“Em 1979, a Globo
participou ativamente do Ano Internacional da Criança e, em 1980, o dr. Roberto
Marinho recebeu o reconhecimento da Unicef por esse apoio. Em 1986, quando o
Renato Aragão estava comemorando vinte anos da existência de Os Trapalhões, o
João Carlos Magaldi teve a ideia de arrecadar dinheiro para investir em
projetos sociais endereçados a crianças. Levamos o projeto ao dr. Roberto
Marinho, que impôs uma condição: a TV Globo poderia realizar a promoção, mas
não poderia receber nem tocar em um só
centavo. O Magaldi se reuniu com a Unicef e depois com as companhias
telefônicas e bancos, dando vida ao Criança Esperança. Até 2008, a campanha já
havia arrecadado 190 milhões de reais. Mais importante que o valor material
foram as campanhas de esclarecimento e conscientização na Constituinte de 1988:
o grupo Criança Esperança colocou em
pauta várias questões para serem votadas e conseguiu aprovar muitas propostas.
O Projeto Criança Esperança, considerado modelo pela ONU, foi exportado para
mais de cem países em todo o mundo e deu ao Renato Aragão o título de
Embaixador Mundial da Unicef. O Renato Aragão estreou na Globo em 1977, com o
seu programa Os Trapalhões. O programa exibia um humor muito abrangente, mas,
aos poucos foi se concentrando nas crianças, coisa que o Renato já fazia em
seus filmes de longa-metragem. O nosso entendimento foi muito rápido e depois
de dois almoços, em um restaurante do Rio, ele estava contratado. O Sérgio
Murad, mais conhecido como Beto Carrero, deu
um apoio muito grande para a consolidação de nossa amizade e para o crescimento
do Renato e de seu programa dentro da Globo. O Renato é uma pessoa tranquila,
bom caráter, cultiva a simplicidade e nasceu para fazer rir. De trapalhão ele
não tem nada. Fundou sua empresa de cinema assim que chegou à Globo e, além de
seu talento histriônico, é um empresário completo e bem-sucedido. Sem seu
carisma, o Criança Esperança não ganharia a dimensão que tem hoje”.
Extraído do livro ‘O Livro do Boni’.