Antes de atuar nos longas da O2 Filmes (Cidade de Deus e Domésticas), fez vários filmes publicitários para a produtora, hoje é um dos nomes mais lembrados pelas produtoras de cinema.
Conte a sua história dentro do cinema.
Eu comecei assistindo, porque quando eu tinha 17 para 18 anos, eu entrei na USP,e comecei a fazer curta-metragem, publicidade e aí acabei fazendo muita publicidade em São Paulo, numa época que eu estava na Faculdade, lá na EAD, na Escola de Arte Dramática, depois eu sai da escola também, eu me formei. Eu fazia muito filme na O2 Filmes, muitos comerciais da O2 Filmes, que é a produtora do Fernando Meirelles. Daí uma coisa foi levando à outra, fizeram um longa que foi o ‘Domésticas’, que foi o primeiro longa que foi produzido pela O2, que o Fernando dirigia, e a gente já se conhecia, já era amigo há bastante tempo, eu estava morando fora do Brasil, mas eu vim passar um tempo aqui e eles me convidaram para fazer um teste para esse filme. E acabou que eu fiz esse filme, que foi meu primeiro longa. Depois disso eu fiz vários filmes na O2 mesmo, e alguns outros em outras produtoras também.
Sua relação com o curta começou bem cedo. Conta um pouco dessa história, dessa paixão por essa arte do cinema?
A minha irmã, ela é formada em cinema pela FAAP, então quando eu entrei na EAD, ela estava entrando na FAAP ao mesmo tempo. De certa forma, isso foi uma coisa que me colocou muito em contato com as pessoas que estavam começando a fazer cinema naquela época, 1990, 91, então eu fiz uns curtas universitários, conheci o pessoal que estava fazendo os filmes de estudantes nessas faculdades e saindo da escola e fazendo outros cursos, batalhando para produzir seus filmes. Então isso já ampliou minha convivência com o cinema, então sempre fez parte da minha vida. A publicidade, que eu fiz durante muitos anos, também foi uma escola, porque a gente filmava muito, foram alguns anos, um mercado super aquecido, e que muitos diretores de cinema, que hoje estão produzindo longas e tal, naquela época estava produzindo comercial quase que integralmente. Então acabei conhecendo muito mais gente na publicidade que hoje está dirigindo cinema. A minha relação é assim porque é praticamente familiar, a minha irmã é figurinista de cinema, o meu cunhado é montador, meu marido é técnico de som, a gente tem uma equipe completa.
Qual é o grande barato de fazer um curta-metragem?
O que todo mundo fala, é quase que uma crônica, um conto curto, alguma coisa que você pode concluir com mais facilidade, isso no nosso cinema que é bastante precário, a gente sabe que faz bastante diferença. Viabiliza e possibilita, tanto que o cinema no Brasil durante um tempo ficou voltado aos curtas, porque se não dava para fazer um longa, você vai fazendo vários curtinhas. Acho que a possibilidade exercitar, e a linguagem, que eu acho que tem uma coisa que o curta promove que é a essencialidade, que é fundamental no cinema, você poder contar muito com pouco.
Para uma atriz, imprimir uma personagem em tão pouco tempo de metragem. Esse trabalho diferencia de um longa, de uma novela, de um teatro? Como é sua preparação para atuar em um curta e imprimir as características que o papel pede para aquela personagem?
Não sei, acho um pouco subjetivo isso, na verdade tudo é a caixa de ferramenta que você tem como artista, você vai aperfeiçoando a cada linguagem, é lógico que você ao atuar em um filme da mesma maneira que você precisa atuar, física e espacial, no teatro por exemplo. A televisão também, ela te acomoda de outro jeito na tela, você tem outra velocidade, não só de fazer da televisão, mas também um ritmo, nos cortes e tal. Então eu acho que é muito mais a gente se adequar, do que de ter uma diferença, você é o artista que vai se adequando a cada veículo.
Qual é o curta que fez a sua cabeça, você assistiu e saiu da sessão impressionada, que tenha gostado bastante?
Te um curtinha de animação que eu adoro, que passa antes daquele desenho das “Formigas” eu acho, que tem um cara que joga xadrez com ele mesmo, aquilo é um curta de animação. Acho aquilo tão... é que ai a gente está falando de uma tecnologia, mas eu me lembro de tantos curtas que eu assisti na minha vida e fizeram diferença. Estou tentando lembrar de um agora, qual que era o “Dov`e Meneghetti”, não sei quem fazia acho que era o Luiz Ramalho, foi um curta que eu vi que me impactou bastante. Não sei agora, não estou lembrando de mais nada.