quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Ênio Gonçalves


Ênio Gonçalves iniciou sua carreira na TV Tupi de São Paulo e participou de vários filmes brasileiros, entre eles: ‘Viúvas Precisam de Consolo’, ‘Garotas do ABC’, etc.

Qual é o grande barato de um curta-metragem?
Tem a experimentação, não pretendendo imitar o longa-metragem. É um trabalho diferenciado, eu tenho feito algum trabalho com alunos da FAAP, um trabalho bem interessante. Acho que é essa a função o exercício do cineasta. Nem sempre é só fazer o longa. Isso é muito importante. Tem um pessoal que está só fazendo curtas. E tem coisas maravilhosas que você consegue fazer com um curta. Mesmo aqui no Brasil. Tem um campo maravilhoso de experimentação.

Você disse no começo que os jovens começam com o curta e, e depois saem do curta, obtém um sucesso, vão para o longa e nunca mais voltam para o curta. Em muitos casos é isso que acontece. O curta, na sua opinião, é marginalizado até no próprio meio?
De certa forma sim, porque se o diretor quer obter sucesso comercial, se ele fica só fazendo curta ele não ganha mercado, então é uma passagem. O mercado exige que o sujeito vá para o longa.

E para o ator, o que o leva a fazer um curta-metragem?
Para o ator também, na verdade, estão pagando cachê para a gente fazer curtas, é interessante exercitar a profissão. Os curtas oferecem um campo muito interessante para um ator.

Qual foi um curta que mexeu com a sua cabeça, que você saiu de uma sessão impressionado com o que viu?
Eu fiz um curta chamado “O andar de Elizabeth Taylor”, isso faz uns 15 anos. Baseado no conto do Roberto Drummond. Esse conto ganhou um prêmio no festival do Rio de Janeiro, melhor ator, fazendo esse personagem. Para mim foi muito importante.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Graziella Moretto

Antes de atuar nos longas da O2 Filmes (Cidade de Deus e Domésticas), fez vários filmes publicitários para a produtora, hoje é um dos nomes mais lembrados pelas produtoras de cinema.

Conte a sua história dentro do cinema.
Eu comecei assistindo, porque quando eu tinha 17 para 18 anos, eu entrei na USP,e comecei a fazer curta-metragem, publicidade e aí acabei fazendo muita publicidade em São Paulo, numa época que eu estava na Faculdade, lá na EAD, na Escola de Arte Dramática, depois eu sai da escola também, eu me formei. Eu fazia muito filme na O2 Filmes, muitos comerciais da O2 Filmes, que é a produtora do Fernando Meirelles. Daí uma coisa foi levando à outra, fizeram um longa que foi o ‘Domésticas’, que foi o primeiro longa que foi produzido pela O2, que o Fernando dirigia, e a gente já se conhecia, já era amigo há bastante tempo, eu estava morando fora do Brasil, mas eu vim passar um tempo aqui e eles me convidaram para fazer um teste para esse filme. E acabou que eu fiz esse filme, que foi meu primeiro longa. Depois disso eu fiz vários filmes na O2 mesmo, e alguns outros em outras produtoras também.

Sua relação com o curta começou bem cedo. Conta um pouco dessa história, dessa paixão por essa arte do cinema?
A minha irmã, ela é formada em cinema pela FAAP, então quando eu entrei na EAD, ela estava entrando na FAAP ao mesmo tempo. De certa forma, isso foi uma coisa que me colocou muito em contato com as pessoas que estavam começando a fazer cinema naquela época, 1990, 91, então eu fiz uns curtas universitários, conheci o pessoal que estava fazendo os filmes de estudantes nessas faculdades e saindo da escola e fazendo outros cursos, batalhando para produzir seus filmes. Então isso já ampliou minha convivência com o cinema, então sempre fez parte da minha vida. A publicidade, que eu fiz durante muitos anos, também foi uma escola, porque a gente filmava muito, foram alguns anos, um mercado super aquecido, e que muitos diretores de cinema, que hoje estão produzindo longas e tal, naquela época estava produzindo comercial quase que integralmente. Então acabei conhecendo muito mais gente na publicidade que hoje está dirigindo cinema. A minha relação é assim porque é praticamente familiar, a minha irmã é figurinista de cinema, o meu cunhado é montador, meu marido é técnico de som, a gente tem uma equipe completa.

Qual é o grande barato de fazer um curta-metragem?
O que todo mundo fala, é quase que uma crônica, um conto curto, alguma coisa que você pode concluir com mais facilidade, isso no nosso cinema que é bastante precário, a gente sabe que faz bastante diferença. Viabiliza e possibilita, tanto que o cinema no Brasil durante um tempo ficou voltado aos curtas, porque se não dava para fazer um longa, você vai fazendo vários curtinhas. Acho que a possibilidade exercitar, e a linguagem, que eu acho que tem uma coisa que o curta promove que é a essencialidade, que é fundamental no cinema, você poder contar muito com pouco.

Para uma atriz, imprimir uma personagem em tão pouco tempo de metragem. Esse trabalho diferencia de um longa, de uma novela, de um teatro? Como é sua preparação para atuar em um curta e imprimir as características que o papel pede para aquela personagem?
Não sei, acho um pouco subjetivo isso, na verdade tudo é a caixa de ferramenta que você tem como artista, você vai aperfeiçoando a cada linguagem, é lógico que você ao atuar em um filme da mesma maneira que você precisa atuar, física e espacial, no teatro por exemplo. A televisão também, ela te acomoda de outro jeito na tela, você tem outra velocidade, não só de fazer da televisão, mas também um ritmo, nos cortes e tal. Então eu acho que é muito mais a gente se adequar, do que de ter uma diferença, você é o artista que vai se adequando a cada veículo.

Qual é o curta que fez a sua cabeça, você assistiu e saiu da sessão impressionada, que tenha gostado bastante?
Te um curtinha de animação que eu adoro, que passa antes daquele desenho das “Formigas” eu acho, que tem um cara que joga xadrez com ele mesmo, aquilo é um curta de animação. Acho aquilo tão... é que ai a gente está falando de uma tecnologia, mas eu me lembro de tantos curtas que eu assisti na minha vida e fizeram diferença. Estou tentando lembrar de um agora, qual que era o “Dov`e Meneghetti”, não sei quem fazia acho que era o Luiz Ramalho, foi um curta que eu vi que me impactou bastante. Não sei agora, não estou lembrando de mais nada.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Clara Carvalho


Clara Carvalho faz parte do renomado Grupo Teatral Tapa. Atuou em filmes como ‘O Maior Amor do Mundo’ e ‘Quanto Vale ou é por Quilo?’.

Qual é o grande barato de um curta-metragem?
O curta-metragem eu acho que é como se fosse um conto. Eu acho que o longa-metragem é como se fosse um romance, uma novela, e o curta-metragem é como se fosse um conto. Então ele pode ser tão perfeito quanto um longa, só que ele é compacto, ele é mais Maikai, é uma coisa mais rápida. Eu acho que é tão envolvente, tão encantador quando, só que mais curto.

O curta tem um poder de síntese muito grande, isso para um ator é mais difícil trabalhar, trabalhar personagem e tudo mais?
Eu acho que é, não sei se é mais difícil, acho que você tem que ser mais preciso, você tem menos chance de se explicar, de contar história. Então você tem que ser muito preciso no que você está fazendo, tem que dar a entender de cara o que é. Às vezes é como fazer um personagem pequeno numa peça, precisa ser muito bem feito, para que aquilo imprima rapidamente alguma coisa, você não tem a oportunidade de ficar voltando, e repetindo e refazendo. Então eu acho que acaba tendo que ser muito bem feito para ser bom.

Qual foi o curta que fez a sua cabeça?
Ahh, eu adorei o “Frankenstein Punk” da Eliana Fonseca, eu adoro a Eliana Fonseca, eu gosto muito da “Revolta dos Carnudos” também da Eliana Fonseca. Filmes da Andréia Beltrão que foram feitos nos anos 80, que são maravilhosos, eu vi esses curtas depois eu nunca mais encontrei. Tem tantas jóias perdidas, mas eu citaria esses dois da Eliana Fonseca e do Cao Hamburger que eu acho muito legais.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Emílio Orciollo Netto


Emilio construiu sua carreira na televisão e no teatro. Seu trabalho no cinema ainda é tímido.

Qual é o grande barato de um curta-metragem?
Eu acho que o curta-metragem é primeiro passo para um longa, para um filme maior, eu acho que é sempre bom poder estar experimentando novas linguagens, novas alternativas de cinema, e o curta-metragem é uma grande possibilidade, porque se gasta menos, se tem uma porção menor, uma equipe menor, então facilita a viabilização do projeto. Você vê hoje em dia, curtas-metragens com cara de longa, que são absolutamente bem cuidados, bem-feitos, e engraçado que hoje você acaba vendo longas com cara de curtas de quinta, que deveriam ser bem cuidados e não são. Mas eu acho que um curta-metragem é sempre um grande primeiro-passo para um longa.

E para um ator, o que leva um ator a fazer um curta-metragem? É uma maneira de experimentar, tem mais liberdade para atuar, sai um pouco da TV e do cinemão.
Eu como ator não tenho nenhum preconceito com linguagens, eu trabalho muito bem no teatro, no cinema e na televisão. Transito numa boa nesses três veículos, e sem preconceito nenhum, acho que quem tem preconceito, é quem cospe para cima e cai na testa, é gente que se acha “pseudointelectualóide”. Cada linguagem tem a sua diferença, seus prós e seus contras, agora o cinema é sempre bom você estar fazendo. A gente diz que para o ator é sempre um luxo poder fazer cinema, porque a câmera te eterniza, você passa ali e fica para sempre , o negativo te prende aquele instante. A televisão não, tem o vídeotape, tem o digital, o teatro te possibilita a relação com o público mais intensa, na hora, então você tem que estar ali, guardado na alma, então são três linguagens que eu acho que para um ator é necessário experimentar fazer, sem nenhum tipo preconceito.

Mas eu tinha perguntado de atuar, a linguagem que dá mais liberdade...
Não, eu acho que um ator quando ele vai fazer um trabalho, ele não está pensando em, pelo menos eu vejo assim, ele está ou apaixonado com o texto que ele vai fazer, ou apaixonado pela possibilidade de trabalhar com o diretor X ou com a diretora X, que vai me acrescentar possibilidades dentro de um trabalho. Então o curta-metragem, assim como o longa, assim como um teatro de rua, ou assim como a novela da Globo, ou a novela da Record, ou a novela do SBT ou seja lá o que for, tudo depende do trabalho que você vai fazer, do que você quer fazer. Qual o recado que você quer passar no determinado momento X da sua vida. Então essa é a escolha na vida de um ator, e acho que na vida de todos numa maneira geral, é feita de escolhas, o curta-metragem é um recurso maravilhoso, que se tem uma possibilidade maravilhosa melhor dizendo, de se trabalhar.

De curtas que você já assistiu, qual que te chamou atenção, qual que fez a sua cabeça quando você saiu da sessão?
Olha , eu vi o curta que o Selton Mello fez, agora ele acabou de rodar um longa, o “Feliz Natal”. Eu esqueci qual é o nome do curta, mas é um curta que quem participou foi o Zé Bonitinho, não foi um documentário, foi um curta, uma ficção mesmo, muito legal, mas eu não vou lembrar o nome agora, mas era o Zé Bonitinho e o Álvaro Diniz, muito lindo o curta-metragem.

Cada vez mais é freqüente ver ator indo para trás das câmeras e produzindo filmes, curtas e tudo mais. Você pensa, tem idéias de pôr em prática um curta para rodar?
Rapaz, eu tenho muitas idéias na cabeça, nem sempre elas são viáveis, nem sempre se é possível se realizar, mas eu tenho muitas coisas escritas ai, há um desejo, há um tesão de fazer cinema, sempre. De fazer um curta de fazer um longa, não sei se dirigir, mas quem sabe produzir e estar de alguma forma por trás e pela frente das câmeras.