sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Os Trapalhões: Izabella Bicalho


Izabella Bicalho
Atriz


Quais as suas lembranças do filme Os Vagabundos Trapalhões?
Muito boas! Adorava filmar, estar interpretando; mas criança fica muito impaciente, e achava cansativo esperar. Mas, na maioria das vezes, era uma grande diversão. Teve uma filmagem no chafariz da Candelária, e acabei tomando banho junto com Renato e Louise Cardoso. Foi incrível! Eu adorava fazer essas coisas inesperadas. Acho que isso é uma coisa que encanta o ator sempre.

Como surgiu o convite para trabalhar com o quarteto?
Fiz testes, fui indicada para a produção do filme por alguém da Globo. Já tinha feito uma novela.

Como foi a sua participação no filme?
Foi ótima. Eu fiz uma órfã que mora com Os Trapalhões numa caverna. E, depois, tinha um namorico de criança com o menino filho do mocinho (Edson Celulari) que ia parar no bando dos vagabundos.

Os Vagabundos Trapalhões está inserido em um momento de preocupação com temáticas sociais do grupo. Isso ficou explícito durante as filmagens?
Um set de filmagem é complexo e precisa de muita atenção das pessoas e organização e técnica para fazer as coisas acontecerem. Ali, não acredito que se desenvolva a temática; ela foi discutida antes, quando foi feito o roteiro. O trabalho no set é muito mais técnico. Mas é verdade que estar vestida de menina de rua e interpretar aquela realidade dura de desamparo e pobreza acaba trazendo à tona a discussão sobre a questão e fazendo a gente refletir! Isso é certo.

Renato Aragão retoma seu personagem Bonga, de Bonga, O Vagabundo (1969), agora acompanhado dos três Trapalhões, para narrar a história de um grupo de vagabundos (esse termo está associado à pobreza principalmente) que acolhe crianças abandonadas e que as direciona para famílias ricas. Recorda-se da repercussão do filme?
Não me lembro. Era muito nova. Lembro-me de discutir a temática, refletir sobre o que passa na cabeça de uma criança nessas condições. Mas não gostava de usar figurino de mendiga e me sujar.

A grande bilheteria desse filme confirma o grande potencial de comunicação com o público (através do humor e do auxílio do poder televisivo), até mesmo no tratamento de questões nacionais mais delicadas. Na sua análise, qual é a importância histórica que Os Trapalhões possuem no nosso cinema?
Foram um dos precursores de filmes direcionados ao público infantil. Sobreviveram a várias crises e contribuíram enormemente para a formação de plateia nos cinemas. Ou seja, fazem parte da história do cinema brasileiro.

Quais as lembranças de bastidores do filme? Que tem a falar do quarteto (Didi, Dedé, Mussum e Zacarias)?
Adorava trabalhar com eles. Eram muito divertidos e brincalhões. Eu fazia também umas participações no programa de tevê, e era um dos meus programas preferidos.

Onde esse filme foi filmado?
Rio de janeiro. No Centro e no Alto da Boa Vista

Quem era o maior comediante do grupo?
Acho que todos eram ótimos!!!

Gostaria que falasse do cineasta J. B. Tanko, que dirigiu grandes clássicos do quarteto.
Só tive essa experiência com ele. Era muito criança. Mas sei que foi um grande cineasta, inclusive na época de ouro da Atlântida. Foi um privilégio ter trabalhado com ele.

Para finalizar, gostaria que contasse alguma curiosidade ou fato desconhecido do público que tenha presenciado como testemunha ocular.
Teve uma filmagem no centro do Rio de Janeiro e eu estava sentada em frente a um prédio, esperando pra filmar; e passou uma pessoa conhecida, um amigo da minha família que me conhecia bem. Então, eu o chamei. Ele olhou para mim e não me reconheceu. Achou que eu estava pedindo dinheiro. Tive que chamá-lo de novo. E minha mãe, que estava por perto, falou para ele: “Olha a Izabella ali.” Ele me olhou e levou um susto!! Achei engraçado. Eu estava vestida de menina de rua, e ele pensou que eu fosse realmente uma menina de rua!!! Adoro a capacidade do ator de se transformar. Já me divertia com isso desde criança.