quarta-feira, 27 de julho de 2011

Kátia Klock



Kátia dirije o CurtaDoc - programa idealizado por ela e sua equipe Contraponto e produzido para o SESCTV.

Por que criar um programa de TV que seja focado no curta-metragem?
Nossa proposta com o CurtaDoc era justamente abrir um canal específico na televisão para a exibição do curta-metragem documental. O programa dá visibilidade a esse formato e vai além, abre a discussão para a produção audiovisual e, especificamente, para a cultura do documentário. Em 37 programas (52min) exibimos 125 curtas na primeira edição (ainda no ar). Agora teremos mais 50 programas e a previsão é apresentar mais 170 curtas-documentário.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
O tamanho de certas histórias e a vontade de continuar experimentando. Parece mais fácil experimentar em filmes curtos do que longos… E, antes de mais nada, a duração que o filme vai ganhar depende do fôlego da história. Como minha experiência sempre esteve muito próxima da grade de programação da televisão, e é quase inexistente espaço para filmes curtos nas emissoras, acabamos concentrando nossas produções em médias-metragens de 52 minutos. É uma duração que alguns canais fixaram como espaço para documentários.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Você já ouviu falar em curta-metragem para o grande público? Muitas pessoas não sabem nem o que significa essa expressão. Curta é assunto de festivais de cinema, cineclubes e mostras. Com isso, ele circula em locais muito específicos. Já a mídia está interessada em pautas que interessam ao público em geral. Aí nos deparamos com um círculo vicioso. Não há espaço porque não há público, não há público porque não existe espaço… Os críticos de cinema dos grandes veículos estão fadados a seguir o caminho regido pelo mercado. Uma coisa puxa a outra.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Se a Lei do Curta, de 1975, fosse regulamentada e estivesse em vigor o mercado e a visibilidade do curta-metragem brasileiro seriam diferentes. O filme curto deixaria, pelo menos, de ser 'marginal', teria um espaço de exibição para o grande público nas salas de cinema - hoje tomadas na sua maioria por filmes norte-americanos. Mais um motivo para o cinema nacional ter um local garantido por lei. Não que as leis sejam o melhor caminho, mas em um país onde educação, cultura e saúde não são prioridades, certas leis devem existir.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
O curta pode ou não ser trampolim. Acredito que ele possa fazer parte da carreira de um realizador que de tempos em tempos resolve filmar uma curta história. Mas isso é raro. É fato que presenciamos carreiras de diretores que se esquecem do curta-metragem assim que deixam para trás sua condição de iniciante, quando era possível experimentar.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
A maioria diz que sempre está querendo fazer novamente um curta… Mas depois que a carreira engrena a maioria dos realizadores começa a se envolver com projetos maiores. Se há preconceito? Pode ser…

Pensa em dirigir um curta futuramente?
As curtas histórias sempre estão por perto. Temos alguns projetos, a maioria ainda para documentários curtos. As ideias e os quereres são muitos. Poucos são os incentivos para a produção de um curta. E mesmo os projetos de curtas-metragens aprovados em leis de incentivo à cultura são difíceis de captar recursos, já que o retorno para o patrocinador é imensurável nesse mundo invisível do curta.

domingo, 24 de julho de 2011

EU CURTO - Kassandra Speltri


COM AS PRÓPRIAS MÃOS

Em primeiro lugar divido o fato de que não vou conseguir começar esse projeto sem antes agradecer á oportunidade que o Rafael Spaca (autor do blog Os Curtos Filmes) está generosamente ou loucamente (ainda não sei…) me proporcionando ao me entregar uma coluna falando sobre a minha opinião a respeito do que penso sobre uma obra de arte.

Segundo é o fato de que apesar de lisonjeada, me sinto apreensiva porque quando escuto a opinião de alguém sobre alguma determinada coisa, dificilmente concordo ou discordo de tudo, no entanto não me sinto em cima do muro por conta disso, é que me coloco livre nos meus pensamentos (que é onde podemos ser realmente livres…) pra me despir de qualquer julgamento, assim qualquer crítica passa a ser unicamente construtiva, com zero conotação pejorativa. Obrigada Rafael!

Começo essa jornada como uma autêntica curitibana, vou falar sobre o filme de um baiano/curitibano chamado "Com as próprias mãos", que foi rodado em Curitiba no ano de 2008.

O filme revela a face sombria de uma mulher, mostra que a mente humana é capaz de levar algumas pessoas a cometer atos de terrorismo despertados pelo desejo de fazer justiça pelas próprias leis. Será julgável a atitude de uma mãe que descobre quem é o assassino do seu filho, o tortura até a morte e depois acaba com a própria vida em uma atitude de desespero? Esse tema foi escolhido por Aly Muritiba (diretor e roteirista) para contar a história do filme. Quem assina a impecável direção de atores é Adriano Esturilho, imagino eu que com atores do nível de Ludmila Nascarella e Andrew Knowll a coisa fica mais divertida. Digo divertida porque como atriz, afirmo que é uma sempre uma grande experiência trabalhar com uma direção pontuada, a equipe afinada e empenhada é incentivo pra qualquer ator. Dito isto, nós espectadores sentimos toda a tensão junto com as personagens que nos envolvem até o pescoço em um cenário/locação incrível, onde a personagem de Ludmila Nascarella comete absurdos passionais, a atriz levou cinco prêmios com sua interpretação que merece todo o meu destaque pra esse filme. Ah… se o Almodóvar a visse!

Apresentado em 15 festivais nacionais e internacionais, levou mais de 20 prêmios entre melhor filme, roteiro, direção, atriz, cenografia e montagem.

Kassandra Speltri
Iniciou sua trajetória ingressando no curso de artes cênicas da Faculdade de Artes do Paraná, envolvendo-se em um projeto de educação ambiental em regiões da periferia de Curitiba. Com um currículo de mais de 20 espetáculos foi indicada ao Troféu Gralha Azul por conta de também produzir suas próprias idéias, á partir disso criou a Cia. Despida de Teatro e em parceria com seu coletivo de arte a OKO Criativo acabou de escrever seu primeiro roteiro de curta metragem que em breve será rodado em Curitiba. Co-fundadora do Coletivo de Mães, pesquisadora do universo da arte para crianças, montou esse ano "Histórias que vêm debaixo da Cama", espetáculo que abre a possibilidade de atuar efetivamente na área de arte educação, adentrando o universo das relações entre mães e filhos (perita nisso por ser mãe de João Guilherme de 9 anos). Atualmente se prepara para temporada em algumas cidades do país com o espetáculo "Av. Independência, 161 ou trilha sonora para coisas irreversíveis", que esteve em temporada no mês de maio em Curitiba e é colunista do blog Os Curtos Filmes.

sábado, 23 de julho de 2011

Paulo Cezar Andrade Prado



Paulo Cezar Andrade Prado, o Paulinho, como é popularmente conhecido, é um jornalista esportivo, trabalha na Rádio MídiaCast como editor-chefe e comentarista e tem o blog (http://blogdopaulinho.net/) como referência para quem busca informações que vão muito além do óbvio.

Por que há tão poucas produções cinematográficas relacionadas ao futebol?
Nem tão poucas assim. Se você observar, nos EUA, além de produções cinematográficas há até séries que tem o esporte, pelo menos, como pano de fundo. O problema maior está relacionado ao futebol. Dizem que é muito difícil filmá-lo de maneira adequada.

Diferentemente do boxe, beisebol e até mesmo do basquete, o futebol é mais dificil de ser "enquadrado" por uma câmera de cinema?
É o que dizem os especialistas.

Os filmes sobre futebol são, em sua maioria, documentários sobre títulos, clubes ou ídolos. Por que a ficção é pouco abordada nesses filmes?
Talvez pela dificuldade em criar boas cenas. Mas, sem duvida, deveriam existir mais produções sobre o assunto.

Na sua opinião, com a chegada da Copa de 2014, o aumento e o nível de produção de filmes sobre futebol irão aumentar?
Tudo indica que sim. Seria uma ótima sacada, aproveitar que o povo estará pensando muito em futebol.

Quem assiste um jogo de futebol no estádio sabe exatamente que a transmissão de uma partida, pela televisão, não consegue passar de maneira fidedigna a sensação que temos ao ver a mesma partida in loco. O que a televisão pode fazer para melhorar as suas transmissões, ou isso é impossível?
Honestamente não vejo grandes problemas nas transmissões de futebol pela TV. Acho que a qualidade é muito boa. Mas sempre há espaço para melhoras.

Qual jogador merecia ter a sua vida documentada em um filme?
Dr. Sócrates.

Muitos jornalistas, quando muito, saem da sua rotina em redações de jornais, rádio ou televisão e publicam um livro. Poucos se arriscam em transitar em outras áreas. Pensa, um dia, em filmar algo relacionado ao futebol?
Seria interessante, mas teria que me preparar para não fazer feio...

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Sabrina Fidalgo



Sabrina é uma cineasta carioca, residente em Munique, Alemanha. Ela realizou o curta documentário Sónar 2006 - Special Report junto com o portal inglês de musica eletrônica Clubbity.

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
Acho que o curta-metragem, não só no cinema brasileiro como no panorama do cinema mundial, tem essa missão de formação de talentos. É através dos curtas que jovens diretores são formados. Foi assim com a maioria dos cineastas brasileiros e estrangeiros. Isso sem falar da oportunidade de jovens talentos exercitarem a criatividade e talento. Além, é claro, na enorme possibilidade de experimentação e é graças à essa liberdade proporcionada pelos curtas que surgiram estilos indefectíveis de grandes diretores.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Por pura convenção. Em algum momento da história estabeleceu-se que curta metragem é "coisa menor" e ponto, empacou-se aí. Por outro lado essa negligência ocorre em muito pela falta de uma estratégia de mercado. Existe uma indústria do cinema que vai desde o pipoqueiro do lado de fora da sala de exibição até os investidores de grandes produções. Daí convencionou-se que os curtas não são comercializáveis e não geram lucro porque "ninguém pagaria ingresso" para ver um filme de 5, 10, 15 minutos, o que não é verdade. Há de se saber vender tudo, inclusive curtas, que são produtos comerciáveis. E só os festivais de cinema não cumprem com a função dos curtas enquanto “produtos”.Claro que o público pagante não vai desembolsar R$ 16 para ver "um" curta, mas ele desembolsaria R$16 para ver uma série de bons curtas. Nos anos 60 e 70 era comum ver o nome de vários diretores renomados em projetos de curtas, como "Boccacio70" onde cineastas do porte de Fellini, DeSica, Monicelli e Visconti dirigiram curtas inspirados no clássico "Decameron", entre outras produções do gênero. Porém diretores contemporâneos como o Jim Jarmusch em "Um Noite Sobre A Terra" e Quentin Tarantino com um curta fantástico no filme "Grande Hotel" reeditaram, cada um à sua maneira, os filmes de episódios. O prórpio Almodóvar, que é o meu diretor favorito, fez aquele curta maravilhoso, "La Consejala Antropófoga", ao terminar as filmagens de "Abraços Partidos" e, na minha opinião, aquele curta é muito mais divertido e interessante que o longa em sí. Mas existem projetos recentes como "Paris, je t'aime" , "New York, I love you" e agora vai ter "Rio de Janeiro, I love you", todos filmes de episódios, envolvendo vários diretores dirigindo curtas. Esse é um caminho altamente viável para a sobrevivência dos curtas no mercado "off" festivais e, acredito eu, isso traria de volta o interesse do público, dos críticos e da mídia em relação aos curtas. E sou totalmente a favor da volta da produção de filmes de episódios. De qualquer forma acho que no final é uma questão de estabelecer definitivamente o curta como produto audiovisual de qualidade e altamente comercializável. Uma vez que que isso seja estabelecido virão os criticos, as resenhas e toda a atenção que os curtas merecem ter.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Como falei, acho que uma das possibilidades seria voltar a produzir mais filmes de episódios, que além de serem altamente instigantes são, em muitos casos, economicamente mais viáveis. Mas há outra possibilidades também, exibindo uma série de curtas em um determinado horário das salas de cinema e até mesmo reimplantando com o maravilhoso hábito de se exibir um curta antes do longa. O que falta é um incentivo maior para a ampliação de um circuito popular de distribuição desses filmes. Possibilidades existem faltam só iniciativas.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Acredito que sim. É uma questão de estilo também. O curta tem uma linguagem própria bem diferente dos longas até mesmo pela própria limitação de tempo, que te obriga a ser muito mais conciso e criativo na forma de se contar uma história. O poder de concisão está atrelado à criatividade e, ao meu ver, essa é uma tarefa muito mais difícil. Não é nada fácil contar uma história empolgante em 5, 10 minutos...é preciso muito empenho no roteiro e na direção para saber administrar o tempo e o ritmo de forma criativa e cativante. Todavia o curta, pela sua própria posição no mercado, também te dá mais liberdade de expressão. Você não depende de retorno de bilheteria. Você acaba tendo um comprometimento muito maior com a sua própria ideologia e visão artística. Mas acredito que os curtas também sejam um trampolim para se fazer um longa. Só se aprende a fazer filmes dirigindo mesmo, colocando a mão na massa, seja em curtas experimentais, ficcionais ou documentais....Então os curtas são também uma excelente forma de se desenvolver o potencial até o momento de maturação.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Eu acredito que não. Como pode marginalizar um produto de formação e experimentação da própria profissão? Acho que não se trata de cineastas marginalizarem o curta-metragem em sí e sim do formato do curta-metragem não ser tratado como produto comercial rentável e, conseqüentemente, não ter uma janela, um circuito comercial abrangente onde possa ser devidamente exibido, divulgado e resenhado. Os curtas tem um formato de comercialização mais difícil que os longas, o que não diminui sua importância. Mas em parte é verdade sim que a maioria dos cineasta querem contar grandes histórias , de 90 minutos em diante. E tem também a questão da visibilidade, pois com um longa o cineasta será certamente muito mais reconhecido e assistido. Isso sem contar na possibilidade maior e real de se ter um filme de longa-metragem distribuido nos cinemas, por mais complicado que isso possa ser. E esse é, inegavelmente, o grande sonho de todos os cineastas. O mercado dos curtas é mais vanguardista, além dos festivais, das exibições em circuitos ditos "undergrounds" e alguns poucos canais de TVs abertas e fechadas que dedicam algum espaço para eles, é muito difícil para o grande público ter acesso aos curtas. Mas agora, com esse "boom" de todas as mídias digitais, câmeras, internet, celulares, etc, isso está aos poucos mudando, pois os curtas são modelos perfeitos para essas mídias. O curta está saindo da margem, está ficando cada vez mais acessível, está achando o seu nicho.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Sim, com certeza! Nesse exato momento estou escrevendo o roteiro de um novo curta e vamos rodá-lo nos próximos meses aqui no Rio. O curta será protagonizado pela Thais Botelho, uma menina linda e super talentosa. Ela acabou de fazer uma personagem muçulmana na novela Malhação e certamente tem tudo para ser a Sônia Braga do século XXI em um futuro próximo. Mas na verdade não penso em deixar de dirigir curtas nunca. Adoro realizar curtas. Ainda estou começando e quero sempre estar começando mesmo daqui a 20,30 anos. Com os curtas posso exercitar meu ofício de foma mais livre, além de exercer sempre a humildade e o pé no chão, que são essenciais na nossa profissão. Outra coisa que me encanta na realização de curtas é a independência, porque sei que não vou necessariamente precisar de forças maiores (leis de incentivos, patrocínios) para poder realizá-los. Com exceção do meu primeiro curta, o "Sónar 2006 - Special Report", que foi um projeto em parceria com o finado website inglês "Clubitty", os meus curtas anteriores (o alemão "Das Gestezs des Stärkeren" e a co-produção Brasil/Alemanha "Black Berlim") foram totalmente independentes e nenhum deles teve patrocínio, rodávamos no coletivismo voluntário e sempre exerci, no mínimo, a tripla função de direção-roteiro-produção e muitas vezes até maquiadora, cabeleireira, responsável pelo "catering", etc (risos). Eu amo todas as etapas de produção e no fundo é muito prazeroso poder desempenhá-las. O curta-metragem é e sempre será uma grande escola para mim.

Qual é o seu próximo projeto?
Meu próximo projeto, além desse curta que mencionei, é o longa documentário "Cidade do Funk", uma co-podução da minha produtora "Fidalgo Produções" e da "Diler & Associados" do produtor de cinema Diler Trindade. O doc vai contar a história da Black Rio, dos bailes e do funk até os dias atuais. Na verdade esse é um projeto antigo que venho desenvolvendo desde 2006 e que já passou por varias mudanças e reformulações antes de estabelecermos o roteiro atual. Já modificamos tanto o conceito quanto parte da equipe algum par de vezes, mas agora, felizmente, chegamos ao desenho ideal. É complicado falar de projetos, nunca podemos estabelecer prazos e datas, porque as coisas não dependem só da gente. A produção de um filme é uma coisa muito complexa, que depende muito de forças externas, principalmente no caso de um projeto do porte razoavelmente grande como esse, que tem recursos advindos de leis de incentivo e patrocínios envolvidos. Nesse momento estamos em fase de desenvolvimento. E tem também o projeto do meu primeiro longa de ficção, que já existe e está só aguardando a hora certa para que possa tocado.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Fernando Sanches



Fernando iniciou sua carreira como supervisor de pós-produção e efeitos na Casablanca Finish e Conspiração. Como diretor de cena, já passou pela Dínamo e Prodigo Films, com trabalhos para agências como DM9, África, DPZ, AlmapBBDO, McCann-Erickson e Leo Burnet. Seu trabalho tem como característica a busca por novas linguagens estéticas e narrativas, e a utilização consciente da pós-produção como ferramenta ativa na concepção de seus filmes.

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
Não sei bem a importância histórica, mas sei que é um ótimo meio de se começar a filmar, curtas e vídeo clipes são a porta de entrada para cineastas no cenário do cinema.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
O curta não é um produto comercial, não se ganha dinheiro com ele, logo, não recebe tanta atenção nos veículos de massa, mas na mídia segmentada acho que o curta tem um bom espaço.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Acredito que hoje em dia, a internet seja o melhor meio de divulgação para curtas, através de divulgação espontânea em redes sociais e blogs, assiste quem realmente está interessado, sem sair de casa e nem pagar nada por isso.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Pra mim a relação do curta e do longa é como a do romance e do conto, não podemos enxergar um curta como um mini longa, são dois formatos distintos com linguagens diferentes, se o cineasta tiver outro tipo de renda, ele pode viver sim fazendo apenas curta-metragens.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
De jeito nenhum, o que acontece geralmente é que é tão trabalhoso fazer um curta, e não vem nenhuma recompensa monetária depois, que os cineastas que conseguem passar para o longa, não tem tempo nem disposição de voltar a fazer curtas.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Fiz o meu primeiro, o "Landau 66" em 2008, e estou desenvolvendo o meu segundo "10 de espadas" baseada na HQ de Lourenço Mutarelli "Meu primeiro amor".E também estou escrevendo o roteiro do meu primeiro longa "3 Vezes no inferno" e dirigindo publicidade e vídeo clipe nesse meio tempo.

R.F.Lucchetti


RIBEIRÃO PRETO: CENTRO DO CINEMA DE ANIMAÇÃO DO BRASIL

Texto de Vasco Granja

Esta sessão despertou tanto interesse no escultor e cenógrafo Bassano Vaccarini e no estudioso de cinema de animação Rubens Francisco Lucchetti que levaram ambos a fundar o Centro Experimental de Cinema de Ribeirão Preto.

Nas primeiras experiências efectuadas no Centro utilizou-se uma velha película de dezesseis milímetros já usada e à qual se raspou a emulsão gelatinosa. O resultado obtido, cem pés de película desenhada, deixou incrédulos os seus autores: Lucchetti e Vaccarini. Meses mais tarde tinham concluído o seu primeiro filme, ‘Abstrações’, que reún quatro estudos com a duração total de dezessete minutos. Após a conclusão desde ensaio surgiu o problema da sonorização. Foi Milton Rodrigues quem o resolveu, gravando em fita magnética um acompanhamento musical integrado no tema abstrato.

Outra experiência tentada por Lucchetti e Vaccarini foi ‘Fantasmagorias’, movimentação de um quadro estático que representa uma fantástica paisagem noturna, filmada em grandes planos, planos de conjunto e panorâmicas. O filme inicia-se com imagens da materialização de um fantasma sobre o pântano, outro que sai do interior de um vaso e regressa ao mesmo, materialização de dois estranhos pássaros que são desintegrados por misteriosas explosões, enfim, toda uma série de fatos fantásticos acontecem sobre a paisagem, até que clareia o dia e tudo volta à tranqüilidade.

Um projeto que está a ser testado é ‘A Sombra’, inspirado num conto de Edgar Allan Poe. O filme será dividido em duas partes: a primeira, representando a cidade de Prolemeis, com as suas ruas desertas e melancólicas; a segunda, a sala onde se desenrolará o drama. O clima desse filme será obtido a partir de movimentos da câmera cinematográfica e tudo deverá ser feito de modo a que o espectador sinta que está vendo uma história movimentada, quando na realidade é apenas composição de quadros estáticos. Durante o desenrolar da história ouvir-se-á o narrador contando o que se passou na terrível cidade de Prolemeis.

Para que a voz sincronize perfeitamente com a imagem, por exemplo, no momento do narrador dizer: “No espelho que o seu brilho formava sobre a mesa de ébano, cada um de nós revia a palidez do próprio rosto”, a câmera enquadrará a mesa onde se refletem, mostrando-as uma por uma, sucedendo-se os grandes planos alternados, sem panorâmicas. Os dois cineastas de Ribeirão Preto entendem ainda realizar ‘Cosmos’, fantasia de cores e formas gravadas na película preparada com uma solução leitosa e sobre a qual irá derramando tinta liquida de várias cores ao longo do celulóide em ação continua, desprezando o limite do fotograma.

Ao realizar estas experiências numa pura base artesanal, Lucchetti e Vaccarini escolheram o caminho mais difícil do filme animado, pela diversidade e complexidade dos problemas defrontados. Mas certamente que os saberão resolver com a paciência e a confiança inerentes aos cineastas da animação.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Sandra Kogut



Sandra é especializada em video-arte e documentários, seu trabalho é caracterizado por experimentos de edição não-linear, abordando temas que visam criar alguma intervenção no espectador, em relação a questões sociais. Dirigiu filmes como ‘Mutum’ e ‘Um Passaporte Húngaro’.

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
Nos anos 80 a lei obrigava os cinemas a passarem um curta antes dos longas e isso criou uma visibilidade importantíssima para quem estava começando a fazer cinema. Surgiu uma atenção renovada em cima de uma geração que estava chegando. Historicamente os curtas representam um lugar da experimentação, da novidade, dos riscos. Em geral são feitos por jovens e a própria economia do filme torna mais possível arriscar. Além disso existem menos regras e dogmas, também em função da curta duração. Tudo isso faz com que muitas vezes os curtas sejam um sopro de ar novo.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Talvez as pessoas confundam o fato dos filmes terem uma duração pequena com eles serem obras “menores”. Não é nada disso. E apenas um outro formato, com a vantagem de ser bem menos formatado. Ter menos pressão e obviamente mais liberdade. Então, ao contrário, os curtas podem ser (e muitas vezes são) um caldeirão fervendo de novidades. Deveriam receber muita atenção. Mas para isso eles precisam aparecer em algum lugar, ter possibilidades de serem exibidos, vistos, chamarem a atenção.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Hoje em dia as possibilidades de exibição são tantas e tão variadas. Tenho certeza que se algumas pessoas se juntassem para pensar sobre isso milhões de idéias possíveis surgiriam. Deveria se organizar um grande debate sobre o assunto, e convidar pessoas que pensam e fazem isso há anos, como o Ailton Franco por exemplo.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Possível artisticamente é com certeza. O problema é que as pessoas entram numa economia de mercado, e o curta não tem uma economia da qual se possa viver. Mas isso artisticamente é uma tragédia. Da mesma maneira que muitos cineastas não deveriam estar fazendo um longa após o outro, porque não tem tanto assim a dizer. Mas quando se entra num plano de carreira, os filmes se tornam peças nessa engrenagem, e a máquina tem que andar pra frente. Por existe um excesso de filmes no mundo, muitos deles não precisariam ter sido feitos. Os melhores curtas são aqueles que são curtos porque o filme pede esse tamanho, é uma decisão orgânica, que vem de dentro do filme. Senão eles viram uma espécie de amostra grátis de um filme longo que não existe, ou um cartão de visitas meio caro para o diretor. Aí sim, o curta vira uma coisa “menor”.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Não sei. Para alguns talvez. Mas tendo a achar que não. Todo mundo reconhece ali um terreno fértil para a criação. E muitos cineastas estabelecidos voltam a fazer curtas em algum momento. Porque se tem vontade de dizer algo curto, que pede aquela formato, de trabalhar de outro jeito. Conheço muita gente que faz ou está fazendo isso, paralelamente aos longas.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Por que não?

quarta-feira, 13 de julho de 2011

CURTA PASSIONAL - Carlo Mossy


O CURTA-METRAGEM

Olá turma do elementar foco dinâmico e do confundível diafragma cinematográfico. O meu eventualmente despropositado currículo fílmico, que me indica como sendo ator, produtor, roteirista e diretor, acusa cúmplice, 62 filmes, (caraca!) entre longas, curtas e, forçosamente, especiais às TVs. Quarenta e cinco anos visceralmente celulóidicos, (uma vida altiva escondido em latas semi enferrujadas) que serão comemorados de forma singela, filosoficamente íntima, talvez solitária a dois, e sem as estrambóticas festanças costumeiras que regem permeáveis e assimétricas esse pretensioso dia de 25 de julho, o que pode pressupor, talvez, um grandioso conjunto à soberba obra desse escritor-anfitrião sessentão. Nada disso. Apenas um ridículo existencial à obra audiovisual, denominada como sendo... vida/filme.

Quando alguém me diz convicto que se formou num curso de cinema, teatro, ou em qualquer outro departamento lúdico, digo artístico, ostentando orgulhoso um diploma de papel-couchê carimbado com o nome do curso e assinado pelo diretor do mesmo, sorrio à festiva convicção demonstrada, e arguo imediatamente, dizendo que, ninguém, mas ninguém mesmo se forma em absolutamente nada, apenas estagia a tudo. À única coisa que podemos dizer que nós nos formamos de fato, de fato, seria à vontade de sermos reconhecidos por algo que criamos subjetivamente à nossa concepção intelectiva, mesmo sendo, o que alguns podem considerar sendo uma grande merda. Quaisquer fotogramas criados são exponencialmente dadivosos.

O preciosíssimo elemento do curta-metragem representa um verdadeiro trampolim aos jovens realizadores talentosos e plenos de esperança. Obviamente, o curta requer muito menos investimentos que um longa, por essa razão, muitos diretores consagrados de longas iniciaram seus trajetos fílmicos através dos abusados curtas. (Spielberg, Godard e muitos outros). E, da mesma forma que a literatura romanesca exige de seus escritores um exaustivo trabalho de imaginação e paciência, o curta-metragem exige igualmente um conjunto de fatores que o obrigam a utilizar-se à forma, em romanesco princípio, como se fora um longa, só que com uma duração menor.

É nesse específico formato, o de curta-metragem, é que são desenvolvidos nas escolas famosas e de maior realce os filmes de animação, experimentais, documentários realistas, ficcionais, românticos, e o cinema de juvenil de ideológica militância. Qual é a da vossa categoria?

Aliás, o curta-metragem, não serve apenas como trampolim para os longas, mas sim, pode se tornar uma obra personalíssima e intransferível. Uma obra completa. Única. Na minha humilde porém experimentada opinião de um cara todavia "porreta" e jamais mentalmente aposentado, o formato de um curta o torna decisivo por si mesmo como tal, e deve ser pensado e realizado pelo assunto previamente autotratado, elaborado e dignificado sem medo dos preconceitos elitistas contrários. Dar-lhe importância contextual e glorificá-lo pelo seu subjetivo conteúdo, eis o código. Ousar e manipular mentes e corações através de sua obra, eis o outro código.

O fantástico e intuitivo universo do curta é específico naquilo que eventualmente o faz objeto de uma criação, sua criação particular, quero dizer com isso, que, não raras vezes, com pouco investimento, entre amigos que colaboram, uns com o empréstimo de uma locação (apartamento, barraco, casa ou mansão), outros com a comida e transporte, (mesmo que sanduíches de mortadela, canapés de caviar e bicicletas), outro com a câmera e a luz, enfim, numa camaradagem passionalmente cinéfila, realiza-se um belo filme. E mesmo que ele não gere receitas nos cinemas, (o que é (a)normal), sua exibição em cineclubes e festivais, atraindo curiosos espectadores fanzocas do seu comportamento contextual audaz, o curta faz as honras de seus realizadores e dos afins. Eu tô dentro!

Carlo Mossy é diretor, ator, produtor, roteirista de cinema e colunista do blog Os Curtos Filmes.

terça-feira, 12 de julho de 2011

kassandra Speltri



Kassandra é atriz, figurinista e artista plástica. Trabalhou em filmes como ‘Corpos Celestes’ e a partir deste mês passa a assinar um coluna mensal no blog Os Curtos Filmes.

O que te faz aceitar participar de uma produção em curta-metragem?
Quem me convida é sempre um bom personagem e um bom argumento, acho que são ingredientes importantes. Mas por outro lado, me coloco sempre aberta ao exercício do meu ofício sem muito julgamento quando sinto que meu trabalho ajuda a fomentar a produção de curtas. E existe também algo que é extremamente estimulante que é a afinidade artística, já tive o prazer de cruzar com pessoas em quem tenho confiança suficiente pra me colocar á disposição das suas idéias.

Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Talvez porque no nosso país não tenhamos ainda a cultura de formação de platéia, hoje com a internet só não se intera quem não quer, portanto acho que falta vontade política nas pessoas pra se informar, pra escolher bem o que fazem em seu tempo livre, falo isso da massa, porque é claro que existe um grupo de pessoas e que não é pequeno que se interessa e muito, mas talvez sejam mais as pessoas envolvidas do que o público em geral, que é quem poderia nos ajudar a abrir esse espaço.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Não sei, talvez se tivéssemos salas de cinema onde só exibissem curtas a preços populares. Na internet temos sites que hospedam o trabalho de algumas pessoas, de certa forma isso ajuda a divulgar essa arte, mas acho que o interesse da mídia pra esse tipo de evento ainda é muito pequeno e isso impede que a população tenha conhecimento da produção que existe e que não é pequena, acho que a mídia poderia fazer um trabalho importantíssimo que é o da valorização da classe, talvez assim as pessoas se sentissem estimuladas a conhecer e procurar esses eventos com prioridade.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Não, acho impossível que uma pessoa não se sinta tentada a se aventurar em saltos mais altos, afinal, a experiência que se ganha fazendo vários curtas deve ser posta em prática. Quanto a ser trampolim, acho que tudo vai depender da segurança e honestidade, acho que fazer um longa é sempre um grande desafio pra qualquer pessoa que se envolve.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Se é, não deveria, quando faço um trabalho não costumo me importar muito com a opinião das pessoas, acho que o respeito deve partir de mim para com as pessoas que irão assistir, é claro que uma crítica construtiva de um colega é sempre bem vinda, mas acho que todo trabalho deve ser voltado para o público sem se importar muito com a opinião da classe.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Não, gosto muito do meu ofício. É claro que não posso falar que nunca farei alguma coisa, mas até o momento gosto mais de fazer parte da massa de modelar que é ser atriz. Acho maravilhoso contribuir e de certa forma materializar idéias, criar universos e brincar de ser muitas pessoas dentro de uma.

domingo, 10 de julho de 2011

Nilson Primitivo


A   Q   U  E   M   I   N   T   E   R   E   S   S   A   A   P   A   Z  ?

Não sou jornalista nem crítico, muito menos intelectual. Mas também Não sou omisso. Creio que sou, até muitas vezes, demasiado. Por esse rol quero apenas mostrar as a história, impossíveis de serem contadas pela história tradicional apenas documental e que não sabe procurar a razão das coisas senão pelo critério ideológico das inferências. Aqui não. O caminho mais seguro para se chegar ao verdadeiro futuro (pois existem os falsos futuros) é ir na direção do próprio medo. "Foice".

Objetivamente falando, quase tudo que escrevi aqui foi ‘ripado’ dos textos de outros autores sobre outros assuntos, que aqui adaptados, me serviram. Usei esse recurso como forma de dizer o que eu precisava e não me arrependo (ainda). Isso confere ora ou outra ao texto momentos de beleza e profundidade que não são obras minhas. DO resto do texto, uma confusão tremenda que tentei ordenar, vale como tentativa de acumular informações atribuindo a elas algum sentido.

Mas nesse caso, a apropriação é justificável: serve para compensar e exprimir com a grandeza e a seriedade necessárias as questões, procurando fazer jus a excelência das matérias. Também não costumo me opor só por diversão, como muitos, e se em algum momento radicalizei foi talvez pela falta de recurso pessoal para me expressar melhor. O fato é que Sady Baby e o cinema que introduzo o assunto daqui por diante, são de extrema importância pra quem quer pensar em levar a sério tanto o cinema nacional quanto a própria sociedade brasileira que fazemos parte. Em campos variados, tanto na literatura ‘erudita' quanto na indústria cultural, o assunto interessa a meu ver tanto a artistas de inclinações românticas quanto a pensadores agressivamente pragmáticos. Tanto que nos sonhos e nas fantasias dos modernos, em suas criações artísticas, percebe-se a presença de um vazio, uma razão fixa, ou seja, um sentido moral para uma certa ´beleza.

Escrevo sem rodeio nem eufemismos, o que às vezes parece imperativo, mas o fato é que não sou mal intencionado nem ignorante e nem vou desistir. Procurei realizar um trabalho de prospecção que merece ser mais minuciosamente aprofundado futuramente por alguém mais habilitado. Foi aliás minha primeira tentativa, mas como ninguém se dispôs, eu mesmo fui adiante. E muito sinceramente, vale a pena qualquer preço pelo prazer de falar sobre o cinema e as surpreendentes personagens que iremos descobrindo e que motivaram esse esforço. Estou seguro a respeito dos instantes iluminados em suas obras e no fato de serem praticamente desconhecidas. Posso dizer que “guiado pela minha paixão, não, guiado por outros que apaixonadamente tudo viram através do ódio, me intrometi em todas as coisas que poderiam me dar tr abalho, e que sucedeu? Queria eu pudesse sair dessa Guiana e pensar que minha correspondência comoveria alguém..”

Nilson Primitivo é cineasta e colunista do blog Os Curtos Filmes.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Blog e FIIK: Parceiros!!!



O blog ‘Os Curtos Filmes’ e o FIIK (Festival Internacional de Cinema Independente Kino-olho) acabam de selar uma parceria. Em breve traremos informações detalhadas desta parceria.

O FIIK é um festival de cinema produzido pelo grupo de Pesquisa e Prática Cinematográfica Kino-olho, grupo independente instituído na cidade de Rio Claro – SP desde o ano de 2006. A realização do FIIk tem como interesse unir e divulgar realizadores independentes do mundo que produzem um cinema engajado a partir de novas linguagens estéticas, valorizando um cinema autoral que não está nos grandes circuitos da mídia.

Ainda a partir do principal objetivo que norteia o FIIK, o de se tornar veículo de divulgação e incentivo dos realizadores fora do circuito das grandes mídias, o festival também promove debates entre profissionais da sétima arte e a organização de oficinas, workshops e palestras como forma de oferecer ao público a oportunidade de apresentar e pôr em discussão práticas alternativas de produção cinematográfica.

O festival é uma vitrine para as novas linguagens audiovisuais que estão se formando no Brasil e no mundo, o que fortalece o intercâmbio entre as diferentes produções.

Histórico do Festival

O FIIK teve sua primeira edição no ano de 2009 e dada a importância de manter o evento, sua segunda edição realizou-se no ano seguinte fortalecendo a iniciativa e público que prestigiou o evento. Em suas duas edições foram organizadas exibições dos trabalhos selecionados em cinco sessões que ocorreram em cinco dias distintos cada qual com os seguintes temas: ficção; documentário; vídeo-arte; filmes estrangeiros; e produções do grupo Kino-olho. Na primeira edição tivemos certa dificuldade de divulgar o Festival e organizá-lo, visto que tal iniciativa nunca houve na cidade de Rio Claro – SP. Por outro lado, devido ao trabalho de formação no setor audiovisual que o grupo Kino-olho já realiza na cidade desde o ano de 2006, e a notoriedade do kino-olho nas demais cidades do Estado de São Paulo, de outros Estados brasileiros e o contato feito com realizadores estrangeiros, nos permitiu reunir um grupo considerável de trabalhos independentes para a Mostra.

No ano de 2009 o Festival se restringiu apenas a Mostras não competitivas e a promoção de mesas de discussão no final das sessões envolvendo artistas locais, sem haver outras atividades paralelas que integrassem o evento. Entretanto, amadurecida a idéia e a organização do Festival, no ano de 2010 incluímos na programação uma série de atividades disponíveis ao público de forma gratuita e que envolviam desde oficinas, workshops e palestras, inclusive ministradas por professores e alunos da UNESP, parceria feita entre o FIIK e a Universidade.

Outro grande passo da organização do Festival foi sua inclusão no Kino Fórum – guia dos Festivais audiovisuais – que possibilitou maior visibilidade para o evento. Com isso recebemos cerca de trezentos filmes, uma gama muito maior que no ano anterior.

Caminhamos no sentido de estruturar o Festival a cada edição, pensando principalmente em sua ampliação, seja no sentido de unir cada vez mais realizadores independentes, de divulgar o Evento para que o público seja crescente, ou de expandir sua importância através da melhoria da organização de atividades que agreguem a Mostra.

Núbia Oliver



Núbia é modelo e atriz, participou de novelas como ‘Tocaia Grande’ e ‘Dona Anja’.

Sua carreira é marcada por trabalhos em televisão (atuou em novelas e apresenta programa). Pensa em trabalhar no cinema?
Adoraria. Mas ainda não tive convite. E na correria do dia a dia não procurei também.

Como recebe propostas para trabalhar em curta-metragem? É um segmento que lhe chama atenção?
Claro... adoro curta...documentários, tudooo!!!

Qual é o seu método de preparação para atuar em projetos desse porte?
Sempre peço auxilio a direção, pois cada dia direção tem seu modo... seu jeito...e vê sua obra de uma maneira... e tem ser o mais natural possível!!!!

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral? 
Não saberei te responder a essa questão pois não vivo esse universo ainda!!!

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Todo projeto precisa de um incentivo de markenting... divulgação. investimento nessa aérea... penso assim...

Qual é o seu próximo projeto?
Não vivo de projeto. Vivo o hoje e aproveito as boas ocasiões que a carreira ainda me proporciona! Hoje sou apresentadora do canal erótico "sex prive brasileirinhas" na TVA.
E gostaria muito de vivenciar o mundo do cinema numa boa historia!!!!

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Torquato Joel


Torquato trabalhou como roteirista, assistente de direção e montador em produções cinematográficas variadas na Paraíba. A partir de 1996 realizou vários curtas em 35 mm, entre eles Passadouro’ premiado como melhor filme do festival de Gramado, melhor documentário no Festival de Recife e melhor direção no Festival de Brasília. Em 2000 foi um dos realizadores convidados a fazer um vídeo para a Mostra 50 Anos de TV. Participou com ‘Cochichola existe, é aqui!’

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
O curta tem seu lugar na história do cinema no Brasil tanto quanto o longa. Na era Collor, quando a produção de longas praticamente foi reduzida a zero, o curta oxigenou os festivais de cinema pelo Brasil e conquistou o mundo com premiações significativas em festivais pelo mundo afora. A gente pode pensar também nos curtas que lançaram as bases estéticas do Cinema Novo como Aruanda e Arraial do Cabo.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Pelo motivo de que vivemos no capitalismo, que é ingrato com relação a uma obra cinematográfica de menor duração e com pouco valor como produto, e isso se reflete na sociedade como um todo. Uma obra de arte pode ser primorosa tanto com cinco minutos quanto com duas horas. Portanto, não é a duração que vai determinar seu valor artístico.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Primeiramente, acho que criando-se programas de exibição de curtas em blocos nas salas de cinema do circuito menos comercial, em espaços onde não são exibidos os blockbusters. Porque mesmo esse público não é muito habituado ao curta, é preciso catequizá-lo até, além do fato de ser um público formador de opinião. Os governos e instituições sem fins lucrativos ligadas ao meio poderiam desenvolver projetos para difusão do curta. Algumas iniciativas assim já acontecem, mas precisamos intensificar mais. Outra solução mais oportuna seria a aplicação da lei do curta que já existe com a exibição de um curta antes de um longa nas salas comerciais.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Acredito que o curta pode até ser um exercício para o longo mas, como falei antes, o curta é tanto uma obra de arte quanto um longa. Muitos cineastas não percebem a dimensão disto e utilizam o curta como um mero portifólio. Vejo uma certa discriminação velado no meio cinematográfico. Um exemplo emblemático é o tratamento diferenciado aos curtametragistas em relação aos longametragistas em certos festivais. E isso é seguido pela mídia e pelo público. Um outro aspecto é "pressão" pra se saber quando você vai fazer um longa, deixar a "fase" do curta metragem. Mesmo assim, tenho um grande fascínio pela síntese e não sei se chegarei a fazer um filme de longa duração. Percebo que quando conto uma história oralmente tenho tendência ser sucinto, faço sempre um resumo com os elementos essenciais. Se um dia fizer um longa, ele vai ser certamente a junção de vários curtas.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Penso sempre em dirigir curtas, só devo parar com o último suspiro. Estou o tempo todo acumulando idéias para vários projetos. Alguns se realizam, outros não. O mundo trama a favor das idéias, são muitas histórias pra se contar, o nosso entorno tá cheio delas...

quarta-feira, 6 de julho de 2011

NOVIDADE!!!

Olá!

Venho anunciar que Carlo Mossy, mítico ator e cineasta, passa a integrar (junto com Rejane Arruda) o time de colaboradores/colunistas do blog.

Nos próximos dias ele começa assinar a coluna: CURTA PASSIONAL.
Rafael Spaca.

domingo, 3 de julho de 2011

BISTURI - Rejane K. Arruda


TINHA QUE SER VOCÊ

Há interpretações, performances de atores, absolutamente marcantes em nossa vida. A imagem de uma ação, de uma manifestação cênica, fica grudada na nossa memória tamanho o impacto que sofremos ao nos depararmos com a beleza, a força e, também, com o seu enigma. Afinal como o ator faz aquilo? Como concebe, em seu corpo, uma manifestação psicofísica de tamanha envergadura? Algo que o sufoca, que o domina, que o leva; ou algo construído de maneira metódica, controlada?

O paradoxo do trabalho do ator implica, justamente, esta contradição. Há algo que transborda, irrompe; e algo que se planeja, concebe, imagina. É no meio destas duas condições (levar e ser levado, fazer e deixar-se feito) que estamos, nós, atores, encarcerados e livres. Livres porque a sensação de uma manifestação forte no corpo é libertadora - libertadora de si, na medida em que a gente se perde neste novo registro. Encarcerados porque há uma determinação do que se manifesta, um não poder escapar daquilo... como se fosse um destino. O prazer de fazer é fugaz. O prazer de ser feito. É instantâneo, um jorro de emoção. E, depois, caímos no cotidiano para um novo planejamento, de uma outra cena. Mais uma vez.

De qualquer maneira, nos interessa depositar o olhar sobre um trabalho, uma performance, uma atuação de brilho; e procurar dissecar seus elementos resultantes. Traçar sua construção. Imaginar o que há por trás - na medida em que trabalhamos com uma estrutura comum da atuação. Estrutura esta cujos pedaços podemos catar em sistemas clássicos e alternativos, elaborados por muitos que os estudaram, como Meisner, Stanislavsky, Grotowsky, Knébel, Adler, Kusnet, etc.

Me atenho, este mês, em tecer diálogo com uma performance que admiro: Ema Thompson no filme ¨Tinha que ser você¨, onde atuou com Dustin Hoffman.

Podemos começar colocando uma hipótese. Que cada personagem - ou cada performance (que, por sua vez, implica a concepção de uma personagem e um trajeto de ações) - encarna uma questão. Trazida pelo ator, é esta questão que o move em direção a uma produção no corpo. Há algo que o ator encena - através daquela performance - que diz respeito a sua posição enquanto sujeito (posição esta sustentada por uma questão). Grotowsky nos disse (e outros) sobre o elemento ¨pessoal¨ que está implicado na criação do ator para que esta sustente uma ¨verdade¨ (termo um pouco confuso pela carga que traz, pelos diversos desenvolvimentos que implica). No entanto, podemos reconhecer, no senso comum, quando algo tem e quando não tem ¨verdade¨.

Podemos, também, desdobrar esta hipótese: esta tal ¨verdade¨ é sustentada pelas substituições que o ator faz. Uma aluna minha, muito esperta, ao fazer, em uma cena, uma bêbada, trocou a imagem produzida internamente: ¨ela bêbada¨ por ¨ela com sono¨. E funcionou. Estas trocas, podemos dizer, são a mola do trabalho do ator. Tanto as trocas, quanto as associações. Se contraceno com Dustin Hoffman (quem me dera), encontro nele um elemento, um detalhe, que me lembra alguém que eu gostei. Eu troco. O ¨Dustin¨ no lugar de outro. A articulação entre os dois está em um detalhe.

Em ¨Medo de Sangue¨ (filmado em Curitiba, em 2011, com direção de Luciano Coelho), eu estava com dificuldades para falar uma frase (em um momento de clímax do filme) para o ator Alvaro Garutti. Então, percebi que o seu olho tinha o mesmo formato do olho da minha irmã. E consegui dizer a frase. Uma troca, um outro endereçamento. Outro exemplo: uma outra aluna bastante esperta associou um momento de explosão (que precisaria ter em cena) com uma discussão travada - em sua vida pessoal - com uma amiga. Uma explosão ao ponto de partir para a agressão física. Aquilo resultou. Resultou com um impulso tremendo. Então, o ator disponibiliza a sua experiência de vida (que implica o afeto) e a aloja, ali, no seu corpo, durante a performance com o seu personagem. Isto sustenta ¨a sua verdade¨; ou ¨a sua¨ alguma coisa. Porque tem que ser ¨seu¨.

Não é possível imaginar o que esta atriz (Ema Thompson) usou para desempenhar com tanta força os seus papéis. Geralmente são segredos. Algo que se tece na intimidade de um ¨eu comigo¨, um ¨eu comigo¨ meio estranho, um ¨eu comigo¨ permeado de estranhamento, deste tal de reconhecer-se de novo e de novo. O imaginário sobre o ¨ele¨ que é o personagem implica um ¨colocar de mim¨. Knébel nos diz sobre a capacidade do ator viver circunstâncias imaginárias ¨em nome próprio¨. Acho muito bonito este ¨em nome próprio¨. Ele me lembra algo de Lacan: ¨a verdade fala em nome próprio¨. Trata-se de uma verdade indizível, muda, e que, no entanto, diz algo (em nome próprio) pelas curvas dos encadeamentos do significante. Quando elaboramos um imaginário sobre o personagem e a sua história, há construção, há fala por trás. Há desejo, enquadre. Há olhar. Que lateja. Então, há um enlaçamento entre o que o ator deposita em seu corpo (e aparece em cena) e a construção imaginária que implica certos significantes. Há, ainda, o imaginário do estar em cena, do ¨produzir cena para o outro¨, para o olhar do outro que a câmera (este olhar de ninguém) ocupa.

O filme ¨Tinha que ser você¨ fala de duas pessoas. Um publicitário que vive em Nova York (Dustin Hoffman) e uma solteirona londrina (Ema Thompson). Ela vive com a mãe, em uma relação viciada onde esta precisa estar a par da rotina e encontros de sua filha. ¨It˙s me, your daughter¨ Ela é a ¨filha¨; está nesta posição. Algo precisa ser tecido em torno deste significante para que a atriz sustente seu personagem com certas identificações (endereçadas, por sua vez, a alguém). Neste momento, ¨situações paralelas¨ são elaboradas (e as associações entre ¨a minha mãe¨ e a outra atriz presente).

A primeira cena do filme se passa em uma cozinha. Ema Thompson tem a habilidade do coloquialismo com a fala e o gesto - que não é rompido nem mesmo com a irrupção de um conflito. A mãe lhe pergunta se ela tem um encontro e ela é evasiva. ¨O tempo passa, Kate¨ - a mãe completa. Uma farpa de cá e outra de lá e elas se abraçam. O conflito é introduzido dentro da construção de um cotidiano. A fala coloquial serve `a linguagem do cinema na medida em que um cotidiano se instala - e ¨a pessoa¨ (personagem/ator) dentro dele. Este é um registro que implica ¨divisão de foco¨ (a divisão da atenção do ator) com uma série de ágeis ¨ações físicas¨. Um princípio a ser trabalhado na atuação para o cinema. Um princípio importante. Ema Thompson domina este registro. A cena termina com a mãe dizendo ¨Eu sou horrível¨ sem, no entanto, sublinhar o drama. Tanto o abraço final quanto a frase estão permeados de um certo ¨déj`a vu¨, um certo cansaço que a repetição cotidiana implica. Um ¨de novo¨. Isto entra no arranjo do ator. É um elemento que pode ser sublinhado para produzir um certo efeito: o ¨efeito de cotidiano¨ - importante para a inscrição do ator na linguagem cinematográfica.

Construir o tempo no cinema é uma das questões do ator. A ação tende a derrapar se não estiver sustentada internamente. Este olhar que paira, este olhar que implica um parar no tempo - ou seja, um deixar rolar o tempo - necessita de pensamento, de uma imagem interna que o sustente. Em uma simples ação como a de Ema Thompson na segunda cena do filme - ler um livro e apoiar a cabeça na janela do ônibus - há sustentação. No cinema, há sempre construção. O ator pode ¨jogar com a idéia¨ de que, ali, é ele mesmo, naquele set de filmagem, ali mesmo, lendo um livro e pensando sobre si (e então entram as suas questões). Ou pode imaginar que é a personagem indo para o trabalho e pensando no encontro que terá naquela noite. E então (também) entram as suas questões - articulando elementos que se tornam âncoras para o olhar, naquele momento.

Na terceira cena, o encontro no bar, o registro cotidiano continua presente. Sempre se está fazendo algo: cumprimentando, tirando o casaco, bebendo. E, de repente, um sorriso aberto para o encontro. O corpo não é sustentado pela construção formal, mas há signos que estão articulados a ele. Como no jeito de se sentar, sem a elaboração das pernas cruzadas ou qualquer tipo de código de feminilidade. Um despojamento que diz da personagem porque é lido desta maneira por nós que estamos sendo introduzidos na ficção.

O registro cotidiano se mantém. Quando fala ao telefone para atender a mãe, um displicente gesto de coçar o nariz. Antes, está mexendo na bolsa sem parar - enquanto conversa com a amiga. Há uma música na sua voz que implica este registro - e que deve ser construída pelo ator, principalmente se este vier do teatro e implicar uma embocadura teatral. A fala no cinema tem certas ¨sujeiras¨, certas vulnerabilidades `a ação cotidiana implicada no corpo - que a quebra, que a deixa irregular, instável.

Ao mesmo tempo, em Ema Thompson, nada disso implica falta de emoção. O mergulho na emoção do deparar-se com o enigma do outro em cada encontro - isto ela deposita no corpo também. Seja o desajeito, a timidez, o constrangimento, a precipitação, a alegria, a esperança, a decepção, o cansaço, a tentativa forçada de estabelecer relação, o abandono, a entrega. Seja o que implica estes sucessivos encontros, há uma emoção no corpo que suplanta o gesto cotidiano.

E como fazê-lo sem se colocar diante do mais íntimo de si? Como entregar-se a um percurso onde a solidão e a falta estão implicadas sem entrar em contato com ¨algo que, em mim, dói¨? Esta é a tarefa do ator em última instância: se deixar transpassar. Sofrer qualquer tipo de paixão. Entregar-se. E refletir. Porque Ema reflete. Os seus olhos estão preenchidos de pensamento para que, por fim, o esgar de um choro brote. Sentada na tampa da privada de um banheiro em um bar.

Paralelamente ao seu percurso, está sendo apresentado, no filme, o percurso do personagem de Dustin Hoffman, tão inábil quanto, neste deparar-se com o mundo ¨do outro¨. Até que os dois se encontram. A envergadura deste encontro, não apenas dos personagens mas destes dois atores, é algo ¨de doer¨. É algo diante do qual me calo. É possível destrinchar, com um olhar, o que implica a criação porque temos uma estrutura a cavar. No entanto, o contingente do encontro que neste filme se apresenta é maior. É preciso deparar-se com isto. E eu me calo agora.

Rejane K. Arruda é atriz e pesquisadora. Atua em cinema e teatro. Faz pesquisa na Universidade de São Paulo junto ao Centro de Pesquisa em Experimentação Cênica do Ator. Ministra aulas de atuação para cinema. Participou dos filmes Corpo, O Veneno da Madrugada, Tanta, Iminente, Edifício do Tesouro e Medo de Sangue, entre outros. É também colunista do blog Os Curtos Filmes, onde assina uma coluna mensal.

rejane.arruda@usp.br

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Marco Del Fiol



Marco é diretor, roteirista e editor de documentários e longas- metragens. Assina a edição e coordenação dos DVDs Nomadismos: homenagem a Waly Salomão e desde 1999 colabora com a ONG Cedac nos vídeos do Programa Escola que Vale, da Fundação Vale do Rio Doce. É professor de edição e câmera da Miami Ad School de São Paulo.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
A ideia e a equipe.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
A oferta de filmes é imensa, a crítica mal dá conta de comentar todos os lançamentos, sejam no circuito de salas de cinema, no mercado de DVDs ou nos canais de TV. E olha que esses produtos têm assessoria de imprensa. Não dá pra ser inocente e achar que os curtas algum terão o mesmo espaço que os longas na imprensa.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
A internet é a casa do curta. Acho que o youtube e o vimeo são canais maravilhosos para essa produção. Hoje temos quase 100 festivais de cinema no país, eles servem de vitrine para os curtas, para serem vistos pelos profissionais da área, mas para comunicar com um público maior a internet é imbatível. Ano passado o Vimeo fez o seu primeiro festival e a qualidade dos curtas é muito alta. Quem produz curta hoje não pode ficar pensando só em sala de cinema.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Se você toma o mistery guitar man como um produtor de curtas a resposta é sim. ë possível ser um cineasta de só de curtas e viver disso. Se você considera que curta é algo feito para sala de cinema, a resposta é não, a não ser que você viva de renda.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
O filme bom, curto, médio ou longa sempre é respeitado. Acabei de lançar um telefilme de média metragem, "Segundo movimento para piano e costura", que foi exibido na TV Cultura. As questões para os médias são muito parecidas com as do curta, talvez existam mais possibilidades de venda para canais de TV.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Estou dirigindo um curta documentário sobre inclusão de alunos com deficiência física ou intelectual em escolas da rede pública e particular.