(risos)... estou brincando... talvez sim, cara. Tudo depende do seu trabalho, da qualidade do curta...

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Talento, vocação, dom e muita, mas muuuuuuita paciência...

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Pode ser...se rolar um convite...

Lorena Comparato


Atriz. Atuou na série ‘Pé na Cova’, da TV Globo.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Um curta-metragem na minha opinião tem que ter uma boa premissa, ou seja, um bom roteiro. Evidente que importa muito a equipe que vai fazê-lo, mas se a ideia é genial e a equipe trabalhadora, a chance é que dê certo. Gosto se trabalhar com quem gosta de trabalhar.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Minha experiência em curta-metragem começou na faculdade de Comunicação Social da PUC-Rio. Para um trabalho o grupo passou um final de semana em uma casa fazendo o curta. Foi extremamente amador, mas uma experiência valiosa e prazerosa. Depois começaram os trabalhos: em 2009 fiz a convite da diretora e atriz Ana Miranda o "No Caminho de Seus Passos" (tive que aprender a dançar ballet de ponta, que eu não sabia) e também "Handebol" da premiada diretora Anita Rocha da Silveira (tive que aprender a jogar handebol e acabei ganhando o prêmio de melhor atriz na Mostra Marília de Cinema - SP); em 2010 fiz um curta-metragem dirigido por Douglas Clayton chamado "O Ano Todo Faz Calor" com um elenco jovem e inovador. Foi muito divertido e trabalhei com amigos queridos que é sempre bom. Sempre vi meus amigos de cinema fazendo curtas e minha experiência sempre foi maravilhosa! Espero fazer muitos mais!

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Não sei ao certo o porque, porém acho que muitas vezes existe uma falta de divulgação dos curtas e de distribuição. Muitos curtas-metragens por ai são maravilhosos mas não tem onde serem exibidos, só nos festivais, que em sua maioria são o foco dos que fazem os filmes. Com o avanço tecnológico já podemos assistir várias coisas em casa e também disponibilizar material para o público online. Eu tive a honra de ver o "Handebol" em uma sala de cinema em Los Angeles no Chinese Theater no Brazilian Film Festival. Com certeza faz muita diferença ver na telona.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Não tenho como dizer o que funcionaria pois não é minha área de estudo, mas talvez se fizessem uma sessão no circuito para vários curtas juntos? Seria legal assistir um atrás do outro como em festivais. Penso que isso poderia atrair o público até porque todos fazem curtas-metragens, até os grandes e mais conhecidos cineastas.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Eu como profissional acredito que tenho liberdade para experimentar de acordo com o tipo de arte que estou fazendo e a equipe que estou trabalhando. Acho que em todos os campos existe liberdade e limite e o melhor é quando há uma dosagem de ambos. Acho que por serem menores e geralmente com orçamentos mais baixos, os riscos que se corre fazendo um curta-metragem são menores, podendo então arriscar mais.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Não necessariamente. Se a pessoa tem experiência zero com cinema, talvez um curta seja um bom começo, principalmente pela visibilidade, mas não necessariamente a levará para um longa-metragem. O importante é observar e aprender ao máximo para quando este longa vier a pessoa vai estar preparada.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Não há receita. Eu penso sempre no público, torço pra dar certo e faço as coisas que acredito. Se você descobrir a receita me conta! :)

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Sinceramente tenho pensado bastante em todos os campos do que é ser um artista. Me encanta e ideia de dirigir e escrever, mas só futuramente.

Zaira Bueno


Atriz. Atuou em ‘Amor, Palavra Prostituta’; ‘A Fábrica das Camisinhas’; ‘O Rei da Boca’; entre muitos outros filmes.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Eu acho que o curta-metragem e uma forma de cinema bem pessoal, onde o diretor e a produção se envolve de uma forma bem mais artística e não corre muitos riscos, e isto da uma certa tranquilidade, e ajuda na forma de expressão.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Fiz como atriz alguns curtas aqui em Los Angeles e em New York e foi muito bom esta coisa intimista, pessoal. Trabalhei com Paul Warner que dirige muito teatro e professor na UCLA. Ele assistiu uma apresentação minha da ‘Valsa Numero 6’ de Nelson Rodrigues na UCLA, e me procurou para participar de um curta sobre imigrantes, foi bem legal, e passou no Tribeca Film Festival em New York. Com Luke Matheny fiz um curta junto com alunos da NYU esta em fase de produção. Fiz um documentário com a equipe de cinema da UCLA sobre Halloween. Fiz outros curtas com estudantes e professores aqui em Los Angeles.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Aqui em Los Angeles o curta-metragem é mais valorizado que no Brasil, tem milhares de curtas passando nos cinemas independentes daqui e esta sempre saindo matérias nos jornais e revistas. Curta aqui tem tudo a ver com arte.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Acho que posso comparar o publico de curta-metragem do Brasil meio que como o de teatro. Você sabe como e difícil a vida do ator de teatro no Brasil, não? Principalmente se ele não esta na mídia, ou participando de algum evento ou alguma novela na TV. Infelizmente o público brasileiro que admira a arte em si, e procura alguma coisa mais profunda é muito pouco. Isto é uma realidade. A maioria gosta de coisa mais popular, que o faça rir, sem precisar pensar muito. Acho que e esta coisa carnavalesca brasileira do samba, suor e cerveja, que faz o Brasil ser leve e maravilhoso. Pena que são poucos os intelectuais. Para atingir mais publico ai no Brasil, os curtas deveriam ter um lado mais popular, ou algo que chocasse um pouco as pessoas, pois o brasileiro tem muita energia, muita emoção, coisa meio encucada não pega.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Acho o curta-metragem uma coisa maravilhosa para liberdade de expressão, e as vezes não precisa muito para se conseguir um bom resultado.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
E acho sim que é um trampolim para fazer um longa-metragem e aquela coisa popular "já estamos com a mão na massa".

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Para vencer no audiovisual brasileiro quando eu falo que fazer filmes de curta com uma história que atinja o povo, de interesse popular, o bom seria conseguir fazer um curta com uma história real de algum acontecimento que tenha chamado a atenção do povo e contar de uma forma artística sem muita intelectualidade algo estratégico digamos assim.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Eu estou preparando um roteiro e vou dirigir um filme curta-metragem este aqui em Los Angeles, estou fazendo um curso de digital movie no Santa Monica College . Meu curta fala de uma forma diferente deste tão famoso “sonho americano”.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Allan Deberton


Formado em Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ), em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual do Ceará e Mestrando em Comunicação – Fotografia e Audiovisual na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi Júri de vários festivais de cinema. Trabalhou com preservação de filmes no Centro Técnico Audiovisual – CTAV, Ministério da Cultura.Doce de Coco’ (2010), seu filme de estreia, participou de 50 festivais em 12 países, ganhando 25 prêmios e indicado ao Grande Prêmio de Cinema Brasileiro 2012. Possui experiência nas áreas de roteiro, produção e direção.

Qual a importância histórica do curta-metragem na filmografia nacional?
Muito importante. Antes tinham a visibilidade através da Lei do Curta, em que os filmes eram exibidos antes de longas-metragens. Depois de um tempo no limbo (ninguém cumpre a Lei), abriu-se oportunidade para o gênero hoje, através da Lei da TV Paga. A situação está um pouco mais promissora, mas acredito que ainda esteja muito restrita. É uma pena, pois considero que o melhor da produção brasileira de cinema hoje está no curta-metragem.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
A oportunidade de fazer bons filmes, exercitar o ofício de roteiro, produção e direção, conhecer gente nova, fazer amigos, descobrir novos atores e atrizes, experimentar, aprender... Se a história me chama atenção, se rende um bom filme, certamente terei desejo de fazer o filme.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Realizei alguns filmes universitários, enquanto fazia curso de Cinema na Universidade Federal Fluminense, em Niterói (Rio de Janeiro). Meu primeiro filme, rodado em 35mm, ‘Doce de Coco’, produzi na minha cidade natal, Russas, interior do Ceará. Foi uma experiência e tanto! Acabou que o filme fez enorme sucesso, exibido em 50 festivais de 12 países, ganhou 25 prêmios, indicado ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro e ainda exibido em 3 canais de TV.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Não sei se a regra vale para todos. Há alguns jornais mais sensíveis ao gênero, mais abertos, inclusive antenados com a recente valorização do formato. Hoje há muitos festivais de curtas, exibem os filmes na TV, no Youtube! Há bons filmes, muita coisa boa que merece maior cobertura. Existe uma divulgação especializada, mas realmente falta uma maior valorização perante os grandes jornais. Já tive oportunidade de ter meu trabalho divulgado em jornais e blogs, mas sei que não é uma constante. Ideal é que fosse mais difundido a importância do curta.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Antes dos longas-metragens seria realmente uma boa opção, mas acho muito complicado a não ser que o governo se imponha, como se impôs na Lei da TV paga que está, aos poucos, funcionando. Já tive oportunidade de ver vários curtas lindos no Programa Petrobrás às 6, na Rede Cinemark, em que exibiam curtas gratuitamente. Sinto falta desse programa, deveria ser mais difundido. A ideia era ótima.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Com certeza! São produtos mais autorais, menos engessados, mais colaborativos. Contribuem muito para o desenvolvimento dos longas. De curtas saem profissionais pra TV, webseries... O processo é uma escola. 

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Não necessariamente. Conheço muitos curta-metragistas de carteirinhas, que realmente só querem fazer curtas. Acho legal isso. Mas todos sabemos que o formato funciona como uma escola. Depois de alguns curtas realizados a maioria dos realizadores realmente deseja voar mais, contar histórias maiores, atingir um público maior. O processo faz parte e, graças a isso, temos tantos longas-metragens maravilhosos surgindo. 

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Existe uma receita? Se souber divulga, estamos todos procurando... É tudo muito difícil, tem que querer muito. Não é um trabalho valorizado. São sonhos. 

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Sim. Nada é mais gratificante que ver o curta na tela, sendo exibido. Nessa hora todo o sacrifício parece ter valido a pena.

Marcelo Lordello


Cineasta. Fazem parte de sua filmografia as obras ‘Garotas de Ponto de Venda’; ‘Fiz zum zum e pronto’; ‘Nº 27’, ‘Vigiasé’ (seu primeiro longa-metragem documentário); entre outros.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Comecei a fazer curtas na época da universidade. A vontade de fazer cinema, algo que já me inquietava desde a minha cinéfila de adolescência, já me acompanhava desde muito cedo. O ambiente universitário, novas amizades e vontades compartilhadas tornaram possível as minhas primeiras experiências com cinema.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Foi quando tudo começou, na verdade. Nunca passei por uma universidade ou faculdade de cinema. Então a experiência inicial era muito baseada na minha cinéfila anterior, e num certo autodidatismo, leitura de livros e internet sobre cinema e técnicas de cinematografia. Íamos aprendendo enquanto fazíamos os curtas. Digo nós, lembrando que era uma experiência de um grupo.  O mais legal de tudo isso era que tínhamos liberdade para realizar nossas ideias, já que o que nos guiava, direcionava era apenas a vontade de fazer os filmes e dizer algo que pensávamos através deles.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acho que esses espaços midiáticos que você citou estão mais vinculados a uma lógica de mercado.  E curta não vende, então.... Mas é muito interessante a repercussão dos curtas através de blogs e pela crítica da internet. Vide cinética, contra campo, filmes-polvo e afins.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Amigos mais velhos me dizem que curtas-metragens eram exibidos antes de longas nas salas comerciais.  Parece que existia uma lei que imponha isso. Gosto muito da ideia e acho que seria uma ótima forma dos filmes chegarem ao grande público. Mas a internet é um ótimo canal para que o público alcance os curtas, tanto através de sites especializados em curtas, sites de cinema, sites das produtoras, ou Youtube! e Vimeo.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Sim. Tanto quanto o longa-metragem.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Acredito que o que meramente diferencia o curta do longa-metragem é a duração. Ambos são cinema. A relação entre ambos é horizontal.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Pergunta isso pro Padilha, eu que não sei, nem quero saber. Quero apenas continuar a fazer meus filmes.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Claro! Só estou esperando a próxima ideia surgir.


Cláudia Missura


Atriz. Atuou em ‘Domésticas’; ‘Cristina Quer Casar’; ‘O Menino da Porteira’; entre outros.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Uma boa história, um diretor bacana, atores que admiro. Enfim, uma boa equipe! E um personagem que me inspire...

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Fiz poucos curtas: ‘A Lata’, de Leoplodo Nunes (acho que foi o meu primeiro); ‘Limbo’, de Andrés Bukowinski (fiz com o Caco Ciocler, que conheci quando estudei na EAD); ‘Uma Confusão Cotidiana’, baseado numa crônica de Franz Kafka, com direção do meu amigo Marat Descartes. Cada um teve um sabor diferente. Sempre foi uma experiência prazerosa! Foram processos muito intuitivos na composição dos personagens e a alegria de estar com amigos.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Muitas coisas bacanas não tem espaço na mídia em geral. E realmente não sei porque. Mas, acredito que o nosso cinema cresceu muito nos últimos anos e quem sabe talvez possamos ganhar mais esse espaço...

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Acho que tudo é uma questão de cultura. Se conseguirmos mais leis de incentivos, mais espaços serão cavados para as exibições. Talvez fosse bacana assistirmos um curta no cinema antes do longa-metragem. Será que despertaria mais interesse no público pelos curtas? Precisamos desenvolver essa relação curtas e público. Talvez ingressos mais baratos, exibição em escolas, em praças públicas...

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Acho que sim. É um grande campo de liberdade de experimentação. Nas minhas experiências eu senti isso. Trabalhando com amigos e brincando muito, sem medo de errar.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Acho que pode ser um primeiro exercício tanto pro ator quanto pro diretor.  Sempre que você faz um curta vem uma expectativa de que uma hora virá um longa. Mas, não tem regra.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Uma boa ideia e as pessoas certas envolvidas. Pra tudo!

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Não, dirigir não. Mas, atuar, quem sabe? Adoraria!

Beto Brant


Cineasta. ‘Aurora’; ‘Dov'e Meneghetti?’; ‘Jó’; são alguns dos curtas-metragens que dirigiu.

Qual é a importância histórica do curta-metragem na filmografia brasileira?
Todos os grandes cineastas passaram pelo curta-metragem. E muitos deles continuam no curta.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Participo quando o que tenho a minha frente é tema ou assunto da extensão do curta. Como me disse certa vez o Marçal Aquino: o longa está para o romance assim como o curta está para o conto. A essa ideia somo os poemas, as crônicas, os ensaios e os haikais.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Os jornais é que já estão com pouco espaço na mídia. O cinema, seja ele em que formato for, já abriu muitas outras frentes de divulgação e reflexão.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
O meio mais eficiente hoje em dia é a internet. Mas acho muito boa essa ideia mais comum de fazer uma sessão de curtas programada nos cinemas de arte. Seria mais legal ainda se eles fossem programados separadamente em sessões intercaladas aos longas, com seus nomes divulgados na programação e com o preço do ingresso reduzido proporcionalmente. Será que os exibidores topariam?

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Total!

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Não usaria essa palavra. Mas entendo o que você quer dizer. Tem gente que faz curtas e não tem vontade de fazer longas. Seja porque se sente a vontade nesse meio de expressão, sua concisão, sua potência, sua liberdade ou porque não se sente mesmo disposto a enfrentar as dificuldades de levantar a produção de um longa-metragem. Por outro lado, tem gente de muita energia que faz longas com equipes muito reduzidas ou mesmo sozinhos, usando equipamento digital e chamando os amigos pra dar uma força. 

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Receita não tem, se não seria fácil. 

Suyene Correia Santos


Possui graduação em Comunicação Social pela Universidade Federal de Sergipe (2002) e Pós-graduação 'Lato Sensu' em Jornalismo Cultural (2005) pela Universidade Tiradentes. É autora do blog ‘Bangalô Cult’.

Qual é a importância histórica do curta-metragem na filmografia brasileira?
Num país como o Brasil, onde não existe uma indústria cinematográfica forte, o début para muitos cineastas é o curta-metragem. Na década de 1980, houve um boom na produção de filmes neste formato e vários festivais começaram a ter mostras competitivas de curtas em sua programação. Praticamente, os filmes de curta-metragem têm os festivais como suas principais (ou únicas) janelas já que a Lei do Curta não é colocada em prática. A importância do curta-metragem na filmografia brasileira dá-se, principalmente, como um exercício do fazer cinema para vários diretores que, depois despontaram em longas. O grande exemplo atual é o Kléber Mendonça Filho.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acredito que o principal problema seja a falta de espaço na mídia para a cultura em geral. Um grande jornal como O Estado de São Paulo, anunciou mudanças radicais, suprimindo suplementos, a exemplo do Sabático (dedicado a Literatura). Se lembrarmos que no advento da chegada do videocassete ao Brasil, tínhamos vários veículos dedicados ao cinema e, hoje, praticamente, só temos duas ou três publicações de circulação restrita, então temos o problema do espaço, da prioridade de pauta para os longas e da questão de se falar de um produto que dificilmente será visto pela massa.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Acho que a Lei do Curta precisaria, de fato, funcionar e projetos como o Curta Petrobras às Seis voltar à ativa.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Não só um curta, mas o longa também, desde que o trabalho seja essencialmente independente. 

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Não necessariamente. Mas pode ser um bom cartão de visitas para o realizador, atores, equipe técnica. De qualquer forma, dirigir um longa demanda uma logística bem mais complexa do que um curta.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Perseverança e um bom patrocinador (de preferência).

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Estou com um projeto engavetado que tentarei colocar em prática.