André começou a carreira no cinema na L.C. Barreto em 1996, onde atuou nas áreas de produção, captação, supervisão comercial e no lançamento de filmes. Desde 1999 trabalha no Canal Brasil, onde acumula as funções de gerente de marketing e de desenvolvimento de projetos. Também pelo Canal Brasil, foi produtor executivo do documentário Loki – Arnaldo Baptista (2008), de Paulo Henrique Fontenelle.
Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
O curta é a porta de entrada da maioria dos realizadores no cinema. Além de ser mais fácil de ser realizado, por ser uma produção menor do que um longa, é um formato que permite uma experimentação maior. Inclusive, na minha opinião, o caráter experimental é uma característica importantíssima do formato. Claro que os curtas "comerciais" tem sempre o seu espaço, por exemplo, quando se tem uma história convencional que pede uma produção mais curta. Por outro lado, pela maior facilidade de viabilização, o curta pode alimentar o exercício de fazer cinema. Quando falo em "experimentar" não quero dizer filmes difíceis, super cults, uso o termo mais no sentido de "arriscar". O curta permite mais riscos. Praticamente todo grande realizador brasileiro começou produzindo curtas, vários deles já exibidos aqui no Canal Brasil.
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Mantendo os espaços já conquistados como a exibição em festivais, algumas sessões especiais de cinema, no próprio Canal Brasil (desejavelmente em outros canais também) mas principalmente ampliando o horizonte para as novas possibilidades oferecidas pelas evoluções tecnológicas. É importante que se desenvolva no público médio o hábito de ver filmes em curta metragem, e a internet já vem sendo um veículo importante neste sentido. Daqui a pouco, com o aumento do poder do consumidor para montar sua própria programação, o caminho para assistir um curta será tão simples como para ver um longa, seja na TV, no computador ou até no celular.
Outra questão é que o formato permite que o filme seja assistido na integra em um curto espaço de tempo. Adoraria ver mais espaço para curtas no cinema mas na verdade acredito que o curta será cada vez mais visto na TV, na internet, no celular, etc. Se por um lado perde-se muito na qualidade por outro amplia-se o horizonte de potencial consumidores.
Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Imagino que pelo fato de não estarem disponíveis para o grande público. Exibições em festivais, na internet ou no Canal Brasil não parecem sensibilizar estes veículos.
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Não acredito, tanto que a repercussão da exibição de bons filmes em festivais é sempre muito boa entre os próprios cineastas.
Você já participou de produção de curtas (‘A Incrível História da Mulher que Mudou de Cor’, etc. pela sua produtora ‘Movimento Filmes’) Pensa em dirigir um curta futuramente?
Penso sim em produzir outros curtas, dirigir não. Na Movimento Filmes temos esta parceria que funciona muito bem, o Marcelo Santiago dirige e eu produzo. É aquela velha história do papel do produtor. Meu grande barato quando penso em produzir é transformar uma idéia, um projeto, em realidade. Como dividimos as funções criativas (roteiro, locações, elenco, etc), me sinto completamente satisfeito produzindo. Temos um outro roteiro de uma comédia, uma sátira das pornochanchadas que uma hora dessas vamos acabar produzindo. Na guerrilha.
Quais são os novos projetos do Canal Brasil para o curta-metragem?
Um breve resumo das nossas ações de curtas:
Curta na tela (programa sobre curtas) :
2a às 18h
2a, 5a e 6a às 15h30
3a, 4a e 5a às 20h
3a às 21h
6a, sáb e dom às 04h30
Sáb 20h+11h30
São exibidos: 10 curtas por dia, sendo 2 na faixa das 20h
Maratona Curta na tela:
Sáb às 15h e domingo às 10h - são exibidos 8 curtas por sessão
Mix Brasil e Anima Mundi
Não estão na grade atual, mas são geralmente 13 episódios com 2 ou 3 curtas por dia.
Já foram exibidos 960 curtas no Canal Brasil.
A grande novidade deste ano é no Prêmio Aquisição Canal Brasil. O valor passou para R$ 15 mil por festival (como contrapartida, durante o período de licenciamento o filme será exibido, sem exclusividade, no site do canal).
Os filmes vencedores do Prêmio Aquisição concorrem no ano seguinte a um prêmio de R$ 50 mil.