quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Mira Haar

Mira atuou na série infanto-juvenil Mundo da Lua, da TV Cultura São Paulo, ao lado de Antônio Fagundes e Gianfrancesco Guarnieri.

Qual é o grande barato de um curta-metragem?
O que eu acho que é bacana de um curta-metragem é que a idéia não fica a perder de um filme longa-metragem, porque um curta sempre tem a história dele sucinta, mas sempre eu gosto muito de ver, porque é como um telegrama onde você onde você tem as emoções, os sentimentos, mas não tem tanto tempo para fazer as divagações. Então as idéias e a comunicação são diretas, e eu gosto muito porque eu gosto muito de ler contos. Eu acho que tem a ver, porque ele em si é uma história quase que como um conto porque ele se fecha nele mesmo, você assiste e eu gosto muito, eu acho legal, acho que deveria sempre passar antes do filme, importantíssimo. Não passa, não tem espaço para o curta-metragem, eu já fiz alguns, eu gosto muito, videoclipes também conta, mas não é a mesma coisa. Videoclipe é uma coisa e curta-metragem é outra, porque o curta tem mais tempo que o videoclipe e a gente acaba vendo em festivais e coisas assim, mas no cinema é raríssimo você ver um curta.

Você acha que dá para contar uma história em tão pouco tempo de metragem?
Nossa, existe o vídeo minuto que tem uma história inteira contada. Depende da perspicácia de quem faz, de saber mandar uma idéia, uma mensagem porque pode ser, cinema é tudo, é som, é cor, é movimento, então, imagina, com literatura tudo junto dá para fazer coisas incríveis. Dá para contar os dez mandamentos.

Fale da sua história com o curta-metragem.
Eu participava de um grupo em São Paulo o “Pod Minoga” dos anos 70 e naquela época a gente fazia uns curtas em super 8, tinha festival de super 8 então era mais fácil, porque como hoje que tem essas handcam, que é essas camerinhas agora digital, mas antes não. O que apareceu de mais prático era o super 8 que era uma câmera na mão, super pequenininha, e as pessoas começaram a poder ter isso e a gente fazia filminhos. E eu fiz faculdade de artes plásticas e também tinha trabalhos que eu resolvia com filmes super 8, participava, era convidada por colegas que faziam, como eu era atriz, eu participei de alguns desses super 8 e depois fiz curta-metragem no cinema mesmo. Fiz “Atirador de Facas”, com a Carla Camurati e fiz “Cintos com o Vento” que é um trabalho do Marcio Kogan, “Cerviter” que, aliás, é o cenógrafo dessa peça aqui. Eu fiz outro que eu não me lembro agora, do Inácio Zatz que é um rapaz muito legal, que faz uns trabalhos muito bons, eles eram da equipe e eu era amiga dele. Eles estimulavam muito as pessoas a fazerem trabalhos com o cinema, e eles faziam com o curta-metragem. Eu tenho um filho que estuda cinema nos Estados Unidos, e toda semana eu assisto, porque ele faz um curso onde eles têm que fazer um curta-metragem por semana. Muito legal, para ele é uma coisa fantástica poder estar trabalhando assim.

E para uma atriz qual que é o processo, diferença, por exemplo, do teatro, do curta, de uma novela, do longa. Qual que é a preparação para poder encarar um curta-metragem?
Acho que a preparação do personagem sempre é a mesma, porque você tem que entrar dentro daquele clima, daquele ambiente proposto, da história e tal, como você faz para câmera e como você faz para o público é diferente, porque no teatro você faz para várias câmeras, mas estão todas na sua frente, por exemplo, quando o palco é italiano. Agora no cinema tem aquela coisa de você estar exatamente enquadrada em um lugar específico, porque não é só você, o diretor está pensando, está olhando o todo, seu fundo, o lado, como você está, não está, a imagem inteira, então você tem que, além de estar dentro da personagem, além do que lembrar o que você tem que fazer, você tem que estar em sintonia com o diretor na hora de fazer o filme. E o filme é assim: aquela hora é a hora mais importante quando fala rodando, assim pode ter uma, duas, três tomadas, mas aquela hora é a hora de você render. E o teatro você pode, um dia você faz, outro dia você aprimora, no cinema é mais complicado, então tua concentração tem que ser muito grande no cinema, e o jeito de falar com a câmera, não é com a câmera, mas é falar para o que está te captando a imagem.

Você tem algum trabalho que está em vista com o curta?
Eu queria transformar essa peça em um curta-metragem.

A peça “Mammy vai à lua” você acha que dá para encaixar, porque a peça tem 80 minutos, e o curta tem até 30. Então, o que eu pensei era assim, pegar alguns quadros, aí precisa fazer um jeito de encaixe, onde essas cenas aconteçam realmente de algum jeito sucinto, que é o mundo de uma dona-de-casa numa cozinha. Não é difícil de por tudo ali. Na verdade acho que seria muito melhor, mas eu não queria fazer aqui, eu queria fazer numa cozinha mesmo.