quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Martha Nowill



Martha Nowill é diretora e atriz de cinema.

Marta, você tem uma filmografia bastante interessante com o curta-metragem. Gostaria que você falasse da sua história com os curtas.
Minha filmografia é pouco extensa, foram dois filmes. Eu dirigi um curta como Rafael Sampaio durante a faculdade, que a gente pegou um conto do Caio Fernando de Abreu, que se chama “Pela passagem de uma grande dor”, e a gente filmou em digital e os flashbacks a gente filmou em super 8. Finalizamos em digital, e finalizamos de uma maneira um pouco rápida, porque nós fomos convidados para abrir a mostra de audiovisual da época, então a gente acabou editando de uma maneira que a gente não gostou muito. Era uma co-edição que acabou não ficando como a gente gostaria, então ele fez uma carreira um pouco curta, porque a gente sempre ficou na eminência de remontá-lo, e isso acabou não acontecendo. Recentemente a gente inscreveu ele para filmar novamente em 35mm, e teve algumas mudanças, eu faria até um personagem, que eu não fiz na época. Acabou não ganhando, então ele é um curta que acabou ficando meio que em suspensão. Porque como a gente ia remontar não deu muita carreira nele, a gente não mandou para muitos lugares, mas eu gosto muito, é o Caio Fernando Abreu com a trilha toda do Satie porque o personagem está ouvindo Satie, em digital, super8. Depois eu fiz algumas coisas na faculdade, assistência de direção para um curta ou outro, um curta que eu gosto muito é um curta da Moira que chama “Redenção de Ogum” que é um 16mm, bonito, eu fiz uma assistência de direção, de produção, de um monte de coisas. E aí eu fiz meu curta de formatura que é em 16mm, se chama “Dança”, produção é minha, a direção é minha, a montagem também é minha, o elenco é a Maria Manoella, a Giovanna Velasco, Fernando Alves Pinto, que é o ator que mais faz curtas, que por a caso é meu primo.

É um filme que é muito simples. Hoje em dia eu acho ele até um pouco ingênuo, primeiro curta, mas ele acabou sendo selecionado para Gramado, Brasília, festival de Niterói, rodei bastante com ele, passa volta e meia na TV Câmera, volta e meia alguém me liga querendo exibi-lo, preciso digitalizar na verdade. E depois disso eu acabei não fazendo nada, recentemente eu fiz uma performance sobre a Ana Cristina Cesar, uma poeta carioca, que eu estou querendo dar uma vida maior para essa performance , eu faço ela interagindo com o documentário, então tinha um documentário curta sobre a Ana Cristina Cesar e o documentário em si não está pronto, mas ele interage com a performance. O filme é minha experiência cinematográfica mais recente.

Como que muda sua cabeça, você que é uma atriz de teatro mais especificamente, com a linguagem do curta, que trabalha com síntese, que trabalha com imagem. Como que você pula do teatro para o cinema, é uma mudança louca, ou tem tudo a ver?
Para mim é muito próximo. É minha formação, eu fiz teatro desde criança, mas quando eu estava fazendo minha formação profissional de teatro, eu estava fiz minha formação profissional de cinema. É uma coisa que eu aprendi junto, o movimento do teatro é realmente o movimento de extensão, não dá para generalizar, o “Natimorto” por exemplo é absolutamente expansivo que eu faço. E o cinema realmente é da retração, e eu vou de um extremo para o outro acho que com muita facilidade. Existe um meio termo na minha vida,

Que é uma coisa que eu ainda não publiquei, mas vou publicar, que é poesia, que é um pouco a síntese dos dois. O ato de escrever e escrever poesia que é uma coisa excitante, que é emocionalmente expansivo, acho que junta as duas coisas. Mas eu gosto muito das duas linguagens.

Você acha que o curta-metragem ele é marginalizado do próprio meio artístico? É uma coisa que se não tem o que fazer, faz um curta?
Não mais que o teatro, Não acho muito. Acho, pode ate ser uma ilusão minha, que está ganhando espaço maior, eu vejo pessoas que não são do meio artístico de teatro, de cinema, que eles vem assistir curtas, longa, em um desse telecines. Eu acho que é um pouco marginalizado, mas é porque eu acho que ele... olha eu não sei responder essa pergunta na verdade. Eu acho que atualmente tem um espaço maior do que na época em que eu fiz faculdade. Eu vejo mais sites sobre isso, atualmente tem o youtube!, que as pessoas vão lá, assistem vários filmes, curtas, eu acho que é legal. Claro que tem que ter uma triagem, porque deve ter um monte de bomba, mas eu acho que ele é um caminho para o longa, para a maioria das pessoas. Conheço poucas pessoas que fazer curtas, geralmente elas fazer curtas, mas gostam de fazer longas. Mas eu acho normal. Não sei se eu respondi a sua pergunta.

Você tem algum projeto em mente sobre curta-metragem? Dirigir, atuar, como que está?
Eu gostaria de montar “Saco de cobras” que eu fiz com a “Ana Cristina”, gostaria de editá-la, editar a minha performance, e talvez fazer uma edição só de documentários sobre a Ana Cristina Cesar. Eu fiquei com vontade de fazer um serie de curtas-metragem sobre esses poetas brasileiros. Podia pegar os vivos e os mortos, os que já se foram, e a Ana Cristina seria a primeira que já está pronto, que eu entrevistei amigos, namorados. Esse é um projeto que eu tenho em mente, que une as coisas que eu gosto muito, que é a poesia e o cinema. Como atriz eu estou com alguns projetos que futuramente vão aparecer.