sábado, 30 de novembro de 2013

Zootropo na TV Cronópios

 
CAROLINA FAUQUEMONT NO PROGRAMA ZOOTROPO
 
Este é mais um episódio do Zootropo, o programa que visita o cinema brasileiro de ontem, de hoje e o de amanhã. Nesse novo programa, Rafael Spaca conversa com a jovem, bela e talentosa atriz Carolina Fauquemont. Carolina já participou de muitos curtas-metragens, longas-metragens e peças de teat...ro. Carolina veio de Curitiba para São Paulo, mas mantém projetos lá e cá. Conheça agora um pouco do trabalho de Carolina Fauquemont, sua visão da profissão de atriz, sua busca por desafios ao viver as personagens diferentes, e muito mais. Assista agora! Espalhe!
 
O Zootropo traz um enfoque bem particular do cinema nacional, graças ao Rafael Spaca e seu olhar agudo sobre aspectos pouco explorados pela crítica cinematográfica. Rafael é mantenedor do já famoso blog Os Curtos Filmes (http://oscurtosfilmes.blogspot.com.br/) e recentemente lançou pela editora Verve o livro “Curta metragem, compilação de ideias e entrevistas do blog Os Curtos Filmes”. Foi dele a ideia desse novo projeto do Portal Cronópios. O Zootropo é tem a parceria da Reserva Cultural de cinema e arte, onde gravaremos todos os episódios do programa. Assista agora essa nova e original produção da TV Cronópios.
 
Agradecimentos especiais:
 
Carolina Fauquemont
Laure Bacqué
Miguel de Almeida
Cleo Araujo
Roberto Bicelli
 
Apresentação:
Rafael Spaca
 
Produção:
Rafael Spaca
Paulo Ortiz
Jorge Miyashiro
Pipol
 
Direção:
Pipol

 

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

R.F.Lucchetti: Memória Cinematográfica


RUBENS – O CAVALEIRO OCULTO
Luiz Maranhão Filho

É possível que o nosso encontro tenha acontecido muito antes de uma aproximação real. Para usar um termo jurídico, de uma de minhas profissões, um encontro inter vivos, o que, de fato, aconteceu em 1995, em Ribeirão Preto. É que, desde a juventude, uma das preferências em minhas leituras foi o chamado gênero de Mistério, nas chamadas revistas policiais da época – X-9, Detective, Mistérios e tantas outras. Soube depois que o nosso personagem escrevia para elas, sob pseudônimos estrangeiros. Por isso, fica difícil identificar quais dos heterônimos que chegaram até as minhas leituras de adolescente. Mas há um ponto em comum. É que ambos ingressamos no rádio ainda muito jovens e praticando o mesmo mister: adaptar contos policiais pra pequenas histórias seriadas que começaram a ser classificadas como novelas.

Meu genitor, o veterano e saudoso radialista Luiz Maranhão, fora o introdutor do teatro pelo rádio no Nordeste – em uma pesquisa para a Rede Globo, Mauro Borja Lopes (Borjalo) apontou-o como o verdadeiro pioneiro do teatro seriado. Por falta de especialistas na época, meu pai acolheu uma primeira “radiofonização”de minha lavra em 1947. Foi a história Uma Família Sinistra, assinada por Murray Leinster (*). Quem sabe se Rubens não se escondeu por trás do nome do norte-americano?

O fato é que, consolidado o modelo do rádio com função artística e cultural e com funcionamento permanente, seus executores e planejadores começaram a definir os formatos que deveriam conduzir os rumos da programação. Os musicais tomaram a sua cara, explorando o gênero popular, o erudito e a personalização dos intérpretes. Os cantores se fizeram estrelas de primeira grandeza. A notícia, as transmissões esportivas e os debates também ganharam espaço. Para a face de arte do rádio, ficou o teatro pelo microfone como grande atração. Emissoras de norte a sul do Brasil acolheram o espetáculo completo, em três atos, de preferência aos sábados e domingos; e o repertório foi o que de melhor havia na época – os clássicos do teatro declamado, à frente William Shakespeare e suas tragédias (Hamlet, Otelo, Macbeth, Romeu e Julieta, entre outras). Houve casos em que emissoras se consagraram com esses horários. Plácido Ferreira fez espetáculos no rádio carioca durante mais de um decênio. O pernambucano Manoel Durães, na Rádio Record de São Paulo, repetiu o sucesso. Pelo Brasil inteiro, há exemplos disso. Rubens entrou no gênero, em Ribeirão Preto, como fiel adaptador, a convite do inesquecível Aloysio Silva Araújo.

Nasceu um mercado de aquisições e trocas de textos entre as emissoras, onde se inseriram alguns paulistas de destaque como Gastão Pereira da Silva, Otávio Augusto Vampré, Oduvaldo Viana, Amaral Gurgel e alguns cariocas como Hélio do Soveral, Lourival Marques, Hélio Tys, Raimundo Lopes e Eurico Silva, da Rádio Nacional. Rubens não entrou nesse intercâmbio, ocultado em sua modéstia e refugiado em algumas editoras que lhe garantiam o anonimato.

Mas houve um fato que precisa ficar marcado na memória do rádio: a multinacional Colgate-Palmolive trouxe dos Estados Unidos um novo formato que incorporou no rádio a figura do herói. Primeiro, foi com O Vingador, que era uma adaptação do Zorro (The Lone Ranger, no original), criado por Fran Striker. Depois, veio Tarzan (a imorredoura criação do escritor Edgar Rice Burroughs), o homem das selvas; e, assim, espalharam-se pelo país inúmeros seres extraordinários a serviço da lei e da ordem. Um deles cresceu na audiência, respaldado no alcance das potentes ondas da Rádio Nacional. O interior paulista por pouco não foi vítima da força do ANJO, um jovem da alta-roda que se travestia de personagem investigador para defender os mais fracos.

Rubens Francisco Lucchetti salvou os paulistas, ao criar o detetive Reginaldo Varela, que combatia o ESCORPIÃO ESCARLATE, um vilão revivido na década de 1990 em um filme dirigido por Ivan Cardoso. Esse personagem foi procurado por diversos pontos do Brasil. Mas se tornou um CAVALEIRO OCULTO, guardado preciosamente em Ribeirão Preto pelo seu criador, R. F. Lucchetti, um nome que se prestava a ser heterônimo do próprio autor. Isso acontecia há cerca de meio século atrás.

Um dia, porém, eu haveria de encontrar o Escorpião, seu criador e seu passado. Foi uma feliz coincidência. Depois de mais cinco décadas no rádio, migrando do formato comercial para o acadêmico, através da Universidade Federal de Pernambuco, possuidor de uma graduação e um Mestrado em Direito, fui forçado, ao ingressar no magistério da Comunicação Social, ensinando Jornalismo e Radialismo, a obter um Doutorado em Artes, na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), a partir do ano de 1993. Foi numa sala da ECA, durante aula de um mestre do Cinema, o francês Jean-Claude Bernadet, que mantive o primeiro contato com um jovem colega, Marco Aurélio Lucchetti, filho de Rubens. De tanto comentar sobre rádio e Cinema, conseguimos uma identificação de propósitos. Foi aí que me surgiu o CAVALEIRO OCULTO, de quem tentarei, modestamente, traçar um perfil muito subjetivo, por conta da amizade que se formou daí por diante. Foram encontros em Ribeirão Preto e depois em Jardinópolis, sempre levados pela vontade de descobrir mais e mais a respeito do rádio paulista.

Hoje, vejo Rubens, apenas três anos mais velho do que eu, ainda com todo o vigor da criação. Poderia ter ocupado um lugar mais visível, duvido á sua iniciação envolvendo nomes do quilate de um Octávio Gabus Mendes. Poderia ter sido descoberto por um empresário de ampla visão da importância do rádio. Preferiu, porém, recolher-se ao seu interior paulista e produzir sem parar para a indústria editorial – criou, em parceria com o desenhista Nico Rosso, várias revistas de quadrinhos (A Cripta, O Estanho Mundo de Zé do Caixão, Fantastykon e tantas outras) que inovam os gibis brasileiros de Terror; editou revistas de contos policiais; escreveu mais de mil livros dos mais variados assuntos – e para o Cinema, já que é o grande roteirista dos cineastas José Mojica Marins e Ivan Cardoso.

Nesta primeira década do século 21, vejo Rubens em plena forma, e, com sua vosão de mestre, pronto para dar continuidade aos seriados de rádio. Vejo o cineasta capaz de roteirizar um romance como Os Ratos, de Dyonélio Machado – infelizmente, o roteiro (escrito por volta de 1980) está até hoje à espera de alguém que o transforme em filme. Vejo Rubens disposto a ingressar no teatro, com a peça Três Personagens em Busca de uma Intérprete, que esperamos realizar juntos, numa parceria de amigos fiéis e dedicados.

NOTA (escrita por Marco Aurélio Lucchetti):

(*) Murray Leinster é o nome com o qual o escritor norte-americano William Fitzgerald Jenkins (1896-1975) assinou a maioria de suas histórias, sobretudo as de Ficção Científica.

Este texto foi escrito em Olinda, em outubro de 2003.

Luiz Maranhão Filho é mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambucano e doutor em Artes pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. É jornalista profissional, tendo trabalhando nos jornais Diário de Pernambuco e Diário Carioca. Radialista desde 1947, trabalhou nas rádios Clube, Tamandaré, Jornal do Commercio (todas três de Recife) e Borborema (de Campina Grande, Paraíba). Fez televisão em Recife e Salvador. Foi gerente da Norton Publicidade no Nordeste. É autor de peças teatrais premiadas. Escreveu os livros Memória do Rádio (Prêmio Roquette Pinto de 1986), Rádio em Todas as Ondas, No Tempo do Reclame e Legislação e Comunicação, entre outros. Atualmente, é o presidente do Instituto Histórico de Olinda.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Karina Buhr

Karina Buhr em "Bacantes".
 
Radicada em São Paulo desde 2003, você integrou a companhia Teatro Oficina Uzina Uzona, a convite do diretor José Celso Martinez Correa. Como e em que circunstância aconteceu esse convite?
Foi depois de um show que ele assistiu da minha antiga banda, a Comadre Fulozinha, em Recife, mais precisamente no bar Soparia, em 1998. Mas só criei vontade e coragem de "largar" as coisas lá e vir pra São Paulo em 2001. Vim e voltei algumas vezes trabalhando com o grupo e em 2003 vim "de vez" morar em São Paulo e mergulhei no Sertões, até o fim de 2007.
 
Você já havia se imaginado ingressar na carreira de atriz?
Foi a primeira coisa que quis na vida. Mas pensava em cinema. Mas não ia atrás, porque cinema era meio outro mundo pra mim, não achava nunca que poderia chegar perto disso, sei lá. Mas isso sempre foi muito forte pra mim. Até hoje nunca fui atrás, mas devo fazer isso logo mais rs.
 
Seu primeiro trabalho com o grupo foi em “As Bacantes”. Quais as lembranças desse trabalho?
Tenho todas as lembranças rs. É uma peça incrível e a montagem de Zé Celso com o Teatro Oficina é fabulosa. E trabalhar com ele, com um grupo gigante, tendo entre eles atores pessoas como Pascoal da Conceição, Denise Assunção, Peréio, Camila Mota, Sylvia Prado, Marcelo Drummond, Renée Gumiel, Fredy Allan, Mariano Matos, entre tantos outros, foi e é um aprendizado sempre, em todos os sentidos.
 
Como foi a transição do palco como cantora para o palco como atriz? Sua experiência como cantora lhe ajudou?
Não existiu uma transição porque sempre foi tudo muito ligado pra mim e no Oficina também funciona assim. Lá eu cantava, tocava, atuava, fazia músicas sozinha e com parceiros, dançava, corria...
 
Logo após você participa das cinco peças que compuseram “Os Sertões”, em temporadas em São Paulo, na turnê brasileira 2007 (Salvador, Recife, Rio de Janeiro, Quixeramobim e Canudos), na gravação dos DVDs e na abertura da temporada 2005/2006 do teatro Volksbühne, em Berlim. Como foi a experiência de trabalhar nesse épico?
Aprendo até hoje com isso e acho que nunca vai parar. Os Sertões como livro, como dramaturgia, o bordado diário de fazer roteiro o elenco todo junto, escrevendo, lendo ,desenhando...dicionário do lado sempre, na primeira fase...e daí montar nesse pique 5 peças, ao todo 30 horas corridas, é um aprendizado sem fim. E levar isso pra Berlim, Rio, Recife, Salvador, Quixeramobim e Canudos, além da temporada eterna em São Paulo, gera até hoje coisa boa no juízo e nas sensações e muita, mas muita história pra contar.
 
Fazer essas peças especialmente em Quixeramobim e Canudos e ver e sentir o que isso gerou na gente e nas pessoas de lá, é uma emoção muito grande, uma coisa única.
 
As peças do Teatro Oficina Uzina Uzona se caracterizam, em sua maioria, por serem longas. Que tipo de preparação teve para lidar com isso?
A preparação foi o próprio processo de criação , de construção das peças e de estar em cartaz. Fazer roteiro, fazer músicas, decorar textos gigantes em grupo, fazer música coletivamente, muitas vezes com a direção de Zé em tempo real...tudo isso, tanto o lado tranquilo, como o vertiginoso foi a nossa preparação.
 
Ceguinha Joventina com cabrinha / Os Sertões - Canudos_ 2007
 
Com o grupo você ganhou o Prêmio Shell São Paulo de Teatro 2002, na categoria melhor trilha sonora. Como foi seu processo de trabalho para criar a trilha?
Esse prêmio foi da peça A Terra e nela quase tudo é criação coletiva. Participo de muitas coisas com o grupo todo, te música minha em parceria com Zé Celso e Isaar, tem música só de Tom Zé, só de Péricles Cavalcanti, tem uma que cantei no meu primeiro ensaio nessa peça, de malinha na mão, direto do aeroporto e acabou ficando, de forma muito forte, que é do Côco Raízes de Arco Verde e se chama "Acorda Criança"...uma salada boa danada.
 
Pensa em voltar a atuar no teatro?
Sempre. Agora não dá porque é incompatível com agenda de shows, mas sempre vou tentar conciliar.
 
Você já teve musicas incluídas na minissérie “Clandestinos” (Globo) e “Descolados”(MTV), mas as músicas já eram do seu repertório. Aceitaria compor sob encomenda para um filme?
Já fiz isso algumas vezes, a maioria pra curtas metragem, já fiz isso pra teatro e pra um longa também.
 
Tem interesse em participar de telenovelas?
Não tenho nenhum interesse especial por isso não, mas se for um trabalho legal, que venha. Só é difícil isso acontecer sem correr minimamente atrás, então acho meio impossível rolar.
 
Na minha opinião, sua performance no palco remete à sua trajetória nos palcos, ela é bem performática e teatralizada. Isso que falei faz sentido?
Pra mim é uma coisa só. Tanto que o convite de Zé Celso pro Teatro Oficina veio a partir de um show que ele viu da Comadre Fulozinha. Uma coisa tá intimamente ligada a outra, não tem fronteira. O palco é uma outra dimensão, um lugar onde dá pra fazer e falar coisas que no dia a dia fogem da gente.
 
O videoclipe está ultrapassado? É possível romper o cânone do gênero?
Não acho que nada está ultrapassado. Clipe ruim tem aos milhares, mas um monte de coisa ruim tem aos milhares e isso não mata as coisas boas. Acho massa clipe massa.
 
Clipe massa tá ali do lado do cinema e cinema é ouro.
 
Muitos cantores (Roberto Carlos; Seu Jorge; Paulo Miklos; Elvis; entre outros) foram para o cinema e obtiveram grandes êxitos. Acredita que este seja também seu caminho natural?
Nunca pensei nisso desse jeito, isso do êxito e tal. Vejo isso como uma coisa particular, isso de sucesso ou não, dinheiro ou não. O que gosto é de cada pedacinho, de ir criando um caminho que me sinto bem e que me emociona quando vejo as coisas que consegui realizar, as pessoas com que consegui fazer coisas junto. Não miro um ideal de êxito, de sucesso e corro atrás dele.
 
Guerreiros de Cocorobó- Os Sertões
 
O que te leva a aceitar atuar em produções em curta-metragem?
Bom, atuar, de atriz, atuei em um, o "Encontro Macabro", de André Balaio, em 1994 rs. Aceitei porque sabia que ia me divertir muito e assim foi.
 
O que pensa a respeito deste gênero?
Acho que em cada gênero podem surgir preciosidades. Pode ser chatíssimo ou divertidíssimo, genial, um curta metragem.
 
Toparia dirigir um filme?
Tenho planos, ideias de roteiro de coisas minhas...mas de jeito nenhum que paro pra fazer isso agora. Mas não me chamariam pra dirigir o filme de ninguém, então nem preciso pensar se toparia ou não rs. Não acho que eu vá dirigir filmes e nem que tenho aptidão pra isso. Um meu, talvez, pela teimosia de querer ir pra um lado e não pra outro e o melhor jeito de ter isso é assinando a direção. É assim que faço com minhas músicas e acaba que também em todo resto.
 
Para finalizar, gostaria de saber como você se classifica como atriz.
Me classifico como não atriz, assim como me classifico como não cantora.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Novidade!!!


O blog Os Curtos Filmes tem o prazer em anunciar que a partir do próximo mês contará com a colaboração da atriz Ana Tavares. Ela assinará uma coluna mensal.

Ana Tavares é natural de Bonito (MS). Reside atualmente no Rio de Janeiro. É formada em Jornalismo pela UniverCidade e Artes Cênicas pela CAL (Casa de Artes de Laranjeiras). Autora de quatro peças teatrais, um livro de contos, três roteiros e inúmeros manuscritos. Dirigiu dois curtas-metragens.

O blog passa a contar agora com duas colunistas. A atriz, professora e pesquisadora Rejane Arruda assina mensalmente a coluna Bisturi, no “ar” há mais de dois anos em Os Curtos Filmes.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Zootropo na TV Cronópios

EUNICE BAÍA, ESTRELA DE TAINÁ, NO PROGRAMA ZOOTROPO
 
Neste novo episódio do programa Zootropo, Rafael Spaca recebe Eunice Baía, estrela do filme infanto juvenil 'Tainá - Uma Aventura na Amazônia'. O filme, dirigido por Tânia Lamarca e Sérgio Blochum, dos poucos que se produz no gênero infanto juvenil no Brasil, foi um grande sucesso d...e bilheteria, com mais de um milhão de público. O sucesso fez surgir um segundo filme, também estrelado por Eunice Baía, e agora em 2013 foi lançado o 'Tainá 3 – A origem', com uma nova atriz, escolhida pela própria Eunice Baía. Veja tudo agora em mais uma etapa da releitura do cinema brasileiro pelo programa Zootropo.
 
O Zootropo traz um enfoque bem particular do cinema nacional, graças ao Rafael Spaca e seu olhar agudo sobre aspectos pouco explorados pela crítica cinematográfica. Rafael é mantenedor do já famoso blog Os Curtos Filmes (http://oscurtosfilmes.blogspot.com.br/) e recentemente lançou pela editora Verve o livro “Curta metragem, compilação de ideias e entrevistas do blog Os Curtos Filmes”. Foi dele a ideia desse novo projeto do Portal Cronópios. O Zootropo é tem a parceria da Reserva Cultural de cinema e arte, onde gravaremos todos os episódios do programa. Assista agora essa nova e original produção da TV Cronópios. 
 
Agradecimentos especiais:
Eunice Baía
Laure Bacqué
Miguel de Almeida
Cleo Araújo
Roberto Bicelli 
 
Apresentação:
Rafael Spaca
 
Produção:
Rafael Spaca
Paulo Ortiz
Jorge Miyashiro
Pipol
 
Direção:
Pipol
 
Apoios: Reserva Cultural e Editora Verve

 

domingo, 24 de novembro de 2013

R.F.Lucchetti: Memória Cinematográfica


ALGUMAS PALAVRAS A RESPEITO DE ONDE ESTÁ BLONDIE?
Rubens Francisco Lucchetti

Não sei precisar o ano. Talvez tenha sido 2000 ou 2001. Só me recordo perfeitamente de que, numa manhã, o editor Franco de Rosa me ligou e perguntou se eu conhecia o trabalho do Milo Manara. Respondi que havia lido dois de seus álbuns: O Clic e O Perfume do Invisível, lançados na década de 1980 pela Martins Fontes. O Franco, então, falou que queria que eu escrevesse um roteiro de uma história em quadrinhos semelhante às histórias do Manara, pois conhecera um desenhista que tinha o mesmo estilo do quadrinhista italiano. Em seguida, explicou que essa história em quadrinhos seria publicada num álbum de luxo e deveria ser mais erótica e não tão pornográfica (não teria cenas de sexo explícito) quanto o O Clic ou O Perfume do Invisível.

“Eu já tenho isso escrito!” Falei.

Por volta de 1983, escrevi, a pedido do diretor Jean Garrett, um argumento para um filme, Onde Está Blondie?, que é uma mistura das histórias do Manara com Jane Pouca Roupa (de origem inglesa, essa história em quadrinhos, uma de minhas preferidas, foi publicada em nosso país no jornal A Noite, do Rio de Janeiro, nos anos 1940 e 1950. Era protagonizada por uma simpática lourinha que, pelas razões mais diversas e devido a acidentes constantes, estava sempre se desnudando. Jane também usava roupas que mais mostravam do que escondiam as belas curvas de seu corpo).

Infelizmente, por motivos que desconheço, o Jean não quis filmar Onde Está Blondie?, preferindo realizar a fita Meu Homem, Meu Amante (1984), baseada num livro meu; e o argumento ficou engavetado.

Em 1988, fui assistir em São Paulo, às filmagens de O Gato Botas (depois, esse filme teria seu nome trocado para O Gato de Botas Extraterrestre), cujo roteiro, baseado na história imortal do escritor francês Charles Perrault, é de minha autoria.

Wilson Rodrigues, o produtor e diretor de O Gato de Botas, estava, na época, muito bem financeiramente (sua empresa, a WR-Filmes, que distribuía principalmente fitas pornográficas de procedência norte-americana e filmes infantis, prosperava). Por isso, não poupou “dólares” à produção da fita: pagou generosamente os atores; gastou uma pequena fortuna na maquiagem especial do Gato (na verdade, essa maquiagem especial consistia em oito máscaras adesivas, feitas por Burman Studios Inc., de Hollywood); e contratou uma produtora estrangeira, Jane (infelizmente não me lembro do sobrenome dela), uma cubana que trabalhava em Hollywood, para cuidar da produção executiva.

Devido à Jane, muitas pessoas ligadas à indústria cinematográfica norte-americana assistiram às filmagens de O Gato de Botas. Conheci algumas dessas pessoas; e conversei longamente com uma delas, mrs. Sofia Agrama. Ela residia em Los Angeles; e seu marido era proprietário de um estúdio de gravações em Hollywood, o que lhe possibilitava conhecer inúmeros atores, produtores, diretores...

Durante nossa conversa (eu falava Português; e ela, um Espanhol estropiado), mrs.Agrama mostrou-se simpática e interessada pelo meu trabalho de roteirista. E, no final da conversa, pediu que eu lhe enviasse alguns argumentos meus, porque queria mostrá-los a produtores e diretores com quem tinha mais amizade. Disse também que algum desses argumentos poderia se transformar em filme. Informei-lhe que todos os meus argumentos e roteiros estavam escritos em Português. Ela falou que isso não tinha problema, já que em Hollywood existiam pessoas que entendiam perfeitamente o Português.

No dia seguinte, retornei a Ribeirão Preto e, voltando a dedicar-me a meus freelances (na época, escrevia livros sob encomenda para diversas editoras paulistanas), esqueci-me do pedido de mrs.Agrama. Então, numa tarde de agosto de 1988, recebi um telefonema dos Estados Unidos. Era mrs.Agrama, querendo saber quando eu iria enviar-lhe os argumentos.

Fiquei entusiasmado com esse inesperado interesse pelos meus trabalhos e, em 12 de setembro de 1988, enviei-lhe o argumento de Onde está Blondie?; depois, em 18 de novembro do mesmo ano, mandei-lhe o argumento de A Sombra da Outra, que daria um excelente filme de Suspense. O que aconteceu com ambos não sei, visto que, até a presente data, não recebi resposta alguma.

Assim que o Franco me disse que queria um roteiro semelhante às histórias do Manara, recordei-me, de imediato, de Onde Está Blondie? e contei-lhe rapidamente a história. Ele achou-a interessante, e transformei-a num roteiro de história em quadrinhos.

Demorei umas duas semanas para escrever o roteiro, que remeti ao Franco. Lamentavelmente, a editora havia se desinteressado em publicar o álbum. Dessa forma, Onde está Blondie? não foi desenhada e continua existindo apenas como argumento para um filme e roteiro de uma história em quadrinhos.

Este texto foi escrito em dezembro de 2011

Rubens Francisco é ficcionista e roteirista de Cinema e Quadrinhos.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Jacques Lagoa

Diretor.
 
Em 1965, pelas mãos de Guarnieri, iniciou sua carreira de ator no Teatro de Arena de São Paulo onde permaneceu por três anos sob direção de Antônio Boal , Milton Gonçalves, entre outros. Como foi esse período?
Na verdade o genial Guarnieri me apadrinhou. A equipe do Arena era genial, outra igual jamais. Fui dirigido por Boal em "O melhor Juiz ,o rei " de Lope de Vega. Também Silnei Siquera foi meu diretor. Minha segunda peça foi dirigida por Miltron Gonçalves de Martins Penna "Ciúmes de um pedestre”. No Arena o time era: Fauzi Arap, Guarnieri, Juca de Oliveira, Dina Sfat, Mirian Munis ,João José Pompeu, Paulo José, O maior cenógrafo até hoje Flávio Império, Isabel Ribeiro...quer mais? Este time nunca mais.
 
Você participou da fundação do Núcleo Dois Arena. Conte sobre isso.
Sim. Na verdade foi fundado por mim, Alexandre Radovan e Marcos Wienstok. Guarnieri era o padrinho. Dirigi lá “O Soldado Fanfarrão" adaptação de Juca de Oliveira."Néca do Pato" de Walter George Dust, "Joãozinho anda para trás" de Lucia Benedeti...texto incrível para crianças e adolescentes. Não tínhamos fins lucrativos. Viajamos por toda a Paraíba apresentando esses espetáculos. O arena aliado aos textos importantes também tinha a preocupação econômica . Nós só o conteúdo. Aprendizado para sempre.
 
Após cursar a Escola de Arte Dramática você foi para França, com bolsa de estudo concedida pelo Governo Brasileiro, para um curso com Roger Planchon. Como foi a experiência e o que esse estudo acrescentou na sua vida?
O Planchon cancelou o estágio em Paris. Eu já estava lá. Apaixonado por Paris e sua cultura diversa lá fiquei dois anos. Volto sempre e resultou no livro que estou lançando.
 
Paris uma cidade inquietante, também, culturalmente. Os deuses estavam comigo.
 
De volta ao Brasil você trabalhou como ator nas principais produções do Teatro Brasileiro de Comédia(TBC) e Teatro Ruth Escobar. Hoje esses teatros ou estão decadentes ou encerraram sua atividades. Como vê isso?
Sim dirigi espetáculos importantes no TBC. Noi Ruth Escobar com essa senhora de importância, quase que impar, para o Teatro Brasileiro trabalhei como ator.
 
Uma tristeza o abandono desses teatros. Falta uma condução cultural nos nossos departamnets teatrais. Só pode ser descaso.
 
Como foi sua parceria com Antunes Filho?
Um grande mestre. Fiz um espetáculo com ele. "A Cozinha" de Arnoul Wesker. Com ele aprimorei definitivamente entre outros "coisas" o entendimento da importância da dialética e a importância da "gênese" em nosso trabalhos. Profissional que não abre mão da qualidade e da pesquisa. Outro igual? Não sei.
 
Foi Antunes que te apresentou a Walter Avancini e aí você iniciou sua carreira de 10 anos na TV Tupi?
Não sei se o maior da TV brasileira foi me assistir e falou com o Antunes ou se o Antunes falou de mim. Na verdade nesse momento eu estava ao lado dos dois grandes. Estou seguro que soube aproveitar os ensinamentos.
 
Como foi o trabalho na TV Tupi?
Magnifico. Que time tinha a Tupi. Todos eram ótimos interpretes. Hoje olho com tristeza um grande e talentoso daquele tempo tendo como companheiros de cena alguém que mal decora seu texto...interpretar ...rsrsr . resta a esses talentos do passado , ainda hoje o são, se "virarem". Lá fiz muitos trabalhos, mas os que mais curti foi "O Hospital " direção do mestre Avancini e " O machão"...Irene Ravache, John Herbert, Fagundes...e tantos outro de talento.
 
Na TV Cultura você atuou em Episódios. O que representou para a sua trajetória o trabalho na emissora?
Sim fiz vários trabalhos." Casa de Pensão " com Maria Célia Camargo. Grande atriz... por onde ela anda? Tem muito talento, mas não tem corpo "esguio"...assim são as escolhas. Tantos outros trabalhos por lá fizemos. Hoje a cultura perdeu o passo. Tristeza.
 
No teatro, em sua longa trajetória como ator, foi dirigido por diretores como José Renato e Gianni Rato e participou das produções de Sérgio D'Antino, Fulvio Stefanini e João Bethancourt. Você acredita que a nova geração que está aí pode se equiparar a esses grande nomes mencionados.
Temos diretores sim. Mas esses são os maiores e devem ser ponto de referencia. Você esqueceu Flávio Rangel, o grande. Fiz um trabalho que muito me acrescentou como interprete. Fúlvio e Dantino grandes produtores sem falar no talento de Fúlvio. Tive a sorte de trabalhar com muitos deles como Paulo Goulart, Walmor Chagas, Raul Cortez...era uma época bem diferente.
 
Como analisa o panorama da nossa produção artística?
Temos coisas muito boas . Gente preocupada com um teatro que faz analise do ser humano, outros bons espetáculos exclusivamente comercias bem realizados, e grandes besteiras mal executadas e que não querem dizer coisa alguma. Será o Teatro um restaurante?
 
Em 1995, inicia sua carreira como diretor de Televisão a convite de Walter Avancini, na extinta Rede Manchete. Dirige 4 das 5 produções, entre elas, "Xica da Silva". Foi seu melhor momento profissional?
Outro momento de sorte. Fui o responsável, com a ajuda de Avancini pelos ensaios de preparação de " Xica da Sila" e depois " Mandacaru". Severo e talentoso e preocupado com nosso momento histórico: Avancine. Foi minha escola. Não sabia coisa alguma de direção de TV. A equipe era genial, e só podia , para trabalhar com o mestre Avancine. Aprendi a "cortar”. Depois fui me aprimorando com o tempo. Mas ele foi meu grande mestre. Grande perda para a TV.
 
A TV Manchete foi a verdadeira revolução na televisão?
Não tenho dúvidas. Lá fiz como ator "Dez vidas”. Que elenco que seriedade no trabalho. O mais importante era o trabalho e seu resultado artístico. Ninguém preocupado em sair em revistas...
 
Por que uma emissora como a TV Manchete, conhecida pela excelência na sua programação, não foi adiante? Faltou respaldo?
Não sei bem. A impressão que tenho é que outras surgiram, com mais força.
 
Após a TV Manchete você foi convidado a retornar a São Paulo como diretor de novelas da Rede Record, por que decidiu ir para lá?
Antes fui chamado pelo Silvio Santos e dirigi os "teleteatros ".. Irene Ravache, Osmar Prado, Jussara Freire e tantos outro talentos.
 
Aí a convite de José Paulo Valone, fui para a TV Record e dirigi “Louca Paixão” com elenco extremamente talentoso.
 
Como foi trabalhar na TV Record?
Uma casa que sempre prestigiou o nosso trabalho.
 
No Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) você permaneceu por 5 anos. Havia muita ingerência do Silvio Santos em seu trabalho?
Permaneci por quase 9 anos. Nenhuma ingerência dele. Meu convívio com ele sempre foi muito bom. Desculpe o elogio, mas ele sempre admirou quem trabalhava bem.
 
Entre 2007 e 2008 você dirigiu a novela "Amigas e Rivais" e, em 2008, a novela "Revelação", ambas do SBT. Como foi a experiência de trabalhar com Iris Abravanel?
FOI MUITO BEM. Nosso trabalho sempre foi muito bem conduzido. Fui dirigir as cenas iniciais em Lisboa e Madrid e aqui era responsável pelas externas, especialmente as dos bandidos. Fiquei orgulhoso pois em Lisboa "Revelação " estava sempre em primeiro lugar no IBOPE...o trabalho sempre foi feito com muita paixão.
 
Por que tão pouco cinema no seu currículo?
Não sei.
 
O que pensa a respeito do cinema?
Hoje muitos filmes viraram "cópia" de novelas...seus enquadramentos, etc..
 
E curtas-metragens, pensa em dirigir?
Irei dirigir um longa-metragem.
 
Para finalizar, gostaria que aconselhasse os leitores que pensar em trabalhar com cultura no Brasil.
Muita coisa ainda deveria ser feita por nosso dirigentes... não acredito neles . Se assim fosse o TBS e o Maria de La Costa teriam outro tipo de espetáculos e com cuidados de dependências melhores. Pena não termos uma " comedie Française”. Muito a ser feito. Ainda acredito em Teatro de Grupo como o do Tolentino e o Grupo Tapa.