Ator, professor, produtor e apresentador. Conhecido por apresentar o programa ‘Art Attack’ do canal Disney Channel. Atualmente ele apresenta o programa ‘Click’ no
canal pago Gloob. Desde
sua especificação na área de ator ele dá aulas de teatros e oficinas de arte.
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Em primeiro lugar as pessoas envolvidas e o projeto em si. Depois, é
claro, o roteiro e o personagem. Mas ultimamente pra qualquer projeto que me
convidem, esse critério do pessoal envolvido e da essência da coisa está cada
vez mais forte. Talvez por que está tão difícil produzir cultura nesse país,
então prefiro passar perrengue com pessoas bacanas.
Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em
curta-metragem.
Meu primeiro curta, e não são muitos, aliás, (gostaria de fazer mais),
foi um projeto de conclusão de curso da USP, a direção foi da Gabriela Cunha.
Isso em 1994/5. Faz tempo! Chama-se "O Bom Vizinho" e é a história de
um rapaz que fica escutando uma briga pelo duto de ventilação do seu quarto.
Foi muito legal de fazer.
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da
mídia em geral?
Bom, pra começar, acredito que estamos com uma séria carência de crítica
especializada em cultura. Não estou aqui querendo menosprezar nenhum jornalista
da área, acho até que a maioria deles não tem culpa do que acontece e trabalha
muito. Minha crítica vai para o direcionamento que está sendo dado à mídia em
geral. Cada vez mais, parece que corremos atrás de replicar fatos simplesmente
por replicar fatos, sem um processo mais criterioso. Cito aqui o trabalho de um
artista plástico (não cito o nome, pois não quero criar mais problemas a ele,
quem quiser pesquise na net) que criou um falso fotógrafo japonês, contratou
uma assessoria de imprensa e conseguiu matérias de capa nos jornais locais. No
processo que é imposto hoje aos jornalistas, nenhum se deu ao trabalho de
pesquisar quem era o artista, apenas replicando fatos...Enfim, tudo isso pra
dizer que não só os curtas deveriam ter mais acesso aos meios de comunicação,
como muitos outros meios e linguagem artísticas. Tem espaço e consumidores (já
que é a palavra do momento) para esse tipo de informação.
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais
público?
Acredito que os Festivais poderiam ser mais apoiados, ter maior
exposição. Agora, eu não sou contra assistir um belo curta antes do longa
quando estou no cinema. Talvez uma boa ideia seja ter salas que tem uma
curadoria, onde curtas e longas que criem relações entre si, possam ser
exibidos juntos.
O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou
produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Acredito que qualquer profissional sério e comprometido realiza projetos
em que sempre encontre um grande campo de experimentação. Os curtas talvez
tenham um pouco mais de liberdade, pois não estão, na maioria dos casos,
relacionados com grandes patrocinadores, o que permite uma maior independência
na hora de conceber a obra. Por outro lado, sem dinheiro também não se faz
nada. É um jogo meio injusto e cheio de armadilhas esse de produzir cultura
hoje em dia.
O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Não sei responder mesmo. Se alguém está usando um curta como um
trampolim para conseguir realizar um longa-metragem, pra mim não soa legal. Mas
também acho que pode acontecer de um curta levar seu diretor ou atores e equipe
a realizarem um longa. Acho que o importante é aprofundar, se envolver com cada
obra e se houver algum fruto disso muito bem, se não, tudo muito bem também.
Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Aí então é que não sei responder mesmo. O audiovisual, assim como o
teatro, a dança, a música, as artes plásticas estão sofrendo há bastante tempo
de um descaso muito grande por conta dos governos e da sociedade. Dos governos,
pois estes só tem feito empreender políticas culturais equivocadas, com suas
leis de incentivo (a que?) e que não suprem de maneira efetiva as necessidades
de quem está, de fato, realizando cultura nesse país. E é muito interessante
notar que se fala muito do desenvolvimento econômico, de como o país está bem,
e vemos por exemplo, que a maior cidade do país, São Paulo, terá em 2013, o
menor orçamento para a Cultura em 10 anos. Onde está esse desenvolvimento econômico?
E da sociedade eu cobraria menos passividade, mais protesto. Menos medo e mais
dar a cara a tapa. Talvez por nossa história, talvez pela fraca educação, não
sei ao certo, mas acho todo brasileiro muito bunda mole. Me incluo nessa.
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Tenho algumas ideias guardadas na gaveta. Poderiam ser peças de teatro
ou mesmo curtas. Seria uma delícia! Adoraria!