quarta-feira, 30 de julho de 2014

Rafael Spaca


Nesta sexta-feira, dia 1º de agosto às 12h, estarei concedendo uma entrevista ao vivo para o programa “Colunas e Notas na Web”.

Quem quiser assistir é só acessar o site: www.tvgeracaoz.com.br

Até lá!

Vida Vlatt

 
Atriz. Atuou em ‘Casamento Brasileiro’, do diretor Fauzi Mansur.
 
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Roteiro e o cachê... (risos).
 
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Por que deve faltar conteúdo...
 
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Na TV.
 
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Tudo é possível quando você  se especializa em algo.
 
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Não sei te responder...
 
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Porque não????

Felipe Scaldini

 
Ator e cineasta. Dirigiu o curta ‘Bomba’ (2012).
 
Qual a importância histórica que o curta-metragem tem na filmografia brasileira?
Acho que principalmente os que retratam a realidade social-econômica brasileira, como "Ilha das flores".
 
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Acho que o prazer de se realizar algo e contar uma história é o mesmo do de se fazer um longa-metragem. E também a oportunidade de trabalhar com equipes diferentes.
 
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
É realmente difícil achar um lugar na mídia com um curta-metragem. Mas acho que isso se dá um pouco pelo conteúdo colocado nos curtas em geral, que acabam se tornando pílulas audiovisuais ou experimentações técnicas. Pelo fato de não se aprofundarem o suficiente em um tema, acabam se tornando irrelevantes para o público. Mas isso no geral, claro que temos curtas-metragens muito bem elaborados, e acho que esses mesmo com as dificuldades acabam sim achando seu lugar na mídia, como o "Os Filmes que não fiz", que se tornou até um programa de TV.
 
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Eu acho que na internet, com certeza. E, além disso, acho que uma boa possibilidade de comercialização seria a produção de DVDs dos curtas selecionados em festivais de cinema. Por exemplo, um DVD com todos os curtas do festival de Paulínia, por exemplo.
 
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Acho difícil financeiramente, mas a principal dificuldade pra mim seria a própria ambição individual, não conhece nenhum cineasta que já produziu um curta não ter ambição de produzir um longa.
 
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Pela minha percepção, não. Acho que qualidade de linguagem pode se perceber em qualquer produto, longas, curtas, ficção, doc. Sendo assim, um cineasta com um bom curta-metragem há de ter reconhecimento da comunidade cinematográfica.
 
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Com certeza! Já tenho alguns projetos em mente e pretendo executa-los assim que possível.

Helena Cerello

 
Atriz. Integrante da ‘Le Plat du Jour’, uma das companhias de teatro mais respeitadas do país. Atuou também em ‘Como Aproveitar o Fim do Mundo’.
 
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Como atriz, aceito quando gosto do roteiro e da equipe. Já topei fazer muito curta de graça, porque acreditei que o projeto era bom e que seria bacana trabalhar com aquelas pessoas. Jovens cineastas pra quem trabalhei de graça há cinco anos atrás cresceram muito e tem me convidado pra trabalhos legais hoje em dia.
 
Como produtora, produzo uma mostra de curtas, o “Curta na Praça”, realizado no Espaço Parlapatões, em 2008 e 2009 (o projeto agora está numa fase de captação de recursos para voltar em outro formato). A ideia da mostra é exibir curtas e realizar performances teatrais antes, durante ou depois dos filmes, sempre num diálogo criativo com o filme. Quando abriram o Espaço Parlapatões, comecei a frequentar a Praça Roosevelt. E no meio de toda a efervescência cultural da praça comecei a perceber que existia um buraco, tinha uma carência por um lugar onde houvesse a exibição de curtas. As pessoas vinham pedir "Ai, puxa vida! Fiz um curta tão legal, premiado e tudo mais, mas só passou no festival tal, ninguém viu, vamos armar de exibir nos parlapas?". Foi assim, a partir de uma demanda natural dos atores, com apoio do teatro, que cedeu telão e projetor, chamei Paula Cohen e a Barbara Paz, amigas que eu sabia que tinham vontade de tocar o projeto junto comigo. A Barbara chamou o Daniel Gaggini, que é um produtor bastante atuante nesse meio de festivais de curtas e depois a produtora Flavia Tonalezi entrou pra engrossar o caldo. Foi assim que surgiu o "Curta na Praça".
 
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Curtas não entram em cartaz porque não tem atenção da mídia ou não tem atenção da mídia porque não entram em cartaz? Não tem mercado pra curtas porque ninguém assiste ou ninguém assiste porque não tem mercado? É o famoso ciclo vicioso. Tentamos quebrar isso, com o Curta na Praça, pensamos em colocar os curtas em cartaz pelo menos durante quatro semanas, todas as quartas do mês à noite, mas esbarramos justamente nessa questão da divulgação, sem contar que quarta era dia de futebol ...
 
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Eu adoraria ir no cinema e ao invés de assistir tanta publicidade antes do filme, assistir um curta ...
 
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Muitos cineastas fazem seu primeiro filme no formato de curta-metragem, por ser mais viável financeiramente. Se dá certo, existe uma expectativa desse cineasta já ser "promovido" de formato, o Esmir Filho é um exemplo disso, realizou vários curtas muito bem sucedidos e passou, também com sucesso, para o formato de longa. O que pode mover um cineasta a fazer curtas? Sei lá, muitas coisas, mas continuar fazendo curtas e só curtas por escolha é mais raro, pois não há mercado pra isso e nem recurso público que banque a experimentação. Então acaba que os festivais são a única vitrine, o famoso trampolim. E não tem nenhum problema nisso. O problema é quando o cara vai fazer o seu décimo curta, mas ainda não arrumou verba pra pagar a equipe, não tem como pagar os atores, não tem nada, é tudo na raça, vai perdendo a credibilidade. Essa eterna não profissionalização do meio, com certeza atrapalha a produção e faz muitos bons profissionais debandarem pra outros ramos, como a publicidade e a TV. O apoio da iniciativa privada e um maior aporte de recursos públicos seriam muito bem-vindos, pois alavancar o formato de curtas é alavancar o celeiro de futuros diretores. Lá fora, o formato é mais fomentado. Uma vez, tive o prazer de trabalhar com um diretor dinamarquês chamado Jorgen Leth, que é um dos pais do movimento Dogma, professor do Lars Von Trier, que filmou um curta-metragem chamado "The Perfect Human". Lars Von Trier adorava esse trabalho dele, então o desafiou a refazer o seu filme 5 vezes, cada vez com uma restrição diferente. E ele refez e foi genial! Então, finalmente respondendo sua pergunta se é possível ser cineasta só de curta? Acho que o cineasta profissional, 99% das vezes vai almejar o longa. Mas, o cineasta amador, que está proliferando com a revolução digital, pode passar a vida produzindo curtas, experimentando, o que tanto do ponto de estético como social é muito bacana. Quem sabe se não é desse descompromisso acontecendo à margem que irão surgir obras interessantes que revolucionarão a linguagem?
 
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Não sei, depende, não dá pra generalizar. Se você tem 18 anos e manda seu "curta" pra um cineasta conhecer seu trabalho, a sua chance de ser visto é proporcional ao tamanho da expectativa que você conseguiu causar com o seu trabalho. A questão é que quando se é jovem, é difícil em todas as carreiras. É preciso alguém que te indique ou que algum prêmio chame atenção pro seu trabalho ou um belo boca-a-boca de rede social. É muito chato transpor essa barreira do divulgar seu trabalho e ser respeitado. Ou seja, acredito que quando um curta-metragem é interessante e tem qualidade não encontra preconceito da parte dos outros cineastas. O difícil é ser visto. Mas no geral, existe uma boa vontade maior em relação aos longas-metragens, eles são mais nobres e os curtas, os primos pobres, os malditos.
 
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Quem sabe? Já escrevi uns esboços de roteiro, mas para dirigir, acredito que teria que estudar, me apropriar da parte técnica, mas quem sabe!? Nunca é tarde pra estudar! A diretora Suzana Amaral se tornou diretora se não me engano, com mais de 50 anos. Eu, quando era pequena queria ser bailarina, um pouco maiorzinha, tinha certeza que ia ser engenheira mecatrônica (olha a pretensão!), quando chegou a época de prestar faculdade, em meio a tantas dúvidas prestei administração de empresas e entrei na FGV. No meio da faculdade, resolvi que queria largar tudo pra ser jornalista. Não larguei, terminei a faculdade... e depois de querer ser tantas, resolvi que só podia ser atriz. Por enquanto, quero ser muito dirigida, isso sim! E hoje temos muitos bons diretores e ótimas diretoras em atividade...

terça-feira, 29 de julho de 2014

Na mídia

Saiu hoje, no jornal ABCD Maior, uma matéria escrita pelo jornalista Marcelo Mendez a respeito do  primeiro encontro do projeto "Rua do Triunfo, a volta". Leiam em: http://www.abcdmaior.com.br/noticia_exibir.php?noticia=60777

domingo, 27 de julho de 2014

Natalia Vooren

 
Atriz. Atuou em ‘NuConcreto’, espetáculo inspirado em conceitos da obra do geógrafo Milton Santos.
 
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Um bom roteiro, com uma equipe bacana, e compatibilidade de datas... 
 
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acho que, como no teatro, tem muitos curtas ruins, muita gente que acha que fazer cinema é fácil, e isso acaba desacreditando um pouco a linguagem. E, de um modo geral, são projetos com pouca, ou nenhuma grana, feito na sua maioria por atores e diretores iniciantes, e a crítica e a mídia tem o foco muito guiado por interesses não necessariamente artísticos.   
 
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Gosto quando são exibidos antes dos longas-metragens, no cinema, já vi curtas muito bons em mostras de cinema, acho que talvez pudesse passar na TV do ônibus, ou do metrô, mas acho que só funcionaria com curtas de um minuto, ou algo assim. No sul, aos sábados, eram exibidos em TV aberta curtas gaúchos. Eu achava isso bem legal. 
 
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Acho que fazer curtas é uma grande escola, e aprimora muito o poder de síntese. Pra mim o curta é pro cinema o que o conto é pra literatura. Há quem considere escrever contos uma arte menor, mas escritores se consagraram com suas histórias curtas, e existem contos simplesmente inesquecíveis. Eu particularmente gosto muito. São histórias que ficam por completo na sua mente, e cada detalhe comunica algo. Acho que é importante saber o momento de parar, deixar um gosto de quero mais no leitor, ou expectador. A arte de criar bem está atrelada à arte do desapego, deve-se criar muito mais do que é visto, pra ficar no final só com o cerne, o que realmente importa, marca, comunica. Na sociedade em que vivemos as pessoas tem cada vez menos tempo para ficar fazendo uma coisa só, logo, histórias curtas podem ser um bom meio de comunicação e de propagação da arte.  
 
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Não vejo muitos cineastas se dedicando a esse formato de maneira contínua e com propriedade. Penso que dedicar-se a uma linguagem é o único modo de aprimora-la, e gostar do que faz é o primeiro passo para que as outras pessoas gostem e para o negócio realmente de certo. Vivemos numa sociedade com muitos conceitos prontos do que é certo, do que é bom, ou aceitável, e é difícil romper isso. Pesa a escolha de fazer o que gosta, o que dá prazer, o que as outras pessoas não fazem, o que não dá muito dinheiro. 
 
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Num futuro próximo não, por enquanto prefiro atuar. Mas acredito que o meu maior dom se revele na função de diretora. E, justamente por isso, é tão importante ser dirigida, e conhecer de perto o funcionamento de todas as engrenagens que precisam funcionar pro trabalho dar certo.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Rua do Triunfo, a volta!!!

 
É neste sábado, dia 26/07.

Denise Dumont

 
Em qual momento da sua vida você decidiu ingressar na carreira artística?
Aos 15 anos quando entrei para o Teatro Amador do meu colégio. O Bennet no Rio de Janeiro. Apesar de ser extremamente tímida, a experiência do palco me deu um senso de liberdade e felicidade que eu nunca havia sentido antes. Me apaixonei.
 
Você sofreu enfrentamento dos seus familiares ao decidir seguir nessa direção?
Sim. Meu pai foi totalmente contra durante vários anos.
 
Seu pai, o compositor Humberto Teixeira, é também artista. É mais difícil ter um parentesco da área artística ou não, quando se trabalha com arte (apesar das áreas dispares)?
Não necessariamente. A dificuldade no meu caso foi a posição rígida, machista e antiquada de meu pai no princípio. A minha mãe e meu padrasto me incentivaram. Acho que na verdade ter artistas na família é uma fonte de apoio e compreensão.
 
Seu ápice em termos de projeção foi na década de 80, com a novela Baila Comigo e o filme Rio Babilônia, entre outros trabalhos. Como foi os 80 para você?
Bastante interessante, transformador e desafiador. Fui apresentada ao cinema, e adorei trabalhar em novelas como ‘Marina’, ‘Marron Glacé’, ou minisséries como ‘Quem Ama Não Mata’. Fiz bastante teatro, mudei de país e tive a chance de trabalhar com diretores fantásticos do Brasil e dos Estados Unidos. Foi uma década extremamente importante para a minha vida pessoal. Casei novamente e tive a minha filha Anna Bella.
 
Você começou a fazer cinema numa época que o cinema brasileiro era muito transgressor. Como lidava com essa ebulição cultural?
Eu estava nos meus 20 anos e era o momento ideal para ser transgressora! Era uma época muito inspiradora artisticamente. Acho que a ditadura, censura, etc. nos obrigava a acharmos formas criativas de nos comunicarmos e driblar a caretice geral. Metáforas reinavam e isso pra mim é interessante.
 
Hoje o cinema nacional está muito comportado, politicamente correto?
Não sei. Acho que o cinema brasileiro cresceu muito de tamanho e por isso tem de tudo. Tem muita bobagem, mas tem muita coisa fantástica! Ninguém pode acusar Claudio Assis ou Lírio Ferreira de serem politicamente corretos. Na minha opinião, eles são transgressores, inventivos, poetas e altamente talentosos. Adoro a onde de documentários que assola o país. É um resgate gigantesco da nossa história! Eu gostaria de ter todos! Uma grande coleção. Especialmente os musicais...
 
Por outro lado, quando vejo coisas como 'Os Penetras', não sei nem o que dizer.
 
E a ditadura? Como ela afetou a sua vida?
Artisticamente, ao mesmo tempo que nos impedia de montar certos trabalhos, nos forçava a achar saídas criativas. Mas isso é meio pegar um limão e fazer limonada. Foi horrível!
 
Pessoalmente, afora ver amigos de meus pais desaparecerem, ou serem exilados, vi minha própria família ser dividida. Meu padrasto, o locutor e jornalista Luiz Jatobá, por ter peitado a ditadura acabou tendo que sair do país e ele e minha mãe se mudaram para os EUA onde ficaram até a morte.
 
Na época (anos 80), você posou duas vezes para a revista Playboy, naquele período era um fato raro posar duas vezes para a mesma publicação. Como você lidava com o seu corpo e com o apelo sexual que o público e a mídia lhe impunham?
Pois é. Outro dia me deparei com uma das revistas, em que eu estava na capa como "musa do verão". Quase morri de tanto rir, pois sou pálida e nunca gostei muito de praia ou de calor!
 
Eu era muito nova, meu pai que como disse antes era muito rígido, tinha morrido, minha mãe vivia exilada em outro país, eu fui educada em casa e na escola com a ideia de pecado e de tudo ser proibido e feio e portanto tinha uma necessidade imensa de romper barreiras, de me libertar e essa foi uma das razões de pousar nua, fazer filmes transgressores, etc. Era uma postura pública mais do que pessoal. Eu não gastava nenhum tempo pensando no meu apelo sexual...
 
Há alguma diferença entre a nudez para uma revista e atuação com nudez à frente das câmeras?
Sim, é claro. Há uma grande diferença. Nas telas ou nos palcos, é um personagem que se desnuda para ajudar a contar uma história, dentro de um contexto.
 
Numa revista você não tem essa proteção. Ou você faz isso para romper um tabu pessoal, por vaidade ou por dinheiro.
 
Há mais de 25 anos você mora em Nova York. Por que decidiu sair do país?
Foi por acaso. Eu vim para visitar a minha mãe e ficar duas semanas. Aí veio a "roda viva" e carregou minha viola pra cá... O Beijo da Mulher Aranha estreou e foi muito bem. Por causa do meu pequeno papel fui convidada pelo Woody Allen a trabalhar no ‘Radio Days’, conheci meu marido, casei e mudei! A vida foi acontecendo. Não foi planejado.
 
Denise em 'Rádio Days'.
 
Você, como produtora, lançou o documentário ‘O Homem que Engarrafava Nuvens’. Em algumas entrevistas você mencionou que se sentia envergonhada em não ter feito nada para salvaguardar a memória do seu pai. A realização do documentário surgiu a partir deste ponto de partida?
Sim. Inspirada pela minha grande amiga Ana Jobim, viúva do Tom e guardadora da memória dele como ninguém!
 
A memória do nosso país é escapista, fugidia. Mesmo cantores consagrados são, por vezes, esquecidos. Seu pai, o compositor Humberto Teixeira, era um sujeito que ficava nos bastidores. Desta maneira, como criou e incitou o público a ir ao cinema, mesmo ele não sendo um profissional de vitrine, portanto com pouco “apelo”?
O filme foi um sucesso de crítica e de festivais pelo Brasil e o mundo, ganhando inclusive os prêmios de melhor filme documentário e de melhor trilha sonora pela Academia Brasileira de Cinema. Infelizmente, porém, não foi um sucesso de bilheteria de maneira nenhuma. Uma pena. Meu consolo é que é um filme que vai ficar para sempre. É um documento da nossa história! Lírio Ferreira fez um lindo trabalho.
 
Podemos dizer que ‘O Homem que Engarrafava Nuvens’ é somente a sua primeira incursão como produtora? Outros trabalhos virão?
Espero que sim. No momento estou começando alguns projetos.
 
“O frustrante na vida de atriz é que você depende de alguém te oferecer um papel. Produzindo, você gera o trabalho.” Discorra sobre essa sua frase.
É exatamente isso. E a única maneira de não se ficar à mercê dessa situação é gerar o próprio trabalho. Hoje em dia, cada vez mais atores escrevem, dirigem, produzem, filmam, colocam na internet ou aonde for suas ideias. Ninguém fica sentado esperando ser chamado. Acho isso muito mais interessante!
 
Muitos críticos consideram que ‘Rio Babilônia’ foi o seu maior trabalho no cinema. Concorda com isso?
Não. Acho que foi um bom e corajoso trabalho, mas não sei se foi "o maior". Todos foram bastante importantes pra mim. Cada um à sua maneira. Eros foi um desafio por contracenar com a câmera que era subjetiva. Terror e êxtase por ser o primeiro, pela violência do tema e pela exposição. Beijo da Mulher Aranha por ser de época e em inglês. Era do Rádio por ter que cantar...
 
Enfim, cada um foi um desafio diferente.
 
Há uma cena em especial nesse filme, a da piscina, que entrou para o folclore do nosso audiovisual. A que motivos você credita isso?
Gostaria de dizer que foi por conta da beleza da fotografia...
 
Acho que foi por ser uma cena forte, sem apologias, corajosa, quase pornográfica, que tocou na fantasia das pessoas, aonde se pensa que se está vendo uma coisa real, sei lá. Só me lembro que estava um frio tremendo, eram 3 ou 4 da manhã e tinham umas 100 pessoas em volta da piscina, o Neville dirigindo, o diretor de fotografia dentro d'agua com a câmera, enfim o oposto do clima que se vê na cena.
 
Gostaria que falasse, um a um, dos seguintes filmes:
 
‘Bar Esperança’
Foi uma ponta! Mas foi uma honra participar de um filme do Carvana.
 
‘O Beijo da Mulher Aranha’
Adorei! Tudo sobre esse filme foi bom. Me diverti muito com o Hector, a Sonia, o Patrício Bisso, afora fazer grandes e boas amizades. Pena que o filme dentro do filme, do qual eu participo, acabou ficando muito longo e foi bastante cortado. Mas fazer foi o máximo!
 
‘Jorge, um Brasileiro’
Foi um prazer trabalhar no Brasil novamente depois de ter me mudado pra cá. O Ricceli é maravilhoso e o Paulo Thiago e a Glaucia são muito gentis.
 
Cinema é a sua essência como atriz?
Não sei. ADORO cinema, mas também gosto demais de teatro e de televisão. Talvez em termos de resultado eu prefira cinema.
 
Denise atuou no filme dos Trapalhões.
 
Você trabalhou com diversos cineastas de diferentes estilos como Neville D’Almeida, Hector Babenco, Hugo Carvana, etc. É preciso adaptação para condutas e normas de trabalho tão antagônicas?
Sem dúvida. Mas foi um privilégio trabalhar com todos eles!
 
Qual é o trabalho que mais se orgulha ter realizado?
O Homem Que Engarrafava Nuvens.
 
E o pior trabalho?
Uau! Não sei. Provavelmente se foi tão ruim eu esqueci.
 
Morando em Nova York, apareceu o convite para fazer ‘A Era do Rádio’, de Woody Allen. Como foi isso?
Ele viu o ‘Beijo da Mulher Aranha’ e mandou me chamar.
 
Esse convite foi antes de estudar teatro na Universidade de Nova York (NYU)?
Depois.
 
Denise com Miguel Falabella em 'O Beijo da Mulher Aranha'.
 
‘Marron Glacê’ e ‘Baila Comigo’ são algumas novelas que você atuou. Como é atuar em telenovelas?
Divertido, dependendo do elenco e da equipe, mas é muito trabalho! Se grava muitas cenas por dia e se o papel for bom, o preço é ter que decorar páginas e páginas de texto! É um grande exercício e você tem tempo de desenvolver o personagem. É muito legal.
 
Sua aparição mais recente na televisão brasileira foi em ‘As Cariocas’. Como foi para você?
Antes disso, fiz um episódio de ‘Mulher’, com a Eva Wilma e a Patrícia Pilar, que foi muito bom mesmo. Quanto à ‘As Cariocas’, foi uma oportunidade que o Daniel Filho me deu de voltar à TV como uma mulher mais velha, fazendo papel de mãe em vez de mocinha e isso foi muito bacana. Espero ter outras oportunidades como essa em breve, até para não "enferrujar" entre uma atuação e outra...
 
Para finalizar, é possível, em termos comparativos, dizer que alguma atriz hoje aqui no Brasil, possa de equiparar a sua projeção, sucesso e referência quando atuava aqui no país?
Para lhe dizer a verdade, Rafael, eu não tenho ideia. Nunca levei muito a serio a minha "projeção, sucesso e referencia" e portanto não sei comparar com o que acontece hoje...

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Rodrigo Candelot

 
Ator. Atuou em ‘Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora É Outro’; De Pernas pro Ar’; ‘Até que a Sorte nos Separe’, entre outros.
 
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
A qualidade do roteiro e da equipe envolvida. Ainda se faz muito curta metragem no país no "amor". É claro que a remuneração motiva ainda mais o ator, mas cinema ainda traz aquela característica do cinema novo de "uma câmera na mão, uma ideia na cabeça" e vamos nessa. Acho que fazer cinema é o sonho de todo ator, então muitas vezes você topa fazer curtas sem grana mesmo, pelo amor à sétima arte.
 
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Realmente é uma questão. Todos envolvidos na produção de curtas-metragens parecem que estão sempre fazendo uma grande gincana, para filmar, exibir e comercializar. O mercado encara o curta como uma coisa menor, mas muitos diretores que hoje estão ai consagrados (e atores também) começaram suas carreiras em cinema através dos curtas mas só com eles, que conseguem experimentar e se aperfeiçoar.
 
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Antes de cada filme, cada sessão, deveria sempre ter uma exibição de um curta.
 
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
É verdade, mas o curta é só um estágio inicial na carreira. Todos que começam nessa área querem ir depois para o longa-metragem. Isso é normal. E importante.
 
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Acho que não. Acho que por mais que a visibilidade não seja tão grande, é cinema e a qualidade de um curta muitas vezes é superior a um longa. E também é uma possiblidade de você contar uma história menor, que não daria um longa-metragem.
 
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Sim. Como ator, minha carreira já está se encaminhando para a direção. Já faço preparação de atores para cinema e TV, já fiz assistências de direção em teatro, escrevi dois roteiros de curtas, e acho que o caminho natural é acabar dirigindo em breve.

Ana Rieper

 
Diretora de televisão e cinema documentário. Cursou Cinema e Geografia na Universidade Federal Fluminense. Sua estreia na realização de longas-metragens se deu em 2011, com o documentário ‘Vou rifar meu coração’, que recebeu o prêmio de melhor direção de arte e menção especial da crítica no Atlantidoc Uruguai, além de ser eleito melhor filme no In-Edit Brasil 2012.  É também diretora do filme ‘Saara’ (1998), curta-metragem vencedor dos prêmios de melhor filme no 2º Festival do Filme Documentário e Etnográfico de Belo Horizonte e melhor direção no 1º Fest Cine.
 
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Acredito que cada filme, quando é pensado, concebido, tem um tempo de duração natural, o tempo que aquela história pede, seja ficção ou documentário. 
 
O curta tem um formato extremamente interessante por diversas razões. É um tipo de filme em que mais frequentemente os cineastas experimentam, provocam, subvertem a linguagem "socialmente aceita" dos longas clássicos narrativos. Claro que muitos longas-metragens também o fazem, mas é certamente menos comum. Outra questão importante tem a ver com a viabilidade de produção. É mais ágil, mais barato, uma produção menos pesada pra se levantar e, por isso, tem uma identidade maior com cineastas jovens, que oxigenam o fazer cinematográfico, e com aqueles que têm uma relação menos institucional e mais artística com o cinema que fazem. O curta é um terreno de criação, de inovação e provocação e isso me atrai demais a fazer esse tipo de filme.
 
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
A grande imprensa é parte fundamental, criadora inclusive, de nossa cultura capitalista que elege seus “Avatares” (ou Harry Potters) e condena à obscuridade grande parte das produções independentes em que os curtas são expressão importante. Essa visão  está presente até mesmo na esfera das políticas públicas onde muitas vezes vemos os curtas serem tratados equivocadamente como cinema "menos relevante".
 
Ocorre que muitas vezes as demandas sociais por acesso à arte consegue transpor esse muro que separa as zonas luminosas da produção cultural e as zonas opacas, "obscuras" que, ao contrário do que possa parecer, trazem luz, reflexão, ampliação de horizontes, por estarem mais conectadas com um pensamento crítico. É o caso de diversos cineclubes exibidores de curtas, como o Cachaça Cinema Clube, por exemplo, evento mensal que lota o Cine Odeon há 9 anos.
 
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Sou a favor da exibição de curtas nas salas de cinema antes dos longas. É uma política formadora de público, que pode começar a mostrar algumas obras geniais que ficam muitas vezes limitadas às plateias de festivais. Acredito ser este um incentivo importante ao cinema brasileiro, pois traz uma renovação de linguagem para o vocabulário cinematográfico do público mais amplo, que certamente passará a se interessar cada vez mais por este tipo de cinema. É a criação de um hábito saudável, como se alimentar bem. 
 
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Completamente. O Jorge Furtado é um exemplo para mim, neste aspecto. Embora tenha se dedicado nos últimos anos ao longa-metragem, viveu durante décadas como premiado curtametragista. Mesmo após a consagração de alguns de seus curtas, com destaque para "Ilha das Flores", não se tornou cineasta de longas. 
 
O curta tem, em um certo aspecto, uma característica de militância, de lealdade a uma forma de contar histórias próprias do formato, um compromisso com um cinema mais autoral.
 
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Creio que não. Pega até mal. 
 
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Certamente. Tenho algumas ideias de filmes que têm sua expressão ideal no curta-metragem. Como eu falei acima, cada filme pede uma duração, uma forma narrativa. Adoro fazer curtas e pretendo continuar nessa estrada.