domingo, 1 de julho de 2018

Os Trapalhões: Tony Tornado


Tony Tornado
Ator, músico


Você atuou no filme Os Trapalhões e o Mágico de Oróz. Como e em que circunstância recebeu o convite para atuar nesse filme? Como foi a experiência?
O Dedé que lembrou de mim, pois precisavam de um ator que dançasse. Lógico que a experiência foi maravilhosa. Eu já trabalhava com eles. Sendo assim, o clima era totalmente favorável.

Antes de iniciar essa parceria profissional com Os Trapalhões, você já acompanhava os seus filmes?
Claro. Os Trapalhões sempre foram uma grande referência de atores; e os filmes; de bons roteiros.

Quais as suas principais recordações dos bastidores de filmagens com Os Trapalhões?
As nossas brincadeiras e o clima de amizade. Éramos íntimos e grandes amigos. Além disso, o profissionalismo de todos eles.

Os Trapalhões e o Mágico de Oróz é um filme que, antes de tudo, trata das mazelas sociais brasileiras. Fala diretamente da seca nordestina, da manipulação política da seca por um coronel ganancioso e ainda se coloca numa sintonia paródica com um dos maiores clássicos da indústria hollywoodiana. Considera que esse filme foi um desafio complexo, principalmente por ser dirigido às crianças?
Não sei se difícil, mas importante falar sobre o assunto também nos cinemas. Principalmente naquela época, no momento crescente do cinema nacional. Eles foram incríveis, pois conseguiram falar sobre esses temas com muita astúcia e leveza. Tocaram todos os públicos, tanto adultos quanto crianças.

Gostaria que falasse da primeira cena do filme, a brincadeira do caça-urubus. É uma das cenas mais emblemáticas do filme, mais marcantes. Como foi a sua preparação para fazê-la?
Sendo muito sincero, não me preparei muito. A música foi composta; e, sabendo da cena, convidei os dançarinos que já trabalhavam comigo. Após o desenho da direção, foi só se divertir e curtir o balanço. O clima era muito propício para tal comportamento.

Nessa cena, além de Renato Aragão, você contracenou com Arnaud Rodrigues e José Dumont, dois ícones da nossa cultura. Gostaria que comentasse como foi a sensação de trabalhar com eles.
Parceiros de longa data. Eu já tinha gravado no meu disco uma música composta pelo Arnaud e o Chico Anysio. José Dumont também já era um grande companheiro.

Renato Aragão, Dedé, Mussum e Zacarias tinham como característica a irreverência. Até nos bastidores das filmagens, eles brincavam muito. Isso procede? As filmagens eram descontraídas?
O clima era ótimo. Mesmo sendo trabalho, nosso ofício, nós ficávamos muito à vontade e nos divertíamos muito.

Como era o seu contato com o quarteto (Didi, Dedé, Mussum e Zacarias)?
Éramos muito amigos. Na verdade, ainda somos.

Que representava, naquele período, trabalhar num filme dos Trapalhões?
Ora, estávamos trabalhando com os melhores artistas do segmento.

Quem era o maior comediante do grupo?
O Mussum era o maior, mas o Renato não era tão baixo assim. Na verdade, eu era bem maior do que ele.

Renato Aragão tem fama de ser perfeccionista. Isso procede? Ele acompanha tudo?
Procede. Sim. Postura fundamental, para que todo o trabalho transcorra da melhor forma possível. Na verdade, não só ele. Todos eram perfeccionistas, buscavam fazer sempre o melhor.

Por que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e estrelados pelos Trapalhões?
Porque eram filmes feitos diretamente para o povo. Além disso, eles eram muita coisa na televisão e também no cinema. Isso devia incomodar muita gente.

Como classifica o cinema feito pelos Trapalhões?
Sensível e respeitoso com seu público. Grandes obras para a cultura nacional.

Gostaria que contasse alguma curiosidade ou fato desconhecido do público que tenha presenciado como testemunha ocular, durante as filmagens de Os Trapalhões e o Mágico de Oróz.
Na verdade, no meu período de filmagem, não aconteceu nada de curioso. Só quero ressaltar que Os Trapalhões são e sempre serão importantíssimos para a tevê e o cinema nacional. Não tinha nenhum melhor ou pior. O conjunto era espetacular. Além de serem seres humanos incríveis. Meus amigos. Seus programas e filmes ainda ensinarão muita gente como é ser comediante, ator. Além disso, seus roteiros passaram e passarão lindas mensagens de amor e respeito ao próximo. Vale a pena sempre assistir a Os Trapalhões.