segunda-feira, 25 de maio de 2015

Paula Braun


Atriz. Atuou nos filmes “O Cheiro do Ralo”; “Amanhã Nunca Mais”; “Maridos, amantes e pisantes”; “Nina”; entre outros.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Um bom roteiro, uma boa equipe, gente com vontade de trabalhar e, principalmente, atores pra contracenar. É impressionante o número de diretores que acham que não profissionais podem atuar em curtas. Eu não caio mais nessa.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Tem de tudo. Há pouco tempo fiz o "Quinta Coluna" que teve uma produção digna de um longa. O roteiro é excelente! Ainda não foi lançado. Ao mesmo tempo já fiz curtas de baixíssimo orçamento, pra não dizer nenhum. Já fiz curta que nem chegou a fazer carreira e curta premiado. É sempre uma loteria, a gente nuca sabe se vai dar certo ou não. Acho bem legal que seja um espaço de experimentação já que é livre de compromissos comerciais. Adoro que seja assim, apesar de ser difícil a carreira de um filme com pouco tempo de duração.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acho que é justamente por não ter espaço comercial. Curta faz carreira em festival (onde até tem alguma atenção dos meios de comunicação, blogs e jornais), em faculdades de cinema, e agora na internet. Acho que é o melhor meio pra se lançar um curta. Estou gostando disso. É democrático.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Por enquanto temos a internet, e acho ótimo, mas sou daquelas que pensa que filme é legal ser visto no cinema. Já foi falado em exibição de curtas antes dos longas brasileiros. Acho a ideia ótima, não sei porque não vingou... O Canal Brasil faz um belo serviço de exibição, mas é canal fechado, pouca gente tem acesso. Na verdade, o cinema brasileiro de um modo geral, longas e curtas, tem um longo trabalho de formação de público pela frente. E não falo aqui de filmes comerciais, falo de filme feito pra pensar, de filme que se coloca no lugar de sétima arte, pra ir além do que a televisão já faz muito bem.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Com certeza. E espero que isso nunca mude.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Pode ser e pode não ser. Depende do cineasta.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Depende do que é vencer pra você. Se é fazer bilheteria, existe uma fórmula fácil, um roteiro fácil, uma escalação previsível. Se é fazer um filme legitimamente brasileiro, autoral, com um elenco de gente que ama fazer cinema e tem a cara do país, você vai penar pra conseguir dinheiro e talvez não tenha um sucesso imenso de bilheteria, mas conseguirá o apoio daqueles que, assim como você, estão lutando para que esse quadro mude. Eu acredito nesse caminho.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Com certeza! Se tudo der certo ano que vem faço isso.