segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Zootropo na TV Cronópios

 
Neste novo episódio do Programa Zootropo, Rafael Spaca conversa com o diretor, produtor e roteirista Paulo Morelli. Paulo, junto com Fernando Meirelles e outros, fundou a Olhar Eletrônico, produtora independente e um tanto anárquica para a época. Mais tarde a Olhar Eletrônico se tornaria a O2 Filmes.
 
Seu primeiro curta "Lápide" ganhou melhor filme em 4 festivais. Paulo Morelli dirigiu 4 longas: "O Preço da Paz" (melhor filme juri popular em Gramado e Tiradentes), "Viva Voz" (melhor filme internacional no New York Independent Film Festival), "Cidade dos Homens" e "Entre Nós". Desenvolveu um software para ajudar no trabalhos de roteiristas, é o "Story Touch". Saiba tudo isso e mais, assistindo agora mesmo no Zootropo.
 
vo Zootropo.

Agradecimentos especiais:
Paulo Morelli
Laure Bacqué
Miguel de Almeida
Cleo Araujo
Roberto Bicelli

Apresentação:
Rafael Spaca

Produção:
Rafael Spaca
Paulo Ortiz
Jorge Miyashiro
Roberto Ventura
Pipol

Direção:
Pipol

Apoio:
Reserva Cultural de Cinema
Editora Verve
Agradecimentos especiais:
Paulo Morelli
Laure Bacqué
Miguel de Almeida
Cleo Araújo
Roberto Bicelli
 
Apresentação:
Rafael Spaca
 
Produção:
Rafael Spaca
Paulo Ortiz
Jorge Miyashiro
Roberto Ventura
Pipol
 
Direção:
Pipol
 
Apoios: Reserva Cultural de Cinema e Editora Verve.

Paulo Morelli
Laure Bacqué
Miguel de Almeida
Cleo Araujo
Roberto Bicelli

Apresentação:
Rafael Spaca

Produção:
Rafael Spaca
Paulo Ortiz
Jorge Miyashiro
Roberto Ventura
Pipol

Direção:
Pipol

Apoio:
Reserva Cultural de Cinema
Editora VerveAgradecimentos especiais:
Paulo Morelli
Laure Bacqué
Miguel de Almeida
Cleo Araujo
Roberto Bicelli

Apresentação:
Rafael Spaca

Produção:
Rafael Spaca
Paulo Ortiz
Jorge Miyashiro
Roberto Ventura
Pipol

Direção:
Pipol

Apoio:
Reserva Cultural de Cinema
Editora VerveAgradecimentos especiais:
Paulo Morelli
Laure Bacqué
Miguel de Almeida
Cleo Araujo
Roberto Bicelli

Apresentação:
Rafael Spaca

Produção:
Rafael Spaca
Paulo Ortiz
Jorge Miyashiro
Roberto Ventura
Pipol

Direção:
Pipol

Apoio:
Reserva Cultural de Cinema
Editora VerveAgradecimentos especiais:
Paulo Morelli
Laure Bacqué
Miguel de Almeida
Cleo Araujo
Roberto Bicelli

Apresentação:
Rafael Spaca

Produção:
Rafael Spaca
Paulo Ortiz
Jorge Miyashiro
Roberto Ventura
Pipol

Direção:
Pipol

Apoio:
Reserva Cultural de Cinema
Edit

domingo, 28 de setembro de 2014

Marta Larralde

 
Atriz espanhola. No cinema atuou em “Onde esta a felicidade?”, (2010), de Carlos Alberto Riccelli; “4.000 euros”, (2008), de Richard Jordan; “Hotel Tívoli”, (2006), de Antón Reixa, entre outros.
 
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Sobretudo o roteiro, a historia que se vai contar e por quê se quer contar. Depois o entusiasmo e o amor do diretor pelo projeto. Para mim é um privilegio que uma pessoa queira que eu seja a atriz do seu filme
 
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Penso que não se da a difusão que se merece. E também há pessoas que pensam que o curta é somente um exercício para fazer um longa pois creio que muitos curtas superam os longas. É mais difícil fazer um curta do que um longa.
 
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Creio que deveria ter exibições de curtas nos cinemas antes do filme longa-metragem, no lugar da exibição de publicidade. Em Madrid , há um cinema que funciona assim, e é maravilhoso!
 
É possível ser um cineasta apenas de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Algumas pessoas vivem de prêmios que recebem nos festivais de curtas, mas não são muitos...  Mas, repito, muitos curtas não tem nada a dever a longas.
 
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Eu acho que não. Ao contrário, há cineastas mais reconhecidos pelos seus curtas e muitos cineastas reconhecidos fazem longas sem deixar de dirigir seus curtas. O importante é contar histórias que cheguem ao coração. Na Espanha se fala: “LO BUENO, SI BREVE, DOS VECES BUENO”.
 
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Sempre quis dirigir, mas agora só penso em atuar.
 
Espero que, com o passar dos anos, tendo aprendido muitas coisas, a realizar esse sonho de dirigir. Tenho histórias para contar. Adoro a técnica cinematográfica.

sábado, 20 de setembro de 2014

Zootropo na TV Cronópios


A história do cinema brasileiro contada por seus protagonistas vai fazendo história também no programa Zootropo. 

Entrevista com Galileu Garcia, veterano da Companhia Vera Cruz de Cinema. Viu nascer o grande comediante Mazzaropi e participou como assistente de direção do filme O Cangaceiro, o maior sucesso comercial mundial do cinema brasileiro de todos os tempos. 

Assista agora essa nova e original produção da TV Cronópios.

Apresentação:Rafael Spaca.

Produção: Rafael Spaca, Paulo Ortiz, Jorge Miyashiro e Pipol.

Direção: Pipol.

Acessem: http://www.youtube.com/watch?v=DS5wydfJ0H8&feature=youtu.be

Raul Arthuso


Cineasta e editor. É dele o curta-metragem “Master Blaster – Uma aventura de Hans Lucas na Nebulosa 2907N”.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
A grande parte dos curtas-metragens em que trabalhei foram dirigidos por amigos que conheci durante a faculdade na USP. Então, eu diria que a primeira razão é a afinidade com as pessoas envolvidas. Porém, há também outros aspectos, como o dinheiro. Não que a produção de curta-metragem pague muito bem, mas já trabalhei na equipe de som direto de alguns filmes para ajuda no orçamento do mês, ainda que eu não conhecesse grande parte da equipe.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
A principal razão está clara: o curta não é exibido em circuito comercial e os meios impressos tomam a agenda das salas como referência para suas pautas. Algumas revistas eletrônicas como a Cinética e a Filmes Polvo dão destaque com textos para os curtas em suas coberturas de festivais. Mas a crítica semanal nunca fala de curtas-metragens porque são obras restritas ao circuito de festival. E a mídia segue o dinheiro...

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
A lei que obriga a exibição de um curta antes de qualquer longa projetado em sala comercial caiu em desuso. Existe, mas ninguém faz. Tentar colocá-la em prática não parece tão viável mais, pelo menos não em tempos de salas de shopping. O Espaço Unibanco em São Paulo fazia eventualmente uma sessão de curtas no horário das seis da tarde. Iniciativas como essa são escassas mas uma via interessante de acostumar o público. A questão é como popularizar o espectador com a idéia de ver um curta. Um espaço interessante para conseguir mais difusão seria a TV, pela duração que permite maleabilidade às emissoras. Talvez fosse o caso de uma política visando esse intercâmbio entre o curta e a TV. Mas o grande meio hoje, ainda pouco explorado pelos produtores ao meu ver, é a internet. Parece a alternativa pra um formato que, por razões mercadológicas, tornou-se alternativo.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
No cinema tudo é possível. Claro que o formato consagrado pela grande indústria e o cinema de arte é o longa. Mas é possível construir uma identidade só pelo curta, como o Eduardo Valente e o Kleber Mendonça Filho. Este último, por exemplo, vai estrear em longa após uma bela carreira em curta, que o consagrou como cineasta com adoração crítica, participação em festivais importantes e diversos prêmios. Mas o mais importante é que seus curtas não são meros aprendizados para um possível longa: seus filmes são explorações interessantes das possibilidades narrativas do formato. Sua estréia em longa m parece mais uma necessidade de contar uma história maior do que o desembocar de uma série de curtas. Outro fator complicador é a profissão: se já é difícil sobreviver financeiramente no Brasil como diretor de longas-metragens, apenas com curtas é quase inviável, se você não tiver outra forma de sustento. Isso de alguma maneira se impõe certa hora.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Não sei se isso acontece. Pode ser que já tenha acontecido, hoje não vejo. Há o caso interessante da turma da “Alumbramento” que apesar de já realizar longas sempre se volta para o curta-metragem, assim como o faz também o Cao Guimarães. O curta-metragem foi muito importante nos anos 90, antes da retomada e eu arriscaria dizer que muito do que de mais interessante aconteceu no cinema brasileiro nos ano 2000 foi na produção de curta. O que acontece, de fato, é que a restrição à exibição dos curtas ao circuito de festivais impede muitas vezes que quem não participa desses eventos veja os filmes. Assim, me parece que depois que um cineasta deixa de fazer curtas, ele dificilmente vê curtas se não por acaso ou se o diretor bater na porta do cara e der uma cópia pra ele (às vezes nem assim). Mas entre os diretores mais novos, acredito que nenhum tenha qualquer questão em realizar um novo curta, mesmo depois estrear em longas-metragens.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Já dirigi dois curtas durante a faculdade e tenho idéias de curtas que desejo realizar. Acho importante ter em mente tentar realizar algo que explore o formato e fuja de ser um “longuinha”.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Zootropo na TV Cronópios

 
A história do cinema brasileiro contada por seus protagonistas vai fazendo história também no programa Zootropo.
 
Entrevista com Geraldinho, o "operário do cinema", como é conhecido. Conheça esse personagem que mereceria virar filme.
 
Assista agora essa nova e original produção da TV Cronópios.
 
Apresentação: Rafael Spaca.
 
Produção: Rafael Spaca, Paulo Ortiz, Jorge Miyashiro e Pipol.
 

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Cíntia Bittar

 
Cineasta. Diretora do premiado curta-metragem "Que Queijo você Quer?".
 
Qual a importância do formato de curta-metragem na filmografia brasileira?
Filmes de curta-metragem são importantes em quaisquer filmografias de quaisquer países e por vários motivos: experimentação de linguagem, estudo do cinema, prática de produção, movimentação dos mercados de trabalho, festivais de cinema... No entanto, e acima de tudo, algumas histórias não servem para serem contadas em duas horas, mas em alguns minutos.
 
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
O processo de produção do curta é mais rápido que do longa-metragem. Portanto em um determinado tempo eu consigo fazer mais filmes de curta duração, aprendendo sempre mais em cada projeto que trabalho. Na fase em que me encontro hoje, o aprendizado - aliado à prática e à experimentação - é fundamental e constante.
 
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Os longas são mais comentados e criticados pois possuem mais possibilidades de distribuição e exibição tendo, por consequência, mais público. Quando há janelas de exibição para os curtas-metragens, há também visibilidade na mídia e em críticas especializadas, como ocorre em cobertura de festivais de cinema, por exemplo.
 
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Acredito que, além do circuito de festivais, os curtas poderiam ser exibidos em salas de cinema comerciais através de uma reformulação da Lei do Curta (1975). Na minha opinião, os curtas deveriam ser exibidos ao final do longa-metragem, para que o espectador não o receba como uma obrigação e sim como um convite. Quem quiser ficar para assistir ao curta após a sessão fica. Quem não quiser, vai embora, sem causar grandes revoltas. Seriam curtas até 15 minutos, como determina a ANCINE, a serem selecionados pela parte do exibidor ou patrocinador do projeto. Em Porto Alegre existe um projeto bastante pertinente nessa via, que é o Curta nas Telas. A televisão também é sempre uma opção. Há alguns canais que exibem curtas em sua programação, no entanto são poucos e também é pouca a divulgação em torno dos filmes. Depois de passar por festivais também é interessante pensar na exibição pela internet, novas mídias e mídias alternativas, como espaços de metrôs, aviões, etc...
 
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Embora eu reduza o curta dessa maneira, ele é sim tratado como um trampolim para se filmar um longa. Mas eu acredito que o curta é um filme como qualquer outro, no entanto, com duração menor. Não é porque dura menos que é menos Cinema, menos filme. Um conto não é menos literatura que um romance. É a duração e a maneira de contar a história - e suas ferramentas narrativas - que podem mudar. Pior é fazer um filme de curta duração que mais parece um pedaço de um longa, ou então um longa arrastado e interminável, que teria sua história melhor estruturada em um tempo de 15 minutos.  Pode existir um cineasta apenas de curta, apenas de longa, apenas de documentário, de ficção, de animação, transmídia... São muitos os formatos, que devem se adequar à história a ser contada e partilhada com o público.
 
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Por alguns cineastas sim, por outros não... Difícil generalizar. Eu encaro o curta-metragem como um desafio narrativo. Não é tarefa fácil contar uma história que estabeleça um diálogo com o público e o satisfaça em quinze minutos.
 
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Claro. Tenho algumas histórias que são perfeitas para narrativas curtas. Eu gosto de trabalhar em torno da história. Quando escrevo um argumento, ou leio algum de outro roteirista, logo penso qual é a melhor maneira de trabalhar o enredo. Prefiro trabalhar com a forma em função da história, e não o contrário.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Abel Roland


Cineasta, roteirista, maestro e compositor. É dele o premiado curta-metragem “O Cão”.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Geralmente as produções de curta-metragem que eu participo são produções das quais eu faço parte da equipe como roteirista ou diretor. Neste sentido, dificilmente participo de uma produção que não seja minha mesmo e que o motivo para ter feito não seja o próprio fato de eu querer me expressar através do audiovisual. Para o caso de eu ser convidado para uma produção de outra pessoa o principal motivo para eu aceitar participar é eu reconhecer no projeto algo que eu ache interessante e que possa ajudar a fazer o melhor filme possível. Quando o filme não é meu, não precisa ser exatamente o "filme que eu faria", mas tem que ser um filme que dialogue de alguma maneira com o que eu creio interessante como cinema. É o caso do cinema autoral, por exemplo. Se um autor me convidar para ajudar em um projeto dele e ao ver o projeto, não é exatamente o tipo de cinema que me agrada, mas é um filme interessante que mostra o pensamento de um "autor" por trás dele, eu irei ajudar o máximo para que o filme mostra esta autoria, mesmo não tendo a estética que eu usaria no filme. Neste ponto eu sou bem chato, pois eu sou formado em música na especialidade de composição musical e neste ramo desenvolvo também vários tipos de atividades. Então, apesar do cinema autoral ser um trabalho difícil, muitas vezes solitário e com pouca grana, eu acredito e tento ajudar a disseminação DESTE cinema, preterindo o cinema mais voltado apenas para o entretenimento. O entretenimento é legal, mas quando a arte é preterida à ele, eu acho que as coisas começam a se complicar um pouquinho. Precisa haver um balanço entre um e outro. Por isso, se for para fazer um cinema que eu não acredite eu prefiro voltar para a música. Como o pessoal do cinema autoral tem pouco espaço, acho que é necessário que todas as pessoas que acreditem neste cinema peguem juntos para se ajudar mutuamente. Cinema é uma arte extremamente coletiva!

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acho que isto parte de uma concepção cultural que está arraigada na sociedade. Existe uma certa tendência que acredita que todo o diretor necessita começar filmando em curta para poder "treinar" suas habilidades e, quando for suficientemente capacitado, começar a filmar em longa. Creio que esta tendência tenha a ver com a própria história do cinema, que começou com pequenas histórias e a medida que os diretores foram ficando mais ousados, foram querendo contar histórias mais complexas e necessitaram de mais tempo para isso. A partir disto, do meu ponto de vista, criou-se o conceito de que filmes "complexos" só podem ser de grande duração e que o curta serve mais como teste de linguagem ou mesmo para trampolim para longas do que realmente um exercício estético de criar uma obra audiovisual interessante contada em pouco tempo. o Jorge Furtado uma vez disse que isso é uma coisa bem inusitada, pois nunca se vê alguém dizer que tal livro é melhor que outro por causa do número de páginas, ou que alguma música fosse melhor que outra por ter uma duração maior ou menor, mas no cinema isto acontece, ainda que veladamente. Acho que é necessário mudar urgentemente esta mentalidade, mas acho que isto precisa mudar pela raiz, ou seja pelos diretores de curtas. No festival de Gramado andei batendo um papo com um amigo diretor que me contou que estava no seu sétimo curta, porém para ele aquele era seu primeiro curta, pois os outras eram longas que foram diminuídos. Eu acho muito importante atentar para este fato porque é justamente o que eu noto na maioria dos curtas que eu vejo. É TUDO MUITO CHATO (risos). Brincadeiras à parte, eu acho que grande parte dos diretores de curtas ficam se preocupando em contar muita história, em explicar muita coisa e no final o filme fica parecendo um longa com uma duração menor. Para os curtas serem valorizados é necessário que eles mantenham o espectador com um nível de interesse no filme extremamente alto. Para isto eu acho que a história, a situação apresentada ou mesmo a proposta central do filme seja CURTA E GROSSA! Para mim o curta não pode cometer o pecado de ficar esmiuçando explicações que em um longa são necessários, mas que em um curta muitas vezes parecem até redundantes. Em suma, para o curta ser valorizado é necessário uma quebra de paradigmas na sociedade, mas esta quebra tem que começar pela conscientização dos realizadores de que curta não é longa, que tem vantagens e desvantagens frente à um longa e que é necessário exaltarmos estas vantagens e não tentar mascarar as desvantagens.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Olha, esta é uma pergunta bem complexa, da qual eu tenho algumas respostas mas acho que as respostas não são tão simples quanto eu as concebo, por que não é possível que eu tenha pensado tão rápido em uma resposta boa e ninguém tenha atentado para isto (risos). Acho, em primeiro lugar que uma boa iniciativa são os canais que tem programas voltados para o curta e os sites na internet (se o porta curtas não existisse meu repertório de curta seria bem menor). Para mim a internet dá uma boa vantagem para o curta frente ao longa. É só pensarmos em Youtube! que conseguimos tranquilamente nos imaginar vendo um curta nele, mas quando pensamos em longa temos que pensar no tempo que vai levar para ele carregar, que vamos ter que ver a parte 1, 2, 3.... 100 do longa, que vamos ficar por um longo tempo na frente de uma telinha pequena para ver o filme, coisas que não nos incomodam tanto em um curta. Outra maneira de exibição interessante são os ciclos de curtas que certas vezes algumas exibidoras de cinema fazem. Acho que a questão da "lei-do-curta" é uma boa tentativa, mas não tem como dar certo. Não dá para obrigar, nem uma pessoa a ver o meu filme sendo que ela está lá para ver outro, nem o exibidor a exibir meu filme a fórceps. Porém, acho que se existisse um diálogo um pouco maior entre produtores/distribuidores e exibidores poderia haver meios alternativos. Um exemplo: Estes dias estava de viagem marcada para o dia seguinte e precisei comprar um casaco de última hora. Fui ao shopping, experimentei e comprei o casaco, mas precisava ajustar. A loja fazia isto na hora, porém levava 45 minutos para ser feito. Eu odeio passear em shopping, daí tive que ficar 45 parados esperando para pegar o casaco. Ao fazer isto, pensei que não dava para ir ao cinema e assistir um filme, pois perderia muito tempo mas, como todos os shoppings possuem multiplex de cinema, se pelo menos uma sala (poderia até ser uma de tamanho menor) possuísse um repertório reservado ao curta isto seria interessante. Uma sala de alta rotatividade, onde a cada quinze minutos passasse um outro filme. O preço poderia ser um quarto do preço normal do longa, o que faria com que muito mais gente fosse ver o curta e ao mesmo tempo que as pessoas que, como eu, não gostam de passear em shoppings, pudessem se distrair um pouco sem perder as duas horas do longa metragem. Além disso, matematicamente falando, o exibidor poderia aplicar o preço de um quarto do preço do longa que, em teoria, lucraria o dobro, pois se pegarmos a média dos curtas como quinze minutos e do longa como duas horas, no tempo de um longa passariam oito curtas, o que daria o dobro do faturamento se o preço fosse um quarto do ingresso. Lógico que não estou considerando procura do público, mas tenho certeza que tem muita gente no ócio no shopping e sem saco para ficar duas horas dentro do cinema, é um público em potencial. Acho que alguma coisa está errada nesta minha teoria, pois foi concebida tão simples e rapidamente que não deve dar tão certo, mas gostaria de arriscar para ver se dá certo (risos).

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Interessante esta pergunta. Estive com meu filme O Cão em junho de 2011 no Huesca Film-Festival, um festival espanhol grande e importante de curtas. Lá eu conheci dois diretores finlandeses, o Hannes Vartiainen e o Pekka Veikkolainen. Conversando com eles descobri que eles tem uma produtora e trabalham exclusivamente com curtas. Achei bem legal isto, pois é um caminho possível com um pouco de esforço. Troquei mais algumas idéias com eles e vi que é relativamente fácil trabalhar com curtas, desde que haja uma grande produtividade. Se pararmos para pensar, um longa que custe menos de 500 mil no Brasil, provavelmente terá muita gente trabalhando no amor. Mas vamos pegar este valor (500 mil) como longa de baixo orçamento (a Petrobrás considera como  B.O. um filme até um milhão mais ou menos). Se eu gastar 500 mil, para este dinheiro voltar para mim eu preciso ter um plano bem preparado de distribuição. Já um curta de baixo orçamento vai variar entre 10 e 30 mil. O prêmio de quase todo festival um pouco mais importante no Brasil está em torno disto. Ok, confiar em prêmios de festival é como confiar no guarda-costas da família Kennedy e como o Cláudio Assis me disse esses dias: “Cabeça de jurado é como bunda de nenê, nunca se sabe quando vai sair a m...”, mas ainda assim existe a venda para as TVs e essa sim é possível. O Canal Brasil paga em media 10 a 15 mil para curta e lá em Huesca mesmo estávamos vendo e as TVs pagam um valor parecido (10 a 15 mil) só que em Euros. Ou seja, se eu consigo vender um curta de baixo orçamento para dois ou três canais, eu já paguei o filme e já tive um lucro que posso até fazer outro filme. E ainda tem a loteria dos festivais, que sempre alguém tem que ganhar. A questão é só o produto ter qualidade, pois quando tem qualidade consegue entrada em festivais e venda para canais especializados. O único problema é que isto toca numa das deficiências fundamentais do cinema brasileiro: distribuição.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Acho que sim e me incluo nisso. Acabei de me formar na faculdade de cinema e adivinha o que fiz para me formar? Dirigi um longa. Por que isso? Porque o longa é considerado o formato standard da indústria audiovisual e quando tive a oportunidade de dirigir um, ainda que em conjunto com outras pessoas fazendo com isto que o filme ficasse com uma cara mais grupo e menos autor, não titubeei. Não que isto seja ruim, agora acho super legal ver um filme com a cara de um grupo inteiro e não apenas de uma pessoa. É mais ou menos aquela coisa de ter um filho que tem os olhos do pai e a boca da mãe. No caso deste longa é um filme com características de um grupo de pessoas e não apenas de uma. Mas, voltando ao assunto do longa, não quis deixar passar a oportunidade de experimentar trabalhar em “grande escala” com o longa. Como não sabia quando teria outra oportunidade de fazer um longa quando saísse da faculdade, quis arriscar e fazer esta experiência ainda durante a formação. Neste momento acho que deixei de lado um pouco as minhas convicções para poder experimentar algo diferente. Agora estou tentando me redimir e estou fazendo projetos em ambos os tamanhos, para fazer o que eu disse antes de aproveitar as vantagens que um e outro (curta e longa) possuem.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Não sei se a pergunta era realmente dirigir um curta ou dirigir um longa. Mas em ambos os casos a resposta é sim. Como falei anteriormente, estou com projetos nas duas durações pois gosto de curtir aquela coisa do curta de uma produção mais enxugada, equipe menor, matar tudo em poucas diárias e etc, mas também gosto daquela grande preparação, detalhes intermináveis, semanas ou até meses de gravação que são comuns em longas. Acho que o lance é curtir o que eles podem dar de melhor e se divertir SEMPRE!

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Carol Fioratti


Formada em cinema pela FAAP, Caroline Fioratti trabalhou na Gullane Filmes como integrante do Núcleo de Dramaturgia da produtora. “Formigas”, seu curta-metragem de estreia, percorreu festivais nacionais e internacionais e recebeu diversos prêmios. “A Grande Viagem”, seu segundo curta-metragem, conta com o incentivo do Ministério da Cultura e teve sua estreia no Festival de Paulínia 2011. Recentemente, Caroline lançou uma websérie de humor chamada    Botolovers”, desenvolveu um roteiro de longa-metragem com o diretor Carlos Cortez, e escreveu “A Comédia Divina” com o diretor Toni Venturi. Atualmente, filma uma série infantil de ficção para a TV Cultura inspirada em seu curta A Grande Viagem.

Qual a importância histórica que o curta-metragem tem na filmografia brasileira?
O curta-metragem possibilita ao realizador um espaço de experimentação audiovisual e aprendizagem. Geralmente, é na realização de curtas que o cineasta vai explorando uma assinatura de linguagem, narrativa e temática. É nesse momento que surgem as questões: “O que falar?” e “Para que falar?”. O Brasil é um grande produtor de curtas-metragens com destaque em importantes festivais internacionais. A diversidade do Brasil está fortemente estampada nesses filmes curtos que possibilitam novos e diferentes olhares sobre a nossa realidade. 

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Como diretora, normalmente, os curtas que realizo surgem do meu próprio desejo de levar uma determinada história a tela. 

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acredito que porque eles não têm um espaço dentro do cinema comercial. Existem revistas eletrônicas mais especializadas que cobrem festivais de cinema e dão atenção para os curtas, mas ainda é um número pequeno. Quando – e se – o curta ganhar as salas comerciais, acredito que esse cenário poderá ser revertido. 

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Acho que o curta deveria ter um espaço nas salas de cinema do circuito comercial, mas para isso é preciso estudar uma política de distribuição. Não basta obrigar o exibidor a colocar um curta na programação antes de cada longa, pois como vimos, isso não teve um resultado muito positivo, uma vez que os exibidores não estavam felizes com a obrigatoriedade. É preciso estudar acordos para que a política seja boa tanto para o realizador como para o exibidor.

Outro espaço bom para o curta, é a televisão. Alguns canais como a TV Cultura, TV Brasil, Canal Brasil, exibem curtas-metragens. Mas é preciso ampliar a janela de exibição para esse formato. Uma iniciativa que parece ter tido sucesso é a da RBS no Rio Grande do Sul (segundo depoimentos de amigos curtametragistas gaúchos). Por ser a Globo local, as pessoas tem o costume de assistir aos curtas que são produzidos na região e financiados pela própria emissora. Mais iniciativas como essa ajudariam a produção e distribuição desse formato. 

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
O grande problema de ser um cineasta no Brasil é sobreviver financeiramente só de cinema. Assim, viver financeiramente apenas da realização de curtas-metragens é impossível. Mas você pode ser, por exemplo, um diretor de publicidade e optar por realizar curtas-metragens ocasionalmente e não ter o desejo de fazer um longa-metragem. Entretanto, acredito que na maioria dos casos, há o desejo de realização de um longa-metragem, por ser um novo desafio para alguém que tem como profissão ser cineasta. 

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Não. Os cineastas valorizam muito o curta-metragem pois sabem da importância dele na pesquisa de linguagem e narrativa. Mesmo os diretores de longa-metragem respeitam os curtametragistas, pois a maioria deles já teve o seu momento como realizador de curta.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Já dirigi e lancei dois curtas (“Formigas” e a “Grande Viagem”), estou finalizando um terceiro e preparando um quarto. Adoro curtas e quero
continuar.