segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Os Trapalhões: Mariana Crochemore


Mariana Crochemore
Atriz


Você atuou no filme Uma Escola Atrapalhada. Como e por quem recebeu o convite para atuar nesse filme. Como foi a experiência?
Houve um teste com duzentos atores mais ou menos, onde seriam escolhidos seis adolescentes e jovens para compor o casting ao lado dos convidados especiais: Angélica, Supla e o antigo grupo Polegar. A experiência foi maravilhosa. Foi meu primeiro trabalho profissional, assim como de outras pessoas também. A equipe era ótima, e o elenco se entendeu muito bem. A gente vira meio família, com a convivência assídua de um a dois meses de filmagens.

Que representava, naquele período, atuar num filme com Os Trapalhões, que eram certeza de sucesso de bilheteria?
Então, eu era nova; e, como mencionei, era meu primeiro trabalho profissional e no cinema. Havia algo de mágico no ar. Era incrível estar contracenando ao lado do Didi e Os Trapalhões, que faziam parte da nossa história, desde a infância, com seus programas e filmes.

Quais as suas lembranças do filme Uma Escola Atrapalhada? Onde esse filme foi filmado?
As lembranças são todas positivas. E acredito que, até hoje, mesmo com a distância que acabou aumentando com o passar dos anos, todos que participaram desse filme devem guardar uma boa lembrança dele. As locações internas foram todas no Colégio São José, na Tijuca. Mas houve locação externa na Floresta da Tijuca também, ambas no Rio de Janeiro.

Como foi a sua participação no filme? Como compôs a sua personagem?
O elenco teve algumas reuniões com a direção, que discorreu sobre as personalidades dos personagens e apontou as direções que esses deveriam tomar ao longo da história. O diretor, Del Rangel, tinha o trabalho de dirigir os atores, o que conferia uma construção conjunta aos personagens. Eu fazia a Paula, a namorada do galã do colégio e líder da turma, que era o Supla. Era amiga das meninas e meninos do grupo, que eram muito unidos, pois o colégio era um internato, os alunos viviam ali. No meio do filme, o Supla terminava com a Paula para ficar com a Angélica; e, daí em diante, a Paula ficava com o Alan, um dos integrantes do grupo Polegar.

Quais as lembranças de bastidores do filme? Como foi o seu contato com o quarteto?
As lembranças dos bastidores eram divertidíssimas. A gente curtia muito fazer o filme. Esse filme, não era um filme dos Trapalhões, e sim um filme com os Trapalhões. Eles ali eram coadjuvantes. A trama girava em torno dos protagonistas Angélica e Supla. Era um filme teen, que tratava de temas específicos da adolescência, portanto, dirigido ao público adolescente.

O filme foi o último com a participação de Zacarias, que faleceu naquele ano. A aparição dele no filme é melancólica, muito magro, abatido, numa cena curta. Como foi o seu conto com ele? Ele já estava doente?
Não tivemos maiores contatos com eles. Assistíamos algumas vezes as cenas deles; e, em uma ou outra cena, contracenávamos junto. Não houve um contato maior, além desses. Quanto ao estado do Zacarias, chamava a atenção, sim; mas a admiração e emoção de estarmos ali, trabalhando juntos, era muito maior!

Como Didi, Dedé e Mussum compartilharam esse momento com o Zacarias?
Acredito que da mesma forma que sempre fizeram, com união e solidariedade.

Apesar do sucesso de bilheteria, o filme é considerado pela crítica o pior filme antes da morte de Zacarias. Qual é a sua opinião a respeito?
Provavelmente, pelo fato de ser um filme com Os Trapalhões e não dos Trapalhões já deve ter suscitado um certo “avesso” para os críticos. Não sei. O elenco todo era muito jovem e a maioria iniciante, sem falar que os protagonistas não tinham experiência nenhuma anterior com teatro. Isso, acredito eu, talvez tenha deixado um tanto a desejar em matéria de interpretação. Mas, para os leigos, o grande público, não são esses os critérios mais importantes, e sim a trama, assistir seus ídolos no cinema. E penso que esse caráter teen do filme deva ter agradado o público, pois não havia filmes para adolescentes no Brasil, somente para adultos e poucos para crianças.

Quem era o maior comediante do grupo?
Pergunta difícil. Eu sempre achei o Zacarias; porém, como nessa época ele já estava doente e sem energia, não apareceu tanto. Mas o Didi, quando vi pela primeira vez e contracenamos juntos, foi a maior emoção. Era muito difícil olhar pra ele e não rir, a concentração tinha que ser máxima. Lembro-me perfeitamente da cena do laboratório de Ciências, onde cobaias se soltaram e havia cobras também. Foi uma cena muito divertida de fazer.

Renato Aragão tem fama de ser perfeccionista. Isso procede? Ele acompanha tudo?
Nesse filme, pelo menos durante as filmagens, isso não aparecia, não. Se acontecia nos bastidores, eu não tinha como saber.

Por que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e estrelados pelos Trapalhões?
Porque Os Trapalhões não estão interessados em fazer um grande filme, contar uma grande história, estar atento às linguagens e estéticas cinematográficas. Querem apenas fazer rir, na companhia de convidados especiais. É um filme dirigido à grande massa da população. Um filme comercial.

Como classifica o cinema feito pelos Trapalhões?
Um cinema comercial, de gênero Comédia, com apelo infantil, dirigido à grande massa, utilizando de estrelas para atrair ainda mais o grande público.