sexta-feira, 8 de maio de 2015

Bia Borin


Atriz. Participa de vários espetáculos teatrais: “A Bicicleta do Condenado”, direção de Frederico Foroni; “Amídalas”, direção de Kléber Montanheiro; “O Despertar da Primavera”, direção de Zé Henrique de Paula; “Quem Nunca?”, direção de Renata Melo; “A Saga da Bruxa Morgana e o Enigma do Tempo”, direção de Claudia Borioni; “A Flauta Mágica”, direção de Roberto Lage; “Notas da Superfície”, direção de Marcia Abujamra; “Shakespeare Amarrotado”, direção deDagoberto Feliz; “Tempo de Comédia”, direção de Eliana Fonseca, dentre outros.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Hoje, o que me faz aceitar um curta metragem é, principalmente, a história que está sendo contada, a qualidade do roteiro. Gosto de conversar com o diretor para saber quais são seus objetivos, o "porquê" de se fazer o filme. Claro que a equipe conta, tanto a técnica quanto os outros companheiros de elenco. Atuar, sempre que possível (dentro das expectativas de cada um, isto é, no meu caso, com no mínimo uma ajuda de custo, além dos requisitos acima citados), é o que torna você um ator/atriz.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Isso varia muito de acordo com a minha idade e experiência. Antes mesmo de entrar em Artes Cênicas na ECA/USP, quando fazia teatro amador no clube do Banco do Brasil, tive a oportunidade de atuar em um curta do audiovisual da ECA. Foi um grande "start" porque filmamos no dia dos pais. Lembro de pensar: "Então a minha vida será assim: na contramão". (risos). E tive a sorte de contracenar com uma atriz maravilhosa, a Maria Paula Brandão, até hoje a chamo de "mãe". Aliás, isso é sempre bacana, me faz topar um curta na hora: contracenar com atores que você admira. Depois fiz vários curtas da ECA, AIC, FAAP. Cada um com particularidades. Alguns foram experiências muito dolorosas, perdi a paciência com a demora/perda de tempo, a falta de objetividade, mas estavam todos aprendendo... Um curta delicioso e com uma arte incrível foi o "Romance.38", com um pessoal muito talentoso que quero voltar a trabalhar. E, profissionalmente, o "Erroversível" do Rodrigo Moreira foi muito gratificante também. Acho que quando você sai fortalecido de um trabalho, a sensação é a de que valeu a pena.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Talvez porque seja um espaço de experimentação, que não pressupõe a "venda" de nada. Assistir a curtas-metragens é uma questão cultural, de hábito e interesse. A meu ver o espaço cultural em geral (cinema, teatro, dança, literatura, etc.) foi diminuído em todas as mídias. Perdemos para os anunciantes. Infelizmente.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
O projeto da Lais Bodanzki é um exemplo, a TV Cultura e o Canal Brasil também guardam seus espaços. Agora temos mesmo o Youtube, que ajuda muito, bem como os festivais. Mas acredito que isso devia começar nas escolas, com exibição de curtas e fomento à experimentação dos próprios alunos.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Ah, com certeza. Mas eu não sou da turma da "experimentação pela experimentação", rs. Me agrada mais contar uma história e, aí sim, em como contá-la é que entra o mundo dos experimentos em edição, arte, atuação etc. Tudo para ajudar a história e como melhor impactar o público (afinal, queremos que o curta seja visto e fazemos cinema, sim, para alguém: mesmo que esse "alguém" seja a gente mesmo).

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Não sei se "trampolim", afinal o curta é como um haikai. E o haikai não é um trampolim para um poema épico. Mas pode preparar, sim, desde que este seja o objetivo.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Nossa, "vencer"... isso é tão relativo, né? Acho que se você sobrevive fazendo o que gosta já é um vencedor. Mas para realizar seus projetos, tem que ter muita persistência, sorte, sabedoria para achar os caminhos alternativos para o SEU projeto, ser altamente criativo e dedicado e contar com excelentes atores e equipe. Ou seja: fazer parcerias é fundamental.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Não, dirigir, não. Atuar muito, sempre. E escrever... sim.