terça-feira, 25 de maio de 2010

Bemvindo Sequeira



Atuou em mais de quarenta peças teatrais e na televisão ficou famoso por suas interpretações como "Bafo de Bode" na novela Tieta, e como "Zebedeu" na novela Mandacaru. Também é lembrado o "Seu Brasilino", papel que fez na Escolinha do Professor Raimundo.

No cinema, participou de Joana Angélica (1979), entre outros.

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
O curta é formador e experienciador de diretores, roteiristas, atores, técnicos etc. além de registrar a memória brasileira.

Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Porque não são comerciais.

Qual é a sua relação com os curtas?
Adoro ver os curtas e curto fazê-los quando tenho tempo.

O que te faz aceitar um convite para atuar em curtas?
O roteiro, o diretor, o projeto e meu tempo disponível.

Qual é a importância que tem, no currículo de um ator, essas atuações?
A depender do curta e do diretor e do projeto tem grande importância.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Penso sim.

Qual é o seu próximo projeto?
Agora dedico-me às gravações da nova novela da Record "Poder Paralelo", ao espetáculo da minha Oficina, que dirigi com 36 atores em cena no Teatro Ipanema, e preparo a montagem do "Inspetor Geral", numa adaptação de Thiago Santigo para teatro; tenho mais dois convites para teatro profissional ainda este ano. Vamos ver... o que sair primeiro. (risos)

terça-feira, 18 de maio de 2010

Moacyr Scliar



Moacyr Scliar é um dos maiores nomes da nossa literatura.

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
Uma importância muito grande. Vários excelentes cineastas que conheço fazem ou fizeram curtas, assim como vários escritores fazem ou fizeram conto. Tanto o curta como o conto não são apenas uma introdução a um gênero mais longo; tem sua autonomia própria, capaz de transformá-los inclusive em obras-primas.

Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
É uma questão de mercado: não dá para fazer uma sessão de cinema com um curta ou com vários curtas. Curtas não aparecem na premiação do Oscar. Daí o menor interesse da mídia (geral, não especializada) no gênero.

O senhor escreve conto e assim trabalha com a síntese. O conto é o parente mais próximo do curta-metragem?
Como disse acima,vejo uma equivalência entre conto e curta. Nos dois casos a síntese é fundamental, e isto exige um talento muito especial.

Como é trabalhar com a síntese?
É descobrir aquelas poucas palavras, ou aquelas poucas cenas (no caso do curta) que vão transmitir ao leitor ou ao espectador uma mensagem abrangente, resumindo, por exemplo, o drama de uma vida inteira.

Um dos seus romances, ‘Sonhos Tropicais’, foi adaptado para o cinema, sob a direção de André Sturm. O que achou da adaptação do seu livro? Qual é o ganho e a perda ao transpor uma obra literária para o cinema?
Gostei da adaptação de "Sonhos Tropicais", capta muito bem a trajetória de Oswaldo Cruz. Na transposição de um livro para a tela tudo pode acontecer: um livro bom pode dar um filme ruim, um livro bom pode dar uma filme bom, um livro ruim pode dar um filme bom e um livro ruim pode dar um filme ruim. É outra linguagem, que exige um talento diferente do talento literário.

Tem algum projeto no cinema?
Sim, está sendo produzido um documentário sobre minha obra. Ah, sim, e sou um escritor cinéfilo: escrevo como quem está olhando o mundo e a vida através da lente de uma câmera...

terça-feira, 4 de maio de 2010

Jorge Roldan



Pesquisador; Professor de História do Cinema e Organizador de Mostras de Cinema.

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
O curta-metragem é muito importante, não só para o cinema brasileiro como para as demais cinematografias. Por ser de custo mais baixo, o curta-metragem permite ao cineasta vôos experimentais na linguagem cinematográfica que dificilmente encontramos no longa-metragem.

Uma grande parte dos cineastas começou sua carreira no cinema por meio do curta-metragem.

Glauber Rocha, com "O Pátio" e "A Cruz na Praça"; Carlos Diegues, com "Escola de Samba Alegria de Viver"; Jorge Furtado, com "A Ilha das Flores", Luis Buñuel, com "Um Cão Andaluz", considerado o filme–manifesto do surrealismo; Alain Resnais dirigiu 24 filmes de curta-metragem e dois de média metragem, inclusive os memoráveis "Guernica", "Noite e Neblina" e "Toda a Memória do Mundo", antes de filmar "Hiroshima Meu Amor". Michelangelo Antonioni fez 14 filmes de curta-metragem antes de iniciar sua carreira no longa-metragem.

Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Porque é uma notícia que não vende. Como esses filmes não encontram lugar em salas comerciais, mesmo nas salas chamadas de arte, eles são esquecidos pela imprensa, inclusive pela imprensa especializada. E mesmo muitos filmes de longa-metragem não têm a divulgação devida, ou, às vezes, nenhuma divulgação. Assim como as salas de cinema, o espaço da mídia é ocupado pelos filmes que são distribuídos pelas empresas que dominam o mercado mundial.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Infelizmente sempre foi um trampolim. Por uma razão muito simples: todo cineasta, assim como todo artista, quer ter seu trabalho reconhecido pelo público. Como é sabido, o curta-metragem tem pouquíssima divulgação na imprensa e raramente tem acesso aos cinemas comerciais. Portanto, cabe ao cineasta o árduo caminho de realizar um longa-metragem, para ter o seu trabalho assistido por um público mais amplo. Claro que a realização de um longa-metragem não dá garantia de acesso às salas comerciais. Muitos filmes, em todos os lugares, ficam inéditos comercialmente, inclusive em seus próprios países. Creio que os cineastas encaram a realização de curtas como uma fase, um aprendizado necessário na difícil arte da realização cinematográfica. Melhor assim do que se aventurar na feitura de um longa-metragem, sem a menor experiência.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Não creio que o curta-metragem seja marginalizado pelos cineastas. Como disse anteriormente, a maioria deles iniciou-se como cineasta através da realização de curtas. Seria, portanto, um contra-senso negar a importância do início de suas carreiras, por mais erros que, eventualmente, tenham cometido. Aprenderam e foram amadurecendo com os erros.

Pensa em dirigir um curta-metragem futuramente?
Não tenho intenção de tornar-me um realizador cinematográfico. Não me considero com o talento artístico suficiente para tal. Sinto-me mais à vontade na área de pesquisa e cursos sobre a história do cinema.