quarta-feira, 25 de março de 2009

Paulo Caruso

Paulo trabalhou por muitos anos na revista ‘Istoé’, onde assinava a charge da semana com o título Avenida Brasil, que tratava principalmente de aspectos da política brasileira.

O cartunista tem um grande poder de síntese porque ele tem que passar um recado, uma mensagem em poucas linhas, em um desenho, e cineastas, especialmente os que trabalham com curta-metragem também. Então há uma analogia, você acha que é parecida a linguagem de um curta para um desenho, um cartum?
A história em quadrinhos na verdade é um cinema que se passa na cabeça do leitor, quando você vê, eu vi até uma tirinha do Laerte agora, que é exemplar, que é uma galinha lendo um livro com um óculos, um livro de idéias, de repente ela tem um sobressalto, aquele óculos pula da cara dela, quando ela sai do ninho, ela deu a luz a uma lâmpada. Então essa animação em três quadros você, quando lê, você realiza toda historia e a montagem na sua cabeça. Então a isso se explica um pouco o sucesso de alguns desenhos e tiras publicadas e não das animações, porque o leitor é capaz de realizar todo o processo industrial do cinema na sua cabeça, enquanto que para você realizar um desenho animado com a mesma versatilidade, expressão, entonação, dinâmica que o leitor tem é preciso um puta de um cineasta, então é uma analogia, mas é também uma diferença que as duas linguagens.

Recentemente vimos o Angeli, que teve o ‘Woood & Stock’, entrevistei recentemente o Laerte, o filho dele também fez um curta sobre as tirinhas dele, tem o Mutarelli. Você pensa em transferir esses desenhos, animar esses desenhos, dar vida a esses desenhos, talvez um curta-metragem?
Eu não penso não, inclusive porque primeiro eu não tenho um personagem, eu acho que o personagem facilita muito você criar o desenho animado, eu já criei algumas personagens, por exemplo, eu fiz uma história uma vez do Capitão Bandeira que foi uma das primeiras histórias em quadrinhos de um personagem brasileiro, só que uma gráfica nova do que a gente consegue hoje, e junto com a roteirista, o argumentista, e eu senti muito isso, quer dizer, tanto ele como eu, a medida que nós criamos o personagem, que ele adquire vida, ele tem vida própria e ai você começa a ser escravo dele, ele começa a te exigir coisas e você não consegue imputar nele coisas que não sejam da personalidade dele. Essa eu acho que é uma diferença que meu trabalho como chargista político não me permite, são todos personagens de vida pública, para você fazer uma animação disso é uma coisa complicadíssima porque ele vai exigir muito de um diretor de animação para fazer. Agora quando você cria o boneco, que ai é fácil concebê-lo e movimentá-lo que aí é maior.

Eu acho sim que esses trabalhos que estão acontecendo hoje em dia, do Laerte, são trabalhos evidentemente conseqüência da penetração que os personagens deles tiveram. Eu tenho alguns roteiros aqui de alguns estudantes que me propuseram fazer animações dos meus desenhos, quando eu fazia historia em quadrinhos também, “Mil e uma Noites” que vai sair agora uma coletânea, são muito pertinentes, mas é outro trabalho, eu não tenho essa pretensão de fazer animação do meu trabalho, meu trabalho para mim, enquanto o cara tiver mesmo aquele cinema que passa na cabeça do leitor, eu acho que estou bem assim não precisa entrar em conflito com o roteirista, iluminador, desenhista que é sempre uma coisa que me auto-satisfaça.

Você é um espectador de curtas?
Eu sou indiretamente, meu filho fez FAAP e se formou em cinema e tem dois ou três curtas aí e está participando de festivais, então em função disso eu tenho aprendido alguma coisa, por exemplo, eu vi agora uma seqüência que foi feita com animação, uns caras andando de skate nos EUA e sem o skate, o cara sem o skate faz uma coisa em cromaqui e o skate tem uma cor tal que você permite pelo fotoshop eliminá-lo, pelo computador eliminá-lo. Então é um trabalho de animação revolucionário que esta acontecendo, então eu estou um pouco por dentro disso, muito em função da evolução da espécie, meu filho que é cineasta vai me trazendo as informações. Outra coisa que eu vi recentemente, o ‘Borat’, que é aquele cara politicamente incorreto, chega a ser patético, uma coisa que na minha geração seria inconcebível porque a gente tem essa origem política ideológica em função dos anos que nós vivemos, da ditadura, da repressão inclusive. Então brincar com algumas coisas para gente é inadmissível, no entanto essa juventude tem essa liberdade, então eu estou informado mais ou menos, mas através muito da informação que os jovens me trazem.

Qual você acha que é o grande barato de um curta- metragem?
Eu me lembro de um trabalho de um cartunista também que era o Redi, que foi fantástico isso, porque é inimaginável. O Redi teve um infarto, morreu, foi descoberto aqui no Rio de Janeiro dias depois, e foi uma comoção muito grande, o cara na faixa dos 50 anos por ai, e ele tinha participado de um filme dos anos 60, na época do Pasquim, em que ele como personagem, era um estressado jogador da bolsa, inclusive morria no meio da rua e ninguém socorria, e as pessoas passam por cima dele. Tem uma hora que ele se toca e vai embora, eu tenho que fazer alguma coisa, então vai no orelhão, bota as fixas no orelhão e liga para os amigos, os amigos no Rio de Janeiro são todos ocupados em se divertir, ninguém tinha tempo para ele enquanto cadáver, morto no meio da rua e coisa do tipo e tal, e fala: Pô meu, mais que drama, pô meu, então faz assim, me liga na segunda-feira a gente vê isso aí. Então tá, então vou resolver sozinho, ele pega vai numa funerária, compra o caixão, escolhe o caixão dele inclusive, e o cara fala assim você financia, pode fazer em três vezes, é para o seu pai? Não é pra mim mesmo, então tem que ser a vista. Então ele vai, sai com o caixão e fica pensando primeiro em pegar um táxi, ai você vê a dificuldade do cara em pegar o táxi com o caixão de defunto assim como hoje alguns paraplégicos, falando sobre inclusão dos deficientes, vai pegar o táxi de cadeira de rodas, ninguém pára, ninguém socorre, o cara cai no meio da rua você passa por cima dele, você está ocupado par outras coisas, a desumanidade que a gente esta vivendo é uma coisa inerente a nossa condição. Aí ele pega e não consegue, ai ele passa o caixão por baixo, desolado, de repente as pessoas batucando, chama ele para tomar um chope ai ele vai se animando, começa a batucar em cima do caixão e vira para o garçom: Garçom mais uma aqui hoje, que eu quero beber até viver. Aí eu vi esse curta na frente da mãe dele, viúva, a mãe do filho morto, ela com 90 anos de idade, vendo o filme, o filho vivo, então essa capacidade que o curta tem primeiro prender o leitor, segundo, ser significante, terceiro, tornar o cara eterno, porque quem participa do curta é eterno, é eternizado.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Julio Villani

Julio Villani é artista plástico e usa recursos de vídeo para as suas instalações.

Você é um artista plástico, que gosta de trabalhar com vídeo. Conta um pouco dessa sua relação com o vídeo.
Olha, minha relação com o vídeo começa no ano 2000, mais ou menos, quando eu ganhei uma câmera Mini-DV, e eu começo na verdade a ter uma necessidade, que é uma necessidade que existe já algum tempo, de tentar registrar, ou fotograficamente, ou através de vídeo, algumas cenas que aconteciam no meu cotidiano de pintura e escultura no A.T.D., então a minha relação com o vídeo começa basicamente dessa forma.

E qual é a sua relação com o curta-metragem, já produziu algum ou assiste?
Não, eu não produzi nenhum, eu gosto muito de ver o programa que só apresenta curtas-metragens, mas eu não acho que os meus filmes são curtas-metragens, porque não tem história, tem só uma idéia que eu exploro essa idéia, nunca mais de 5 minutos ou 10 minutos. Então não dá pra chamar isso de curta-metragem, essa é minha relação, mas eu gosto muito de ver e vou freqüentemente ver curta-metragem. Mas como eu não me lembro nomes, eu teria dificuldade para falar nomes.

O artista plástico tem que ter um grande poder de síntese, porque ele tem que fazer uma obra que é pequena ou grande, mas que está ali, e ela não é muito extensa. E o curta-metragem tem um grande poder de síntese, o que você acha dessa analogia, você acha que poderia, com essa sua categoria em fazer trabalhos de arte enveredar para área de cinema?
Olha, eu não sei o que vai dar essa minha história com o vídeo, eu concordo com você que o artista plástico sobre tudo, e um poeta ele tem mais capacidade de síntese, porque finalmente é com a síntese que a gente trabalha a pintura e a poesia, agora o vídeo por enquanto ele me satisfaz bastante nesse sentido, a mim por enquanto essa síntese das idéia, não me interessa narrar, me interessa só explorar uma idéia e mostrar essa exploração, essa reflexão, ponto. Fazer curta, fazer filmes, já entra nesse processo de narrativa, eu não sei se cabe a mim fazer, mas como a gente nunca pode dizer nunca, quem sabe.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Simone Spoladore


A atriz foi indicada três vezes ao Grande Prêmio Brasileiro de Cinema, na categoria melhor atriz por ‘Desmundo’ (2002), papel o qual ganhou um APCA, e na categoria melhor atriz coadjuvante por ‘Lavoura Arcaica’ (2001) e por ‘O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias’ (2006).

Simone, fale um pouco da sua experiência com o curta.
Eu acho o curta muito interessante porque em pouco tempo você tem que comunicar muita coisa. A pessoa que cria e vai escrever o roteiro, tem que ser muito preciso no que ele quer, no que ele tá querendo com aquele curta, e os atores também, porque a gente tem pouco tempo em cena e a experiência acaba sendo muito intensa, muito presente, temos mesmo que aproveitar os instantes e descobrindo, acho que eu tenho algumas experiências bem diferentes com curtas, uma experiência que me marcou bastante foi o ‘Dramática’ da Ava Rocha porque a gente construiu o curta muito juntas e isso foi muito legal. Eu recebi o roteiro em casa, ela não me conhecia e me convidou para fazer, e aí a gente começou a se encontrar, e a gente ficou um ano nesse processo de encontros para fazer o curta, era para ser parte da filmagem a primeira vez que a gente participa do carnaval do Rio, a gente fez um improviso lá, mas aí a gente demorou um ano para retornar ao carnaval, então aquelas imagens ficaram como se fossem parte da pesquisa, e a gente refez tudo no carnaval de novo.

Mas foi muito legal esse tempo, outros curtas são feitos de uma maneira mais rápida, mas esse curta especialmente demorou um ano para fazer, ela demorou muito mais certamente, porque ela deveria estar com isso na cabeça há muito tempo, mas meu encontro com ela até o curta finalizado, pelo menos na parte de filmagem, demorou um ano e isso foi muito legal, porque a gente foi construindo juntos o personagem, e conversando, e como a gente teve que ficar improvisados no carnaval eu pode contribuir mesmo para a forma do personagem, e até para forma do curta, que eu, não somente eu, claro, eu, Cristiano e Rodolfo. E outra coisa, como nós ficamos íntimos da Ava, amigos assim, é claro que a gente vai para o set de uma outra maneira, que a gente pode correr mais riscos e ela estava mais atenta ao que agente estava fazendo e deixando a câmera aberta para a gente poder brincar e improvisar mesmo. Então essa foi minha experiência com a Ava.

Agora tem outras experiências, tem a Alice, por exemplo, o Rafael que foi assistir uma peça que eu fiz e escreveu o curta por causa da peça, e fui fazer lá FAAP e daí foi uma outra experiência que a gente não se encontrou, acabou não tendo ensaios né, tudo muito descoberto na hora mesmo, e a gente foi fazendo, mas eu acho que todas as experiências se complementam sabe, tem realmente trabalhos, eu falo de longas e curtas, que você precisa de uma preparação assim, mas tem outros trabalhos que quanto menos preparar, melhor! Trabalhos que não precisam preparar mesmo. Aí eu me lembro de uma coisa que a Juliane Moore até fala, ela diz que não estuda nada para os seus personagens, e que às vezes dá muito certo e que ela chega e descobre ali na hora, e tem vezes que ela não descobre o que era aquele personagem. Mas é claro que também trabalhar, estudar e pesquisar é parte do processo, cada filme tem seu processo próprio.

O curta tem o poder de síntese muito grande, e assim, tem pouco tempo para contar uma história. Para uma atriz, como é esse processo como você falou, tem gente que se prepara mais, tem gente que não se prepara, como é esse processo de construir um personagem para um curta-metragem, não tem muito tempo para preparar ele, no próprio enredo já tem que estar pronto?
Então, na verdade acho que não tem disso que tem gente que se prepara e gente que não, tem processos, eu às vezes me preparo, às vezes não, isso depende de como esse processo vai acontecendo, isso depende de tudo, do tempo que você tem, da relação que você tem com o diretor, é claro que de uma maneira ou de outra você está sempre se preparando, porque mesmo que você não ensaie, o filme fica agindo inconscientemente em você, isso é que eu percebo bastante, tenho percebido muito, você lê lá o roteiro e você nem está pensando, você nem está estudando o roteiro ou lendo uma coisa para complementar, você tá tomando um café assim, e vê a imagem do personagem ou vê uma pessoa que lembra seu personagem, uma situação que você lembra daquilo, você não está trabalhando, mas está trabalhando o tempo todo na verdade, principalmente porque agente trabalha mesmo com o que esta na vida, com o que é fantasia também, é claro, mas as coisas vão se complementando.

Então, eu na verdade ainda não sei, ainda não existe para mim uma técnica, um método de trabalho de falar, para o curta eu me preparo sempre, não sei, é um processo de descoberta cada vez, e tem muito dos encontros com as pessoas, isso que eu acho bem bonito assim, o próprio trabalho se revela no encontro que você teve com a pessoa, é a maneira que as pessoas vêm para falar com você para fazer o curta, é como elas se aproximam, o que ela diz, o que ela não diz, isso que vai invernando o próprio processo. Por exemplo, no ‘Dramática’ a gente teve um processo mais longo, então deu tempo, ela deu livros para ler, tinha complementado, víamos filmes juntas, ela me indicou vários filmes para eu ver, várias possibilidades de você se aproximar.

Você acha que da para contar uma história em tão pouco tempo de metragem?
Acho que é como um conto, até estava lendo Dalton Trevisan antes de assistir a peça agora do Felipe Hirsch que é maravilhosa, e ai ele diz, o Dalton diz, que uma vida inteira é pouco, acho que com o curta deve ser a mesma coisa. Uma vida inteira deve ser pouca para fazer um curta.

O que te atrai, é a historia, é a maneira experimental, trabalhar com um jovem diretor, um roteiro, o que leva fazer um curta?
Acho que tem duas coisas importantes assim, o roteiro mesmo, aquilo que aquela personagem te manifesta naquele roteiro, às vezes até o seu momento assim, tem vontade de fazer um tipo de personagem, não um outro né, sei lá, e a maneira que a pessoa, como ela encontra, como eu te disse, e aí a outra questão que eu experimentei fazendo esses curtas de trabalhar com pessoas da minha geração, aprendendo juntos mesmo. Isso foi com o Eduardo, com o Rafael, com a Ava.

A Ava, o Eduardo e o Rafael são da minha idade praticamente, é maravilhoso porque a gente está construindo uma coisa juntos, então assim, eu estou aprendendo com eles, eles estão aprendendo comigo e eu acho que o trabalho sempre melhora assim quando o trabalho é de parceria, isso em todos, em longas em tudo.

A atriz, assim como o diretor, eles sempre querem ser vistos por várias pessoas, quer mostrar seu trabalho, e uma maior amplificação desse trabalho melhor, para dar visibilidade, porque ele quer levar para as pessoas, e o curta ele é restrito a poucos lugares que exibe e o publico é meio que seletivo. Isso de certa forma chateia, o que poderia ser feito?
Acho que dá pra fazer o que esta sendo feito de uma maneira, eu não saberia dizer outra coisa, mas eu acho que tem sites que estão exibindo muitos curtas, tem o Porta Curtas, quem está interessado, está vendo, e quem tem acesso, claro. Quem está interessado e tem acesso acaba vendo na internet, ou nos cinemas. Agora tem passado também, algumas sessões assim, acho que poderia ter mais sessões, sei lá, talvez instituir coisas como sempre passar um curta antes de um longa em todas a salas de cinema, criar um hábito das pessoas verem um curta. Tem programas de televisão que passa também, programa de curtas, canal pago ainda.

Acho que tem que ir abrindo, é uma iniciativa maravilhosa de ter um site falando sobre isso, que acho que já vai abrindo caminhos para as pessoas de se interessar e de ter informações sobre isso. Acho que a única maneira é essa, irem criando essas redes, e irem expandindo no mercado sem precisar ir por elas mesmas tomando iniciativa mesmo de expandir, tendo o site, abrindo salas de cinema quando podem, agora para chegar nas pessoas que não podem ter acesso a isso, ai eu já não sei, porque ela não podem nem ir ao cinema, nem para ver longa nem para ver nada, ainda tem que mudar tudo.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Paulo Morelli

Paulo Morelli é roteirista, produtor e diretor de cinema. Junto com Fernando Meirelles e Andrea Barata Ribeiro, abriu a produtora O2 Filmes, hoje a maior produtora do Brasil. Depois de fazer comerciais e programas de TV, começou a fazer curtas e longas-metragens. Seu primeiro curta, "Lápide", ganhou o prêmio de melhor filme em quatro festivais, incluindo Havana, Los Angeles, Rio e São Paulo.

Você acha que o curta-metragem é um gênero menor para um cineasta, para um produtor?
Não, eu acho um gênero super importante, a gente inclusive começou fazendo curtas aqui na O2 Filmes, quando a gente veio da publicidade, a primeira experiência foi passar pelos curtas, acho que é um gênero vital, um gênero que te permite mais experimentação que o próprio longa-metragem.

O comercial pode-se considerar também um curta- metragem pelo poder de síntese que ele tem de passar uma mensagem, então você acha que não teve muita dificuldade de ir para um curta, que também é uma linguagem parecida com o comercial?
Eu não acho que são tão parecidos não, acho que eles parecem ter coisas em comum, e até tem, tudo bem, eles buscam a síntese, mas acho que eles tem diferenças fundamentais muito grandes, acho que o comercial tem objetivo muito claro de vender algum produto, essa é a mensagem que ele está passando, e apenas essa mensagem e ponto final. Quando você abre para uma produção de conteúdo, para uma coisa que caminha no sentido da arte você amplia muito o leque do que você esta dizendo, dos assuntos que você está tratando e tal, e é uma riqueza muito maior do curta-metragem para o comercial, o comercial é um instrumento de vendas, o curta-metragem pode virar uma obra de arte.

Você acha que dá para contar uma história em tão pouco tempo de rodagem?
Dá, eu acho que tem vários curtas que contam uma história, tem histórias longas e tem histórias curtas, acho que sim, com certeza, acho que aí vem também a síntese, esse trabalho de síntese que se procura no curta, ele é muito interessante, como desenvolvimento das ferramentas do diretor, agente tem que ser muito sintético quando está contando uma história para você focar no que você realmente quer dizer, e acho que o curta é um exercício para isso.

Fala um pouco sobre sua experiência com curta-metragem.
Olha, em cinema eu fiz um curta que chama ‘Lápide’, foi em 97 já era na O2 Filmes, e enfim, foi muito gratificante, foi uma maneira de filmar muito simples, foram alguns planos seqüência, mas não com o rigor de ser só plano seqüência, mas o espírito do curta era ser poucos planos para ser muito fácil filmar, era um filme de 17 minutos que eu fiz em duas viagens, e enfim, fiquei muito satisfeito, ele foi para vários festivais, ganhou alguns festivais legais e tal, mas antes disso eu fiz vários curtas em vídeo, na outra produtora que eu tive que chamava ‘Olhar Eletrônico’, antes da O2, eu tinha uma outra produtora com o Fernando também, a gente é sócio há muito tempo.

Qual é o grande barato do curta-metragem?
Para mim a melhor parte do curta-metragem foi apresentar o curta em festivais, é muito legal você ter um curta e começar a percorrer alguns festivais do mundo e do Brasil exibindo, e ver a reação do público. Para mim o grande prazer de fazer cinema é quando acontece essa ligação entre o que você fez durante tanto tempo e quando você apresenta isso para o publico, é muito prazeroso isso, e um curta-metragem possibilita isso de uma maneira muito legal porque os festivais são muito ativos, muito cheios de gente, as pessoas estão efervescendo, é muito prazeroso você apresentar um filme para uma grande audiência.