sábado, 2 de junho de 2018

Os Trapalhões: Tânia Alves


Tânia Alves
Atriz


Você trabalhou com Os Trapalhões no filme O Cangaceiro Trapalhão. Como e por quem recebeu o convite para trabalhar com eles? Como foi a experiência?
Faz muito tempo, mas creio que o convite partiu ou da própria empresa do Renato Aragão ou do diretor Daniel Filho. Foi pelo telefone. Eu lembro que alguém ligou para me dar esse presente... A experiência foi maravilhosa!

Que representava, naquele período, trabalhar em um filme com Os Trapalhões, que eram certeza de sucesso de bilheteria?
Eles eram a maior bilheteria da época, disputando com as pornochanchadas. O sucesso é sempre bem vindo! Além disso, trabalhar com Os Trapalhões representava, para mim, a certeza de momentos deliciosos contracenando com eles, sendo dirigida pelo grande diretor Daniel Filho e fazendo uma versão cômica (adoro comédias!) do papel mais importante da minha vida, a Maria Bonita. Estar nesse contexto significaria um upgrade na carreira de qualquer ator, em termos de prestígio e popularidade.

Onde essa produção foi filmada?
Em Quixadá, cidade no interior do Ceará.

Durante as filmagens havia muita improvisação?
Acho que isso sempre foi uma característica do jogo cênico dos Trapalhões. Faziam isso o dia inteiro, mesmo fora das filmagens.

Quais as recordações que possui do filme?
Eu terminava o dia com minhas bochechas doendo de tanto rir deles. Todos nos divertíamos muito o tempo todo! Antes, durante e depois do trabalho.

Como foi o seu contato com o quarteto?
Incrível! Uma simpatia mútua! Muito respeito e carinho!

Você e Nelson Xavier parecem que nasceram para os respectivos papéis. Como foi contracenar com Nelson nesse filme?
Contracenar com Nelson Xavier em qualquer coisa é uma experiência única de aprendizado e transcendência. Estar com ele é estar perante a verdadeira Beleza do grande artista. Além disso, sua generosidade em compartilhar é incomensurável! Deixa os parceiros muito confortáveis. Temos uma grande química!

Seguindo a ideia de pegar carona no sucesso da literatura, cinema e televisão brasileira para compor paródias, o grupo Os Trapalhões chegou em 1983 ao mundo do cangaço. A fórmula foi tão pensada que aproveitaram até mesmo você e Nelson Xavier para repetir o casal Lampião e Maria Bonita que haviam interpretado no ano anterior na minissérie da Rede Globo. Isso foi proposital?
Lampião e Maria Bonita também são certeza de sucesso, pois estão no imaginário do brasileiro. Talvez acrescido a esse fator, os empresários tenham intuído todo o potencial de situações que uma paródia dessas proporcionaria; e também devido ao fato de Renato ser nordestino e conhecer bem sua cultura. Soma-se a tudo isso uma boa história, com atores importantes como Regina Duarte, Tarcísio Meira, Bruna Lombardi, José Dumont, num cenário muito louco como o sertão estranhamente rochoso de Quixadá, e temos um grande filme, que, inclusive, ganhou prêmio na Rússia.

Por que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e estrelados pelos Trapalhões?
A Comédia nunca foi respeitada pelo segmento mais acadêmico e conservador da crítica. Sempre foi relegado a segundo plano... em detrimento do Drama. O mesmo acontece com obras destinadas ao público infantil. Perdem com isso a oportunidade de entender Os Trapalhões como representantes legítimos e importantes da cultura brasileira e nordestina de inspiração circense e dar a eles o devido e merecido crédito.

Como classifica o cinema feito pelos Trapalhões?
Comédia infanto-juvenil, simplesmente por ter sido esse o público-alvo; mas também eram consumidos por muitos adultos e talvez devessem entrar na mesma classificação de Os Irmãos Marx, O Gordo e O Magro e outros antológicos representantes do humor na história do cinema mundial.