domingo, 7 de setembro de 2008

Lucia Murat

Durante a ditadura militar participou da guerrilha, foi presa e torturada. Na prisão, permaneceu durante três anos e meio, início de 1971 até a metade de 1974. Em 1988 comoveu o Brasil com o belo filme “Que Bom Te Ver Viva”, protagonizado por Irene Ravache, em que dava voz a várias mulheres, além dela própria, que lutaram contra a ditadura e que foram torturadas.

Qual é a sua relação com o curta-metragem?
Pouca. Na verdade, a minha escola foi mais o documentário e televisão. Tive poucas oportunidades de trabalhar com o formato curta, a exceção do filme "Daisy", episódio do longa "Oswaldianas",que realizei em 1992

Você acha que dá para contar uma história em tão pouco tempo de metragem?
Acho que é exatamente a mesma relação da literatura entre conto e romance. Há contos geniais, que se expressam num tempo menor, da mesma forma como há curtas geniais. Houve uma época inclusive que alguns filmes de episódios exploraram belos temas com excelentes resultados como Bocaccio 70. Acho que é uma idéia que deveria ser retomada.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Possível, é. Mas neste caso é um pouco diferente da literatura. Existem grandes contistas, mas é difícil a gente encontrar cineastas que considerem o curta sua forma de expressão única.

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
Tem sido a escola de grandes cineastas e fizemos alguns antológicos como "Ilha das Flores", de Jorge Furtado.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Acho que sim, basicamente porque não existe um mercado.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Gosto de pensar em trabalhar para um público. Então, me atrai mais a possibilidade de fazer um curta como episódio de um longa. Pelo menos na atual situação do mercado.