segunda-feira, 1 de maio de 2017

Os Trapalhões: na Bloch


OS TRAPALHÕES

O HUMOR NA BASE DO PASTELÃO

Em 1964, um homem deixava a cidade de Sobral, no Ceará, e desembarcava no Rio de Janeiro. Na bagagem, trazia muitos sonhos e planos. Mas o sonho principal era vencer como humorista e fazer rir todo o país.

No começo, como em todo o início da realização de um sonho, foi muito árduo e muitas vezes ele pensou em retornar ao Ceará. Mas, no final, falava mais alto sua perseverança e a certeza em seu inesgotável talento. Sua garra o empurrava para a frente, para que ele concretizasse o sonho. O que foi ótimo para nós, pois sentimos alegria e damos gostosas gargalhadas, vendo-o e aos seus parceiros, nas suas impagáveis trapalhadas. Porque o que eles fazem melhor, mesmo sendo homens sérios, é graça. Uma graça gostosa e espontânea, que nos transporta para um mundo de alegria e divertimento.

Os quatro conseguem manter os sotaques das pessoas nascidas em suas cidades. Didi faz o gênero do nortista sofrido e se aproveita muito bem disso, embora, às vezes, se mostre esperto o suficiente para se sair bem das encrencas que arruma. O Muçum faz uma mistura de malandro do morro e passista de escola de samba, falando sempre na Mangueira. Zacarias é o mineirinho ingênuo, que consegue sempre desarmar, com a sua ingenuidade típica, o homem da cidade, que tenta se divertir às suas custas e o Dedé é o cidadão fluminense, que está sempre disposto a levar vantagem, tentando ser mais esperto que os outros, mas sempre levando desvantagem em tudo que apronta para cima dos três.

Antes de ser formado o quarteto que hoje são OS TRAPALHÕES, Didi – Renato Aragão – testou várias pessoas na tentativa de encontrar os parceiros ideais, o que só ocorreu com a descoberta do Dedé, do Muçum e do Zacarias. Os quatro, juntos, formam o que de melhor existe no humor brasileiro, conseguindo, até, quebrar recorde de bilheteria no cinema nacional, algo muito difícil para humoristas brasileiros. Eles conseguem sucesso em tudo que fazem, nos mostrando que o talento e a perseverança quebram todas as barreiras e preconceitos.

O nome TRAPALHÕES surgiu por causa da forma de humor do Didi, que sempre arruma trapalhada, mesmo agindo certo e da bagunça que é feita, tudo na base do pastelão. Nós torcemos para que eles continuem, por muito tempo ainda, como os TRAPALHÕES, capazes de nos transmitir o riso gostoso e fácil.

Texto publicado na revista Super-Trapalhões nº 1 – 1986. Edição de Bloquinho – Bloch Editores S.A.