sábado, 16 de maio de 2015

Suzan Damasceno


Atriz.  O espetáculo teatral "A Obscena Senhora D", texto de Hilda Hilst, teve direção, concepção e interpretação de Suzan. No cinema atuou em “Crime Delicado”.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Um bom roteiro, sem dúvida. Que seja significativo e tenha alguma ressonância em mim como artista.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Até agora foi engraçada, não tive o tempo que gostaria, mas, pretendo intensificar as coisas.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Taí algo inexplicável. Tudo se trata de um olhar do mercado que ainda não absorveu o curta com algo rentável. O apelo comercial de um curta é quase nulo, no entanto, é um formato poderoso com grande poder de comunicação. Claro que tem os festivais de cinema e a internet que é um veículo fantástico, mas o alcance ainda é restrito a um público muito específico. No entanto, não é diferente do que acontece com longas com fraco apelo comercial, o alcance também é restrito a um público específico, mesmo que a qualidade seja sublime. Obviamente não há uma cultura do curta como formato fechado em si, sem associação com um longa-metragem.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Não sei, talvez programas na tevê aberta onde tenham seleção das melhores produções de curtas. A TV Cultura faz isso, é bárbaro.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Sem dúvida. Amo a síntese, sempre gostei de contos. A ideia de num curto espaço - tempo contar uma história sem perder absolutamente nada, manter toda a sua integridade. É um formato único, pensando bem, é dificílimo, exige uma outra disposição. Não deve perder em aprofundamento e nem precisa. É um campo de infinitas possibilidades, delicioso e sem a pressão de um longa. É um espaço onde os contornos da sua identidade como criador se delineiam, ficam claras.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Acredito que ninguém queira se fixar num formato apenas. Acho que o desejo de expressão exige quebras de paradigma o tempo todo. Claro que, para muitos a visibilidade alcançada num curta viabilizou o financiamento de longas e isso é maravilhoso, mas, vejo o curta como um formato em si e não apenas como trampolim.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Não tenho a mínima ideia de como formatar isso numa receita ou, seja lá o que for. É muito relativo... Acho que se tivesse essa receita venderia, ficaria milionária e investiria em curtas... E longas também.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Como disse, amo a síntese... Ultimamente não paro de pensar sobre isso.