OS TRAPALHÕES
O HUMOR NA BASE DO
PASTELÃO
Em 1964, um homem deixava a cidade de Sobral, no Ceará, e
desembarcava no Rio de Janeiro. Na bagagem, trazia muitos sonhos e planos. Mas
o sonho principal era vencer como humorista e fazer rir todo o país.
No começo, como em todo o início da realização de um sonho,
foi muito árduo e muitas vezes ele pensou em retornar ao Ceará. Mas, no final,
falava mais alto sua perseverança e a certeza em seu inesgotável talento. Sua
garra o empurrava para a frente, para que ele concretizasse o sonho. O que foi
ótimo para nós, pois sentimos alegria e damos gostosas gargalhadas, vendo-o e
aos seus parceiros, nas suas impagáveis trapalhadas. Porque o que eles fazem
melhor, mesmo sendo homens sérios, é graça. Uma graça gostosa e espontânea, que
nos transporta para um mundo de alegria e divertimento.
Os quatro conseguem manter os sotaques das pessoas nascidas
em suas cidades. Didi faz o gênero do nortista sofrido e se aproveita muito bem
disso, embora, às vezes, se mostre esperto o suficiente para se sair bem das
encrencas que arruma. O Muçum faz uma mistura de malandro do morro e passista
de escola de samba, falando sempre na Mangueira. Zacarias é o mineirinho
ingênuo, que consegue sempre desarmar, com a sua ingenuidade típica, o homem da
cidade, que tenta se divertir às suas custas e o Dedé é o cidadão fluminense,
que está sempre disposto a levar vantagem, tentando ser mais esperto que os
outros, mas sempre levando desvantagem em tudo que apronta para cima dos três.
Antes de ser formado o quarteto que hoje são OS TRAPALHÕES,
Didi – Renato Aragão – testou várias pessoas na tentativa de encontrar os
parceiros ideais, o que só ocorreu com a descoberta do Dedé, do Muçum e do
Zacarias. Os quatro, juntos, formam o que de melhor existe no humor brasileiro,
conseguindo, até, quebrar recorde de bilheteria no cinema nacional, algo muito
difícil para humoristas brasileiros. Eles conseguem sucesso em tudo que fazem,
nos mostrando que o talento e a perseverança quebram todas as barreiras e preconceitos.
O nome TRAPALHÕES surgiu por causa da forma de humor do
Didi, que sempre arruma trapalhada, mesmo agindo certo e da bagunça que é
feita, tudo na base do pastelão. Nós torcemos para que eles continuem, por
muito tempo ainda, como os TRAPALHÕES, capazes de nos transmitir o riso gostoso
e fácil.
Texto publicado na revista Super-Trapalhões nº 1 – 1986. Edição de
Bloquinho – Bloch Editores S.A.